Congelamento de Cérebro feat.

“Olha, gente, eu sou Lily Evans, com meus cabelos ruivos lálá... Eu também sou uma idiota que só faz idiotisse... Olhem meus cabelos ruivos e divos!”

“James, você ter colocado uma peruca ruiva não te faz Lily Evans”

“Eu sei, mas é legal mesmo assim. Beijo mãe!”

“Sra. Potter, se você estiver assistindo isso... Saiba que seu filho pirou na batatinha”

“Lil's, você prometeu que esse vídeo iria ser só meu”

“Só estava avisando. Vai que ela ligue para o hospício”

“É, você pode dar o número para ela. Conhece todo o pessoal de lá, não é?”

“Se você não calar a boca e voltar ao que interessa, eu vou te dar um chute”

“Querida, a única coisa que aconteceu de interessante foi você-sabe-o-quê ontem à noite”

“JAMES!”

 

-Eu sou uma completa vaca.

-Francamente, você só percebeu isso agora?

-Você está aqui para me ajudar, sabia?

-Na verdade, eu estou aqui pelo milk-shake.

Eu e Sirius estávamos congelando nossos cérebros com sorvete, altas horas da noite. Eu não tinha contado sobre meu plano para ele, mas ele sabia que eu tinha brigado com meus amigos. Claro que ele não entendeu porque eu fiquei triste em ter brigado com Dorcas, já que ela era a culpada por falar mal dos populares no jornal da escola e tals... Na verdade, ele não estava ajudando em droga nenhuma.

 

“Imagine, ele não me ajudou quando meus hamsters morreram, imagina se iria ajudar uma ruiva temperamental com seus problemas de personalidade...”

“James...”

“Ah, já ia esquecendo! Eu sou ruiva agora! Sirius também não me ajudaria. Mas eu não sou temperamental, eu sou temperada! Ou temperado...”

“James... Pode parar com bobagens?”

“Mas fala sério, minha peruca é muito legal...”

“Ah, é mesmo, onde você comp... Vai te catar!”

 

-Se você não gosta de ser popular... Por que se tornou uma? - perguntou Sirius. Opa. Chegamos em um ponto perigoso.

-Bem, é complicado.

-Também deve ter sido complicado para um cozinheiro ter feito esse milk-shake... Que na verdade está muito bom, vou querer outro... Mas quem disse que ele desistiu?

-Sirius, sua filosofia é ridícula e foi uma máquina que fez esse milk-shake – respondi, deprimida.

-Só estava tentando ajudar... - ele falou, e em seguida seus olhos brilharam – Eu sei de uma coisa que pode te animar.

 

“Como vocês podem imaginar, lá vem bosta. Sirius levou Lily-Menos-Ruiva-Do-Que-Eu-Evans para um arrasta-pé”

“Jay, você não é ruiva, e só porque você estava vestido como idiota, não quer dizer que era um arrasta-pé”

“Eu não estava vestido como um idiota!”

“Suas calças estavam caindo, e sua cueca era de patinhos”

“Ok, ela me pegou. Mas, falando sério, ela adora aquela cueca de patinhos”

“JAMES!”

“Ah, não tem ninguém aqui que não seja novo demais para ouvir isso! A não ser Harry, é claro”

“Quem diabos é Harry?”

“Nosso filho”

“Mas o q-Nós temos um filho, por acaso?”

“Não, mas a gente pode começar a fazê-lo, o que você acha?”

“Idiota”

“Não, espera... Não me deixa aqui sozinho... É, ela foi embora. Então quer dizer que eu estou livre para falar o que eu quiser aqui? Já sei...

OLHA COMO EU ESTOU LINDO, MINHA BUNDA É LINDA E MINHA PERUCA RUIVA DIVÔNICA DE LOJINHA DE $1,99 É LINDA...”

 

-Olha onde você me meteu – falei, quando Sirius enfiava alguma bebida estranha nas minhas mãos.

-Relaxa, Lil's – ele disse, acenando para algumas garotas – Vamos aproveitar a noite.

Estávamos na casa de sei lá quem, em uma festa de sei lá que tipo de gente. Só sei que Sirius saía a cada dois minutos de perto de mim, deixando-me sozinha.

-Lily? O que faz aqui?

Me virei e dei de cara com James Potter.

 

“A propósito, ele estava muito lindo com suas cuecas de patinho”

 

-Na verdade, eu não faço a mínima ideia – respondi, dando um sorisso inocente – Sirius me trouxe.

-Sirius? - ele pareceu confuso – Por que ele te traria...

-Hey, amorzin' – Sirius apareceu do nada, colocando um braço pelos meus ombros, aparentemente meio bêbado – Curtindo a festa? Desculpa ter de deixado sozinha, é que...

-Sirius? - chamou James – O que diabos você está fazendo?

-Curtindo a noite – ele respondeu – Por quê, não posso?

-Claro que pode, mas por que trouxe ela aqui? E que intimidade toda é essa?

 

“Não! Droga, não sabia que teria que falar dessa parte. Digamos que foi uma pequena crise de ciúmes... Cara, cadê a Lily? Ela que sabe sobre esses assuntos de garotas... Imagina tem um absorvente no meio da história, eu fico como?”

“Você fica com a cara de idiota de sempre”

“Lily, você volto-OH MEU DEUS, O QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO COM ESSA FURADEIRA NA MÃO?”

“Nada de mais. Só achei que poderia servir de lembrete para certas pessoas não ficarem falando bobagens no meu Vlog”

“Viu, Sirius, essa é para você... Tá, não me olha com essa cara, vamos voltar para a história... E abaixa essa coisa, pelo amor de Deus...”

 

-Só estamos curtindo – respondeu Sirius – Quer um drinque?

-Idiota – James pegou Sirius pelo o braço e o arrastou para longe. Só deu tempo para eu ouvir um pedaço da conversa antes deles desaparecerem no meio das pessoas – Eu disse para você que era...

-Hey, vocês vão me deixar aqui sozinha? - gritei. Algumas pessoas me encararam – Que foi?

-Evans?

Suspirando e temendo por que eu iria encontrar, me virei e dei de cara com Marlene McKinnon.

-Oi.

-O que faz aqui? - ela perguntou, mas dessa vez elas parecia que não queria me matar.

-Sirius me arrastou para cá – respondi, e ela riu.

-Esse Sirius...

 

“Pelo resto da noite, Marlene McKinnon ficou grudada em Lily”

“Isso não é exatamente verdade!”

“Claro que é. Eu olhava para o lado, e você estava rindo com ela e suas amigas”

“Elas são gente boa, para falar a verdade. Mas é melhor do que você fez”

“CONTINUANDO!”

 

-Aí ele disse: Mas Lily, não faça isso! Joshua não morreu, eu estava brincando! - Eu contava, enquanto todos em volta riam – E pensar que eu quase me enfiei no Oceano Atlântico de barco a remo.

Minhas histórias malucas aos poucos foram atraindo muita gente. Todos riam e pediam mais.

-Garota – Marlene quase não respirava te tanto rir – Você é pirada.

-Isso foi um elogio? - perguntei, e mais pessoas riram.

-Parece eu no dia que meu namorado quase descobriu que eu estava traindo ele – disse uma garota que eu não conhecia, perto de mim. Todos se calaram para escutar. Ela começou a contar uma história vergonhosa de como o namorado dela era chato e idiota, mas eles só namoravam por... Sei lá porque. Por idiotisse, provavelmente – E então por cinco segundos, ele não nos pegou. Max conseguiu se enfiar dentro de um armário, e a minha desculpa pelos meus cabelos bagunçados foi que eu estava fazendo polichinelos para aquecer. Acredita que ficamos a próxima meia hora pulando de um lado para o outro para “treinar para o jogo”? Ninguém merece... E tadinho do Max, teve que ficar aguentando o fedor dos armários.

Todos riram e começaram a falar ao mesmo tempo.

 

“Eram muito esquisitas as festas que nós costumávamos ir. As pessoas falavam todo o tipo de merda, e ninguém comentava nada no outro dia”

“A única pessoa que não estava bêbada lá acho que era eu”

“Com licença, esse vídeo é meu!”

“Mas a história é minha”

“É, você ganhou... Mas já que a história é sua, você pode falar o que você fez no outro dia, não é?”

“Bem... Eu fiz merda”

“Explique-se melhor... Ok, ok, calma, só abaixa a furadeira, por favor...”

 

Cheguei em casa tarde da noite, e não estava com o mínimo sono. Tudo que eu ouvira na festa não parava de girar em minha cabeça. O notebook estava aberto em cima da minha cama, e quase dava para ouvir o documento de texto sussurar: “Lily, escreva o que pensa... Escreva o que pensa...”

 

“Depois diz que não é doida, falando com o Word... Ok, parei”

“Posso continuar daqui?”
“Ah, mas... Tá, pode sim”

“Obrigada. Mas enfim, o Word não estava falando comigo. Eu estava pensando se devia ou não escrever outra matéria para o jornal da escola, sendo a Garota Invisível, falando sobre tudo o que eu descobrira naquela noite. E adivinha o que essa idiota aqui fez?”

“Ela escreveu. Ah, desculpa... Essa era uma pergunta para ficar no ar, não era?”

“Nossa. Como você percebeu isso?”

“Na verdade, eu... Ah. Desculpe”

 

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