“Pra falar a verdade, aquela noite foi até divertida. Não tinha porque ter medo, os populares são humanos como o resto de nós.

É, é mentira. Se existe alguém mais fútil e sem coração do que eles, deve ser o próprio demônio. Você não faz ideia de como aquele grupo de pessoas pode ser terrível.

Primeiro: Eles não estão nem aí para os outros.

Segundo: Eles acham que são cópias dos deuses gregos.

Terceiro e não menos importante: Eles gastam tonéis de dinheiro com coisas bobas, como festas e roupas. E eles não estão nem aí para isso.

Seu eu fosse como eles, nem saberia como gastar meu dinheiro. Não foi ontem que o Dow Jones subiu 1,57%? É, e você não faz ideia de quanto é frustante não saber o que isso significa.”

–O quê você acha? - perguntei para Dorcas, após me arrumar. Eu estava de salto-alto, shorts jeans e com uma blusinha emprestada. Estava com frio e sentia que não estava usando nada.

–Vai arrasar – respondeu ela, sem tirar os olhos do computador.

–Você nem ao menos olhou.

–Mas é porque eu sei que – ela começou, mas olhou para minha roupa – WOW! Quem é você e o que fez com Lily Evans?

–Na verdade – falei, me olhando no espelho – Nem eu sei.

“A festa era na casa de Matt. Se bem que aquilo não era uma casa. Era do tamanho de um prédio inteiro. Quando cheguei na frente, achei que tinha errado de endereço, porque era enorme. Não dava para saber ao certo quantos andares tinha, e ainda por cima dava para ver que a festa estava lotada.”

–E aí, Evans? - cumprimentou Matt – Você veio.

–Não perderia isso por nada – respondi, como se eu fosse à muitas festas. Há! Aniversários de priminhos não contam, ok, Lily?

–Vem comigo – ele pegou minha mão e me arrastou para as escadas. Olhei para trás e vi que várias pessoas nos observavam, inclusive James Potter, que conversava com Marlene McKinnon e Sirius Black segundos atrás.

–Hello! - exclamou Marlene, estalando os dedos na frente de seus olhos – Planeta Terra para James Potter!

–Ah, desculpa...

Ele voltou para a conversa, enquanto Matt me arrastava para o andar de cima, e depois para um corredor vazio.

–Enfim, sós – falou, me encostando na parede perto da escada.

–O qu... Não, o que está fazendo?

“Eu estava tremendamente assustada. Foi a pior noite da minha vida. Matt Eastwood, quem eu admirava segundos atrás, me encostara na parede e tentava me beijar à força. Essa foi uma parte realmente importante da minha história, não pelo Matt, mas pelo o que fez ele voar longe.”

Eu tentava gritar, mas parecia que eu havia perdido a voz. Do nada, a pressão sumiu e o garoto me soltou. Olhei para o lado e vi ele caído no chão, esfregando a cabeça e me encarando com raiva.

–Vamos! - chamou James Potter, me puxando pela mão para longe dele. Logo estávamos longe da casa, em uma rua escura e pouco movimentada.

–Você está bem? - perguntou ele, ofegante. Fiz que sim com a cabeça, incapaz de responder. Ficamos um tempo em silêncio, tentando recuperar o fôlego.

–Obrigado – falei. Ele deu um sorriso torto.

–Vem, vou chamar um táxi para você – disse – Acho que ainda não está preparada para esse tipo de festa.

“É, eu sei. Parece clichê, não é? Mas realmente aconteceu.

Foi a partir daquele momento que eu comecei a odiar os populares com todas as minhas forças. Antes eu só ficava incomodada com a presença deles, mas depois daquele dia virou um ódio puro e vingativo, digno de filmes de Hollywood.”

Logo estava em casa, relaxada e com um pijama fofo. Peguei meu notebook e comecei a escrever a matéria para o jornal da escola.

“Embora meu ódio tenha diminuído levemente com um banho relaxante (mamãe consertara o chuveiro, depois do acidentezinho) minha sede de vingança continuava alta. Primeiro achei que fosse sede de verdade, mas depois de tomar um copo de leite percebi que precisava fazer algo.

E fosse o que fosse, naquela hora eu tinha certeza que Matt Eastwood ia pagar.

Eu ia acabar com a vida dele. Com o quê?

Com palavras.”