Capítulo III - Expecto Patronu
- Annie, acorda, falta uma hora pra o café da manhã!
- Dá um tempo, Rose. – Ela resmungou. Então, como uma avalanche, as lembranças da noite anterior vieram na sua cabeça. Annie sentou.– Rose, desculpa pelo modo com que eu falei ontem. Eu estava fora do sério. Eu não estou brava com você de verdade, foi uma coisa do momento. Eu tenho que falar sério com o Alvo. Mas eu não vou sair do jogo, vou mostrar que eles não vão me derrubar.
- Tem certeza, Annie? – Rose sentou-se ao seu lado na cama. – Se você voltar lá eles vão repetir a pergunta. E vocÊ não tem que fazer nada por conta dos outros.
- Não é por conta dos outros. Se perguntarem outra vez, eu... eu falo a verdade.
Rose ficou tensa.
- E qual é a verdade?
- Espere pelo jogo e você vai saber.
- Annie! Você sabe que eu sou muito curiosa!
- É, eu sei. Mas você não vai morrer se esperar até hoje à noite. – Annie deu um sorriso forçado e levantou.
As duas chegaram à mesa pouco mais que quinze minutos antes do início do café da manhã, a pedido de Annie. Ela queria falar com Alvo Potter antes do café. Ao chegar perto dele, ela cutucou seus ombros.
Ele virou, ainda distraído com a conversa.
- Oi, Annie!
- Eu queria falar com você, pode ser agora?
- Ah, claro.
- Em particular. – Ela falou, ao perceber que ele não tinha entendido.
- Sim, sim! – Ele levantou da mesa.
Andaram juntos até um canto do salão.
- Eu queria pedir desculpas. – Annie falou. – Por ontem à noite. Eu não devia ter sido grossa...
- Tudo bem. Eu não devia ter perguntado. Você não tem nada que se preocupar. – Ele falou docemente.
- Certo. Obrigada por tirar esse peso da minha consciência. – Ela riu. Voltaram, Alvo foi terminar a conversa, e Annie foi para perto das amigas, como de costume.
- E aí? – Rose perguntou, sussurrando para que as outras duas não ouvissem.
- Ele falou que tudo bem. – Annie respondeu.
- ANNIE! – Chamou Lílian. Ela parecia chocada. – O QUE VOCÊ FOI FALAR COM O MEU IRMÃO ÀS ESCONDIDAS? VOCÊS NÃO ESTÃO NAMORANDO, ESTÃO?
- Ai, Lily, deixa de drama. Não, eu não estou namorando o seu irmão. Obrigada. – Ela respondeu.
- Ufa! – Lílian respondeu. – Não que eu esteja dizendo que você seria uma cunhada chata ou algo do tipo, só que... Ah, sei lá!
- Ok, vamos mudar de assunto! – Convidou Rose.
A conversa que se seguiu não foi interessante. Após o café da manhã, seguiram para a aula de DCAT. Annie repetiu pacientemente as palavras de Alvo, a pedido de Rose, enquanto seguiam para a sala.
- Ele não parecia nem um pouco chateado? – Rose estranhou.
- Nem um pouco. Mas eu não sei... Talvez ele estava disfarçando.
- O Alvo não é assim, quando ele acha algo incômodo, ele expressa. Ele não é de forçar sentimentos. Quando ele demonstra algo, é porque ele realmente está sentindo.
Chegaram à sala. A professora estava organizando duplas para a aula, um sonserino e um grifano. Annie acabou fazendo dupla com Samantha, e Rose com Scorpius Malfoy. Óbvio, nenhuma das duas gostou muito da dupla, mas não puderam trocar.
- Hoje vocês aprenderão um feitiço avançado. O Patrono.
A sala explodiu em cochichos.
- Silêncio, por favor! Acredito que todos já ouviram falar sobre esse feitiço. Senhorita Weasley, gostaria de dar a definição?
- O Patrono é um feitiço realizado para espantar dementadores. Pode ser um Patrono corpóreo, ou seja, ter formato de um animal, ou não. O feitiço usado é o “Expecto Patronum”, e como sempre deve ser citado, ele é um feitiço que exige muita concentração.
- Exatamente. Obrigada, Senhorita Weasley. Cinco pontos para a Grifinória. Vocês podem ficar junto de suas duplas agora? Vou ensinar como fazer, e quero que vocês pratiquem o movimento com a varinha, depois a pronúncia, quero que vocês escolham um momento marcante da vida de vocês, para só então treinarmos com bichos papões.
- Mas professora, eu já sei executar o feitiço corpóreo... – Começou Rose.
- Senhorita, se já sabe, melhor ainda! Pode ajudar a sua dupla.
“Ah, não!” Rose pensou. “Com tanta gente no quinto ano da Sonserina e minha dupla é logo o Malfoy. Eu preferia a Samantha, ou aquele garoto que parece um esquilo, ou até mesmo o burro do Chris Parker. Mas logo o Malfoy!”. Mas ela não podia fazer nada.
- O movimento com a varinha é o comum. Basta apontar e pronunciar o feitiço. Porém é bom que tentem fazer isso com firmeza e rapidez. Lembrem-se que diante de um dementador vocês não vão poder sair chorando e chamando pela mamãe. – Alguns alunos riram. – É, vocês precisam de agilidade. É essa a palavra que define o Patrono.
A esse ponto, Rose já estava do lado de Scorpius. Ela evitou olhar para ele, queria que ele soubesse que ela não estava a fim de papo, mas em momento nenhum ele tentou conversar. Isso a surpreendeu em parte.
- Agora repitam comigo: Expecto Patronum.
Todos repetiram, com a voz quase morta.
- Por Merlin! Eu tenho a prova que todos tomaram café da manhã. Vamos repetir até que isso soe bem.
Dessa vez todos entoaram bem o feitiço.
- Muito bem. Vocês podem repetir para a dupla a pronúncia e o movimento da varinha? Garanto que não vai acontecer muita coisa sem o momento marcante.
Scorpius virou para Rose e falou as palavras, movimentando a varinha exatamente. Mas ela não ia perder essa.
- Expecto Patronum. – Ela falou. E, magicamente, apareceu um pinguim azul ao seu lado.
Ele arqueou as sobrancelhas.
- Achei que não era para fazer o feitiço agora.
- Mas eu quis fazer. Algum problema?
- Não vejo problema. Mas talvez a professora sim.
Rose virou e viu a professora a encarando com uma expressão desaprovadora.
- Desculpe. – Ela murmurou a contragosto, desfazendo o Patrono.
- Rose, eu sei que você é brilhante por saber isso antes de todos. – Scorpius simulou que ia colocar o dedo na garganta. – Mas se continuar querendo provar a superioridade no feitiço eu infelizmente vou ter que trazer uns cinco dementadores para você espantar sozinha.
Assim que todos estavam ok, a professora arrastou um baú até o centro da sala.
- Peço calma. Por mais que isso pareça um dementador, é apenas um bicho papão. Ele não vai sugar a alma de vocês ou lhes dar um beijo, por mais que creio que o senhor almeje por isso, sim, Senhor Parker? – Falou a professora, ao ver Chris fazendo movimentos de beijo com a boca para uma das garotas da Grifinória.
- Sua situação tá tão ruim assim, Parker? – Perguntou Malfoy, aos risos.
- Vá se foder, Scorpius. – Ele respondeu.
- Sem palavrões em sala de aula! Menos cinco pontos para a Sonserina. Agora, quero que as duplas formem uma fila. Não, não assim! Quero que cada dupla fique lado a lado. Falei que era uma fila de duplas, não de alunos.
Assim que estava pronto, começou. A primeira dupla foi um fracasso. A garota entrou em pânico quando o bicho papão/dementador foi para cima dela.
- Ah, quantas vezes tenho que repetir que é apenas um bicho papão?! – Irritou-se a professora.
A segunda, de Annie e Samantha, foi melhor. Annie conseguiu reproduzir o feitiço a ponto de espantar o bicho papão, mas o Patrono dela ainda não tinha forma. Samantha não conseguiu nada. Assim as duplas foram passando, até que chegou a vez de Scorpius e Rose, a última. Scorpius agitou a varinha, uma, duas, três vezes, e nada.
- Malfoy, você é mais burro que uma porta! – Exclamou Rose, numa voz que somente Scorpius poderia ouvir. – Não é preciso agitar a varinha, assim você vai quebrar sua mão e não vai conseguir nada! É só apontar pra droga do bicho papão e falar o feitiço.
- Muito obrigado, sabe-tudo. – Ele falou, irritado. Dessa vez conseguiu logo um patrono corpóreo. Tinha a forma de um cavalo alado. Era muito bonito. Todos ficaram impressionados, especialmente Rose. Não, ela não estava impressionada. Estava pasma.
- Bom, acho que ficou melhor que o seu pinguinzinho de araque. – Ele debochou. Rose não sabia o que dizer.
- Bom, parece que, dessa sala, a única dupla capaz de produzir um Patrono Corpóreo é a do Sr. Malfoy com a Srta. Weasley. Por isso, nada mais justo, quinze pontos para Sonserina e quinze para a Grifinória. Vejamos, descontando os cinco pontos do palavrão, a Sonserina ganhou dez hoje, e acrescentando os cinco da explicação do feitiço, a Grifinória ganhou vinte. Vejam só, o dobro! – A professora brincou. Ela tinha sido Grifinória no seu tempo de escola, por isso adorava dar oportunidade para que os alunos grifanos conquistassem pontos.
- Bom, mas acho que devo os créditos do meu patrono à Srta. Weasley. – Disse Scorpius. – Ela foi muito educada me ensinando o jeito certo de usar a varinha.
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