Capítulo 2
Rose narrando:
Roxy, Lily e eu andávamos juntas na estação enquanto as despedidas eram realizadas. Mamãe e tia Ginny enxugavam lágrimas teimosas e meu pai só encarava o loiro que vinha em nossa direção junto a Alvo. Ridículo. Papai sempre teria uma pequena inimizade para com meu amigo. Mas ele sempre afirmava que não era mais pelo fato dele ser um Malfoy. Várias vezes tentei fazer com que ele me contasse o motivo dele não gostar de Scorpios. Ele sempre reagia da mesma maneira. Balançava a cabeça e resmungava. Minha mãe só ria de sua piada interna(eu odeio piadas internas! Se eu não estiver por dentro claro),era um saco.
- Olá garotas, como estão – Scorpios perguntou educado como sempre. Odiei o fato de meu coração ter dado um pulo ao ouvir sua voz rouca e tão conhecido para mim – Rose? Ainda está zangada comigo? – ele fez a ridícula cara de cãozinho e eu me lembrei da carta que ele tinha me mandado no meio da noite. Argh! Por que ele tinha de ser tão na medida certa para mim?
No entanto, eu não iria ceder tão facilmente. Comecei a encará-lo como se ainda estive brava. Ele se encolheu ligeiramente sob meu olhar.
- É claro que ela não está mais zangada! Até porque ela não conseguiria mesmo – Lily quase berrou girando os olhos.
É, e meu plano de parecer durona foi por água abaixo. Obrigada Lilian, pensei enquanto lançava um olhar nada amistoso para a ruiva.
– Lily! – Alvo e Roxanne gritaram exaltados com a reação da prima/irmã.
- Ah qual é, vocês sabem que é verdade, mas tanto faz! Onde está seu irmão Rose? Aquele idiota me deve 5 galeões!
- Eu acho que ele estava conversando com uma Corvinal, perto daquela pilastra – Alvo disse apontando.
- Ah, acho que vou esperar ele parar de desentupir a cara da garota – tivemos que rir da resposta da garota.
- Hey, falando em irmãos mais novos, onde está minha querida Scar? – Alvo perguntou com um brilho novo nos olhos.
- Sei lá, com as amigas provavelmente.
- Vou procurá-la, preciso mesmo falar com ela, até mais! – Roxy disse já se afastando.
A irmã de Scorpios, era realmente uma garota legal. Eu adorava conversar com ela, sempre tinha ótimos conselhos e era bem humorada. Um doce de garota. Lembrei-me do brilho nos olhos de Alvo ao perguntar de Scarlet. E conhecendo sua fama de galinha, eu não iria deixar que ele se aproveitasse da pobre garota. Ela era minha amiga. Mas isso é conversa para depois.
- Sabe, eu também tenho que ir. Acho que vou procurar o Lorcan, aquele idiota também está me devendo. Nos vemos por aí. – Lily disse já saindo para procurar o amigo.
Conversamos um pouco mais e depois embarcamos no trem. Logo encontramos uma cabine vazia. Alvo teve que se retirar, pois no ano passado ele tinha sido nomeado monitor da grifinória, junto de uma outra garota, Patsy Willow. Apesar de ele ser muito inconsequente na minha humilde opinião, a diretora achou que ele fosse dar um bom monitor. E Alvo, não era um completo inútil. Ele tinha um cérebro admirável que me dava inveja muitas vezes.
Assim ficamos só eu e Scorpios conversando tranquilamente(é, decidi perdoa-lo temporariamente). Lily, Lorcan e Hugo juntaram-se a nós depois de alguns minutos e começaram a conversar sobre quadribol. Nenhuma novidade. Minha prima era um verdadeiro tesouro para o time da nossa casa. Uma das melhores apanhadoras que já tivemos. Por ser magra e pequena sempre ganhava uma pequena dianteira diante dos outros apanhadores.
- Ah cale a boca Hugo! Isso é machismo, você só diz isso porque não conseguiu entrar para o time no meu lugar! – realmente Hugo não era tão bom em quadribol quanto Lily, o que o deixava fulo da vida.
Lorcan estava se dobrando de rir em seu lugar, adorava ver brigas sem sentido. Ele era até meio barraqueiro. Sempre botava pilha nas discussões. Até que elas incendiassem o local. Ele já tinha feito isso comigo e Scorpios uns milhões de vezes. E nós semprecaímos. Realmente eu e ele brigávamos por qualquer coisa. Acho que pelo fato de eu ser muito competitiva. Mas não posso evitar, é da minha natureza. E da dele também. Orgulho e toda essa baboseira que vocês conhecem.
- Ah minha querida Lily, a flor mais vermelha e impregnada de espinhos do nosso jardim – começou Lorcan abraçando Hugo para indicar o “nosso” – Nós sabemos que você nos ama de maneira incondicional! Quase como se fosse viciada pela nossa companhia, não é mesmo Hugo?
- De fato. Ela não aguentaria ficar mais do que algumas horas sem conversar conosco. Tenho certeza.
Lilian ficava mais vermelha a cada palavra. Parece que os meninos estavam conseguindo irritar realmente a minha priminha. Seus punhos estavam cerrados, o olhar, mortal. Mas meu irmão e seu amigo pareciam nem notar. Continuaram a zombar da garota.
- JÁ CHEGA! Veremos se eu sou assim tão dependente de vocês – ela berrou.
- Porque não deixamos isso mais interessante? – Scorpios sugeriu com um sorriso maroto.
- Scorp, acho melhor não...- comecei.
- Ah Rose, deixe-me ter um pouco de diversão – ele disse em meu ouvido para que apenas eu pudesse ouvir. Amaldiçoei os espasmos que esse simples sussurro causou em meu corpo. Corei na hora, mas graças a Merlin ele virou o rosto para continuar seu plano maligno.
- Se a Lily conseguir ficar sem falar com vocês por uma semana, cada um de vocês fará algo que ela quiser. Um desejo por assim dizer. E se ela não resistir... – Scopios deixou que a ideia penetrasse nas mentes fracas daqueles três. – Cada um de vocês – disse apontando para o ruivo e o outro loiro – terá um desejo concedido por Lily. E aí? De acordo?
- Eu aceito – os três disseram em coro. Hugo e Lorcan pareciam estar certos quanto ao resultado da aposta. Por isso tinham aceitado. Mas Lily, bom... Ela odiava ser desafiada. O maldito orgulho grifinório como eu já havia mencionado.
- Isso vai dar merda – resmunguei enquanto mirava a paisagem pela janela.
- Cretinos – Lily disse e saiu da cabine praguejando baixinho.
- Sabe, acho que vou pedir para a Lily fazer uma massagem daquelas pra mim, e depois me ajudar com umas garotas que ela conhece da Corvinal – Lorcan disse cutucando Hugo com um sorriso malicioso – E você Huguito?
- Segredo – meu irmão devolveu com um sorriso ligeiramente tímido.
- Vocês estão cantando vitória muito cedo, se querem saber , mas acho que estão certos, Lily vai acabar voltando para os braços de vocês dois– eu disse apontando para os garotos.
-Ah, eu discordo, você viu a cara de raiva dela? Ela não vai entregar os pontos assim,Rosinha – Scopios disse rindo.
Dei um soco nele apenas para não perder o costume. – RA RA, eu acho que ela vai perder essa aposta, é só uma raiva momentânea, depois ela esquece. Você sabe como ela é.
- O que acha de nós fazermos nossas apostas em relação ao resultado da apostadeles? – sugeriu como quem não quer nada.
Hugo e Lorcan observavam divertidos a cena.
– Claro! Por que não? – garotas são carentes não é? Ele ia ver quem ficaria carente no final dessa aposta – Faremos o mesmo que eles, quem vencer realizará um desejo do outro. E é melhor se preparar, porque eu sempre tenho razão.
Vangloriei-me quando seu sorriso vacilou um pouco. Ele sabia que era verdade. Eu não estava certa sempre. Mas na maioria das vezes.
Scorpios Narrando:
Só o que me faltava era essa maldita aposta. Rose tinha muitas chances de vencer aquilo. E eu iria acabar sendo seu capacho por algum tempo como recompensa (na melhor das hipóteses). Mas já estava feito e eu não iria voltar atrás agora. Só esperava que a Potter estivesse realmente disposta para vencer aquela aposta.
Logo chegamos em Hogwarts. Alvo como era monitor, teve que realizar mais algumas das suas tarefas e logo juntou-se a mim. Rose foi bater um papo com Lily eu acho. Deveria estar avaliando suas chances de ganhar.
Hogwarts continuava com seu esplendor de sempre. Suas janelas brilhavam com a luz de velas, como na primeira noite que eu vi. Decidi fazer uma caminhada pelo castelo para espairecer. Pirraça já estava aprontando como sempre, e de vez em quando era possível ouvir vozes de casaizinhos encontrando-se na penumbra do castelo. Normal.
Não tinha encontrado um bom lugar para pensar ainda, então simplesmente caminhei até os jardins que estavam vazios a essa hora da noite. E sentando-me na grama, puxei das minhas vestes meu caderno surrado de desenho e um lápis e borracha trouxa que Rose tinha me dado há alguns anos. O lápis era enfeitiçado para que a ponta nunca se quebrasse, e sempre estivesse na espessura que eu precisava. A borracha nunca acabava. E o caderno era simples, porém tinha um pequeno bilhete no final. Que eu sempre lia e sentia-me (sei que vai soar meio idiota) aquecido e feliz quando lia aquelas poucas palavras:
“Scorpios, sei que você ama desenhar, te conheço”. Então tomei a liberdade de comprar esse pequeno presente para você. Simples, eu sei. Seus desenhos sempre me inspiraram, são especiais, assim como o desenhista. Não deixe que te digam o contrário.
Com carinho, R.W.”
Realmente Rose fora a primeira a notar minha paixão pelo desenho. Antes apenas um passatempo, mas depois daquele presente de Rose, tinha se tornado uma paixão. E mais uma vez meus pensamentos voltaram para a ruiva.
Pensei enquanto passava a mão em meus cabelos. Aquilo estava ficando fora de controle. Pegando o caderno, procurei uma página imaculada, coloquei o lápis em contato com o papel e comecei. Nada importava enquanto eu desenhava. Era a minha maneira de desligar-me do mundo a minha volta. Nem via o que estava produzindo, só deixava que minha mente fizesse o trabalho. Logo terminei para examinar minha obra. Eu tinha desenhado seus olhos. Eles sorriam para mim naquele momento.
Cara eu estava encrencado. Precisava tirar Rose da cabeça.
Lily narrando:
Aqueles idiotas! Como ousam achar que era tão insubstituíveis? Ah, mas iam ver! Tudo o que eu queria era poder socar a cabeça de cada um deles.
Eu não ia de maneira alguma deixar que eles vencessem aquela aposta. Tudo bem que eu provavelmente ia ter que ficar meio sozinha por uma semana, e talvez tivesse que me sentar e conversar apenas com minhas primas. Que eram meio frescas e centradas demais, e que só falavam de maquiagem... Estremeci a esse pensamento.
Não que eu fosse desleixada ou algo do tipo. Eu era uma das atuais beldades de Hogwarts daquele momento. Ruiva, com olhos castanhos chocolate, que eram emoldurados por longos e grossos cílios. Algumas sardas, para dar um charme. Tá, tudo bem, pode dizer que sou linda, eu sei que é verdade. Mas a ideia de não ter meus parceiros para aprontar pelos corredores do castelo era angustiante. Iria sentir falta deles, era um fato. E ainda por cima e ter apenas a companhia de garotas que nada sabem sobre quadribol.
Naquele momento eu odiava a minha vida. Bufei enquanto me sentava em um sofá na sala comunal da grifinória. Quase todos já tinham ido se deitar, poucos eram os que ainda estavam por ali. Naquela hora notei que era observada. Sorri internamente quando me lembrei de que iria arranjar outro namorado para passar o tempo. Só um ficante. Sei que pode parecer meio frio e até bem diferente do que uma garota quer normalmente na minha idade(quase quinze se quer saber), mas eu não queria um relacionamento. Só queria curtir. E naquele momento escolhi minha próxima vítima.
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