Angústia
Eu estava basicamente encantado com a Copa Mundial de Quadribol.
Infelizmente houve o terrível ataque dos comensais, e ai tudo virara uma tremenda confusão.
Eu queria estar lá naquela hora, eu queria lutar ao lado dos demais, porém meu pai praticamente teve um ataque cardíaco quando sugeri tal ideia.
Ele platicamente berrou no meio de todos os que corriam para salvarem suas vidas que não deixaria que seu filho único perdesse a vida para seguidores de um Lord ao qual não se sabia exatamente se era mito ou verdade.
Depois do "quase" ataque de meu pai, fui obrigado a segui-lo até a chave do portão, segundo ele era o local mais seguro neste momento de apavoro.
Foi terrível ver todas aquelas pessoas correrem para salvarem suas vidas, outras infelizmente não obtiveram tanta sorte...
A lembrança de quando voltei para ver os "destroços" do que restara das barracas foi repugnante.
Não pelas milhares destruidas, mais pelos corpos que se encontravam lá estirados ao chão, muitos sem vidas e outros com ela por um fio.
_Cedrico._ele focou-se na imagem ao seu lado.
Chon estava deslumbrante, mas do que estivera na Copa.
Como ela conseguia? perguntou-se Cedrico mentalmente.
Ela era a garota mais legal e engraçada que Cedrico já havia conhecido, e com certeza a única com uma beleza estonteante.
Chon sorriu ao ver o brilho nos olhos do rapaz, Cedrico parecia observar cada movimento que a garota fazia.
_Ha..._falou Cedrico debilmente, enquanto voltava de seus desvaneios_Olá Chon.
O sorriso que ele plantara no rosto foi magnificamente lindo, realmente Cedrico era um garoto ao qual os defeitos simplesmente tinham sido abolidos quando nascera.
_Que tal entrarmos?_falou Chon, deixando claro que a multidão ao seu redor não lhe agradava muito, afinal de contas um vagão a sós com Diggory era simplesmente a realização de qualquer menina bruxa ou trouxa...
_Primeiro as damas.
Cedrico se curvou num gesto rápido e elegante.
_Típico de um cavalheiro!_suspirou uma sonhadora Chon enquanto entrava no trem praticamente já lotado.
Cedrico entrou logo atrás dela, percorrendo seus olhos pelo pequeno compartimento.
Chon falava algo sobre não ter gostado da Copa, apesar de Cedrico ter adorado a Copa não teve o mínimo vestígio de mágoa devido ao comentário da amiga, pelo muito o contrário, ele apenas acenava e soltava uns"você têm razão" ou "concordo totalmente", Cedrico não prestava atenção ao que ela falava, estava ocupado demais contemplando a beleza de Chon.
Ele observava seus cabelos extremamente negros e lisos voarem quando vez ou outra ela o olhava sobre o ombro. E o seu perfume...
Era simplesmente o melhor que ele já havia sentido, cheirava a eucalipto com um leve odor adocicado..., era indescrítivel afinal.
Cedrico e Chon ainda caminhavam procurando um vagão vazio, Cedrico olhava atentamente Chon e deixando seus olhos vagarem brevemente pelos compartimentos e pelas pessoas dentro do mesmo.
Quando preparavasse para mais uma olhada rápida ele parou abruptamente encarando um vagão em especial.
Não era normal o que estava sentindo, era algo muito intenso e bom, mais ao mesmo tempo estranho e anormal.
Eles estavam lá, como sempre estiveram, os três sentados conversando alegremente.
Rony sentava-se ao lado de Harry, os dois riam de algo alegremente.
Cedrico desviou o olhar para o banco à frente deles, no mesmo instante seu coração deu um pulo inacreditável.
Ela ria, e seu sorriso era como um dia iluminado de verão, algo que conseguia aquecer qualquer um que olhasse, algo reconfortante e familiar.
Um sorriso apoderou-se do rosto de Cedrico, ele não sabia porque sorria, mais era algo novo, algo que ele nunca experimentara até agora.
_Por que você parou?
Cedrico acordou, metaforicamente, e encarou uma Chon um pouco zangada e carrancuda.
_Você estava olhando a Granger?
A pergunta de Chon surpreendeu Cedrico, e a demora para a obtenção de uma resposta surpreendera à ambos.
Chon,totalmente horrorizada,encarou o chão e falou numa voz pastosa.
_Ela é bem bonita, quer dizer, ela também é inteligente...
Cedrico observou a cena com o cenho franzido, não pelo que Chon falava, afinal estava óbvio que ela estava com ciúmes de Hermione, mais o que encomodava Cedrico era a falta de palavras dele próprio, ele não podia acreditar que não conseguiu inventar nenhuma desculpa ou simplesmente negar prontamente.
O que estava acontecendo com ele?
Ele amava Chon. Não amava?
Nem perecebeu as palavras que Chon soltava.
Seu pensamento estava numa outra pessoa...
_Sabe, nunca pensei que você sentisse algo por ela, na verdade nunca vi vocês dois se falarem sequer. Mais, quem sabe pode dar certo, eu...
Chon levantou a cabeça e Cedrico fingiu estar acompanhando as palavras da mesma.
_Chon, eu não sinto nada pela Granger. Só estava olhando para eles porque parecem estarem tendo um acesso de risos.
Cedrico ergueu a cabeça e apontou para o grupo que gargalhava.
Chon sorriu, aparentemente, aliviada por estar enganada.
_Nossa, pensei que estava interressado nela.
Ela revirou os olhos, como se esse pensamento não fosse possível.
_Tudo bem...
Cedrico encarou o corredor à sua frente, tentando disfarçar o nó que acumulou-se repentinamente em sua garganta.
_Acho melhor irmos.
Cedrico sorriu para Chon e segurou sua mão, levando-a consigo.
Não pôde deixar de olhar disfarçadamente mais uma vez para Hermione.
O que estava afinal acontecendo com ele?!
Seu coração se apertou, ela queria chorar, estava sendo difícil sofrer calada.
Sentia as lágrimas molharem seus olhos, porém aguentou-as ali não podia-se dar ao luxo de estragar tudo.
Se encostou no banco, deixando suas emoções se aprisionarem com ela, se aprisionarem em seu peito, que agora encontrava-se fraturado.
Hermione tentava ao máximo não demonstrar que estava sofrendo, mais nos útimos dias, parecia que a dor lhe fazia de refém, nem seus pais puderam deixar de notar que ela havia mudado dias depois do que ocorrera.
Hermione sentiu seus olhos mais uma vez lacrimejarem.
Pensar em seus pais a fazia sentir total culpa de tudo que acontecera.
Apesar de ter apagado a memória deles, ela não se sentia confortável em mentir pros mesmos.
Mais pior do que mentir é deixar que eles sentissem a mesma dor que ela estava sentindo.
Não suportaria ver piedade nos olhos deles, pena pelo destino dela.
Como isso pôde acontecer?!
_Hermione você está me escutando?_Hermione indireitou-se ao ouvir a pronúncia de seu nome.
Rony e Harry a olhavam curiosos.
_Sim, estou.
Ficou impressionada quando ouviu sua voz falhar no meio da frase, lembrou-a a voz de alguém que havia chorado frequentemente nos últimos dias.
Harry e Rony se entreolharam, haviam percebido a pontada de tristeza na voz da amiga.
_Hermione, o que está acontecendo com você?
Harry perguntou se direcionando para frente.
_Nada Harry.
A mentira era clara na voz de Hermione.
_Você está mentindo.
Rony falou diretamente, posicionando-se igualmente ao lado de Harry.
_Não estou não Cabeça de Cenoura. _ Hermione levantou a mão e despenteou os cabelos ruivos de Rony.
Sentiu seu coração acelerar quando tocou no amigo.
Amigo..., literalmente Rony não estava nem perto de ser "apenas" amigo dela, pensara Hermione.
Rony olhou-a incredúlo, e o mesmo fez Harry. Nunca haviam visto a amiga mudar seu humor tão repentinamente.
_Cabeça de Cenoura?!_falou um Rony ainda boquiaberto.
Harry ignorou o comentário do amigo e pegou a mão de Hermione.
_Quando precisar conversar, não esqueça que estamos aqui, não é muito, eu sei._Harry sorriu_Mais mesmo assim, nós podemos ajudar.
A amiga afagou-lhe a mão.
Não era à toa que Hermione tinha Harry como a um irmão, quando ela mais precisava ele sempre estava lá, e sabia exatamente o que falar.
_Não é Rony?_Harry perguntou para o ruivo que estava pensativo.
_Cabeça de Cenoura?!
Repetiu Rony mais uma vez.
Harry e Hermione começaram a rir descontroladamente, Rony vendo o estado dos amigos deixou que a gargalhada o contagiasse também.
Os três se indireitaram em seus bancos ainda rindo, apesar de tudo Hermione tinha encontrado a razão para continuar lutando por tudo, apesar da ferida em aberto que carregava consigo.
Todos eram importantes em sua vida, porém Harry e Ron a faziam sorrir, tinha que admitir que muitas vezes a faziam chorar, mais eram esses momentos que ela guardava consigo, momentos que lhe davam forças.
Momentos em que estava na companhia de seus amigos, amigos com defeitos, porém amigos verdadeiros.
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