Delicado como a neve

A noite estava clara devido a grande lua cheia. Hogwarts estava vazia, era Natal e a maioria dos estudantes tinha voltado para casa. Nos jardins estava mais vazio ainda, já que era proibido ficar ali neste horário. O silêncio era completo, o tipo de silêncio que sufoca. A neve tinha coberto todo o chão e o local estava bastante bonito. Estava tudo tão quieto e tão escuro, tirando a luz da lua, que quem passasse ali não veria que havia duas pessoas encostadas em um muro do castelo. Eram dois jovens, que cobertos com grossas capas estavam quase invisíveis.

A menina, de cabelos acaju e rosto bonito estava de lado encostada no muro, ela sorria e cutucava o braço de um rapaz pálido, que parecia assustado e nervoso. Seus cabelos negros emolduravam o rosto o fazendo parecer ainda mais de mau humor. O rapaz virou e ficou com o braço direito apoiado no muro enquanto olhava de cara feia para a jovem.

- Pare de rir assim, podem nos ouvir!

Ela mordeu os lábios tentando segurar o riso.

- Desculpe, Severo... Eu apenas não consigo me segurar. Você também deveria rir, foi uma situação engraçada.

- Engraçada? O que tem de engraçado nisso? Eu insisto para burlarmos as regras, vir aqui fora esta noite, planejo TUDO, tudo para você ver a chuva de estrelas cadentes que estava prevista, e...e...

-E, foi mês passado! – A menina começara a rir de novo.

-Sério, eu achava que era hoje.

Ele observou o rosto dela, estava vermelho de tanto rir, ela não deveria achar graça disso. Olhando seu rosto tão alegre ele não pôde deixar de sorrir.

- Olha... Você esta sorrindo. O senhor carrancudo sabe sorrir.

Ele na mesma hora fechou a cara de novo e virou de frente para o jardim, apoiando as costas no muro e bufando.

- Ora, Severo, você deveria sorrir mais. Você sabe que a vida não é tão ruim assim...

- Você sabe que a única coisa boa na minha vida é você.

Ela não esperava por isso. E corou enquanto cruzava os braços e virava de costas para o muro também, para evitar olhá-lo.

- Desculpe Lily... Não quis dizer nada de mais. Mas você sabe que é verdade.

Ficaram calados durante uns minutos até que começou a nevar. A neve caía devagar, flutuando delicadamente, algumas vezes parecia brilhar devido à luz da lua cheia.

- É uma cena linda. – Disse Lily suspirando olhando a neve cair.

- É... linda mesmo. – Disse Snape virado de lado observando o rosto da menina.

E assim, devagar e delicado, como a neve caindo, tudo aconteceu. Snape, sem pensar, estava de frente a ela, ela encostada no muro, com o olhar assustado. Segundos pareceram dias enquanto ele aproximou o rosto do dela. Ficaram uns minutos assim, seus rostos próximos, suas bocas a centímetros de distância, um sentindo a respiração do outro. Estava nevando, mas Lilian não sentia frio.

- Eu poderia morrer.- Disse o jovem colocando a mão no pescoço dela.- Poderia morrer agora, neste exato momento, e morreria feliz.

Ela não respondeu, só continuou ali, respirando, sentindo a mão gelada dele. Ela estava assustada, não sabia o que fazer. Ele era seu melhor amigo, era estranho, mas ainda seu amigo.

- Severo...- Murmurou ela.

E ao ouvir seu nome saindo daquela boca, ele não pode fazer mais nada, só beijá-la. Seus lábios eram gelados, e ao entrar em contato com os lábios quentes dela, ele tremeu. Ela era a vida dele.

Durou alguns segundos, a neve parecia que caía mais forte agora. Sem saber mais o que fazer, ou o que pensar, ela se afastou.

- Desculpe. – Ele disse. - Eu não queria te chatear.

Ela sorriu para ele. Ela não queria magoá-lo.

- Eu preciso pensar nisso tudo. Você sabe, em nós. O que aconteceu?

- Não negue que há tempos algo vem acontecendo entre nós. – Ele disse parecendo estar de mau humor.

- Não nego. Só tenho medo. Você sabe que tenho alguém. - Ela abaixou a cabeça ao dizer isso.

Eles ficaram calados e ela saiu em direção à porta do castelo. Ela caminhava rápido e ele permaneceu a olhando até ela desaparecer.

Ao longe Snape ouviu um uivo e latidos.

- Idiotas.- Murmurou com raiva e saiu em direção ao salão da Sonserina.

 

 

(Continua...)

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