A detenção




Eles foram até a ala hospitalar de Rosa. Madame Pomfrey estava terminando de servir o remédio de Rosa.


–Oi Rosa, oi madame Pomfrey! –cumprimentaram Alvo e Tiago.


–Ainda sente dores, Rosa? –perguntou Tiago.


–Só às vezes, mas já não é tão forte quanto antes. Fiquei sabendo que terão de cumprir detenções...


–Ah, mas não se preocupe. Isso não é culpa sua, foi Scorpius. Quero dizer, não se preocupe com isso.


–Mas mudando de assunto, - comentou Tiago. –amanhã temos treino de quadribol, será um jogo, Grifinória VS Sonserina. Rosa pode ir, não pode, Madame Pomfrey?


–Bem, é claro, mas ainda assim tente não se esforçar muito.


–E as aulas, o que estão aprendendo? –perguntou Rosa com um pouco de inveja.


–Não tivemos nenhuma aula importante ainda, mas eu e Tiago descobrimos uma coisa... Sobre Draco, o pai de Scorpius.


–O que foi?


–Fomos escondidos com a capa de invisibilidade, - contou Tiago. – Soubemos que Draco não é quem parece ser... Ele pareceu muito diferente do que papai contava, parecia ser outra pessoa, mais bonzinho e nada arrogante. Deu uma detenção ao filho, e ainda lhe deu uma bronca por falar que... Que não suporta nenhum de nós, principalmente... Hum, você. –Rosa franziu a cara. – Mas o que foi muito estranho é que, Scorpius falou algo de um grupo de Voldemort, falou que o seu avô e ele participaram daquele grupo.


–O que tem de estranho nisso? Voldemort é alguém importante? –perguntou Rosa. Alvo também não via nada de errado.


–Lembram daquele homem? –continuou Tiago. – Que o papai tinha falado que vinha para Hogwarts? É ele. Voldemort é Aquele-Que-Não-Deve-Ser-Nomeado. Isso significa...


–Significa que foi por esse motivo que Draco veio para a escola, ele não ficou bonzinho e nem deixou de ser arrogante. Ele quer se passar por bonzinho.


–Para aí, então ele quer ajudar o homem que quer tomar o lugar de Voldemort! –exclamou Alvo.


–Exatamente! –concordou Tiago.


–Mas então nós precisamos contar á alguém!


–Eu já pensei nisso. Provavelmente o professor Neville já sabe. –respondeu Tiago pensando.


–Talvez não suspeite de Draco. –sugeriu Alvo.


–É, mas ele não iria querer a ajuda de três crianças, é claro que deixaria o Ministério da Magia ou algum Auror cuidar disso. –respondeu Tiago.


–Então devemos cuidar disso sozinhos? –perguntou Alvo.


–Será melhor assim, e não contem nada aos nossos pais, eles também não irão deixar que a gente ajude.


–Certo. –concordaram.


–Cada um de nós pode procurar alguma coisa sobre tudo isso. Eu vou procurar sobre Voldemort. –disse Tiago.


–Tiago pesquisando alguma coisa? –espantou-se Alvo. –Sente-se bem?


–Ah, Al, cala a boca! –retrucou Tiago.


–Uma ótima ideia! –disse Rosa, ignorando os meninos. - Eu vou procurar sobre o cara que vem á Hogwarts este ano. –disse Rosa.


–E eu... Vou procurar sobre os Malfoy.


–Como assim, Alvo?


–É! não tem como você achar num livro da vida de qualquer um.


–Claro que se pode, se os avós de Scorpius foram desse grupo, eu posso achar algo na seção reservada, eu tenho a capa, e também posso... Bem, tem um lugar onde fica toda a biografia e o histórico dos alunos de Hogwarts...


–Não, Alvo! Quer pegar outra detenção? Nem eu faria isso, você pode ser expulso!


–Ainda não entendi, por que ele pode ser expulso? –perguntou Rosa.


–Ele quer roubar o histórico de alunos da sala do professor Neville, Rosa. –respondeu Tiago.


–O quê?! Não pode fazer isso, Alvo. Mesmo com a capa de invisibilidade é muito perigoso, o zelador, Guelch, anda por todos os andares e fica vigiando a sala do professor Longbottom o tempo todo.


–Mas se aquele homem vir mesmo para Hogwarts, e ninguém saber ou souber como lidar com ele, vão fechar a escola. De qualquer modo, se eu for pego ou se o homem chegar quando todos estiverem desprevenidos, eu terei que sair de Hogwarts.


–Tem certeza de que quer fazer isso, sabe você não precisa...


Alvo concordou com a cabeça.


–Tudo bem então. Começamos amanhã, depois do treino de quadribol.


Alvo e Tiago se despediram de Rosa, que agora parecia muito chateada, mas Tiago sabia muito bem porque era, era por perder aulas. Quando chegaram ao Salão Principal, o banquete já estava servido. Scorpius estava muito zangado, mas toda a vez que Tiago ou Alvo o olhavam ele fingia que estava...


–Hei Tiago! Scorpius está no time da Sonserina? –exclamou Alvo.


–Não. Isso nem é possível já que ele é da Grifinória.


–Mas ele está com a mesa da Sonserina e está com uma faixa que torce pela Sonserina.


–Bom, Alvo, o pai dele é o diretor da Sonserina... Provavelmente existem exceções sobre isso...


–Oi meninos! –cumprimentou Victoire que acabava de voltar com um grande sorriso.


–Ah... Oi Victoire, por que está tão feliz?


–Ah, amanhã é meu aniversário! Estão convidados!


–Então é por isso...


–Por isso o que, Alvo? –perguntou Victoire desconfiada. - É por que eu tenho dezenove anos? Bom é que entrei um pouco atrasada, probleminhas com o Louis... –disse Victoire.


– Não, é que Dominique estava lá quando eu ia para a casa de Hagrid, me chamou para ficar ali com eles. E com certeza não foi por querer ser legal comigo.


Victoire ficou com uma expressão de desapontamento no rosto.


–E o que tem isso? –perguntou Tiago.


–Dominique nunca fala com a gente, para dizer a verdade, acho que ela sente nojo de ser uma Weasley. –respondeu Alvo.


–A Dominique sempre quis ser igual a mim. –começou Victoire. - Desde que ela tinha sete anos ela não gostava de ter como sobrenome Weasley. Á todos que perguntavam ela dizia ser Dominique Delacour. Na época eu tinha uns quinze anos, e mamãe dizia á todos como eram boas as minhas notas. Dominique estava no primeiro ano da escola de trouxas, Dominique era a filha do meio, e dizia que eu e Louis éramos os preferidos. Desde então ela passou a me imitar, mas nunca deixou de lado o seu jeito ruim de ser. É por isso que ela foi para Sonserina, e é por isso que ela anda com Scorpius. Ela só te chamou para ficar ali com ela, porque ela sabia que era o que eu ia fazer. Não gosto nada disso... Quero dizer, não tenho nada contra aquele garoto Malfoy...


–Pois devia ter. –resmungou Tiago.


–Bem... Não vejo nada de mal nele. –respondeu Victoire. –Mas sabe, não gosto da Dominique andando com essa gente...


–Ei, vocês dois! –interrompeu Pedro. –O que estão fazendo aqui à esta hora da noite? Amanhã tem quadribol, não posso ficar sem o apanhador e um artilheiro.


–Ah, Pedro, não são nem nove horas! –disse Tiago.


–Quero os dois bem dispostos amanhã. –disse Pedro, e lhes deu as costas.


Tiago lhe apontou a língua.


–Odeio quando ele faz isso. Só por que é capitão acha que é o dono do mundo. Desculpe gente, eu e Alvo precisamos ir, temos quadribol amanhã. –disse Tiago amarrando a cara. -E ah, Victoire, não poderemos ir amanhã á sua festa aniversário, pegamos detenções.


–Ah, não! Eu já tinha me esquecido das detenções.


Tiago e Alvo foram se deitar. Alvo não conseguia dormir, ficou ali quase a noite inteira acordado pensando na detenção. Scorpius também não falava com ninguém da Grifinória, a não ser que quisesse se gabar, como fez com Clívon Ridflan, um menino que nascera trouxa e nunca havia visitado Hogsmead. Alvo dividia o dormitório com cinco meninos: Scorpius Malfoy, Dennis Finnigan, Jordan Telfis, Clívon Ridflan e Carlos Cattér. Carlos e Scorpius, eram os que menos falavam com o pessoal da Grifinória, Scorpius porque só andava com sonserinos, e Carlos porque só andava com o pessoal da Lufa-Lufa.


Alvo acordara e fora para a sala comunal da Grifinória, que desta vez estava vazia. Devia ser bem cedo. Tiago estava lá.


–Bom dia, Alvo! –cumprimentou Tiago num grande bocejo.


–Que horas são?


–Ah, não se preocupe, devem ser só sete horas e... Alvo! JÁ SÃO OITO HORAS! VAMOS PERDER O QUADRIBOL!


Tiago e Alvo se vestiram muito rápido. Saíram com os cabelos despenteados o que não era nenhuma novidade já que eles eram filhos de Harry. Os sapatos desamarrados e as...


–Vassouras!


Voltaram correndo e tiveram que pegar as vassouras. Saíram o mais rápido que puderam.


–Tiago, Alvo, vocês estão aí! –era Pedro Lepos, o capitão do time da Grifinória. -Estão vinte minutos atrasados, os sonserinos estão adorando ter razão para reclamar: “os grifinórios são um bando de talentinhos, como não existem outros bons jogadores eles escolhem qualquer um... Nem cumprem o horário!”


Scorpius estava na arquibancada junto com os sonserinos.


–Foi mal, Pedro. –desculpou-se Tiago.


–Andem logo, Guto Rendrow tem aula, e disse que não tem tempo para ficar narrando um jogo de uma hora. –informou-lhes Patrícia Kentill.


–Quem apita o jogo? –perguntou Alvo.


–Geralmente é a professora Filepów, mas... Ali está ela!


–“E a goles foi lançada!” – começou Guto Rendrow, era um garoto da idade de Tiago, mas era da Lufa-lufa. Era baixinho, chegava á ser da altura de Rosa, e tinha os cabelos bicolores, castanhos e louros. –“Lembrando pessoal, este é só um treino, por tanto o resultado não contará no torneio. Por enquanto, a goles está com Patrícia Kentill, uma artilheira da Grifinória, de Kentill vai para... Potter! Temos mais um Potter no time! E vejam só! Não é que o garoto leva jeito para a coisa! Ah, não! Cuidado Potter! Potter acaba de levar um balaço que vinha atrás de Rogério Crickey, o outro artilheiro de Sonserina. E isso foi pênalti, professora Filepów! Foi pênalti!


–Contenha-se Sr. Rendrow! –exclamou Neville.


–“Claro, professor, eu só me empolguei! Hã, hã,” - tossiu Guto. – “E agora já que não foi pênalti para a Grifinória, a goles está com Crickey, o que é um roubo por que...”


–Sr. Rendrow! –exclamou novamente Neville. Guto não era da Grifinória, mas tinha um grande respeito pela Casa, ainda mais levando em conta que ele era um super fã de Harry Potter.


–“Tudo bem, professor! Ah, continuando, ah sim, Rogério com a posse da goles e ele parece querer fazer uma jogada dupla, Patrick Galdevicson está fazendo o mesmo percurso que Crickey. E eles estão chegando, cuidado Marcos! Eeeeee... Defende Marcos Fayel! Uma defesa espetacular! E espera, enquanto isso Sirius Potter parece ter visto o pomo, e lá vai Guilherme Weich, o apanhador de Sonserina. Zero á zero, e o jogo está queimando! Espera aí! Sirius parece que vai pegar o pomo, eu já estou vendo e, vamos Potter! Potter! Ah, não... Não eu não posso acreditar... Professora, aquilo foi uma falta! Um balaço gigantesco no braço de Sirius! Grifinória é quem tem que ganhar!”


–Sr. Rendrow eu creio que a professora Filepów está ciente do que fez... –alertou-o Neville.


–“Certo professor... E Weich captura o pomo! Sonserina ganha o jogo!”


Rosa foi correndo ao encontro dos primos. Scorpius junto com todos os outros sonserinos foram correndo nos braços de Weich.


–Vocês fraturaram alguma coisa?


–Ah, sim, Rosa. Fraturei meu orgulho, não acredito que perdemos esse jogo. –disse Tiago indignado.


–Malfoy está todo feliz, detesto esse garoto.


–Que isso! Vocês jogaram muito bem, se não fossem aqueles balaços... Mas foi só um treino, não conta nos resultados e... Olhem lá, é Clatinie!


–Deve estar com a resposta do papai! Vamos!


Eles foram correndo até o Salão Principal, as corujas só entregavam cartas lá. Não estava muito cheia, como sempre, por mais alunos que tivessem eles preferiram ficar nas suas salas comunais. Principalmente os sonserinos, eles não gostavam de se misturar, era um que outro que ficava por lá.


–Aqui Clatinie! –chamou Tiago.


–É uma carta mesmo.


Olha está junto com a carta de Rosa, seus pais também te mandaram uma carta, Rosa.


Tiago e Alvo. Já ficamos sabendo sim das detenções, mas não se preocupem sabemos que não tiveram intenção. Aliás, foi uma sorte vocês estarem lá naquela hora, nem queremos imaginar o que poderia ter acontecido com Rosa.


Esperamos que fique tudo bem, não queremos que as detenções atrapalhem os estudos e os treinos e jogos de quadribol. E antes que eu me esqueça, parabéns aos dois pelo jogo, apesar de terem perdido para Sonserina, e esperamos que não tenham fraturado nenhum osso, porque aqueles balaços... E só mais uma coisinha, dê os nossos parabéns á Victoire.


Papai, mamãe e Lilí.


–Não acredito que você se deu ao trabalho de escrever uma carta, quando Neville fica o tempo todo descansando com seu livro de plantas mágicas.


–Eu estava só... Ah, mas... Olha a partir de agora não serei mais assim! Serei como você Tiago, não terei medo de pegar detenções, não vou ter medo das regras e principalmente não vou ter medo do Scorpius!


–É assim que se fala Alvo! –disse Tiago zombando. Sabia que Alvo dizer aquilo era o mesmo que ele dizer que pararia de fazer travessuras. -Mas o que diz sua carta, Rosa?


–Ah, nada, só coisinhas do tipo, “você agiu do melhor jeito, Rosa!”. Nada mais.


–Está tudo bem, Rosa? –perguntou Tiago.


–Ah, claro! Por que não estaria? Eu só lembrei de uma coisa, mas não é nada.


–Bem, então vamos almoçar, já é meio-dia.


 


O almoço demorou bastante, talvez porque Neville fez um grande discurso. Falava de algo parecido com festas e banquete, e também uma data que se aproximava, mas Rosa não estava ligando muito para isso, parecia estar concentrada em outra coisa. Por um triz de segundo, se passou pela cabeça de Alvo que...


–Senhor Severo, por favor me acompanhe. – chamou Luna. Alvo saiu atrás dela.


–Aconteceu alguma coisa?


–Bem, Alvo... Eu não queria mesmo estar fazendo isso, mas você está bem encrencado. O que fez não tem desculpas... Mesmo que tenha sido por uma boa razão.


–Que foi que eu fiz? –perguntou Alvo. –Está falando das detenções?


–E ainda nem saiu de uma detenção? O que está acontecendo com você, Severo? –perguntou Luna. Alvo estranhou terem o chamado de Severo, quase nunca era chamado assim. –Sabe, eu entendo bem que você esteja confuso por causa das detenções... Eu também estou um pouco atordoada. Acho que alguns alunos não estão levando a sério minha aula.


Alvo sempre se espantava com a franqueza de Luna.


–Mas tudo bem. Eu acho que é por que me acham... Diferente. Recebi reclamações de você, Alvo.


–Não sei do que diz! –tentou mais uma vez Alvo.


–Como não sabe? Só porque eu fiz aquilo com sua prima, você faz isso... –disse a voz de Scorpius.


–O quê?! Eu não fiz isso com a sua coruja! Professora, eu não fiz isso! –rosnou Alvo. A coruja de Scorpius estava morta no chão.


–Bom, Alvo, você tem motivos, e...


–Motivos?! Motivos? Que motivos?


–Já está em detenção, e talvez quisesse se vingar, e ainda ficamos sabendo que você foi ao corujal há pouco tempo... Olhe Alvo, isso não está em minhas mãos...


–Mas, a senhora me conhece, sabe que eu não faria isso... Neville não vai acreditar em suas mentiras, Scorpius! Não vai!


–Seu pai vai pagar por isso, Potter, quero uma coruja nova, ouviu?! –falou Scorpius dando risadas por trás de Luna. Alvo não tinha ideia do que Neville iria dizer, mas ele tinha que acreditar... Alvo não fizera aquilo. Nunca fora a sala do diretor antes, o que diria? Chegara numa pequena brecha, onde tinha uma escadinha que não cabia mais do que três pessoas, até porque no meio da escada tinha uma espécie de pássaro gigante. Luna fez sinal para Alvo entrar, murmurou alguma coisa, mas Alvo não entendeu. Logo a escada começou a se mexer, era em espiral por isso só rodeava. Abrira para uma sala que Alvo supôs que fosse a sala de Neville. Mas não tinha ninguém.


–Alô? Tem alguém aí? Ah, professor Neville?


–Alvo, é você? Entre por favor... Eu estou só alimentando Fowx, é a fênix que Dumbledore tinha.


Alvo se admirou com o belo pássaro vermelho que estava em seu poleiro.


–Mas papai disse que ele foi embora depois que Dumbledore...


–Bem, acho que ele gostou de mim. Logo que virei diretor, num belo dia, ele havia voltado. Mas o que houve? Está tudo bem?


–Na verdade, não. Foi Scorpius! A coruja dele estava morta, mas não fui eu, o senhor tem que acreditar! Eu fui ao corujal naquele dia, mas foi só para mandar uma carta para meus pais, só isso! Não quero cumprir mais detenções, e...


–Acalme-se, menino! Tenho certeza de que você não fez isso, mas, sabe tudo aponta para você, e eu tenho que fazer alguma coisa...


–Mas eu já estou em detenção!


–Sim, e por isso acho que vou... Bom, eu preciso de ajuda com os históricos e com alguns livros da seção reservada, sabe, não quero que seus pais arranjem problemas com os Malfoy. Bom eu acho que você irá ter aula comigo agora, então pode ir indo, eu só vou cuidar de umas coisinhas. Olhe Alvo, acho que sua detenção seria limpar e organizar a biblioteca reservada, mas acho que pode deixar isso para seu irmão, então você pode vir até aqui me ajudar com os livros que peguei e com alguns históricos. Aquele Malfoy, matou a própria coruja para te botar a culpa...


–Obrigado, professor! –agradeceu Alvo.


Dera tudo certo, aquela era a chance dele cumprir com sua promessa de investigar a vida dos Malfoy. Alvo foi até a estufa dois, onde teria aula de herbologia. Como de costume, ele teria aula dupla com Sonserina. Pelo menos teriam participação especial com a turma do terceiro ano, a turma de Tiago.


–Ah, como foi com o diretor, Alvo? Vai ter que limpar toda a sala dele? –perguntou Scorpius.


–Para a sua informação, Scorpius, eu não precisaria pegar detenção porque já te falei que não fiz nada com a sua coruja! –exclamou Alvo.


–Se acalme, Alvo! Quer pegar outra detenção, quer? –zombou Scorpius. Tiago que estava chegando e viu aquela cena, voou para cima de Scorpius.


–Olhe aqui, seu moleque! –disse Tiago segurando Scorpius pelo cangote. –Você acha engraçado arrumar encrenca para os outros, hein? Você acha?


–Para, Tiago! –exclamou uma voz. Era a voz de Dominique. Todos ficaram muito surpresos, inclusive Scorpius. –Hum... Você não pode bater no Scorpius, por que... Por que você é maior que ele!


–E o que tem isso? Admiro-me de você estar do lado desse... Desse moleque, do que do lado da sua família, ainda mais quando ela é que está certa!


–Tudo bem, Tiago. Não vale á pena sujar as mãos com um Malfoy! –disse Alvo. Scorpius sentiu um grande alívio. Tiago o soltou, mas lhe deu um olhar ameaçador. Neville já vinha chegando, trazia consigo sua varinha, o que não era muito comum nas aulas de Herbologia, normalmente só estudavam o cultivo e o serviço das plantas.


–Bom dia, turma! Hoje como já puderam ver teremos aula com os alunos do terceiro ano, que vão me ajudar em uma atividade que planejei para vocês. Prestem bem atenção por que... - disse ele pegando alguma coisa debaixo da mesa. – É preciso muita atenção, quando se trata de Pretwillets. Mas o que é uma Pretwillets? Alguém, por favor? –ele nem havia olhado para Rosa, mas sabia que ela iria levantar a mão e foi logo dizendo. –Rosa...


Pretwillets, professor, é uma planta muito rara, geralmente serve para curar ferimentos de queimadura, é também ótima para preparar um remédio chamado Osso-Fólico, mas é claro que isso não vem ao caso... Bom esta planta é muito útil, pois dela se extrai pequenas bolhas que se assemelham muito á limões, chamadas bolsas, onde é guardado seu líquido.


–Mais cinco pontos para Grifinória! Então, agora todos peguem suas varinhas e me observem. –Neville pegou a varinha e disse claramente e alto a palavra “retriúdos”. Da planta saíram várias bolotas que se pareciam muito com limões. –Só precisam cortá-las e guardar o líquido que há dentro delas em um vaso. Alguma dúvida? Não? Então vamos lá, cada um tem sua árvore, vamos, vamos os alunos do terceiro ano também, eu acho que vocês já sabem como fazer feitiços, não sabem?


–Ah, primeiro as bubotúberas, agora isso! –reclamou Tiago.


Todos começaram a praticar, mas é claro que não conseguiram da primeira vez. Dennis Finnigan, o filho de Simas Finnigan, fez explodir sua planta. Tiago já sabia fazer aquele feitiço, mas estava com tanta vontade de bater em Draco, que mal conseguia tirar aquelas bolotas da planta. Rosa e Júlia Dreyman, é claro que faziam aquele feitiço como se aquilo fosse uma brincadeira. Alvo estava pegando o jeito da coisa, já conseguia fazer sair duas bolsas da árvore.


–Bom pessoal, o nosso tempo está acabando, então peguem todos os vasos que conseguiram e vamos deixar no reservatório de remédios da ala hospitalar.


Neville saiu apressado como sempre fazia, sendo o diretor de Hogwarts ele não tinha muito tempo para ser professor. Alvo foi correndo até Tiago para avisar-lhe da sua nova detenção.


–Então você trocou de detenção?-perguntou Tiago quando Alvo acabara de contar.


–Exatamente! No fim eu acabei sem uma detenção! Mas o melhor é que, eu vou...


–Vai poder cuidar dos históricos dos alunos de Hogwarts! –disse Rosa que acabara de chegar. –No fim vai dar tudo certo!


–Brilhante! –exclamou Tiago. –Agora eu só preciso encontrar algo sobre Voldemort... Que eu não sei da onde vou tirar...


–Mas o diretor Neville disse que, como eu vou ajudá-lo em sua sala, você vai ficar na biblioteca limpando e organizando! –informou Alvo.


–Nossa! Como vocês são lerdos! Já peguei uns cinco livros que falam desse cara que pretende vir à Hogwarts.


–Acho que é você quem está adiantada demais. –responderam Tiago e Alvo juntos.


–Ah, parem com isso! Temos muita coisa a fazer, por isso... Tiago, você não vai à Hogsmead esta semana? –perguntou Rosa.


–Ah, Hogsmead... Eu vou sim, mas não é esta semana não, é só na quarta.


–Eu adoraria ir à Hogsmead! –exclamou Alvo. –Dizem que lá tem muitos doces de bruxos, muitos objetos como o... O Mapa do Maroto.


–Isso me faz lembrar o tio Fred... –disse Rosa pensativa.


–Você nem era nascida quando ele morreu, Rosa! –disse Tiago que parecia não ligar muito para um tio que ele nem mesmo conheceu.


–Mas ele morreu bravamente, Tiago! –defendeu Rosa. – papai disse que ele morreu na batalha mais importante da história!


–Eu não estou dizendo que não ligo para isso! –disse Tiago tentando se explicar – Só acho que... E bem, não sei se é verdade isso! Eles nunca dizem em que batalha exatamente foi. A resposta para tudo foi... Em um duelo.


–Ah, parem de ficar falando nisso! Aposto que tio Fred estaria bem mais feliz se nós não ficássemos lembrando-se dele e sentindo saudades. –animou Alvo. –Ele morreu bravamente, como você disse Rosa, e isso é o importante.


–Quem garante que foi bravamente? O papai só fala que foi em um duelo, tudo foi em um duelo... Por que ele não tem pais? Por culpa de um duelo. Por que tio Fred morreu? Por culpa de um duelo. Por que teremos uma detenção?


–Não é por culpa de um duelo.


–Por enquanto. –respondeu Tiago.


–Você não está pensando em arrumar confusões, está Tiago? –perguntou Rosa, com uma expressão de profunda desaprovação no rosto.


–Se não estivesse, não me chamaria Tiago Potter e sim, Rosa Weasley. –retrucou Tiago. - Agora vamos. Eu tenho que cumprir detenção mais tarde por isso é melhor tomar o café um tanto que rápido. E queria falar com Daniella e Matt... Mas tenho que ficar de babá de vocês.


–Você não é nossa babá. –disse Rosa.


–É. –concordou Alvo. –Não precisa ficar andando com a gente.


–E arriscar levar uma bronca do papai? –perguntou Tiago. –Nem morto. Ele mandou eu ficar com vocês até vocês fizerem amizades. Não posso culpa-los por não terem muitos amigos, já que apesar de parentes, vocês não puxaram o lado popular da família como eu...


Tiago, Alvo e Rosa foram para o Salão Principal e tomaram o café. Em toda a refeição não deixaram de notar a cara que Scorpius fazia quando olhava para Tiago.


–Ele deve estar tremendo de medo de você, Tiago! –diziam Rosa e Alvo que se divertiam observando Scorpius.


Quando terminaram o café, os três subiram até os dormitórios, Rosa ficou por lá para terminar o dever de casa, Tiago e Alvo pegaram a capa de Invisibilidade e o Mapa do Maroto e desceram. Logo encontraram Scorpius que pareceu querer desviar o caminho quando avistou Tiago, mas por uma razão ele seguiu ao encontro dos meninos.


–Já sabem o que vamos ter que fazer? –perguntou.


Alvo e Tiago se olharam, como se quisessem saber o que o outro achava de dar a resposta à Scorpius.


–Sim, mas provavelmente você irá ficar na biblioteca com a gente. –respondeu Alvo.


–Que ótimo! –resmungou Scorpius.


–Não reclama que você é o único que fez algo errado. –disse Tiago.


–Até parece que você não fez uma coisa errada também. –disse Scorpius.


–Ainda não, mas posso fazer. –respondeu Tiago lhe mostrando o punho fechado. Scorpius olhou para o chão e se calou.


Tiago, Scorpius e Alvo chegaram até o Saguão de Entrada, onde estavam Guelch e Neville.


–Sr. Guelch, pode acompanhar Tiago e Scorpius até a biblioteca? –perguntou Neville ao zelador.


–Vamos de uma vez! –rosnou o zelador.


Ele detestava alunos, como o antigo zelador Filch. Alvo viu Tiago esconder a Capa da Invisibilidade por dentro do casaco. Neville levou Alvo até um corredor, onde havia em uma passagem, uma gárgula.


Mandrágoras!


A gárgula se moveu para o lado.


–Entre, Alvo... –disse Neville. –Eu terei que fazer uma coisinha... Eu já venho.


Alvo entrou na passagem e subiu no primeiro degrau. A escada se moveu, como uma escada rolante, e o levou até uma porta. Alvo abriu-a. Não notara nela na primeira vez que viera, por conta do nervosismo. Era uma sala toda verde. Havia várias plantas esquisitas, e vários quadros de bruxos e bruxas que estavam dormindo. Alvo sentou-se na cadeira que ficava a frente da escrivaninha do diretor. Ele estava olhando para as plantas, quando uma voz falou:


–Alvo Severo Potter?


Alvo olhou depressa. Não havia ninguém.


–Q-Quem me chamou? –perguntou ele levantando depressa da cadeira.


–Ah, fui eu! –disse a voz, animada. –Aqui, aqui na frente! –disse a voz.


Alvo se virou procurando o homem que falara. Mas não viu.


–Onde você está? –perguntou Alvo.


–Sou o quadro a sua frente.


Alvo olhou para frente. Havia um quadro de um homem de cabelos e barba brancas e longas. Alvo nunca havia visto ele, mas o irmão já comentara que vira esse quadro.


–O senhor é Dumbledore, não é?


Era o homem que o pai homenageara pondo o seu nome.


–E você é o filho de Harry Potter e Gina Weasley, certo? –disse o homem. Alvo assentiu. –É incrível como vocês se parecem, seu pai e você. E vejo que é verdade, você tem os olhos de Lílian. Ah, sim... Eu conheci sua avó... E também o seu irmão, Tiago Sirius. É muito travesso ele, tem uma mania de me chamar de Velho Barbudo.


Alvo corou.


–Ah, não se preocupe! –apressou-se Dumbledore a dizer. –Este hábito que ele tem, me faz rir. Ele realmente se parece com Tiago e Sirius, realmente... E sua prima? Rosa Weasley, como está?


–Está melhor. –respondeu Alvo. Ele não fazia ideia de como Dumbledore sabia.


–É realmente uma pena que você e seu irmão tenham que cumprir detenções, Neville não queria fazer isso... Porém, como deve saber, o Ministério está em cima de Hogwarts... Kingsley já deu muitas colheres de chá para o jovem Longbottom, mas... Em minha opinião, não era necessário que vocês... Cumpram detenções...


Houve um silêncio, onde Dumbledore, sorria ao fitar Alvo da cabeça aos pés. Ele sentia-se desconfortado, era estranho falar com alguém que já estava morto. Morto, como diria Tiago, por conta de um duelo. Alvo continuou olhando as plantas, na esperança de que os olhos azuis de Dumbledore não mais o fitassem. No meio de uma prateleira, estava o Chapéu Seletor, velho e surrado. Ele pareceu perceber que Alvo o encarava, pois disse:


–O que está tramando, Potter? –perguntou o Chapéu.


–E-Eu? –perguntou Alvo. –N-Nada.


Ele sentiu que Dumbledore estava o olhando.


–Eu não...


Dumbledore, por sua vez, apenas sorriu. Um sorriso que confortou Alvo. De repente, aquele homem, parecia bem familiar a Alvo, como se eles já se conhecessem. Ele viu que o Chapéu deu um meio sorriso, mas Dumbledore ignorou-o e falou:


–Você... É muito parecido com o seu pai... Muito mesmo...


Alvo sorriu. Era estranho como aquelas palavras o confortavam tanto...


–Ah, vejo que conheceu o Dumbledore! –disse uma voz. Era Neville. Ele adentrou a sala e sentou-se na cadeira de trás da escrivaninha. E se virou para trás, e começou a fitar Dumbledore.


–Ah, professor, será que o senhor poderia me responder uma pergunta? –perguntou Alvo ao ver que provavelmente não iria organizar a biografia dos alunos de Hogwarts.


–Sim, Alvo, o que é? –perguntou o diretor.


–É que... Sabe, eu ouvi que, este ano um tipo de terrorista está vindo à Hogwarts. –não era essa a pergunta que ele queria fazer.


– Hum... –Neville olhou diretamente aos olhos de Alvo. Ele havia lembrado de uma vez em seu primeiro ano na escola e que encontrara Rony, Hermione e Harry perambulando pelos corredores em busca de uma confusão para desvendar o mistério. –Olha, Alvo, isso não é um assunto que deva te preocupar, mesmo que... Mesmo que isso seja verdade, Hogwarts é o lugar mais seguro em que vocês possam estar, agora, pode separar os históricos e biografias dos alunos de Hogwarts, e ah, Alvo, separe por casas e por alunos que não estudam mais. Estão nas primeiras gavetas daquela estante. Pode também, depois entregar à biblioteca os livros que peguei.


Alvo abriu as gavetas e encontrou mais de mil históricos e biografias, como ele acharia os Malfoy ali? O jeito era olhar um por um, mas de uma coisa ele sabia, a família Malfoy toda devia ter sido da Sonserina, então achou melhor começar por Sonserina.


Depois de duas horas ele encontrou algumas coisas sobre os Malfoy:


Histórico de Lúcio Malfoy


Lúcio Malfoy estudou na escola em torno de [...]. Foi da Sonserina, e como todos os sonserinos, adorava Artes das Trevas [...]. Depois de formado na escola, muitos afirmam ele ter pertencido ao grupo: Comensais da Morte [...]. Casou-se com Narcisa Malfoy, teve um filho chamado Draco [...].


Histórico de Draco Malfoy


Estudou na escola em [...]. Foi da Sonserina como todos os Malfoy têm sido. [...]. Ainda na escola, em seus últimos anos, ele foi acusado de participar, juntamente com os pais, do grupo Comensais da Morte [...]. Casou-se com Astória [...].


Histórico de Scopius Malfoy


Entrou na escola em [...]. Ele pertence à Grifinória, o que foi uma grande surpresa para sua família e para si mesmo, tem grande desavença com os Weasley, mas [...]


 


–Nossa! –exclamou Alvo. –Com certeza isso significa alguma coisa... Mas o quê? –ele guardou e organizou todos os históricos de Hogwarts, o que deve ter levado pelo menos mais duas horas. Quando Neville veio até Alvo, ele notou que o diretor parecia um pouco chocado.


–Está tudo bem, professor? –perguntou.


–Ah, sim, Alvo, eu só... Hum... Pode levar esses livros até a biblioteca. Depois pode ir se deitar. Já está tarde.–e foi embora. Alvo pegou os livros e os levou. No caminho, sentiu um tanto de medo, a escola era apavorante à noite. Alguns quadros eram solidários e faziam luz para iluminar o caminho de Alvo, já que ele tinha as mãos ocupadas. Já outros resmungavam a cada tropeço que Alvo dava.


–Moleque, isso é hora? –perguntavam os quadros.


–Desculpe. –dizia Alvo.


Já na biblioteca que parecia estar vazia, Alvo não enxergava nada. Até que...


–ARREEEEEEE! –Alvo sentiu uma mão em sua boca.


–Calma Alvo, sou eu. –disse a voz de Tiago.


–Você quase me matou de susto, Tiago!


–Ai, quem você achou que fosse? O Barão Sangrento?! –perguntou o menino debochado. –Não sentiria se fosse ele, não é? Sabe, fantasmas não são sólidos.


–Ah, para com isso... Mas você achou alguma coisa?


–Achei muita coisa...Você nem vai acreditar...


–Cadê o Sr. Guelch? –perguntou Alvo.


–Ele foi pegar um outro lampião. Eu derrubei o outro para dar tempo de você chegar aqui.


–Mas como é que você sabia que eu estava vindo? Ah, o mapa! –disse Alvo quando Tiago o apontou. –Então, já terminou por aqui?


–Felizmente sim! –disse Tiago olhando uma grande pilha de livros – Nunca pensei que as pessoas pegassem tantos livros, aposto que a metade desses foi Rosa quem pegou.


–E o Scorpius? –perguntou, Alvo.


–Ele ficou limpando as prateleiras e é claro que terminou em dez minutos.


 


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