Sonhos, Doces e Planos
Nota: Eu não possuo Harry Potter. Eu já tinha esse capítulo faz MUITO tempo, e sempre esquecia de publicar. Já tenho até o início do capítulo 8... Mas enfim... Se vocês forem queridos comigo e COMENTAREM, eu publico o cap. 5 logo, logo... Esse capítulo está muito... ESTRANHO.
A Arte de Pregar Peças
Sonhos, Doces e Planos
- Harry? Harry-y-y-y? POTTER! OLHE PARA MIM!
- Mas eu não quero olhar para você!
- Mas eu estou te mandando me olhar!
- Isso queima os olhos!
- Pare de ser um bebezão chorão e mimado e ME OLHE!
- Mas essa visão é infeliz demais!
- Haha! Potter Pirado tem medo de coelhinhos!
- Eu não tenho medo de coelhinhos!
- TEM SIM!
- NÃO!
- Então me OLHE!
Gelei. O coelhinho cor-de-rosa gigante já estava abusando. A primeira coisa que fiz foi: correr.
Corri até o armário de baixo da escada, na casa dos Dursley. Era estranho eu correr até lá, porque aquele “quarto” não pertencia mais a mim. Agora eu dormia num dos quartos de Duda.
Quando cheguei até o armário, logo fechei a porta atrás de mim e a tranquei. Agora o coelho anormalmente grande não poderia me alcançar. É serio, o coelho tinha a estatura de um homem. Talvez até seja um homem, com uma fantasia de coelho, daquelas que se usam em festas de criancinhas.
Pulei na minha antiga cama. Enrolei-me nos cobertores mofados e cobri minha visão.
- Você não pode se esconder de mim! – disse a voz anasalada.
Com isso, o homem-coelho chutou a porta e a derrubou. Encolhi-me ainda mais na cama.
O coelho arrancou os cobertores que cobriam a mim. Ok, se ele quer guerra, terá guerra.
Me encolhi ainda mais, se é que isso era possível, me preparando para o ataque.
- AAAAHHHH!
Pulei em cima do coelho, que guinchou e se debateu. Eu estava agarrado no pescoço dele, tentando tirar a parte de cima de sua fantasia peluda. Era quase impossível fazê-lo porque o monstro se mexia muito.
- SERÁ QUE VOCÊ PODE FICAR PARADO, CARA?
Gritei tão alto que o homem-coelho ficou parado, em choque. Aproveitei o momento para tirar sua cabeça.
O que vi era pior do que o coelho.
Atônito, olhei para ele, arregalei os olhos. Minhas pernas trancaram devido ao grande choque. A “coisa” apenas ria. Quando recuperei meus movimentos, corri para a cozinha. No caminho, derrubei o vaso de cerâmica chinesa da Tia Petúnia, aquele que ela arrebatou num leilão por dez mil dólares. Não dei muita atenção ao vaso, porque eu não vou sobreviver o tempo suficiente para minha tia gritar comigo e Tio Valter ficar vermelho de raiva.
A Coisa me seguiu. Mas, eu era mais rápido do que ela.
Abri a porta da geladeira, tirei as prateleiras e me atirei dentro dela. Quando a porta fechou, percebi que estava muito frio aqui. Mas o que era um pouco de frio para quem estava sendo perseguido pela criatura mais repulsiva de todas?
A Coisa não foi tão burra quanto eu esperava que fosse. Ou eu não fui tão inteligente quanto eu achei. Ela notou os alimentos e as gavetas que eu tinha esquecido de escondê-las.
Já estava pensando que A Coisa fosse uma alucinação. Mas não era. Isso ficou evidente quando ela abriu a porta da geladeira.
Era Voldemort.
Voldemort, não o Voldemort que você conhece. Mas Voldemort, o Voldemort deformado.
Ele trazia um bombom de cereja na mão peluda.
- Quer um doce, Harry?
Peguei o bombom da mão dele com certa violência. Que foi, eu só arranquei um pedaço de dez centímetros de sua fantasia cor-de-rosa.
Ainda com o bombom na mão, corri para debaixo de mesa da cozinha, agora semidestruída.
Me encolhi na posição fetal, chupando o bombom ainda com a embalagem, hora ou outra balbuciando.
- Isso não está certo! Está tudo errado! NÃO É NORMAL!
Enquanto eu choramingava, Voldemort, o Deformado dobrava-se de tanto rir. Batia suas mãos em sua careca. Tentei adivinhar o que ele estava pensando. Devia ser algo como “O Menino Que Sobreviveu tem medo de coelhinhos? Ou da minha nova plástica? HAHAHAHA!”.
Com a minha raiva de volta, atirei o meu bombom de cereja babado no nariz dele.
UM NARIZ!
Voldemort tinha UM NARIZ!
ISSO NÃO É NORMAL!
Vi o bombom cair no chão em frente de seus pés. Olhava atônito para mim.
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Com um sobressalto, acordei.
Olhei à minha volta.
Não estava na cozinha dos Dursley. Ou melhor, eu não estava sequer na casa deles.
Eu estava no Largo Grimmauld. No quarto que eu dividia com Rony.
No outro lado do cômodo, vi Rony deitado de bruços na cama, roncando e falando algo como “É camuflagem, não nuvenzinhas”. Com certeza estava babando.
Poderia dizer que pelo menos meia hora antes Rony estava sonhando com Hermione, porque seu travesseiro estava jogado no chão. Ele sempre fazia isso. Nas muitas noites de insônia, não apenas no Largo Grimmauld, mas sim em todos os lugares, enquanto eu esperava o sono vir, minha distração era ver Rony dizendo em meio a roncos o nome da amiga, e logo depois empurrar o travesseiro para fora da cama. Era rotina.
Minha boca estava seca. Estava tremendo. Tudo bem ter sonhos com aquele ser branco, mas ele com nariz já era demais. Não era natural. Era como se Mione queimasse os livros de Aritmancia no fim do ano.
Precisava de um doce. Um bombom de cereja, na verdade. Não, acho que não, sou alérgico a cereja. Só chocolate está bom.
Estava confuso, numa espécie de estupor. Mal conseguia me mexer. Mas meu sangue precisava de açúcar.
Saí do quarto e continuei meu caminho para o andar de baixo. Antes que pudesse chegar à escada, sou abordado por Monstro, o elfo doméstico fétido da casa de meu padrinho depressivo.
Pisquei, tentando decidir se o que via era verdade ou se meu cérebro semiconsciente e confuso me traía.
Monstro estava com um bichinho de pelúcia cor-de-rosa. Agarrava-se a ele como se sua vida dependesse daquele... O que era aquilo? Era um urso? Não, pouco provável. Então era... Era... Um COELHO! COR-DE-ROSA! Oh, não, aquele demônio estava me perseguindo! E as blasfêmias de Monstro também não ajudavam muito.
Tomado pelo pânico, pisquei novamente, mais forte do que da última vez, tão mais forte que tinha certeza de que minha expressão estava semelhante de quando Tonks impressionava Gina e Hermione com suas transformações.
BLÉM!
Antes que eu pudesse abrir os olhos, Monstro jogou o suposto coelho em minha cabeça. Mas eu realmente não achava que coelhos de pelúcia faziam tanto barulho ao se chocar com alguma coisa e que com certeza não poderia causar tanta dor ao se chocar com meu crânio.
Abri os olhos bem a tempo de ver o ornamento de prata quicando no chão.
Definitivamente, estava tendo alucinações. Com o novo machucado na testa latejando, desci as escadas, ainda praguejando.
Cozinha... Preciso chegar à cozinha... Doce... Precisava de um doce...
Meus pés me guiaram até uma porta bem grande, a qual nunca tinha prestado atenção antes. Era esquisito, já que era uma das maiores portas da casa, feita com madeira de salgueiro, entalhada meticulosamente à mão com desenhos do que reconheci ser mitologia trouxa, mas não posso afirmar nada, já que meu cérebro resolveu tirar a noite para pregar peças em mim. Não conseguia distinguir o que era realidade do que não era.
Estendi meu braço para tocar a maçaneta enferrujada, mas não foi preciso, já que com apenas um discreto movimento do braço já abria a porta pesada.
Uma sala mal iluminada surgiu diante de mim, com um chão que acumulava uma camada de centímetros de poeira. Apenas localizei um ponto de luz, vinda de uma vela. Paredes de pedra, com tochas jazendo nas paredes, há muito não acendidas, esquecidas em meio a teias de aranha. O teto era estampado com cenas de morte, das mais cruéis e sangrentas. No meio da sala, encontravam-se inúmeras estantes do mesmo material da porta, também trabalhados, intercaladas por pilastras de mármore preto.
A biblioteca estava muito úmida, e a janela estava aberta, trazendo para seu interior rajadas frias de vento. Eu podia ouvir três vozes distintas. Talvez uma dessas pessoas tenha doces. Doces, suculentos e açucarados. YUMMY!
Aproximei-me das pessoas, que estavam atrás da última estante. Ainda sobre espreita, coloquei-me em uma posição que a cambada não poderia me ver. Logo, minhas narinas captaram o cheiro doce de chocolate. Não, era artificial demais para ser autêntico, mas ainda assim era bom. Então, me dei conta de que era o aroma do perfume que Tonks usava.
Mas, era doce. E eu precisava de doce.
Não que Tonks não fosse atraente antes, mas esse cheiro de chocolate que emanava dela já era demais.
Agarrei-me à pilastra ao meu lado, apenas prevenir-me de fazer alguma besteira.
Logo percebi que ela estava discutindo com as duas outras pessoas, que descobri ser Fred e Jorge.
- Por favor, Tonks, nos dê outra chance! – implorou Fred. O aroma de Tonks estava provocando ainda mais a minha necessidade de açúcar.
- Não sei se devo confiar em vocês. – disse ela seriamente. Seriedade? Tonks? Esquisito...
Doce... CHEIRO MUITO FORTE... MUITO FORTE... DOCE!
- POR FAVOR, NOS PERDOE! NÃO SABÍAMOS QUE IA DAR ERRADO! – desesperou-se Jorge.
- Vocês não conseguem nem enganar aquele maldito elfo doméstico! E vocês ainda dizem ser os mestres das pegadinhas. Mestres uma ova! – CHEIRO PROVOCANTE! Agarrei-me à pilastra com mais força ainda.
As palavras da metamorfomaga fizeram Jorge cair num choro desesperado. Ele atirou-se aos pés de Tonks, agarrou-se a eles e chorou:
- DESCULPE! Eu faço o que você quiser, mas nos dê mais uma chance!
Tonks olhava perplexa para Fred, que mal conseguia conter o riso, apenas deu de ombros.
CHEIRO HIPNOTIZANTE! Minhas tentativas de controlar-me acabaram se esvaindo.
Larguei-me da pilastra lentamente, e fui até o trio numa espécie de transe.
Coloquei-me atrás de Fred, que tinha desistido de segurar o riso. Tonks balançava suas pernas levemente numa tentativa fajuta de tirar Jorge delas. Nenhum dos três tinha notado minha presença, até que eu disse, ainda em transe. Tinha total consciência de que meu olhar estava tão vago quanto a cabeça de Rony.
- Doce?
Fred pulou devido ao susto repentino, tropeçando na canela de Jorge e caindo no chão. Jorge recompôs-se da pequena crise de choro e desespero e levantou, dizendo.
- Eu NÃO estava chorando feito um filhote de leprechaun agarrado aos pés de Tonks! E eu estava suando pelos olhos!
Fred. Com a ajuda da mulher com cabelo cor-de-rosa chiclete, levantou-se, rindo da desculpa esfarrapada do irmão. Tonks permitiu-se sorrir também, por mais de estar confusa em relação ao que tinha acontecido antes.
- E aí, beleza, Harry? – disse ela, alegre. PERFUME... DESCONCENTRANTE... – Sem sono?
- Doce? – balbuciei num tom monótono, quase inaudível.
- O quê? – pergunta a auror. DOCE!
- Doce? – repeti, num tom um pouco mais alto.
- Desculpe, Harry, mas não conseguimos te entender. – disse Jorge cautelosamente.
- DOCE! – gritei.
Tonks me olhou com cara de peixe morto.
- Outro sonâmbulo. – reclamou ela, entre suspiros. – Lição prática: como acordar uma pessoa semiconsciente.
Ela deu um passo para frente, aproximando-se de mim. Jorge pôs-se ao seu lado para aprender a técnica, porém Fred apenas virou os olhos.
Com um movimento rápido do braço, ela pretendia me dar um tapa, mas calculou mal a distância e acabou acertando a face de Jorge, que guinchou em contato com a mão da auror, colocou a sua própria em cima da área nocauteada e encolheu-se no chão, estupefato.
- O que eu fiz para você? – ele disse para a metamorfomaga, tão estupefata quanto ele. Já Fred, por outro lado, dobrou-se de rir. – Por que você me odeia tanto assim?
- Não foi minha intenção! Era para ter acertado em Harry! – explicou-se Tonks.
- E desde quando acordamos um sonâmbulo com um tapa, Nymphadora? – disse uma voz. Logo o professor Lupin surgiu na escuridão. Tonks abria e fechava a boca em choque. – Pensava que para acordá-los era preciso apenas jogar um copo de água neles, e não esbofeteá-los.
Tonks sorriu marotamente.
- Eu ia derrubar toda a água até que eu chegasse aqui mesmo... – ela disse, fazendo Fred, Jorge e Lupin rirem.
Aproximei-me de meu antigo professor, e com a minha melhor cara de cachorro que caiu da mudança, eu pedi, docemente.
- Doce?
- Oh, sim, Harry, eu tenho um doce aqui para você. – ele vasculhou dentro do bolso de seu blusão de lã marrom e tirou uma barra de chocolate de dentro dele. O meu chocolate favorito! – Tome.
- DOCE! – falei, tomando-o nas mãos e abrindo-o. Assim que enfiei o conteúdo milagroso goela abaixo, finalmente saí do transe. – Olá, pessoal!
O rosto de Tonks iluminou-se de repente.
- Remus, você poderia nos dar licença?
Prof. Lupin ergueu as sobrancelhas.
- Você está levando aquela ideia besta adiante, Nymphadora?
- Não é da sua conta, professor. – replicou ela.
- Tente não se iludir. – Lupin disse. Virou-se para mim e para os gêmeos. – Se não quiserem fazer o que essa doida varrida tem em mente, não se sintam obrigados a fazer.
- Nós queremos sim! – disse Jorge.
- Viu, seu lobo malvado? – ri à menção do “apelido”. E fingi não ver meu professor enrubescendo. – Eles concordam comigo!
Lupin virou os olhos e saiu da biblioteca.
- Harry – começou a metamorfomaga, com um sorriso travesso nos lábios. – Você não acha que Sirius está um pouco depressivo ultimamente?
Assenti.
- Ótimo! Então você vai fazer o seguinte...
Tonks continuou a falar, e os gêmeos me encararam com inveja.
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