Prólogo
"Já era noite quando andava pelos corredores chorando e se perguntando o que havia feito de tão errado para merecer aquilo. Era visível que Ronald não me olhava com uma mulher de verdade e sim, como uma meninota desleixada, sabe-tudo e que só tinha amigos garotos.
Foi terrível quando naquela tarde tive de assistir o começo de seu romance tolo com Lilá; a imagem dos dois aos beijos doeu no fundo do meu ser e me vi mais uma vez desprezada.
Eu nutria uma paixão por Rony desde o quarto ano, mas ele nunca correspondeu dignamente. Se mostrava machista e muitas vezes acabava por me magoar sem saber. Me deparei em um banheiro, com murta gemendo entre os boxes.
- Ora, fique quieta murta!
Apoiei-me na pia e analisei o espelho a minha frente. Cachos armados, olhos sem graça, magra de mais, branca de mais... As lagrimas faziam caminhos em meu rosto e ódio crescia a cada segundo.
Continuei com toda aquela raiva, quando notei mais alguém no banheiro. Seus cabelos loiros estavam desarrumados e havia lagrimas em seus rosto silencioso; estava sentado em um canto, abraçando as pernas e olhando fixamente para algum lugar. Levei um susto quando percebi Malfoy lá, tão vulnerável e infeliz como nunca havia visto antes, quase senti pena...Quase.
Limpei as lagrimas dos olhos e permaneci calada observando sua beleza doentia. Me aproximei lentamente até ficar em uma distância visível á ele. Mais uma vez, ele não demonstrou nenhuma emoção em me encontrar.
- V-você está bem?
Ele ergueu o olhar e me encarou. Havia surpresa e ódio em seus olhos, foi então que me arrependi de ser tão burra.
-E isso importa?! Por que não continua se lamentando por não conseguir ter o pobretão para você, ao invés de ser uma indesejável sabe-tudo?
Olhei aterrorizada para ele, sentindo-me um grande lixo. Como é que ele sabia? Não podia ser tão obvio assim, já que nunca, jamais comentei isso com alguém.
-Desculpe - respondi em tom ofendido - nem sei porque eu ainda tento.
Dei meia volta e segui para a porta do banheiro, desejando que aquele momento se apagasse da minha memória e nunca mais lembrasse novamente, mas senti algo me puxando com tremenda força e logo meu corpo estava prezo no mármore gelado.
Suas mãos frias se fechavam como algemas em meus pulsos e sua respiração arrasada, tocava meu rosto rapidamente. Confusa dei de cara com olhos azuis cinzentos me encarando, sem vida.
- Mas o que é...
- Me perdoe - disse fechando os olhos, inconformado - eu não... Eu não quis ser grosso, mas não tive alternativa.
Me encontrava em choque, assustada. Com o perdão da palavra, mas que porra era aquela? Ele estava pirando, desequilibrado. Aquilo era o tipo de coisa que não se podia esperar de um Malfoy e no entanto lá estava ele, cara a cara, pedindo... Perdão?
Foi quando percebi que ele não estava sóbrio. Não. Havia vestígios de que havia enchido a cara mais cedo, já que seu halito era puro whisky. Tentei sair daquela posição, mas mesmo assim ele me segurou.
- Malfoy, por favor. Deixe-me ir, estou sem tempo para seus joguinhos.
- Não! Escuta-me Hermione - Hermione? - eu sei que tenho sido um idiota todos esses anos, te xingando, provocando, magoando. Mas olhe, não quero fazer mais isto, está bem? Não quero mais ser grosso, só que não ando tendo escolha, eles me obrigam! Eles me obrigam Hermione!
Tentei acalma-lo o segurando quando seu corpo estava prestes a desabar no chão; ele sentou-se derrotado, olhando para baixo. Eu estava nervosa, sem saber o que dizer sobre tudo aquilo e apagaria aquele momento mais tarde, para evitar a vergonha de ambos.
- Vou te levar para a enfermaria, você esta delirando.
- Não - sussurrou ele, olhando novamente pra mim. Senti minhas bochechas corarem quando percebi a forma como ele me olhava. Como era perfeito o garoto á minha frente.
Ele tocou levemente as pontas dos dedos em minha bochecha, me tornando uma estatua á sua frente. Não sabia onde ele queria chegar com tudo aquilo, mas era um mal sinal. Apesar de tudo eu não conseguir sair daquela posição, queria sentir mais de seu toque macio e gelado em meu rosto.
- Você é... Tão linda.
Foi se aproximando de vagar, me deixando sem reação nenhuma, logo roçou seus lábios nos meus. O choque estava estampado em meus olhos arregalados, nariz torcido e face pasmada. Ele continuou a encostar seus lábios nos meus, beijando primeiramente o lábio inferior. Ainda estava de olhos abertos, achando aquela situação maluca de mais pra ser real. Então ele deu o passo que mudou tudo. Sua língua invadiu minha boca de vagar, sorrateiramente. Era como se ele estivesse tentando pensar no meio daquela situação toda. A questão é que era impossível pensar no meio daquilo.
Lembro-me de algum tempo depois ter fechado os olhos e aproveitado aquele grande e intenso beijo; eu sabia que aquele era o tipo de coisa que só acontecia uma vez na vida, então resolvi experimentar. Mas de uma coisa eu estava ciente.
Draco Malfoy era um encantador homem de sangue frio."
Comentários (0)
Não há comentários. Seja o primeiro!