Stern e a Heroína



Uma pontada na cabeça. Duas pontadas. Uma pontada para cada batida. Batida? Batida na porta! Assustado com o chacoalhar dos trincos no andar de baixo, Snape levantou da cama assustado. Diabos, era uma hora da tarde. Procurando a calça da noite anterior, ele entrou no banheiro ainda sonolento e irritado.  Ouvindo ainda a porta bater, ele bradou a si mesmo mentalmente o que diabos havia acontecido quando ele saiu do chuveiro. Lembrou-se de jogar o corpo mole na cama ainda nu depois do banho e pensar em “cochilar” um pouco antes de programar o dia seguinte, esquecendo-se que o obvio podia acontecer.  E de fato aconteceu, ele se esquecera da vida em meio a sonhos com Hermione, Hermione de camisola, Hermione sorrindo, Hermione passando a mão nele, ele beijando Hermione, Hermione! E a porta continuava a bater a cada dois minutos.


“Mas que diabos.” – falou para si enquanto fechava a calça jeans colocada sobre o corpo ainda nu e jogava a camisa preta aberta sobre o peito. - “ESTOU INDO, INFERNO!” – Ele gritou enquanto descia as escadas tendo a vista incomodada pela luz entrando através do lago por detrás do vitral na janela.


Sentiu-se profundamente desgostoso em pensar que de fato quem estaria do outro lado da porta inquieta não seria ninguém menos do que Hermione. A mesma perturbação de toda a madrugada o perturbava para acordar. Já não bastava que Alvo o tivesse mandado como babá em um “show de Rock”, ele tinha que aturar a estagiaria rebolando enquanto mexia o caldeirão e mexia com sua cabeça. Snape fechou os botões da camisa manualmente, a varinha estava largada sabe Merlin onde no seu quarto. Assim que concluiu, certamente deixando parte do peito a mostra, ele colocou a mão no trinco. Dando duas respiradas para assumir o personagem usual de morcego, ele finalmente abriu a porta esperando encontrar a garota em seu mais ansioso gesto do outro lado.


Não havia ninguém! Merda de Poltergeist dos infernos, pensou enquanto fechava a porta e subia para o quarto na intenção de tomar um banho e enviar uma carta berrador a Hermione convocando a garota do meio de sua ressaca para o trabalho – forçado- nas masmorras. Quando já estava no meio da escada, ouviu a porta abrir. Cobrindo a testa com uma das mãos dada a luz no ambiente, ele virou-se com os pés descalços. Maldição, ela.


“Desculpe-me professor. Eu já estava na metade do corredor quando ouvi a porta ser destrancada.”- Hermione parecia distraída, nem notara a preença de um Snape com os cabelos despenteados, os pes descalços e o jeans sem cueca na escada olhando pra ela enquanto cobria os olhos.  Snape tentou dar às costas, talvez não fosse tarde para conseguir escapar em silêncio para a segurança de seu quarto. Inutil, ela já havia virado os olhos na direção dele e corado. Nessa altura nenhum dos dois sabia se pela fantasia dela enquanto estavam sentados no sofá ou por ela tê-lo visto em tal situação pela manhã. Tarde!- A cabeça de Hermione gritou.


Snape ergueu uma sobrancelha e continuou o caminho em direção a seus aposentos privados. Ele pensou que agir com naturalidade e manter o silêncio fossem o melhor caminho para continuar a manter a relação profissional, estável e longe dos desconfortos provocados, tal aquele conforto do banho, enquanto era a boca de uma versão imaginária da ex-aluna que passeava pela dele. Snape fechou a porta com violência reprendendo a si próprio por pensar novamente nela assim. Uma reincidência tudo bem... Desvios são perdoáveis, duas era alerta, mas três seria condenar a si próprio uma eternidade de punhetas no chuveiro pensando em Hermione!


Enquanto isso a inspiração dos sonhos recentes do mestre terminava de ler as instruções do dia para a prepação de poções. Em seu segundo dia nas masmorras, com um inicio discretamente adiado para a tarde a garota deveria preparar poções de reposição do sangue. Na lista manchada de vinho que Snape lhe entregara no dia anterior estavam marcadas 12 caldeirões, o que indicaria aproximadamente 40 frascos. Se ela e Snape dividissem a tarefa até às nove horas da noite era possível que completassem o lote marcado.  Entretanto ela questionava-se se o mestre iria juntar-se a ela naquele dia para o trabalho, afinal era uma terça-feira, ela não sabia quais eram os horários de aula de Snape. Outro fato bastante importante que poderia manter o mestre longe dela foi seu devaneio da noite anterior.


Pela manhã, Hermione havia se convencido de que ele não olhou de fato em sua mente, porque se tivesse olhado, o pavor em seu rosto seria um pouco mais acentuado. No mínimo a surpresa seria maior em pega-la fantasiando com ele, espontâneo ou não. Não, não era recíproco. Alias, até ela conseguiu apagar um pouco do desejo interno por Snape enquanto desviava a mente para Stern. Ainda não havia conseguido ver Pee, ela sabia que pela manhã as duas estariam imprestáveis e uma conversa matinal para descobrir todos os traumas e mentiras da amiga não lhe faria bem antes de encarar o morcego nas masmorras. Por mais agradável que lhe parecesse estar perto de Snape, ela ainda se pegava tendo o mesmo medo de menina quando o professor lançava o típico olhar repreende-grifinório para ela.


Tomada por questionamentos e não divagações personificadas, como no sofá, Hermione escolhia e separava o pelo de unicórnio que utilizaria na poção, quando em um estampido a porta acima das escadas havia sido aberta e fechada novamente. Snape desceu no mais tradicional andar de mestre de poções, com a capa preta usual farfalhando a suas costas. A carranca era atípica, não que Snape parecesse cansado, ele sempre parecia cansado, mas seu rosto continha um desprezo muito maior pela presença da garota a sua frente. Hermione questionou-se se seria ela quem o despertou de seu sono de beleza da madrugada. Lógico, idiota, ele estava com os botões trocados e a calça solta ainda no corpo. – Ela pensou.


“Granger!!!” – Ele urrou. Não era um bom dia, como educamente ela esperava ouvir, mas um urro que indicava que alguma coisa que ele fez até ali estava desesperadamente errada.- “O que pensa que esta fazendo cortando esses pelos em pedaços menores? Consegue jurar pra mim que tem mais de um neurônio funcional nessa sua cabeça oca, senhorita?”


“Como assim, profes...”- Ela não entendia. O livro de consulta que ela mesma havia retirado da pateleira privada do professor dizia para que fizesse isso. Antes que pudesse se justificar, tomou uma interrupção e outro balde de indelicadezas destino a ela por Snape.


“Calada. Não mandei que falasse, senhorita. Deveria ter a mínima noção de que o Pelo de unicórnio deve ser cortado em duas metades. Como pensa que pode pleitear uma vaga em qualquer lugar assim? Isso não serve nem pra limpar o chão do meu laboratório, Granger.”- Não era desprezo. Ela via nojo nos olhos dele. E que tipo de reação era aquela? Com o comentário grosseiro de Snape ela podia sentir lágrimas caindo dos olhos enquanto recolhia os pelos mal cortados e puxava a caixa para obter o ingrediente da forma que Snape lhe indicara.


“Senhor?” – Ela chamou enquanto erguia o rosto finalmente olhando para o professor parado junto a sua bancada. Snape estava ali, esperando qualquer mínimo gesto errado para falar, ele precisava daquilo, ele nutria-se com aquilo. – “Sugiro que me trate com o mínimo de cortesia. Não sou sua serva para virar as costas a cada sugestão de verdade que indica.”


Finalmente ele havia a olhado nos olhos e percebeu a merda que fizera. Agora ele a tinha chorando a sua frente por tamanho trasgo que havia sido. Pra que? Porque precisava fazer mal a ela para defender a si próprio de suas vontades?


“A senhorita não sugere, não indica e não diz. Cumpra com sua cota diária e eu faço o favor de escrever uma maldita carta dizendo que pode fazer coisas que absolutamente vejo que não pode, Granger.” – Daquele ponto em diante havia volta. Ele não podia deitar o orgulho, a vaidade e o ego de lado apenas para conforta-la e pedir perdão por ser uma besta quadrada insensível. Um trasgo!


“Eu poderia dizer meia dúzia de verdades sobre o Senhor que o incomodariam muito e ainda assim seriam verdades, senhor. Entretanto não o faço. Seria humano que eu lhe acusasse e apontasse uma porção dos seus erros, mas não o faço. Apenas não me pela para que eu fique impassível frente a suas grosserias. Não sou mais sua aluna e você não pode mais me aterrorizar tirando pontos da Grifinória ou me ameaçando com uma detenção.” – Ela vomitou as palavras na cara de Snape. Não podia trabalhar ali sob aquela pressão. A tortura psicológica em continuar a vagar pelas masmorras como ex-aluna tendo Snape como carrasco era das piores.


“Apontar?” – Ele tentou ser sarcástico, mas ela o havia pego. De longe que de suas fraquezas estavam  alguém ousar citar que ele tinha prazer em aterrorizar as pessoas e amedrontra-las. O sadismo estava dentro de seus anos nas masmorras, mas hoje era pesado para ele encarar a verdade de que muitos o desprezavam tal ela faria deixando de se importar em falar o que de tão errado havia com ele.- “Desculpe-me.”


“Não, você...” – Ela parou e largou o punhal de prata sobre a bancada. Talvez Stern estivesse certa, talvez Snape fosse diferente do que ela, Rony e Harry puderam observar em sala de aula por todos os seis anos como alunos do mestre. – “Não estou aqui pra isso, desculpe a mim.”


“Cale-se, mulher.” – Que sentido fazia ela pedir desculpas? Ele era o grosso, misantropo, ordinário, trasgo que a insultara dizendo eu ela não servia nem para limpar o chão de seu laboratório e ela vinha pedir desculpas? Quando ele falou, foi baixo. Foi com pesar na voz. Ele queria sumir dali. Tinha por hábito provocar reações nas pessoas a seu redor, mas poucas vezes obtivera algo tão espontâneo como o choro ou o discurso de Hermione para ele. Não queria fazer mal a ela. Ele queria conforta-la pela merda que vez em provoca-la fugindo de si mesmo.


Hermione estava parada com as mãos livres sobre a bancada observando a reação de Snape. Ele realmente pareceu mal com as palavras dela e ela mal havia apontado os clichês que todo mundo falava sobre ele. Subitamente pensou que talvez foi isso. Snape não podia aceitar que as pessoas não se preocupassem nem para xinga-lo e ter coragem de dizer as barbaridades que ele cometia com os outros.  Naquela hora, vendo ele de olhos fechados segurando a tempora com os dedos polegar e indicador, ela tinha vontade de abraça-lo em resposta. E realmente o faria, se não imaginasse que seria estuporada e jogada contra a lareira do outro lado da sala se o abraçasse.  Em vez disso, ela apenas deu a volta na bancada e chamou pelo nome do professor.


“Professor Snape...? Severo?”- Ela temia por fazê-lo sentir-se mal, embora não se repreende-se moralmente por ter dito isso a ele. Ele precisava que alguém o sacudisse para o mundo. Precisava que alguém o lembra-se sobre como eram os verdadeiros tratamentos dispensados as pessoas em sociedade.


Vendo que a garota se aproximava, ele não pensou. Tirou os dedos da têmpora e abriu os olhos para encara-la. Mantinha mais neutra das expressões de mestre de poções possível. Enquanto andava na direção de Hermione, a observava ainda de olhos inchados encarando ele. Sutilmente ele deixou-se fazer o que gostaria de fazer desde a tarde do dia anterior quando havia notado quem estava do lado dele. No que ela havia se tornado, no que ela estava se tornando.


“Eu quero fazer uma coisa. Só não posso.” – Ele suspirou soltando as palavras a cada subida e descida do tórax. Snape agora estava a meio passo de Hermione. Quando finalmente chegou perto o suficiente para tocar-lhe o rosto, ele o fez. – “Granger, não é um mal...”


“Apenas faça.” – Ela segurou a mão sobre a dele, enquanto o encarava com os lábios entreabertos.


E ele a beijou. Severo Snape estava a beijando. Com força, com vontade. Ele não escondia nem um pouco do desejo que ela percebeu que ele tinha enquanto encostava os lábios com os dela. Snape deu a volta na bancada ajeitando as costas de Hermione enquanto olhava ofegante para os olhos da garota. A veemência do olhar era retribuída com absoluta reciprocidade.  Não havia só o tesão mutuo e explicito ali, havia desejo e ternura. Ambos sentiam vontade cuidar um do outro naquele instante e os gestos justificavam isso.


Hermione passava as mãos indo do rosto dele para o pescoço, provocando Snape e fazendo com que ele deixasse a cabeça pender para trás, expondo todo o pescoço e dando abertura a Hermione para mais. Ela não hesitou, aberto o caminho, roçou os lábios pela pele cheirosa de Snape, sentindo a textura sem fechar os olhos observando cada centímetro que arranhava. As mãos dele teimavam em ficar sob controle, ainda paradas tocando levemente a cintura fina da garota. Quantas vezes naquela noite ele havia sonhado com a presença de Hermione com ele? Quatro? Cinco? O bastante para faze-lo gemer imaginando que aconteceria se ele grudasse seu corpo com o dela junto à bancada.  Mas não... Era cedo. Cedo no dia, pensou. Tinha um pressentimento de que ela não poderia sair das masmorras antes da metade da noite. Trabalhar depois daquela pressão toda não era muito humano.


Snape deu dois passos para trás tirando o corpo do alcance de Hermione, enquanto o tradicional sorriso sarcástico surgia nos lábios. Ele não iria se tornar o carrasco de logo antes, mas podia submeter-se a um pequeno sadismo. Definitivamente era aquilo que ela gostava ele, em doses homeopáticas, claro. – Pensou enquanto reiterava delicadamente as mãos da cintura da garota, não deixando de roçar no abdômen dela enquanto saía.


“Tem doze caldeirões para preparar enquanto eu dou aula, senhorita Granger. Se não começar logo, vai ter que passar a noite aqui. ” – Snape virou-se indo em direção a porta, com uma alegria sem igual contida naqueles gestos inertes e irônicos. – “Terrível lugar para se passar a madrugada acordado.”


“Imagino...” – Ela deu um riso baixo, enquanto mordia o lábio inferior e voltava os olhos para o punhal a sua frente na bancada.


“Sei que imagina.” – Ele olhou-a dos pés a cabeça, temendo pelo que faria quando voltasse ao laboratório horas depois. Antes de fechar a porta e andar em direção aos cabeças-ocas que o esperavam, deu uma ultima verificada em Granger, que olhava para ele em resposta mantendo o mesmo tom de desejo que ele lhe servia ao molhar os lábios agora rosados.  “Se tudo nela for assim, ela esta perdida comigo.”- pensou antes de entrar em sala de aula.


No instante em que a porta se fechou, Hermione soltou um suspiro aliviado e deixou que um sorriso largado tomasse conta dos lábios.  Ela escorou-se pela bancada e ficou olhando extasiada para o lugar de onde o mestre de poções havia se virado para ela por último. Dados dois minutos de sua reflexão pelo beijo ganho, ela ouviu um sibilar semelhante ao de energia um choque elétrico vindo por debaixo da porta que dava ao corredor das masmorras. Uma luz prateada tomou a forma de um cachorro que voou sobre a bancada a frente de Hermione.


“Stern passa mal. Venha até Little Hangleton, o patrono é a chave do portal.” – Ela prontamente havia reconhecido a voz de Lupin. Mas não conseguia entender a situação. Little Hangleton?  Tocando o cachorro prateado com a ponta da varinha ela sumiu quase que instantaneamente.


Snape seguiu o rumo da tarde como quem usava os anos de habilidade em cinismo e autocontrole para a interação com todos que passavam por seu caminho. A primeira foi Minerva, que ouviu um comentário sádico sobre sua aparência vindo do morcegao. A segunda, uma estudante corvinal desavisada que ousou um “Boa tarde, professor” a caminho da classe de poções. Mas quanto ao terceiro, esse não parecia ignorar o sadismo típico de Snape, e agravado naquele dia.


Abrindo as cortinas magicamente com a varinha, Snape finalmente via-se livre para dispensar a meia dúzia de cabeças-ocas que insistiam que ele ensinasse e correr de volta ao laboratório. Pnesou em todas as terríveis formas de não ser gentil com ela quando a tivesse novamente nos braços. De fato ele não sabia ser romântico, ou se esquecera disso em algum dos trezentos ataques que praticou como comensal. Todavia, para ele, espreme-la contra a parede e toma-la com força era um exercício de poder, sem deixar de notar que o prazer era dobrado. Sádico no cotidiano, sádico no sexo.


Com a cabeça invadida pelas mil imagens de Hermione sendo sodomizada de joelhos e completamente nua com as mãos amarradas atrás das costas, Snape andou com precisão para a porta.  Um, dois, três, unicórnios, chifres amarelos, treze, sete, nove. Assim que botou o nariz para forta da sala de aula teve o campo de visão bloqueado por uma barba branca e um par de óculos meia-lua. Aquele não era o momento propício para que o Diretor quisesse tomar um chá ou tomar sorvete de limão, se o fizesse, certamente que Severo seria flagrado como um pervertido incapaz, um velho tomado de vontades em penar que poderia ser o primeiro a deflorar a sabe-tuto-grifinória.


“Agora não, Alvo.” – Ele tentaria ultrapassar o velho.  Por Merlin! Havia uma ninfeta a sua espera desejando nada mais do que ele e uma parede de pedras. – “A senhorita Granger não termina hoje a lista que eu dei se eu não voltar ao laboratório.” – Snape tomava todo o cuidado ao cita-la, afinal manter-se impassível perante o diretor com um assunto desses em mente era tarefa digna da guerra bruxa.


“Não se apresse, Severo.” – Dumbledore observou o olhar irritado de Snape querendo fugir e mudou o tom para chamar a atenção do mestre de poções que já o havia ultrapassado em direção a seu laboratório privado. – “A senhorita Granger não está lá.”


“Que diabos??? (...)” – Snape engoliu em seco. Havia sido pego. Para que Alvo dissesse a última frase com tanta veemência ele só podia estar em problemas. Naquele momento passou pela cabeça dele que de alguma forma Hermione deveria ter se sentido ameaçada e corrido aos ouvidos do diretor. 


“Lupin mandou um patrono para avisa-la que Stern teve problemas.” – Ele havia ouvido direito? A maldita da pirralha que atormentou sua vida por quase vinte anos decidiu atacar novamente?


“Só não me conte que a Granger aparatou até Sussex em busca da Stern...” – Snape torceu os lábios.  Se Hermione realmente fosse atrás de Stern não haveria modos de segurar a verdade por mais tempo.


“Não. Foi mandada uma chave de portal por Lupin para que ela fosse até Little Hangleton.” – E finalmente ele havia entendido. Por certo que Stern não havia passado bem e Lupin mal sabia como acodi-la. – “Sei que deve estar pensando na série de problemas que podemos enfrentar com isso, Severo.”


“O problema é da Stern se alguém desconfiar. Não acredito que o ministério vá afrouxar o nó só porque ela não contou diretamente os problemas que passou.” – Snape mantinha os lábios torcidos em desgosto. Não eram mais Hermiones de pernas abertas e língua úmida que passavam por sua cabeça, mas toda a merda que havia de acontecer se alguém desconfiasse da tramoia ministerial que envolvia a família “Stern”.


“Infelizmente, meu caro, não posso deixar o castelo para me envolver nessa história. Gostaria que aparatasse próximo a Chattsworth e segurasse as coisas por lá. ” – O mestre de poçõse mal esperou que Dumbledore terminasse seu discurso de jogar as culpas e responsabilidades pra cima dele e já virou-se com a capa farfalhando para sair do castelo. – “Mais uma coisa, Severo...”


“(...) Eu realmente gostaria de chegar em Little Hangleton antes que a Granger já tenha convocado Potter e Weasley para mais uma aventura de caça a comensais.”


“Não quero que use feitiços de memória em ninguém envolvido. Se já for tarde para qualquer explicação reparadora, sugiro que faça Hermione jurar segredo. Stern não precisa de mais uma acusação contra ela e certamente que utilizar feitiços de memória, que convenientemente a beneficiariam, contra uma bruxa nascida trouxa seria a saída que o ministério tanto esperou para mandar a pobre pra Azkaban. Não jogue tudo fora, Severo.” – Dumbledore completou captando a atenção do mestre de poções para ele. Snape pareceu realmente parar para considerar toda a contribuição que Pee havia feito durante a guerra. Se todos fossem esclarecidos sobre o fato, ela seria a grande heroína, e Snape uma simples mula de carga.


Em um crack violento, Snape desaparatou do jardim externo de Hogwarts mantendo na cabeça tudo que precisaria fazer para voltar Pee para seu estado normal. Duas semanas anteriores àquele dia, a garota já havia tido um surto. Surto esse, incurável sob as perspectivas bruxas.  Stern havia se metido em problemas maiores para tratar os problemas que já tinha.


Não fazia duas horas que Hermione havia deixado o castelo em direção a Little Hangleton, mas ao redor de sua cabeça orbitavam questões suficientes para publicar um livro. Definitivamente que a família de Pee deveria estar muito próxima das artes das trevas para que a garota fosse considerada prioridade frente aos olhos do ministério.


Hermione se questionava agora quanto a localidade para a qual Lupin a havia chamado via chave de portal. Se Stern estivesse em casa, ela deveria ter ido a Sussex, e não Little Hangleton. A essa altura, lembrou-se de nunca ter ido visitar a amiga diretamente em sua cabeça. Sempre havia desculpas, imprevistos, rearranjos para que as duas se encontrassem em Londres ou em algum outro lugar diferente.


 Até onde Hermione sabia, os pais de Pee haviam sido mortos em um incidente com comensais quatro anos atrás, entretanto o que ela não sabia era sob quais circunstancias. Já havia sido exposto na noite anterior, mesmo que em baixo de tantos panos colocados sobre o assunto, que os pais de Pee realmente tinham uma ligação com o Lord das Trevas.


Ela foi jogada contra uma estátua de pedra sabão quando o corpo finalmente se materializou no destino da chave de portal. Em um local esmo, com a aparência de um cemitério abandonado, ou muito antigo, Hermione viu-se perdida e sem referencias de lugar para ir. Julgou correto esperar por algum sinal de Lupin, mas no meio tempo que esperou, cerca de 40 minutos, pensou estar envolvida em algum tipo de problema mais sério quando lembrou-se da história contada por Harry durante a fase final do torneio tribuxo. Se ela estivesse certa, definitivamente podia estar sendo pega em uma armadilha.


Distraída tirando a neve misturada com terra de um dos túmulos, cuja estatua de fronte era uma obra da morte encapuzada com sua foice, tomou um susto quando novamente viu o cachorro prateado que julgou como sendo o patrono de Lupin. Ela rapidamente se lembrou de que ninguém poderia ter produzido aquilo no lugar de Lupin, mal intencionado, ou plantado a voz do ex-professor no encantamento, então por certo que não deveria ser uma armadilha.


“Suba o povoado. Na casa mais alta, de fronte para a cidade, estamos eu e Stern. Não tente aparatar.”- Novamente a voz do lobisomem saltou pela boca do patrono em forma de cachorro antes de finalmente desaparecer com a fumaça prateada.


Hermione seguiu as ordens que lhe fora indicado e assim que entrou na ladeira ao final do cemitério observou, como dito, uma casa que “olhava” para o povoado.  A garota pôs-se de pé e tratou de subir a colina até a casa, não deixando de pensar que aquilo só podia ser algum tipo de pegadinha de feliz “desaniversário” que Pee e Lupin estariam tentando dar nela. Riu-se imaginando o lobo como o chapeleiro maluco e Stern como a Alice a lhe oferecer uma xicara de chá . O que diabos ela estaria fazendo indo a Little Hangleton? Se tudo estivesse como ela imaginava estava indo de encontro a Casa dos Riddle. Antiga e tratada como ruína para afastar os trouxas, Hermione lembrava-se de ter lido no profeta que a mansão havia sido lacrada meses atrás para Inspeção e Retirada de todos os Artigos Perigosos e de Magia Negra que deveria conter. Não restando descendentes vivos, imaginou que a casa se mantinha como propriedade ministerial lacrada. Obviamente estava errada, se fosse isso não seria pra lá que ela estaria indo.


De todas as teorias insanas, a que mais lhe pareceu provável fora de que atraída por alguma coisa, Stern havia ido até o lugar fuçar e acabou tocando algum objeto impregnado pelas artes das trevas vindo a sucumbir. No mesmo cenário, Lupin encontra a garota e desesperado tenta chamar por ela em Hogwarts.  Mas como Lupin a encontraria e o que exatamente Stern estaria fazendo na casa dos Riddle, Hermione não sabia.


Enquanto andava e lutava contra os questionamentos internos, subitamente ele havia entrado em sua mente. Snape a havia beijado, por Merlin. Diante de tudo que estava acontecendo nos últimos três dias, Hermione só podia chegar perto de concluir que sua vida era autônoma e as coisas estavam tomando proporções além do controle que ela conseguia exercer. Não que ela não desejasse um beijo, uma noite, duas, três, dez, cem, com Snape, mas aquele cenário sobre Stern e a espontaneidade do professor em relação a ela eram meio assustadores se individualizados.  A vida havia tomado um molde que ela não gostava, afinal, metódica como sempre havia sido, coisas de natureza espontânea  eram tidas como no mínimo suspeitas por sua consciência.


Assim que entrou pelo jardim meio abandonado da Mansão dos Riddle suas pernas já davam sinais de cansaço por toda a subida até o alto da colina. Enquanto a mente era limpa de qualquer pergunta e a varinha sacada para imprevistos possíveis, Hermione se aproximava a da porta principal da mansão. Quando a mão tocou a maçaneta ela ouviu a madeira ao seu lado guinchar e sentiu uma mão tocar-lhe o antebraço sutilmente.


Era Snape. Ele baixou vagarosamente a varinha dela com a palma da mão direita, enquanto a outra fazia sinal de silencio frente ao rosto para ela.


“Como???”- Ela soltou em surpresa por vê-lo ali antes dela.  Teria sido ele que armara aquilo?


“Shiu.” – Ele a advertiu puxando-a para trás dele enquanto tomava a maçaneta em suas mãos. – “Não fazemos ideia do que foi feito do Lupin ainda, senhorita Granger.” – Dessa vez ele fazia referencia a ela como senhorita de um jeito marcado e falso.


“Mas como chegou aqui antes? A Stern não estava bem, pelo que eu recebi.” – Merda. A simples presença dele a fazia sentir-se como uma criança inocente incapaz de agir. Hermione mal conseguia erguer a varinha para possíveis imprevistos por estar distraída com aquela presença a sua frente. O porte dele era inegável.


“Deveria saber que eu tinha o hábito de frequentar essa casa antes de você saber da existência dela, Granger”.– Eles haviam entrado em um hall completamente vazio de movéis, e pelo que ela podia perceber o único artefato presente no andar térreo da casa era uma mesa de jantar coberta por um lençol amarelado. – “Venha.”


Snape apontou para o alto da escada onde se via uma clara luz saindo de um dos corredores onde provavelmente alguma janela estava aberta.  Hermione agora temia era pela própria vida. A atitude defensiva de Snape se posicionar a frente dela com a varinha em punho e sequer falar alguma frase com mais de 10 palavras provava que algo terrível podia ter acontecido com Lupin.


“Merlin, são vocês. Até que enfim.” – Lupin saiu detrás de uma parede com a varinha empunhada em um Lumus claro que ofuscava os olhos dos dois a sua frente.


“Quase foi estuporado, Remo.” – Hermione estava suando. – “Cade a Pee? O que houve???”


“Não faço ideia. Chegou um patrono na ordem enquanto eu tomava café e vim correndo até ela. Quando cheguei aqui ela estava tendo uma convulsão jogada no chão do quarto e me gritou seu nome, Hermione. ”- Ele estava calmo, era difícil ver Lupin demonstrar raiva ou ansgustia. Ele podia ser amargurado, mas não era fácil de perceber outras emoções através de sua expressão. – “A Stern desmaiou inconsciente. Cheguei a pensar em envenenamento, mas o bezoar não adiantou.”


“Saiam da frente.” – Snape praticamente empurrou os dois passando pelas costas de Lupin e sumindo no corredor. Pelo que Hermione podia ver,  ela sabia o que estava acontecendo.


“Remo, ela esta em crise de abstinência.” – Ela pesou levemente sobre os problemas em que Stern estava metida ultimamente.


“O que???” – Hermione mal esperou para responder ao homem e tal Snape passou por suas costas indo a procura de Pee.


Quando chegou ao quarto, empoeirado, mas claramente feminino ela não pode deixar de se questionar o que diabos Stern fazia morando naquela ruína de casa. Jogada sobre a cama estava Pee, desmaiada e com uma camiseta cinza enorme rasgada sobre o corpo. Snape corria de um lado para o outro vasculhando gavetas e jogando coisas sobre o chão. Era óbvio que ele já havia cuidado de Pee em situações semelhantes anteriormente.


“Merlin, Granger. Ajude e pare de se perguntar detalhes.” – Snape estava brabo. Se Hermione não soubesse do contrário, iria sugerir que a família de Stern era Snape e vice-versa. – “Onde está a bolsa dela?”


“Não esta na bolsa.” – Hermione correu até o armário, abrindo-o e pegando um diário de capa preta com um pentagrama na frente.


“Merlin, magia negra agora? Não acredito que ajude.” – Snape estava apavorado. Ouvindo Pee tossir,  correu a cama segurando a cabeça da garota entre as mãos. – “Stern, maldição. Acorda!!!”


Enquanto isso, Hermione abria  livro que teve as paginas cortadas para armazenar alguma coisa em segredo no interior. Ela puxou uma seringa de dentro e correu até a cama onde Stern estava nos braços do mestre de poções.


“É assim que ela esconde. Me chamou porque só eu sabia. ” – Sim, a voz de Hermione estava pesada. Ela não queria, mas sentia-se responsável e culpada sobre aquela situação.  Não bastando a autocrítica, sentiu o olhar pesado e de profundo desprezo que Snape estava lhe dando naquele momento.


 


 


NOTA DA AUTORA: Olá pessoas! Desculpem-me pelo atraso. Essa semana comecei me dedicando a escrita de um documento com descrição detalhada da personalidade de cada personagem, além de outros detalhes sobre os relacionamentos e possíveis desenvolvimentos da história. Não pretendo postar isso, foi apenas um documento de “autoajuda”. Vamos lá!


Quanto ao capítulo? Ok Ok, clichê. Mas um beijo! Reparem na diferença de *pira* entre os dois. Acho que vocês devem imagina que eu provavelmente vou transformar o Snape em um vilão... Sim, eu vou! Só um pouquinho... Não me xinguem! A Mione vai curtir! Prometo! Stern? Bem... Esta super obvio para aqueles que se lembram dos detalhes dos Livros sobre quem ela é, e sobre quem a família Stern é.


Proximo capitulo? Aí, sim... Vai começar realmente os transtornos entre Hermione e Snape... Aguardem para ver o pior lado de Severo Snape (e o melhor!)
Desculpem-me pelas incoerências, erros e demoras. Cheguei naquele ponto em que a vida pessoal começou a interferir na trama.


Beijos, pessoas! Nos vemos no capítulo seis!

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Comentários (3)

  • Luiza Snape

    Queria uma cont. ainda rola ? 

    2014-12-20
  • Diênifer Santos Granger

    Nem vou repetir como o cap t[a perfeito!!!

    2013-12-14
  • Violettaa

    Wow... Super capitulo hein...Confesso que prefiro o Snape vilão mesmo... Sou fa dos vilões...Super curiosa com o próximo capitulo....E adorei o trecho quente entre Hermione e Snape...Stern se droga para esquece os abusos que sofreu durante a adolescência que coisa... Realmente não tenho ideia de que família ela faz parte, pensei em ela ser uma longbottom pq não... Mas não sei.... Vou aguardar o próximo quem sabe não descubro...Beijinhos >_<         

    2012-07-27
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