Cabeças Vão Rolar

11º capítulo – Cabeças Vão Rolar

 

A infelicidade é uma parte estranha do meu corpo. Quase um segundo Rony, que consome minha alma e energia dia e noite... Essa parte está perto de ganhar; ou estaria... Se eu não fosse irmão da malévola rainha Ginevra. Minha preocupação com ela é a única coisa que me tira desse estado quase catatônico em que me coloquei. Talvez seja hora de dispersar a neblina e procurar a luz do sol.

 

Rony Wesley

 

-Vai... Agora! – Rony sussurrou enquanto arrastava Harry pelo corredor escuro. Era de comum senso entre os dois o mútuo ódio pelos corredores opressores que levavam ao covil da Sonserina.

 

-Calma! – Harry reclamou – Eu só queria checar se a Pansy estava por aqui.

 

-Ela não está! – Rony olhou exasperado pra ele – Por que diabos ela estaria?

 

-Tem umas salas por aqui – Harry deu de ombros – E ela disse que a Lexie não anda bem... Eu só pensei que as duas fossem estar por aqui conversando. É mais sossegado.

 

-E mortalmente deserto – Rony suspirou impaciente. As poucas tochas tinham sido apagadas desde domingo com um único propósito: evitar que Ginevra Wesley conseguisse ver seus dois namoradinhos.

 

  Sim, revoltante.

 

-É terça-feira e você já nesse humor dos infernos – Harry sussurrou enquanto assumia a dianteira da excursão e guiava o amigo. Depois de oficializar as coisas com Pansy, Harry passara a conhecer cada mínimo segredo daquele corredor.

 

 Risadinhas cortaram o ar e deixaram os dois meninos gelados. Quatro sonserinas andavam em direção a eles com as varinhas acesas.

 

-É revoltante o que fizeram – uma delas esbravejava – Apagaram todas as tochas e agora só os sonserinos conseguem chegar nas masmorras.

 

-Tudo por causa da maldita rainha – outra falou – Vocês sabem que meu amor não consegue achar o próprio sapato, como vai achar a Sonserina?

 

-Rachel só você pra namorar um lufa – outra disse desdenhosa.

 

 Harry e Rony foram andando suavemente para trás. Harry sabia que tinha uma porta por ali.

 

-Você namorou Colin Creevey! Se liga Elisha!

 

-Não estou ofendendo Rachel, deixa de ser revoltadinha – elas continuaram falando sem parar. Harry fechou a porta suavemente e respirou aliviado.

 

 ***

 

-Hei! – Elisha parou bruscamente – Esqueci de dar um recado para a Lexie.

 

-Melhor você voltar – Rachel falou sem pestanejar – Ela anda insuportável sem motivo, não vamos dar um.

 

-Encontro vocês no salão comunal – Elisha falou para as três garotas e se virou para a Sonserina. Elas já estavam meia hora atrasadas para o jantar, Elisha provavelmente o perderia.

 

 Sem fazer ruído algum, apagou sua varinha e aguardou. Cinco minutos depois o suave clique de uma porta abrindo encheu o corredor silencioso. Ela segurou a risada enquanto via os indiscretos Rony Wesley e Harry Potter. Não foi difícil vê-los por ali, principalmente porque ela conhecia cada salinha daquele corredor, e tinha a mania de olhar para as paredes quando andava.

 

-Vamos logo Harry! – Wesley parecia nervosinho – Tenho certeza de que a Pansy não esteve na maldita sala.

 

-Claro que esteve – Potter respondeu suavemente – Eu senti o perfume. Conheço minha namorada.

 

 Os dois seguiram discutindo baixinho enquanto caminhavam. Elisha deixou que eles entrassem e esperou cinco minutos. Queria pegá-los desprevenidos.

 

 ***

 

-Eu vou, você fica! – Harry falou para Rony – Dou o recado pro Malfoy e saímos daqui.

 

-Não demora! O jantar acaba daqui a pouco – Rony se moveu para perto da lareira, tentando se camuflar nas sombras que ficavam ali.

 

 Ele estava tão distraído que não percebeu a loira saindo por uma passagem secreta ao lado da passagem principal. Silenciosa como um gato, Elisha se aproximou.

 

-Olá Wesley! – ela sorriu sardônica.

 

 Rony quase teve uma parada cardíaca.

 

 ***

 

 Dakota foi a primeira a voltar depois do jantar. Ela não tinha muitos motivos pra ficar até altas horas no salão principal, mesmo quando as mesas estavam vazias e polidas. Geralmente os meninos ficavam pra jogar baralho e as meninas para fofocar. Era um ponto do castelo em que as quatro casas podiam estar juntas sem quebrar regras. Pelo menos até dez da noite, quando o toque de recolher colocava o velho Filch em ação.

 O salão comunal estava assustadoramente deserto. Com um suspiro e se sentindo a última das pessoas, ela revolveu dormir.

 Um pequeno caderno vermelho de couro descansava em sua cama.

 Ela abriu. E sorriu.

 

Dakota,

 

Como sua soberana, já que você mesma admitiu que sou a rainha, estou lhe dando uma incumbência. A verdade é que eu não posso mais me permitir guardar antigas mágoas, devo focar apenas no futuro. Em minha jornada pelo poder cometi muitos erros, alguns imperdoáveis... Tal como você.

O que você me fez no outono não é comparado ao que acabei lhe fazendo posteriormente. O problema das vinganças é que elas sempre ficam desproporcionais ao ato vingado.

Portanto, estou lhe dando uma oportunidade de ouro. Considere sua chance de cair nas minhas boas graças novamente.

Você deve realizar todas as tarefas listadas abaixo e me trazer alguma prova. Não me importa se receber ajuda de alguém, só não conte a ninguém que eu lhe dei a lista.

Os motivos serão revelados com o tempo, não agora. Só acredite que é para um bem maior, e que se bem feito, será de grande valor a você.

 

Atenciosamente,

 

Sua Alteza Real Ginevra Wesley =)

 

Coisas para fazer antes da primavera acabar

 

 A lista não era imensa, só um pouco assustadora. Dakota deitou e abraçou o caderninho. Talvez Huxley não fosse mais um sonho utópico. Talvez ela tivesse salvação.

 

 ***

 

 Hermione ignorou os olhares tarados de Harry para Pansy a noite toda. Jantar torturante. Ela só não conseguia deixar de simpatizar com o pobre Blaise, que também captara a troca de olhares entre os dois. Ele parecia tão infeliz que era de cortar o coração.

 

-Que cara é essa? – Lilá perguntou enquanto as três voltavam para a Grifinória.

 

 Parvati estava logo atrás, falando sem parar sobre Wynter e como agora ela só queria ficar com a excluída da Alyssa.

 

-Estou pensando que ainda não acabei o trabalho do Snape – ela suspirou.

 

-Mas é pra depois de amanhã! – Lilá olhou horrorizada para ela – Não que eu tenha acabado o meu... Ou começado, pra falar a verdade. É só que você é sempre tão... tão...

 

-Certinha, eu sei – Hermione falou rindo – Eu ando tão cheia de coisas ultimamente.

 

-Você não deixava de estudar nem quando estava atrás de Você-Sabe-Quem – Parvati começou – O que aconteceu com você esse ano?

 

-Nem me perguntem! – Hermione continuou rindo. Ela não se sentia mais ofendida com Lilá e Parvati. As duas eram um pouco chatas, mas não de maldade. Só era uma coisa delas.

 

-Já vai dormir? – as duas perguntaram ao mesmo tempo.

 

-Sim – Hermione sorriu levemente – Estou cansada.

 

-Nós só vamos ficar aqui embaixo um pouquinho – Lilá falou com um sorriso – Não se sinta sozinha.

 

-Eu não vou – Hermione garantiu. O que era uma puta mentira.

 

 Em sua cama, assim como na de Dakota, um caderninho vermelho de couro descansava. Dentro, uma nota um pouco diferente.

 

Hermionita,

 

Eu sei que você me pediu para acabar com Harry e Pansy porque realmente acredita que seu futuro é com ele. Infelizmente sua visão está muito enganada. Ou talvez eu esteja errada. Proponho um acordo: você cumpre a lista que escrevi abaixo, e me prova que cumpriu tudo, e se sua opinião sobre Harry não mudar eu lhe entrego ele de bandeja. Se, por outro lado, você perceber que ele faz parte da vida de uma Hermione que não existe mais, nesse caso você deve ser sincera e procurar sua felicidade.

Só quero que você seja feliz. Confie em mim.

 

Beijos,

 

Gina Wesley

 

 Coisas para fazer antes da primavera acabar

 

 ***

 

 Harry empurrou a porta do quarto e entrou sem pedir licença. Draco estava jogando uma bolinha amarela na parede, a bolinha batia, quicava no pé da cama de Blaise e voltava para as mãos dele. Harry pegou a bolinha.

 

-O que foi Potter? – Draco não o encarou – Veio se vangloriar porque está fudendo minha ex namorada e eu estou preso aqui com o estúpido do Nott?

 

-Deixa de sentir pena de você mesmo Malfoy, e nem me venha com essa da Pansy. Já falamos sobre isso, você nem gostava dela – Harry chutou a cama dele – Levanta!

 

-Não tenho a mínima vontade de levantar simplesmente para te obedecer – Draco resmungou, mal humorado – Agora, se você puder andar logo e devolver a minha bolinha.

 

-Em duas semanas você tem jogo de quadribol, caso você não se lembre! – Harry ergueu uma sobrancelha – Se você não me der atenção dou um jeito de te expulsar.

 

-E colocar aquele idiota no meu lugar? – Draco levantou da cama num pulo, seus dedos apertando o pescoço de Harry – Vai ficar do lado dele?

 

-Me larga! – Harry o empurrou com força, o que nem mesmo moveu Draco de lugar. Ele respirou fundo e soltou o grifinório – Estúpido sonserino.

 

-O que você quer? – Draco se sentou na cama e apoiou a cabeça nas mãos.

 

-Tad é viciado em magia negra – Harry jogou um vidrinho no colo de Draco – Beba isso. O Snape mandou te dar.

 

-Amiguinho dele? – Draco zombou, mas bebeu rapidamente.

 

-Eu tenho grandes suspeitas e acredito que Tad matou alguém, usando a magia. Ele voltou a usar agora, então devemos ter cuidado – Harry jogou outro vidrinho no colo dele – Tad precisa beber isso.

 

-E como eu vou fazer isso Potter?

 

-Se vira! – Harry deu de ombros – Continuarei investigando. Amanhã te trago outra poção Malfoy.

 

-Sim, faça isso! – Draco suspirou irritado quando Harry saiu do quarto. Ele já estava tão de saco cheio de ficar ali preso... E sem Gina.

 

 ***

 

-O que você está fazendo aqui? – Elisha perguntou, uma sobrancelha erguida.

 

-Já estou saindo! – Rony colocou a mão sobre o peito, seu coração estava batendo tão rápido que parecia querer sair de dentro dele – Você não precisava chegar desse jeito.

 

-Sorrateira? – Elisha cruzou os braços e sorriu – Rápida como um ninja?

 

-Pequena espiã combina mais – Rony riu, entrando na brincadeira.

 

-Eu não sou pequena, você que é alto demais! – ela reclamou – E é bom você ser bem educado comigo.

 

-Você é a única sendo mal educada – Rony cruzou os braços e suspirou, irritado – Façamos um acordo, sim? Eu fico te devendo uma.

 

-Me devendo o quê? – ela ergueu uma sobrancelha.

 

-Aí é com você – ele deu de ombros – Me cobra depois.

 

-Fechado! – Elisha sorriu – Harry Potter está voltando – ela informou sem sequer olhar para as escadas – Posso ouvir os passos. Não diga que me viu.

 

 Em um segundo ela tinha desaparecido. Rony olhou a nada boa cara de Harry. Dez minutos depois os dois estavam no salão principal como se nada tivesse acontecido.

 

 ***

 

-Então nós tivemos essa grande idéia – Hayden falou para Gina enquanto os dois e Faith saiam do salão principal – Eu e Faith pensamos bastante sobre isso.

 

-Verdade! – Faith sorriu quando Gina a encarou.

 

-Sim, continuem.

 

-Queremos um final de semana memorável, tudo em homenagem a grande rainha – Hayden falou com um sorriso – Como nos velhos tempos, velhos mesmo... Tipo duzentos anos atrás.

 

-Ignore-o – Faith pediu e tomou dianteira na conversa – O que a anta do Hayden está tentando dizer é que na aula de História da Magia, o professor nos falou sobre os grandes reis e seus bailes... Era uma maneira de dar pão e circo aos súditos. Deixando-os felizes e satisfeitos com a monarquia.

 

-Então vocês querem que eu organize essa festa para provar pra todos quem manda – Gina considerou as opções – Confesso que a idéia me agrada. Façamos o seguinte, na sexta-feira vocês cuidam de tudo.

 

-E a festa de sábado? – Hayden perguntou.

 

-Essa é por minha conta – Gina abriu um enorme sorriso – Tenho alguns planos.

 

-Fechado! – Hayden puxou Faith pela cintura e deu um beijo no rosto dela – Vamos organizar a balada, meu bem!

 

 ***

 

 Lexie ficou deitada no chão gelado do pátio da Torre do Relógio. Ela gostava dali. Lembrava um pouco seu terraço na Mansão Parkinson, com todas as flores que ela tanto amava. O jantar tinha sido uma tortura inexplicável. Lexie, a princesinha sonserina, a Branca de Neve Malvada... Que dor era aquela em seu coração?

 Ela estava magoada, claro que sim! Colin e aquela vadia desconsiderada... Se agarrando na frente de todos na festa... E então hoje tinham conversado o tempo todo no jantar. Deviam estar namorando. Colin sequer a procurara depois daquilo. Como se ela fosse uma estúpida sonserina descartável.

 Uma idiota lágrima riscou seu rosto como uma estrela cadente no céu. Rápida, mas real. Lexie só queria entender a dor. Era diferente do que ela sentira com todas as traições de Hayden, então ela sabia que não era amor.

 Não era... Não é?

 

 ***

 

Seu tempo está acabando Tad...

 

 Tad abriu os olhos e ofegou. O quarto estava escuro, não por falta de velas... Era a magia negra que parecia fluir de dentro dele para todos os cantos... Cobrindo as paredes e deixando o ar sufocante.

 

Ele vai vencer Tad. Pobre, pobre Tad... Mais uma vez enganado.

 

 Seu corpo parecia estar entrando em combustão. Ódio consumindo tudo ao redor... E então ele a viu. Sua bela e etérea Ginevra. Seu vulcão particular. Tão linda... Tão venenosa. Ela estava sorrindo daquele jeito provocante e maldoso, os olhos brilhando enquanto, provavelmente, armava a destruição de alguém. Ela ficava impossivelmente mais bela quando estava sendo má.

 

Você tem sonhado com a outra garota Tad... Não se engane. Eu não gosto de enganos.

 

 Sim, ele estava perdendo sua cabeça. Era a única explicação. Tad fechou os olhos e expulsou-a do quarto. Quando olhou de novo o cômodo estava confortavelmente claro com a luz da lua e as velas acesas. O ar não mais sufocava. No entanto, a imagem continuava ali. Dançando na parede, zombando dele.

 A imagem de Faith.

 

 ***

 

 Luna Lovegood não era a mais centrada das pessoas, mas até ela podia perceber a postura relaxada de Gina. Estar longe de Tad e Draco estava fazendo bem a rainha. Como boa amiga, Luna escutou Gina reclamando dos feitiços de Snape, que não deixavam ela se comunicar com nenhum dos dois, nem por carta. Era quase como se Gina se sentisse obrigada a estar chateada com a situação... Mas no fundo... Bem no fundo... Ela estava delirando de alívio.

 

 ***

 

-Onde é que vocês vão? – Scarlett perguntou enquanto penteava cuidadosamente o cabelo – Já é tarde.

 

-Temos uma festa – Millie falou sorrindo – Não ficou sabendo?

 

-A festa é só amanhã – Scarly suspirou, descaso exalando de seus poros – A rainha convida os súditos blá blá blá. Ela só quer ibope.

 

-Festa amanhã? – Roxy perguntou – Não estou sabendo não. A festa é hoje.

 

-São duas festas – Pansy avisou enquanto entrava emburrada no quarto – A rainha vagabunda não nos chamou para as duas.

 

-E como é que você sabe? – Scarlett parou de pentear os cabelos e cruzou os braços, irritada – Quem ela acha que é pra me excluir?

 

-Harry, logicamente, me chamou para ir hoje – Pansy suspirou e deitou na cama de Scarlett – Eu não vou. Não quero dar uma de penetra acompanhada. Não preciso disso.

 

-E porque ela não nos convidou para a de amanhã? – Stacie reclamou – Que injusto isso! Aposto que vai ser melhor que a de hoje.

 

 As três garotas olharam irritadas para as princesas.

 

-Olha, não estou legal – Pansy avisou – Então saiam logo daqui!

 

-Que foi? – Scarlett perguntou assim que o trio chatinho sumiu do quarto – Brigou com o Harry?

 

-Não... É só que ele foi na festa. Ele me chamou pra ir, mil vezes... Perguntou se eu queria que ele ficasse aqui comigo... – ela suspirou mais uma vez, chateada – Eu disse não, é claro.

 

-E se arrependeu – Scarlett deitou do lado da amiga. As duas encararam o teto – Não fique chateada. O Harry gosta mesmo de você.

 

 ***

 

 Draco estava mais infeliz do que nunca. Nos últimos dias, nos momentos em que era obrigado a almoçar e jantar do lado de Tad, tinha dado um jeito de jogar a poção na bebida dele. Se estava fazendo efeito, ele não saberia dizer.

 

-Todo mundo pronto? – Owen entrou no quarto como um furacão.

 

 Draco olhou enfezado para o intruso... E só então se deu conta de que Noah, Philip, Blaise e Terrence estavam arrumados.

 

-Onde é que vocês vão afinal? – ele perguntou desanimado e irritado. Estava cansado de ficar preso.

 

-É só uma festa – Blaise desconversou – Nada demais.

 

-Outra festa? – Draco perguntou surpreso – Do Huxley Rowell?

 

-Er...Bem... Ah... – Terrence se enrolou e torceu as mãos – Não exatamente.

 

 Draco olhou afiado para eles. O que estava acontecendo? Ele se sentou na cama.

 

-Fala! – era uma ordem.

 

-Quanto drama – Owen revirou os olhos – É da rainha. Nossa, o Tad também fez o maior escarcéu quando contei.

 

 Draco estava muito irritado para ouvir o que todos eles diziam. Então ela agora dava festas enquanto os dois idiotas por ela eram trancafiados como bandidos. Tão... Tão irritado que não ouviu o que Terrence disse antes de sair.

 

-Draco – o amigo pediu – Não conte para a Scarlett que estou indo na festa.

 

 ***

 

 Faith e Hayden bateram as mãos e sorriram. A festa estava sendo todo um sucesso. Nenhuma princesa ou princesinha da Sonserina. Só algumas poucas meninas e muitos meninos. Na enorme mesa de madeira maciça, vários setimanistas jogavam pôquer.

 

-Gina parece tão bem – Hayden comentou – E pensar que em dois dias os cães raivosos estarão patrulhando por aí.

 

-Resta saber qual o mais raivoso – Faith sorriu – Tad ou Draco.

 

-Seu namorado acaba de chegar – Hayden apontou e deu um beijinho no rosto de Faith – Agora ele vai querer quebrar a minha cara – ele se divertiu – E eu vou perseguir minha presa querida.

 

-Você sabe que a Zéllie não é pra você – Faith sorriu – Ah Hayden, nenhuma de nós é pra você.

 

-Então quem é a certa pra mim? – ele cruzou os braços.

 

-Quem sabe? Talvez você esteja olhando para o lado errado – os dois se encararam por um momento – Agora para de correr atrás de quem não te quer e vai se divertir.

 

 Hayden observou Faith andar até o namorado e o beijar. Ele não podia negar que sentia o coração meio cambaleando quando a olhava toda linda e confiante. Ele estava cansado dos joguinhos, tão cansado... Só queria se distrair, um namoro normal e descomplicado.

 

-E aí babaca! – Zéllie riu pra ele – Procurando a próxima vítima?

 

-Já encontrei! – ele sorriu galante pra ela – Quer uma bebida senhorita Rowell?

 

-Eu vou aceitar Hayden – ela suspirou – Theodore ainda não chegou.

 

-Não se iluda Zéllie – Hayden sorriu abertamente enquanto a guiava no meio das pessoas – Nós dois sabemos que eu sou bem melhor que o Nott.

 

 ***

 

Hermione estava linda com um vestidinho de tecido fino azul claro. O vestido, não muito curto, se movimentava com a mais breve rajada de vento. Ela foi a primeira coisa que Blaise viu quando entrou na Grifinória. Ele já tinha estado ali algumas vezes, mas ainda conseguia se impressionar com o mal gosto de todo aquele vermelho e dourado. Era sufocante, quente demais. Não frio como a Sonserina.

 Mas talvez ele precisasse do quente.

 Ela estava em pé, perto de uma janela, conversando com Harry e Rony. O Wesley tinha o braço ao redor de cintura dela. Blaise sabia que não eram namorados.

 

-Cara a Hermione tá linda! – Terrence cutucou Blaise – Está ainda melhor do que na outra festa.

 

 Blaise escutou Terrence com fingido descaso. Hermione estava linda, é óbvio, mas ela não era sua princesa de gelo, ela não era sua Pansy.

 

-Vem cara, vamos beber – Terren chamou.

 

 Blaise sorriu e o acompanhou.

 Assim que ele virou as costas Hermione o olhou. Ela não sabia ainda porque tinha pedido para Faith incluir Blaise na lista de convidados... Talvez o tempo lhe dissesse.

 

 ***

 

 Lexie não tinha conversado com Colin a semana inteira, e ela já estava cansada daquilo. Quem ele achava que era pra dispensar a amizade da princesinha da Sonserina? Um estúpido grifinório metido a fotógrafo.

 

-Você parece estar se arrumando para um combate – Elisha comentou distraída. Ela estava fazendo as unhas.

 

-Não é nada demais – Lexie deu de ombros e tentou aparentar calma e tranqüilidade.

 

-Bem, nem se arruma muito, os interessantes já estão na Grifinória – Elisha soprou a unha e sorriu ao conferir o resultado. Um azul realmente brilhante.

 

-Fazendo o quê? – Lexie olhou intrigada para a amiga. Ela não podia contar para Elisha que pretendia invadir a Grifinória e obrigar Colin a encará-la.

 

-A festa Lexie! Onde está sua cabeça? – Elisha olhou chocada para ela – Todos só sabem falar disso. Hoje e amanhã. Eu já tenho meu convite para amanhã.

 

-Quer dizer que a vadia me excluiu da festinha dela? – Lexie parecia uma chaminé explodindo quando saiu do quarto direto para a Grifinória.

 

 ***

 

-Colin! – Brooke chamou apressada – Vem aqui agora!

 

-Que foi? – ele e Hayden olharam curiosos.

 

-Nada da sua conta Hay – Brooke sorriu – Vem Colin!

 

 Os dois seguiram no meio das pessoas, abrindo caminho em direção a saída do salão comunal. Quanto mais se aproximavam da passagem mais claramente Colin podia ouvir a discussão.

 

 ***

 

-Alexandra você não foi convidada! – Faith a barrou – Amanhã é outra festa e a Gina te chamou. Fique satisfeita com isso!

 

-Olha aqui sua grifinória vadia – Lexie esbravejou – Eu estou me lixando pra essa festinha de quinta que você organizou, vim aqui apenas porque quero falar com uma pessoa. Agora saia do meu caminho ou mato você.

 

-Lexie! – Colin chamou quando cruzou a passagem. Brooke piscou pra ele e voltou para a festa – O que está acontecendo aqui?

 

 Lexie olhou magoada para ele. Ele continuava com a vagabunda grifinória, a tal Brooke. A Branca de Neve tinha feito sua lição de casa, e agora sabia tudo sobre Brooke e sua vida insignificante. O que Colin fazia com ela? E porque ela estava tão louca da vida com isso?

 

-Colin, lide com isso! – Faith olhou irritada para Lexie – Já estou irritada o suficiente com Noah que bebeu além da conta.

 

 Eles não ligaram quando Faith desceu as escadas e foi embora, pra bem longe da festa que ela mesma tinha organizado.

 

-Qual o problema? – Colin perguntou suavemente. Lexie estava tão linda que ele se sentia doente – Era comigo que você queria falar?

 

-Claro que sim... – ela falou baixinho, quase um sussurro – Porque você sumiu? – os olhos dela brilhavam, quase prateados – Você está namorando aquela garota?

 

-Não namorando – Colin desconversou, ansioso – Nós somos amigos há anos.

 

-Bem, nós também somos amigos e você não está me beijando – Lexie cruzou os braços – Eu não me importo com quem você está... É só que você sumiu. Nunca mais me procurou.

 

-Foi só uma semana – ele sorriu levemente – Você sabe que eu nunca poderia esquecê-la. Você é a princesinha desse lugar.

 

-Jura? – ela abriu um leve sorriso, o estômago dando tantas voltas que a estava enjoando – Amanhã nos encontramos então? Na festa da maldita rainha?

 

-Sim! – ele sorriu e se aproximou dela. Lexie fechou os olhos quando ele a beijou no rosto – Agora vá dormir princesinha barraqueira.

 

-Boa noite Col!

 

-Boa noite Lexie.

 

 Colin ficou encostado na parede observando-a partir. E continuou ali um tempo depois dela ter saído de vista. Só pensando nela.

 

 ***

 

 Faith andou pelos corredores escuros sem precisar de ajuda da varinha. Era tão estranho... Como se um fio estivesse puxando-a para... Algum lugar.

 Ela estava enlouquecendo. Só podia ser. Quando fechava os olhos só conseguia enxergar toda aquela energia negra, toda a fumaça, rodeando-a… Saindo de Tad e indo para ela. Faith sabia que Draco estava dando remédio para ele... Aquilo deveria ter acabado. Mas estava piorando.

 

Off with your head
Dance until you're dead
Heads will roll
Heads will roll
Heads will roll
On the floor

 Na entrada da Sonserina a mais estranha das coisas aconteceu. A passagem simplesmente abriu. Faith andou pelas pessoas que estavam acordadas, não dando atenção a coisa nenhuma. Pelo visto os excluídos da festa estavam fazendo sua própria festa.

 No corredor para o dormitório masculino do sétimo ano ela cruzou com Scarlett.

 

-O que você está fazendo aqui? – Scarlett olhou irritada para ela – Você não é bem vinda aqui garota! Volta pra sua festinha insignificante.

 

-O que está acontecendo porra! – Draco saiu irritado do quarto.

 

Glitter on the wet streets
Silver over everything
The river's all wet
You're all cold

 Faith sorriu maldosa quando o viu daquele jeito. Gina estava destruindo o garoto.

 

-A pergunta que você devia fazer, minha querida – Faith abriu um imenso sorriso – É onde seu namorado está?

 

-Dormindo! – Scarlett cruzou os braços – Eu estava indo lá agora mesmo, não que...

 

-Ele não está dormindo sua idiota, ele está na minha festinha insignificante – Faith olhou impaciente para Scarlett – Agora se vocês me dão licença.

 

-É verdade! – Faith ouviu Draco confirmar. Ele parecia cansado e confuso, sem nem mesmo se dar conta de que cabeças rolariam no dia seguinte.

 

 ***

 

 Tad estava deitado no escuro, aproveitando a solidão de seu quarto. Em pouco tempo ele estaria fora dali, estaria com sua Gina. Ainda assim... Cada vez que olhava para os lados via Faith, brilhando como uma supernova. Faith estava mexendo com a sua cabeça de uma maneira completamente confusa e fora de propósito. A magia, que nos últimos dias tinha se acalmado, acelerava o coração dele sempre que pensava nela.

 Agora mesmo... Ele podia vê-la parada na porta do quarto. A luz do corredor rodeando-a como uma aura dourada. Ele podia ver, além disso, asas negras saindo de suas costas e se esticando além de onde seus olhos podiam ver.

 

-Tad! – a visão chamou.

 

 Ele piscou uma, duas, três vezes. Ela estava ali. Realmente estava. Em um segundo tinha pulado da cama e puxado-a para dentro do quarto. Faith não falou nada quando ele trancou a porta e acendeu uma mísera vela. Agora ela amava o escuro.

 

-O que está acontecendo? – ela sussurrou – Comigo Tad... O que está acontecendo?

 

-Eu não sei Faith – ele a abraçou com força. Ali, ele podia sentir as asas... Magia negra em sua forma mais pura. E forte, tão forte que já era uma névoa cobrindo-os – Só quando penso em você ela volta.

 

-É o remédio – ela suspirou – Estão te dando remédio, assim como fizeram com a Gina. Mas sou eu que preciso de um remédio.

 

-Quem está me medicando? – ele perguntou, calmo, apenas o corpo vibrando indicava toda a raiva contida naquelas palavras.

 

-Não importa Tad! – ela se afastou e colocou as mãos no rosto dele delicadamente – Eu estou enlouquecendo e eu quase... Hoje eu briguei com a Lexie... Eu quase fui além do limite. Eu sabia como machucá-la Tad, eu sabia quais palavras sussurrar e o que aquilo faria com ela. Eu quase fiz!

 

-Não faça! – ele gritou, chacoalhando-a – Me ouviu bem? Não se deixe dominar Faith. Eu não sei porque voltei a me envolver com isso, eu sou um idiota. Um viciado estúpido em poder. Um completo otário.

 

Dripping with alchemy
Shiver stop shivering
The glitter's all wet
You're all chrome

-Qual o segredo Tad? – Faith voltou a abraçá-lo – O que você fez? – as palavras dela eram apenas sussurros no ouvido dele.

 

-Eu estava enlouquecido com a magia Faith, ninguém naquele colégio conseguia me controlar. Não os professores, não o diretor... Eu tinha tudo o que queria... Até as coisas começarem a dar errado – ele continuou sussurrando – Tanta coisa deu errado. Eu não agüentei e comecei a deixar a magia me usar... Eu era isso, essa névoa que agora está cobrindo o quarto todo... Eu era apenas maldade... Eu matei, Faithie – ele tremeu e ela tremeu junto, os dois continuaram abraçados – Eu matei duas pessoas.

 

Off with your head; Dance until you're dead; Heads will roll
Heads will roll
(Yeah Yeah Yeahs - Heads will roll)

N/A - Procura-se beta! Gente a Dóris sumiu, alguém sabe dela???

E agora, a fic: Sim, as coisas estão esquentando bastante e eu prometo que essa temporada vai ser inesquecível. Tive umas idéias incríveis e vou colocar tudo até o última cap, o 22.

Espero que vcs estejam gostando e comentem bastante. Tá um sacrifício arrumar tempo pra escrever, mas é pra isso que servem as madrugadas neh!

bjoooooooooooooo

ps = amo os comentários de vcs. Tiro muitas idéias disso. Então reclamem, ou falem do que estão gostando!

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