Capítulo 1



A família Weasley/Potter estava mais uma vez reunida na Toca. Em mais um feriado colorido e repleto de sorrisos.


Molly Weasley estava radiante. Adorava ter a casa lotada daquela forma. Seus netos correndo felizes pelo quintal, fazendo competições de arremesso de gnomos, jogando xadrez bruxo ou snap explosivo. Tanto fazia para aquela boa senhora. Adorava mesmo era estar rodeada pela família.


Victorie e Teddy estavam conversando em canto da sala. Suas mãos entrelaçadas. Ginny e Rony – cada qual com seu cônjuge – conversavam animadamente a mesa de jantar. E da janela da cozinha, a Sra. Weasley conseguia ver alguns de seus netos. Albus conversava com Scorpios Malfoy, seu melhor amigo. Enquanto jogavam pedras no lago a sua frente. A amizade entre os dois tinha dado um nó no estômago de Ginny no início, mas depois percebeu que era bobagem. Scorpios era um bom garoto, mesmo sendo sonserino, como seu filho do meio.


Rose estava encostada em uma árvore, lendo como sempre. Lily estava com a cabeça deitada no colo da prima. Balançando as mãos no ar. Provavelmente ouvindo música por aquele aparelhinho trouxa, pensou Molly. Roxanne e Scarlet Malfoy aproveitavam o sol que o dia proporcionava, deitadas na grama sob um lençol. Aparentemente dormindo. Essa era outra boa menina. Scarlet era muito parecida com seu irmão mais velho na aparência. Porém, era um dos seres mais doces que já tivera o prazer de conhecer. Pura como uma flor do campo, a lufana. Não que o loiro fosse desagradável. Muito pelo contrário. Mas Scarlet tinha um jeito só dela.


James e Fred II, jogavam xadrez bruxo no tapete da sala. As filhas de Percy e Audrey, Molly II e Lucy, estavam no meio de uma discussão. Tão diferentes essas duas, pensou Sra. Weasley. Hugo e os gêmeos Scamander estavam jogando Snap Explosivo.


Carlinhos não tinha chegado ainda, porém o resto de seus filhos estavam espalhados pela casa, e o Sr. Weasley estava tirando um cochilo.


Tudo estava numa calma e harmonia maravilhosa.


De repente, uma das pedras que Scorpios atirava ao lago, richoteou. E um pouco de água espirrou em Rose.


Foi suficiente para provocar um pandemônio.


Rose levantou-se abruptamente, fazendo com que Lily batesse a cabeça pelo movimento inesperado. A Weasley começou a esbravejar com o Malfoy. Palavras ininteligíveis saiam de sua boca. Como flechas. Suas orelhas estavam escarlate. Roxy e Scarlet acordaram assustadas com a gritaria. Vendo do que se tratava, apenas ajeitaram o lençol, sentando-se logo em seguida. Lily juntou-se a elas, resmungando e esfregando a nuca com a mão. Albus escorregou e quase caiu no lago depois que seu amigo girou nos calcanhares para encarar Rose.


Scorpios estava com uma expressão implacável naquela hora.


James chegou correndo, com um sorriso de triunfo dançando nos lábios. Seguido de seus outros primos, Victorie, Teddy, Fred e Dominique.


Dominique e Victorie apenas suspiraram cansadas.


– Bem, já estava demorando pra acontecer – sussurrou Dominique para ninguém em particular. Os primos mais próximos a ela concordaram com um movimento de cabeça apenas.


Rose Weasley não podia acreditar no que aquele inepto tinha feito. Já não bastava estar na casa de seus avós para estragar suas férias, como agora arruinara seu livro preferido. Tinha sido a gota d’água. Rose tinha aguentado a última semana, contando “até mil” cada vez que Scorpios fazia uma gracinha. Mas agora já estava absolutamente saturada.


– SEU IDIOTA! VOCÊ FAZ IDEIA DO QUE FEZ? – a garota gritou exasperada.


– Ah, me desculpe – disse Scorpios com a voz manchada de falso arrependimento – Agora você não vai mais poder respirar sem esse seu estúpido livro, não é mesmo? Bem Acho que terei de pedir desculpas aos seus pais por acabar com a razão da sua vida, Weasley.


Rose ficou aturdida por um momento pelas palavras do garoto, em seguida sacou sua varinha, o feitiço na ponta da língua. Scorpios fez o mesmo. No entanto alguém fora mais rápido.


– Protego! – Albus e Lily gritaram na mesma hora.


O força do feitiço fora tamanha, que tanto Rose quanto Scorpios caíram na grama do quintal da Toca. Sem reação, os dois apenas encaram os amigos sem entender o que tinha realmente acontecido.


Ronald e Hermione Weasley - juntamente de Harry e Ginny Potter – pararam na soleira da porta da Toca. Apenas observando o desenrolar de mais uma briga dos dois.


– VOCÊS PERDERAM O JUÍZO? – Lily Luna gritou indignada, esfregando as têmporas. Não era típico da Potter fazer uma cena ou mesmo gritar dessa maneira com as pessoas. Mas ela já não aguentava mais os escândalos que aqueles dois faziam. Era simplesmente demais para seus nervos. – Vocês podem, pelo amor de Merlin, conviver sem tentar arrancar os órgãos vitais um do outro?


– Ninguém aguenta mais vocês dois, não percebem? É difícil ficar perto de vocês enquanto tentam se matar. Cansativo. – Albus pronunciou-se. Ele não pretendia ralhar com os amigos. Mas eles estavam implorando por aquilo simplesmente. – Resumindo: Uma droga.


Disse caminhando em direção a Toca. Hugo estava agora ao lado de Lily. Os dois aos cochichos. James parecia um pouco desapontado pela briga não ter acabado no St. Mungos.


O restante da família distanciou-se do local. A maioria pensando quanto levaria até a próxima briga entre os dois adolescentes.


Scorpios levantou-se sacodindo a sujeira da roupa. Estava nervoso. Mas acima de tudo, embaraçado. Seu melhor amigo tinha dado uma lição de moral nele. Ainda por cima na frente de toda a família Potter/Weasley.


– Viu só o que você fez – Rose disse cheia de veneno.


– O que eu fiz? – Como ela ousa?, Scorpios pensava – É, porque eu queria realmente jogar água em você. Você pensa que tudo gira ao seu redor, não é mesmo? Desculpe desapontá-la princesinha, mas não é bem assim. O que aconteceu foi um acidente! Sabe o significado dessa palavra?


– Ah! Mas é tão típico de você, Malfoy, sempre se fazendo de vítima! Você não faz ideia do que eu tenho enfrentar! E aí você aparece, mais uma pedra no meu sapato. – Rose apontava o dedo indicador em direção ao nariz fino de Scorpios.


– Não comece! Lá vem você de novo com esse papinho de vida difícil e blá-blá-blá... Até parece! – disse Scorpios – Eu queria ver você no meu lugar. Iria calar essa sua boca!


Rose estava com os punhos fechados, os nós nos dedos brancos. Podia sentir seu rosto quente de raiva – Quer saber? Nem sei por que estou aqui perdendo meu tempo com você, filhote de Doninha – disse empinando o nariz, enquanto dava as costas para Scorpios, jogando os cabelos ruivos em seu rosto.


A garota não sabia, mas isso deixava-o realmente fulo da vida. Para Scorpios Hyperion Malfoy, pior do que brigar com ela, era ser ignorado por ela. Simples assim.


Bufando, Scorpios começou a caminhar até o quarto que dividia com Albus.


A Sra. Weasley conteve um suspiro exasperado.


Aqueles dois estavam impossíveis! Pensou a matriarca. Sempre arranjando pretextos para arrancar a cabeça do outro. As pessoas poderiam não ver, mas quando se passa muito tempo observando as pessoas, acaba-se tendo um senso sensível das emoções alheias. Molly com certeza o tinha. Podia ver uma fagulha, pequena e tímida, no meio dos dois. Mas o que ela poderia fazer para que essa pequena fagulha não se apagasse?


Sra. Weasley sorriu ao encontrar a sua solução.


Sabia bem que seus netos eram “espirituosos”. Sempre bolados planos mirabolantes. Poderiam eles acabar com rixa de Rose e Scorpios?


Bem, não custava nada tentar.


*


Albus e Scarlet estavam sentados no sofá de frente para a lareira, onde o fogo crepitava baixinho. Hugo encontrava-se sentado no tapete à frente, segurando uma almofada. Enquanto Lily estava em sua habitual poltrona, enrolada numa manta.


Os quatro conversavam no meio da madrugada, protegidos pelo Abaffiato, para que nenhum interesseiro ouvisse sua conversa. Queriam achar um meio de fazer com que seus melhores amigos parassem de brigar, para que ele - e toda Londres bruxa - pudessem ter um pouco de sossego.


Ainda por cima depois do pedido inesperado da avó. Não era do feitio daquela senhorapedir para que seus netos tramassem contra os outros. Normalmente ela imploraria pelo contrário. Mas os quatro não poderiam negar de que já estavam pensando numa maneira de fazer os dois se entenderem.


Não queriam que Rose e Scorpios tornassem-se melhores amigos. Claro que não! Isso jamais, em hipótese alguma aconteceria. Nem em sonhos mais loucos. Almejavam a paz entre os dois, apenas isso.


Porém nenhum deles tinham tido ideias plausíveis ou executáveis. Precisavam de algo radical e que desse resultados.


– Eu tenho uma ideia! – Lily manifestou-se depois de alguns minutos de silêncio.


Os três olharam-na sem ânimo algum. Já estavam nesse impasse há quase duas horas, e nada. Scarlet soltou um longo bocejo.


– Se quiser, deixo você se encostar em mim– Albus ofereceu com um sorriso maroto para a Malfoy. Ela simplesmente girou os olhos e bufou.


– Fale Lil’s, já estou cansada, e se Albus der mais uma dessas cantadas horrorosas eu juro que vou implorar por um Crucio – Scarlet disse. Hugo não pode deixar de rir. Seu primo não conseguia mesmo resistir à garota.


– Uma vez eu estava com Lysander na biblioteca. Nos escondendo de uns idiotas – a garota corou ao lembrar-se do dia – E enquanto esperávamos lá, nós líamos.


– História fascinante Lily, mas onde quer chegar? – perguntou Hugo, carrancudo.


– Não me lembro de muita coisa, mas um feitiço me chamou a atenção. – fez uma pausa dramática – Ele permitia trocar a alma de duas pessoas por um período. Isso seria de grande ajuda para nós. Fazer um enfrentar os problemas do outro.


– E você acha que podemos conseguir? – indagou Albus.


– Não sei... É preciso muita experiência em magia. Mas esse feitiço poderia com certeza nos ajudar em muita coisa. – Lily suspirou derrotada. – Não tenho certeza. Mas acho que vale tentar. O máximo que podem fazer em meio a essa troca é que acabem destruindo o que o outro mais preze.


Scarlet engoliu em seco – E você acha pouco?!


– Se não der certo, podemos dar adeus aos nossos amigos – completou Albus.


– Se alguém tiver mais alguma ideia... Estou à disposição – disse Lily.


– Acho que Lily tem razão – disse Hugo coçando a nuca – Afinal, o que mais faríamos? Se não der certo podemos coloca-los em coleiras.


– Certo, certo, vamos deitar agora. Daqui a pouco vai amanhecer. – disse Lily.


E com um “boa noite”, os quatro dispersaram-se para os seus quartos. Rezando a Merlin que sua tramoia desse certo.

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