A força da união
Harry estudou Krum por vários segundos. Que é que ele estaria fazendo em Hogwarts a essa hora? O que teria de tão importante para dizer?
- Podemos - concordou Harry, quando percebeu a sobrancelha de Vítor erguer-se, ligeira e astutamente.
Eles começaram a andar lentamente.
- Sabe, Potter, eu gosto muito da Mione Granger...
- Sério? - retrucou o garoto.
- É... Desde o começo eu percebi que garota especial tinha em mãos... - comentou Krum.
- Em mãos? - repetiu Harry, parando de andar. - O que você acha que ela é? Um objeto; é isso?
- Não me deixou terminar, Potter. Eu ia dizer que a Mione é única. Diferente das outras, sabe? É especial... Agora podemos continuar? - acrescentou, indicando o caminho.
Embora irritado com a intimidade de Krum em mencionar Hermione daquele jeito, Harry aceitou o convite de continuar andando.
- Mione é uma jóia rara - disse o búlgaro. - Nunca tinha conhecido uma garota assim antes. As que conheço estão apenas interessadas em meu dinheiro e minha fama. Muitas vezes elas não têm nada na cabeça. A Mione, pelo contrário...
- Quer parar de chamá-la de "Mione?" - cortou Harry, parando mais uma vez, agora bem ao lado do quadro de um velho com orelhas de abano, que acordou assustado.
- A menos que queira ser expulso por acordar o castelo inteiro, é melhor que fale mais baixo, garoto - resmungou o velho. - Já não basta aquele lata velha barulhento metido a cavaleiro e aquele maldito espectro que...
Harry e Krum continuaram andando, deixando o velho resmungão para trás, falando sozinho.
- Então, como eu ia dizendo... A Her-mione - continuou Krum. - Ela não liga para meu dinheiro, e a prova disso é que hoje ela terminou comigo.
Ao ouvir isso, Harry esqueceu de pisar um dos degraus da escada que desciam e chegou ao segundo andar rolando.
- Você está bem? - perguntou Vítor, acudindo o garoto.
- Sim, ótimo - disse Harry, se erguendo (na verdade, mesmo sem saber o porquê, ele realmente estava bem, não sentira dor nenhuma ao despencar nove degraus abaixo e de repente esquecera de odiar Krum). - Mas... o que foi que você disse? Você terminou com a Hermione? Em que sentido...?
- Hum... no sentido de namorar, sabe - respondeu Krum. - Mas, na verdade, Potter, foi ela quem terminou, e não eu.
- E porque foi que ela fez isso? - perguntou Harry, tentando, sem sucesso, esconder a repentina animação que crescera dentro dele.
- Creio que por sua causa...
Mas Harry parou.
- Ouviu isso?
- Vem dali...
Harry sacou a varinha e foi até o armário de vassouras que Krum indicou da qual saíam barulhos estranhos. Ele puxou a porta com força e o garoto ergueu a varinha, preparado.
Harry esperava encontrar qualquer coisa dentro daquele armário velho, exceto uma Gina Weasley e um Ernesto Macmillan aos abraços, que se soltaram imediatamente, apavorados.
- Acho que eu posso explicar... - começou Gina.
- Eu poderia se não estivesse tão assustado - confessou Macmillan, olhando para a varinha, preocupado.
- Gina... - começou Harry.
- Ô Harry, lembra daquelas garotas que eu disse que não têm nada na cabeça? - perguntou Krum, dando tapinhas nas costas do garoto. - Pois é, mi caro...
- Quer saber? - falou Harry, olhando para os lados e novamente voltando a contemplar os dois dentro do armário. - Eu não conto para ninguém que vi vocês aqui. Combinado?
E fechou as portas do armário na cara do casal, com uma piscadela. Puxou Krum para continuarem o agradável passeio. Mas Gina abriu o armário e saiu correndo atrás dele.
- Ei, Harry... Quer dizer que não está nenhum pouco chateado? Não está magoado?
- Nenhum pouco - disse ele, expressando sua sinceridade em um olhar firme. - Não fomos feitos um para o outro, Gina, desse jeito talvez seja até melhor.
- Também acho - concordou Gina, surpresa, sorrindo.
- Sua amizade para mim é o suficiente, e agradeço por tê-la como amiga.
- Ah, obrigada, Harry - agradeceu Gina, abraçando fortemente o garoto. - Você é um ótimo amigo.
- Ok, Gina - disse Harry. - Mas agora acho melhor você voltar para o armário, antes que o Ernesto seja devorado por aquelas aranhas, ou, antes que ele comece a falar com os esfregões.
Gina despediu-se deles, correndo de volta ao armário.
- Podemos continuar, então? - perguntou Harry, alegre.
- Quer saber? Não precisamos mais - falou Krum, segurando o garoto pelos ombros. - Gostei de sua atitude, Potter, e vejo que sabe se virar muito bem.
- Hum... mas... Você então veio aqui até o castelo para dizer...?
- Vim para dizer que não deixe Mione... perdão, que não deixe Her-mione escapar. Ela gosta de você, e você é um cara de sorte por isso - disse Krum. - Reconheço que perdi. Mas só somos felizes ao lado de quem amamos... por isso vá em frente, cara, vá em frente... antes que outro o faça. Lembre-se, você tem um tesouro, não o perca.
Harry estava profundamente surpreso com as palavras de Krum. Não o odiava mais. E, descobriu que, quando o odiou, tudo não passou de imaturidade e criancice de sua parte (embora também envolvesse ciúmes).
- Boa sorte.
Krum se virou para a porta de saída do castelo.
- Hey, Vítor! - chamou Harry quando este ia saindo.
- Que foi?
- Me desculpe por te chamar de babaca, arrogante, homossexual... e chifrôncio, o chifrudo.
- Você não disse essas coisas.
- Mas pensei...
- Você é um cara engraçado, Potter - disse Krum. - Fique bem - e, dando uma última piscadela, foi-se embora de uma vez.
Harry subiu para a Torre da Grifinória e encontrou Hermione, já adormecida, na poltrona.
Que perfeição, pensou. Hermione parecia um anjo, e, dormindo, suas feições angelicais não diminuíam nem um pouco. Pelo contrário. Parecia mais bela do que nunca.
Ele ficou ali por um tempo, admirando-a, até que finalmente decidiu ir dormir, mas antes tirou sua própria capa e cobriu-a, dando-lhe um leve e silencioso beijo na testa.
Por uma fração de segundos pensou ter acordado a garota, pois podia jurar que percebeu algum movimento e imaginou que seus olhos fossem se abrir, mas, descartou logo esse pensamento e foi para a cama.
Antes de dormir ficou pensando em Hermione, e, quando parou, percebeu que seu corpo doía muito (o que era justo, já que tivera três quedas consideravelmente desastrosas no mesmo dia).
Na manhã seguinte Harry acordou muito bem disposto. Foi até a janela da torre e viu o céu anil de domingo. Os alunos à beira do lago, relaxando. Uma brisa suave no ar calmo.
Desceu para o Salão Comunal e encontrou Rony, solitário, sentado à frente da lareira.
- Rony, bom dia, cara - disse Harry, animado; deu a volta na poltrona, procurando vê-lo melhor: - Rony? Você está bem?
O amigo levantou, assustado, como se não tivesse percebido a presença de Harry antes. Espreguiçou-se e falou:
- E aí? Vamos dar uma volta?
Rony e Harry iam descendo, mas uma voz o chamou antes dele atravessar o quadro da mulher gorda.
- Harry - era Hermione, e parecia um tanto tímida ao se dirigir a ele. - Isto é seu...
Entregou a ele a capa com que ele a cobriu na noite anterior.
- Obrigado.
- Eu que agradeço.
Eles ficaram calados por alguns segundos, até que Gina surgiu do dormitório feminino e se dirigiu a eles. Hermione pareceu desconcertada.
- Bom dia - disse Gina. - Eu vou descer. Vocês vão?
- Não, eu vou ficar por aqui mesmo - disse Hermione, parecendo não querer olhar para Harry nem Gina. - Não quero atrapalhar vocês...
- De maneira alguma - disse Gina. - Eu vou me encontrar com o Ernesto. Não vou atrapalhar em nada. Vamos?
Por um momento Hermione hesitou. Mas decidiu por não ir.
- Não, vou ficar, obrigada...
Harry, agora com vontade de ficar, desceu atrás de Gina.
- Vocês já conversaram? - perguntou Gina. - Você e a Mione?
- Hum... O que teríamos para conversar? - disfarçou Harry. - Olha só, você sabe o que houve com o Rony? Ele parece meio triste.
- Ah, acontece que a "Changalinha" terminou com ele - respondeu, com uma careta. - Eu vi. Foi constrangedor.
Chegaram ao Salão Principal e encontraram Rony, na mesa da Grifinória, olhando para Cho Chang, na mesa da Corvinal, que conversava com suas amigas risonhas.
- Ela não parece nada triste, não é - resmungou Harry, sentindo muito pelo amigo.
- Aquela garota não sabe o que quer - explodiu Gina, observando Cho com desprezo. - Rony, você não deveria nem ligar para ela. Ela não te merece, aquela v...
- Por favor, não ofenda os animais - interrompeu-a Harry.
Rony olhou feio para ele, que logo acrescentou:
- Porque vaca é um animal de quatro patas!
- Muito obrigado, eu não poderia viver sem essa informação - retrucou Rony, voltando a contemplar Cho, com os braços cruzados.
Eles olharam para a garota também. A amiga de Cho a cutucou e esta olhou para eles. Cochichou algo às amigas, que deram imensas gargalhadas.
- Essa foi boa, Cho... - engasgou-se Marieta. - Muito boa!
Gina enfureceu-se. Harry saiu de perto quando viu que o rosto da garota se comparava ao tom de seus cabelos vermelhos. Pensou por uma fração de segundos que a amiga fosse explodir. Mas, ao invés disso (o que talvez fosse mais perigoso) ela deu a volta na mesa e foi até Cho e as amigas.
- Mas que diabos ela vai fazer? - exclamou Rony.
Cho, que se encontrava sentada na mesa, olhou Gina de cima a baixo como se a avaliasse, antes de perguntar:
- O que eu posso fazer por você?
- Ô cínica! - exclamou Gina. - Se você acha que eu vou deixar você tirar onda com a cara do meu irmão e o magoar, está muito enganada!
- E para isso precisa cuspir na minha cara, certo? - devolveu Cho, com uma expressão de nojo, limpando o rosto com a manga.
Harry não sabia se devia ir acudir ou não. Mas tinha quase certeza de que, se alguém não o fizesse, alguma coisa a mais do que faíscas sairiam dali.
- E aí, já arrumou outro otário para você se esfregar? - retrucou Gina.
Harry e Rony, que acharam melhor se aproximar caso precisassem segurar Gina, olharam feio para ela.
- Ei! devemos levar isso como uma ofensa? - perguntou Harry, indignado, já que ele fora um dos supostos "otários" de Cho.
Gina lançou um olhar frio que fez Harry e Rony recuarem. Voltou sua atenção a Cho.
- E então? - perguntou.
- E então o quê? - retrucou Cho, que se levantara. - Lhe devo alguma coisa, tomateira?
- Tomateira é a...
- Gina! Mamãe não ia gostar disso!
- Cala a boca, Rony! Preciso dizer umas poucas e boas pra essa vaca!
- Já disse para não ofender os animais - lembrou Harry, mas outra vez foi intimidado pelo olhar da ruiva. - Ok... Faça como quiser... Eu vou ficar aqui no meu canto.
- Se você pensa que vou deixar você ficar me ofendendo assim... - começou Cho.
- Acertou - cochichou Rony a Harry. - Tem que ver a Gina, quando se zanga fica igual à mamãe. Quando isso acontece, sai de perto. Papai quem o diga, foge que nem o diabo da cruz.
Agora as duas berravam.
- Acontece que você é uma vadia! - berrou Gina. - Usa os garotos e não está nem aí com nada! O que você me diz do Rony, hein? E do Harry? E dos outros que caem na sua? Isso é índole de loba libidinosa!
- Em primeiro lugar, ruiva maltrapilha - gritou Cho em resposta. - Não tenho culpa se o seu irmão é um babaca desmiolado e o Harry é um débil mental mentiroso, ok? Em segundo lugar, quem cuida de minha vida sou eu! Então sugiro que saia da minha frente agora, porque sua "beleza" está estragando o meu dia...!
Mas Gina não ouvia mais. Na verdade, Harry pôde ver que o balãozinho de paciência da ruiva estourara na hora em que Cho dissera as palavras "babaca" e "débil". Com isso os garotos a seguraram pelos braços, porque ela preparava um ataque nada amistoso à japonesa.
- Acalme-se, Gina - falou Harry, agarrando o braço esquerdo da garota. - Não vale a pena com ela.
- Não precisa querer nos defender - disse Rony, que a segurava pelo braço direito.
Com muita luta e esforço eles arrastaram Gina para os jardins da escola. Cho e as amigas caíram na gargalhada.
A idéia dos dois era acalmá-la talvez com um pouco de ar fresco.
- Odeio gente assim - explodiu ela, encostada na árvore próxima ao lago, esmigalhando um graveto na mão. - E vocês, seus imbecis, porque me seguraram?
- Ei, sabia que ainda não inventaram uma lei que permita assassinar alunos em pleno café da manhã? - lembrou Harry.
- Porque se inventassem, Snape seria o primeiro a aprovar essa lei - disse Rony.
- Eu acabaria com ela ali mesmo e vocês não precisariam nem se preocupar com o cadáver - disse a garota, aparentemente tentando se acalmar. - Nem ligaria para expulsão.
- Mas você não pode nem pensar em expulsão agora; não hoje, justamente no dia em que... - começou Harry, mas parou, porque algo o distraiu.
Daisy vinha acompanhada de Hermione. Hermione. Lembrou-se então do motivo pela qual estava tão feliz. Uma brisa suave passou pelo rosto de Harry quando notou alguns clouveris sobrevoando ali perto, escondendo-se em belas nuvens fofas e repolhudas. Parecia um sonho.
- Planeta Terra chamando Harry Potter! Alô-ô! - disse a voz de Gina.
Harry acordou de sua viagem, assustado.
- Ah! Oi... Eu... eu só estava pensando em uma coisa... - justificou. - Foi mal...
Hermione e Daisy sentaram-se na grama também.
- Então, eu dizia que você não pode pensar em expulsão no dia de nossa primeira reunião da AD neste ano.
- Vai ser demais! - exclamou Daisy.
- É, vai mesmo - concordou Hermione.
- Pena que a vaca da Cho não vai - falou Gina, parecendo desapontada -, eu adoraria experimentar uns feitiços nela.
- Não ofenda os animais - pediu Daisy.
Harry sorriu.
Rony, Hermione e Harry se dirigiram ao corredor do sétimo andar as seis da tarde. Ao toparem com nada menos do que trinta alunos ansiosos, Rony exclamou:
- Viram! A saída de alguns não afetaram em nada a entrada de outros!
Era verdade. Da antiga AD muitos membros se despediram. Entre eles Fred, Jorge, Angelina e a quem Rony deveria estar se referindo, Cho Chang e a amiga Marieta.
- Muito bem - disse Harry, fazendo com que todos olhassem para ele. - Tenho uma coisa a mostrar a vocês. Mas antes, quero lembrar que: o cagão que estiver disposto a arruinar o nosso grupo que fale agora ou se cale para sempre, porque a Hermione aqui...
E apontou para a garota, que abriu a bolsa na mesma hora tirando um pedaço de pergaminho de dentro.
-... Vai providenciar para que todos que assinarem essa lista e pisarem na bola ganhem mais do que espinhas no rosto. Lembram-se da Edgecombe?
Silêncio. Em seguida, um garotinho a que Harry percebeu na mesma hora ter andado ao lado de Draco Malfoy dias atrás, saiu correndo do grupo e desceu as escadas, adoidado.
- Certo. Mais alguém? - perguntou Hermione. - Ótimo. Assinem essa lista.
Todos eles assinaram, os mais novos membros com um pouco de receio, e, por fim, Harry e Hermione assinaram, fechando a lista.
Rony começou a dar três voltas no corredor, e antes que pudessem perguntá-lo sobre o que estaria fazendo, uma porta se materializou na parede do corredor.
- Não vamos usar a Sala Precisa esse ano - avisou Harry quando o amigo pôs a mão na maçaneta.
- Não vamos?
- Não mesmo...
- E então...?
Harry apalpou no bolso o artefato que Dumbledore lhe dera com a missão de treinar os alunos.
- Temos outro meio - disse, erguendo o Triângulo Sagrado para que todos pudessem ver.
A expressão surpresa no rosto dos alunos foi grande, mas nada se comparou ao berro de Neville, que com uma expressão de terror encolheu-se atrás de Daisy.
- VOCÊ É LOUCO? ABAIXA ISSO!
Harry abaixou o artefato imediatamente.
- Que é que há com você? - perguntou Rony a Neville, impressionado. - É só um triângulo, cara! Você é homem ou não é? Aliás... que barato, Harry, onde você o conseguiu? - e tirou-o da mão do amigo. - Folheado a ouro, que nem aqueles brindes das Lojas Barnabáz, e... ESSE TRECO SE MEXEU!
Rony jogou o Triangulo de volta à mão de Harry, que o aparou com certa dificuldade.
- É só um triângulo, cara - Neville imitou Rony.
Todos riram. Rony corou.
- Mas ele se mexeu... - justificou.
- Eu não duvidaria - disse Neville, ainda atrás de Daisy, erguendo-se para ver se o Triângulo estava seguro nas mãos de Harry. - Esse é o Triângulo da Maldição!
Todos olharam para Harry com espanto. Justino soltou um assobio, Simas deu um passo para trás e Kevin Sanchez, amigo de Max, soltou uma exclamação. Daisy, no entanto, se agachou em frente às mãos do garoto para ver o Triângulo de perto.
- Não o acho assustador - falou ela. - É lindo.
- Não toque nisso - alertou Neville, quando ela estendia um dedo, examinando curiosamente o espaço em branco no meio do objeto. - Lhe fará mal.
- Harry está tocando - lembrou Rony.
- Alô! Ele é Harry Potter, homem! - disse Neville, sarcástico, procurando outro lugar para se esconder, agora que Daisy se agachara. - Ele é famoso!
- Tá, eu sou a Sandra Bullock, ok? - zombou Daisy. - Agora posso tocar?
Hermione consultou o relógio. Harry entendeu que estavam perdendo muito tempo.
- Está bem, gente - disse Harry. - Neville, esse não é um Triângulo de Maldição, tem que parar de ver desenho animado, ok? Eu ser Harry Potter não me torna melhor nem pior do que ninguém. E Daisy...
- Sim? - atendeu ela.
- Falta muito para você ser a Sandra Bullock.
Rony caiu na gargalhada. Gina socou-lhe a costela.
- Bem... Devo explicar o porquê deste objeto - continuou Harry. - Não podemos perder muito mais tempo. Tem gente inocente morrendo...
"Dumbledore nos deu o Triângulo Sagrado com o intuito de treinarmos incansavelmente defesa contra as artes das trevas até estarmos bons o suficiente para chutar a bunda de Voldemort e seus Comensais".
- Acho que não entendi - disse Rony, coçando a cabeça, uma expressão intrigada no rosto. - O Triângulo vai lecionar?
- Não - respondeu. - Vamos usar ele como um esconderijo secreto para treinarmos.
Rony olhou para o Triângulo, incrédulo.
- Harry, eu não sei se te avisaram, mas... aí não cabem trinta e duas pessoas, não.
- É estranho você pensar isso, sabe. Já dormimos em grande grupo em barracas aparentemente pequenas. Esqueceu o que a magia pode fazer?
- Você está me dizendo que vamos entrar dentro desse troço aí? - quis saber Dino Thomas. - Entrar?
- Se for estou fora - disse Neville, acelerado.
Todos olharam para ele, que passou de branco para vermelho.
- Tudo bem, eu sei que sou covarde.
Hermione foi até o amigo e pôs a mão no ombro dele.
- Escute, Neville. Não sei o porquê do seu medo. Mas o que temos a tratar aqui é muito mais importante. Estamos falando de enfrentar Voldemort. E, primeiro, temos que aprender a enfrentar os nossos medos. Não podemos continuar a AD sem você. Cada um de nós é importante. Além disso, tenho certeza de que Dumbledore jamais nos daria algo perigoso.
- Não, não, é melhor que não entre - brincou Rony. - Lá dentro vivem criaturas sinistras, sabe.
Harry, cansado, procurou umas moedinhas no bolso. Deu dois galeões na mão de Rony e disse:
- Vá comprar um docinho, vai.
- Ok - exclamou Neville, de repente. - Vamos logo.
- Perdeu o medo bem agora que eu ia comprar uns doces? - indignou-se Rony. - Ah, tudo bem, tenho uma barra de alcaçuz aqui no bolso guardado desde o Natal passado - e devorou o alcaçuz.
- Bem... Vamos! - Harry ergueu o Triângulo. - Toquem!
Harry logo percebeu que a missão de fazer com que trinta e duas pessoas tocassem um objeto tão pequeno não era nada fácil. Mas todos conseguiram um espacinho, exceto por um Simas, que olhava o grupinho em um círculo desorganizado, de braços cruzados.
- Vocês não querem realmente que eu acredite que nos transportaremos para dentro desse triângulo, não é. Só acredito vendo.
- Mas para ver, meu querido amigo monogramático, você tem que tocar nele - falou Harry, impacientando-se. - Então venha logo aqui ou iremos sem você.
Sem mais, Simas se espremeu no grupo.
- Triângulo Sagrado, Triângulo Sagrado, arranje-nos um lugar seguro e seu segredo jamais será revelado - recitou Harry, com a varinha apontada para o espacinho vago que encontrou.
O espaço vazio no meio se fechara, e o Triângulo, tornando-se uma pirâmide, levou a velha, porém mais nova AD para além do desconhecido e misterioso.
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