Uma Boa Conversa

Cap VII - Uma Boa Conversa

 

Hermione abriu os olhos naquela manhã de sábado parecendo que havia sido nocauteada. Que semana, pensou. A primeira semana trabalhando ao lado dele havia sido puxada. Dois dias almoçaram juntos com Harry e Lisa e nos outros ela inventou desculpas, indo comer um sanduiche em casa na companhia de Bichento.

Rolou na cama tentando esconder-se do Sol que insistia em enviar seus raios para dentro do quarto dela, na direção certeira dos seus olhos. Devia ser umas dez horas e a cabeça de Hermione latejava agora.

Fechou os olhos contra o travesseiro e se arrependeu de ter descontado as aflições da semana naquela garrafa de wisque de fogo e nas taças de vinho. Não, não valia a pena ficar se embriagando, muito menos misturar bebida bruxa com bebida trouxa. Poderia esquecer momentaneamente do que havia se passado, mas no outro dia, além das lembranças, ainda havia a insuportável dor de cabeça.

Ouviu um batido insistente na janela do quarto. Deveria ser uma coruja. Balançou a cabeça vencida e levantou-se olhando-se rapidamente no espelho: estava horrivel, concluiu. A face estava avermelhada e ela tinha a marca do braço no lado direito do rosto, já que dormiu sobre ele.

Os cabelos estavam mais assanhados que nunca e os olhos tinham enormes olheiras ao redor. O corpo parecia ter sido amassado e pisoteado por centauros e ogros montanheses. Resolveu passar o fim de semana em casa. Estava depressiva.

Caminhou cambaleante, a cabeça pesava para o lado e a desequilibrava. Foi ao encontro do barulho que agora entrava em seu cérebro e a agoniava. Afastou um pouco a cortina que estava sobre uma das partes do vidro da janela e rechonheceu Pichi. Abriu a janela apressadamente, não sabia se por curiosidade, por nervosismo ou pelo simples motivo da ave parar de bater o bico no vidro.

A coruja que já não era tão pequena quanto antes, mas tinha a plumagem idêntica a de anos atrás, entrou voando pelo quarto e pousou na escrivaninha de Hermione, estendendo-lhe graciosamente a perna direita, onde havia um pequeno pergaminho.

Olhou para a porta enquanto desamarrava o bilhete e viu Bichento entrar no quarto, esfregando-se carinhosamente em suas pernas e fitando apreensivo a coruja acima de si. Ele subiu então na escrivaninha e sentou-se olhando a dona, bem ao lado da coruja, enquanto Hermione sentava-se na cama reconhecendo a caligrafia.

 

Oi Mione, bom dia.

Estou te recrutando para me ajudar aqui em casa este fim de semana, já que te dei folga a semana inteira.

Estou precisando organizar algumas coisas e ninguém melhor que minha dama para meu socorro.

Trás roupas, então ficamos o fim de semana despreocupadas. Se quiser, trás o Bichento também pra que ele não fique só.

E não se preocupe, não teremos convidadas idiotas esse fim de semana. Ela viajou para visitar a família.

Espero a resposta por Pichitinho.

 

PS: Precisei enviar uma mensagem ao Harry com minha coruja, por isto pedi Pichitinho empretado ao Rony. Não aceito não como resposta.

Gina.

 

Hermione sorriu. Só mesmo aquela louca desmiolada para fazer Hermione sorrir com a dor de cabeça que sentia. Viu seus planos de ficar em casa curtindo sua ressaca junto com a dor de cotovelo ao lado do pote de sorvete de chocolate e flocos e filmes românticos descer pelo ralo.

Respondeu que iria após o almoço, assim teria tempo para tomar uma boa poção contra a ressaca que enfrentava e de se arrumar melhor. Também avisou que levaria Bichento.

Ela deitou-se novamente em sua cama após liberar a ave. O corpo pesado e o desejo de permanecer ali para sempre eram envolventes, mas tinha obrigações de dama de honra para cumprir, e não poderia deixar a melhor amiga a mercê neste momento.

Levantou-se e caminhou moribunda até a cozinha. Preparou uma poção para melhorar sua dor de cabeça e a aparência. Bebeu e cerca de 2 minutos depois correu desesperada até o banheiro, onde vomitou tudo o que a entalava durante toda a semana. Tomou um banho quente e ao fitar-se no espelho, achou que já estava com a aparência bem melhor.

Voltou a cozinha ainda de roupão e comeu uma maçã sentada á mesa de quatro cadeiras olhando o horizonte que havia em sua frente: a geladeira. Sentiu novamente Bichento em suas pernas e abaixou-se um pouco para acarinhar o gato de rabo de bandeira.

Seguiu para o quarto um pouco mais animada, pegou as primeiras mudas de roupas que viu na gaveta do roupeiro e colocou junto com dois livros que estava lendo e a roupa de dormir em uma bolsa estendida magicamente. Adorava este feitiço, era tão cômodo.

Jogou ainda na bolsa desodorante, perfume, uma sandália mais arrumada e um sapato, caso precisassem sair. Separou um batom e um gloss e uma escova de cabelos. Separou ainda uma toalha felpuda, escova de dentes, shampoo, fio e creme dental e cinco conjuntos de peças íntimas.

Fazia um pouco de calor, então colocou um short curto num tom bege clarinho com uma faixa nas pernas, estilo balonê junto com uma camiseta pink sem mangas e jogou um cardigan cinza por cima.

Calçou sandálias baixinhas. Colocou Bichento na gaiolinha de transporte, guardou as comidas e potes do gato na bolsa, colocou a varinha no bolso do short e saiu do apartamento, para aparatar na rua.

Desaparatou no gramado verde da Toca e de longe viu a casa torta magicamente colocada de pé e mais para o lado um Weasley, que ela pensou que havia viajado também, ajudando o pai a colocar comida para os porcos.

Por que ele tinha que estar aqui? E ainda por cima, sem camisa? Hermione colocou o gato e a bolsa no chão e tirou o cardigan. Sentia ainda mais calor que antes agora. Pegou novamente o gato e a bolsa e foi em direção ao portão de madeira. Arthur a viu primeiro e avisou a Rony que veio correndo ao seu encontro, e com um sorriso abriu o portão para que ela passasse.

- Oi Mione!

- Olá Ronald.

- Quer que eu te ajude?

- Não precisa, obrigada - Hermione trocou poucas palavras com o ruivo. O peito desnudo, o suor escorrendo fazendo o corpo brilhar sob o sol, o cheiro inebriante... Precisava sair dali imediatamente - Olá senhor Weasley - Arthur assenou e a garota rumou para dentro da casa como uma flexa sem ao menos olhar pra trás.

 

Entrou pela cozinha, como era de costume, e lá encontrou Molly preparando alguma coisa. Cumprimentou a senhora que avisou que Gina a esperava no quarto. Hermione soltou Bichento e subiu com a bolsa e a gaiola do gato agora vazia. Bichento sempre adorou a Toca, principalmente os gnomos do jardim.

 

- Olá Gina! - ela entrou após bater na porta.

- Oi Mione. Que bom que chegou. Temos muitas coisas para fazer esse fim de semana.

- E o que pretende? - Hermione falou sentando-se na cama da amiga.

- Primeiro, vamos te instalar.

- Como assim? - Hermione parecia assustada - Não vou dormir aqui?

- Ah não. A mamãe achou que seria mais confortável para você dormir em um quarto sozinha.

- Mas eu gosto de dormir com você...

- Eu sei, mas a mamãe prefere assim. Meu quarto está apinhado de coisas do casamento, como você pode ver, e mal tem espaço pra mim.

- E onde vou ficar? - Hermione perguntou receosa.

- Ah... No quarto do Jorge - Gina respondeu normalmente - Ele está morando em cima da Logros agora e o quarto está vago.

- Mas logo naquele? - Hermione tremeu e Gina sorriu marota. O quarto ficava no mesmo andar que o de Rony.

- Qual o problema Mione?

- Por que não fico no quarto do Percy, que é aqui do lado do teu?

- Porque o quarto do Percy foi magicamente fechado e só ele tem o feitiço. Sabe como ele é, não sabe? E antes que você questione, o quarto do Gui e do Carlinhos estão cheios de bugingangas da Logros, então, ao menos que você queira dormir no quarto do Rony, que é o único que ainda cabe uma cama, durma no do Jorge.

- Tudo bem. Não tenho escolhas mesmo...

- Vamos então.

 

O quarto estava totalmente mudado. Estava com as paredes brancas, a cama estava feita e havia uma cômoda no canto da parede onde Hermione poderia colocar as suas coisas. Passou uma tarde tranquila organizando algumas listas com Gina e eventualmente ajudando Molly no que era necessário.

Jantaram todos juntos. Foi nesse momento onde encontrou-se com Rony, mas o jantar foi agradável sem a presença da namorada desagradável. Harry estava presente no jantar e todos conversaram animadamente, contando novidades e as aventuras que passaram distintamente.

Sentaram-se depois em frente a lareira que estava apagada, e enquanto Harry e Rony jogavam xadrez bruxo, Molly tricotava, Arthur lia seu jornal e Hermione lia um de seus livros enquanto dava sujestões sobre vestidos ou perguntas feitas por Gina.

Estava se sentindo bem e embora precisasse dividir o mesmo espaço com o ruivo, estavam conseguindo se portar de forma civilizada, o que Hermione gostou muito. Gina, vez ou outra, sorria satisfeita para a amiga, o que fazia com que ela avermelhasse a face, já que sabia muito bem do que a amiga sorria. E tudo estava tranquilo até aquele momento, onde a voz de Rony se fez ouvir em um grito direcionado a Hermione.

 

- TEM UM GNOMO NA BOCA DO TEU GATO MIONE - O alvoroço foi geral. Não gostavam de gnomos no jardim, muito menos dentro de casa. Eles sempre aprontavam algo quando conseguiam entrar.
 

Hermione assustou-se e adiantou-se para Bichento, que assustando-se soltou o gnomo e correu por cima do xadrez, derrubando todas as peças. Arthur e Molly levantaram-se de um salto e foram em busca do gnomo com Harry e Gina enquanto Hermione tentava inutilmente acalmar o gato que se assustava ainda mais com os gritos de Rony e corria por toda a sala derrubando móveis, livros, taças e copos, bagunçando a casa que há pouco estava calma.

- HERMIONE - Rony berrou irritado - SEGURA ESSE GATO.

- EU TÔ TENTANDO RONALD - ela berrou em resposta - Calma Bichento, vem cá - mas Bichento não ia e se assustava com cada novo passo que Rony dava.

- GATO IDIOTA - ele ralhou - DERRUBOU TODO O JOGO.

- NÃO CHAME MEU GATO DE IDIOTA RONALD - ela ralhou junto.

- ELE DESTRUIU A MINHA JOGADA...

- TALVEZ SE VOCÊ NÃO GRITASSE TANTO ELE NÃO TIVESSE SE ASSUSTADO.

- AH... - ele gritou alto - PEGA LOGO ESSE GATO HERMIONE

- JÁ FALEI QUE ESTOU TENTANDO - ela gritou ainda mais indignada - E NÃO ME DÊ ORDENS.

 

As vozes estavam em um tom assustadoramente alto agora. Hermione tinha os lábios cerrados e sentiu raiva quando viu que Bichento foi pra cima de uma estante depois dos últimos gritos. Sentiu ainda mais raiva ao ver que não alcançava e que Rony, se não fosse tão ignorante, o pegaria sem problemas.

Olhou para Rony e bufou indignada. Andou em silêncio com passos pesados e foi até a cozinha, onde pegou uma cadeira. Voltou e fitou o ruivo que agora estava sentado no sofá com cara de poucos amigos, ainda em silêncio .

Hermione bufou novamente e colocou a cadeira de frente para a estante. Rony ficou atento a cada passo dado pela morena e assustou-se quando ela subiu na cadeira, ficando às vezes na ponta dos pés tentando pegar o gato que se esquivava cada vez mais.

 

- Tudo bem Bichento, àquele trasgo não vai te fazer mal - Hermione falava com o gato referindo-se a Rony e enquanto o ruivo a olhava indignado, mais o gato afastava-se.

Ela sentia tanta raiva que esqueceu-se que usava vestido e que na posição que estava era vista fácil para o ruivo enraivecido, que como ela também, nem atentou a esse detalhe.

- Gato burro - Rony ralhou e Hermione bufou. Sentiu o sangue esquentar e virou-se sobre a cadeira para encará-lo enquanto respondia a afronta.

- Não chame meu gato de burro - mas ela se desequilibrou e assustou-se. Sentiu o corpo pender para a frente e não tinha onde se segurar. Rony apenas levantou-se com o intuito de protegê-la da queda e ao pegá-la nos braços, desequilibrou caindo de costas no chão, Hermione sobre ele. 

- Continua desastrada senhorita sabe tudo! - a voz de Rony saiu agora num sussurro gutural, o sorriso de canto estampava seu rosto e deixava Hermione envergonhada.

- Só quando estou perto de você! - Hermione respondeu no mesmo tom.

 

Se olharam e o mundo pareceu parar. Estavam numa posição nada propícia e conseguiam sentir os corpos um do outro. Rony a olhou e quando tentou aproximar o rosto da garota, ouviram um barulho de pulo que os fez olhar para o lado.
 

Bichento finalmente descera do armário e acariciava com o corpo e o rabo os dois jogados no chão. Ela sentiu que o vestido subiu e as mãos do ruivo estavam entre sua cintura e seu quadril. Ela assustou-se com a situação, mas eles se olharam novamente depois de repararem no gato e não fizeram nada além de sorrir da situação em que se encontravam.

 

- Meu Merlin, o que houve? - Molly entrou na sala correndo, sendo seguida por Arthur. Eles apenas conseguiram rir ainda mais um do outro enquanto levantavam-se.

- Estão bem? - Arthur perguntou alarmado ao ver os dois jogados no chão.

- Eu estou - Hermione falou ainda sorrindo - O Rony amorteceu minha queda!

- Você caiu? - Artur preocupou-se.

- Não foi nada demais senhor Weasley - Hermione respondeu ainda sorrindo enquanto Rony se levantava.

- E você meu filho, está bem? - Molly perguntou.

- Estou bem mãe - ele respondeu brincalhão - Sorte que a Mione é pequena, senão estaria morto agora. Totalmente esmagado - ele fez uma cara torta e sorriu.

- Não exagera Rony - Hermione ralhou ainda animada.

- Que bom que estão bem - Gina se fez ver. Estava animada juntamente com Harry ao presenciar a cena.

- E então? - Hermione perguntou recompondo-se - Encontraram o gnomo?

- Não - Molly perguntou - Ele sumiu.

- De certo deve ter fugido - Artur adiantou-se.

- Ah meu Merlin... - Gina gritou.

- O que houve? - Molly, Harry e Mione perguntaram juntos

- Minha revista... Minha revista, estava aqui - Gina jogava as almofadas pra cima bagunçando ainda mais a sala.

- Mas o que foi? - Rony perguntou sem entender muito bem o que acontecia agora.

- Minha revista sumiu - ela tinha os olhos marejados.

- É só uma revista meu amor - Harry aproximou-se da ruiva - O gnomo deve ter levado.

- Não é só uma revista Harry - ela respondeu chorosa.

- Gina,  me desculpe - Hermione adiantou-se para a amiga - Não imaginei que o Bichento fosse dar tanto trabalho.

- Não precisa pedir desculpas Mione - Gina falou sincera - Ele é só um gato seguindo seus instintos.

- Por que então você não compra outra revista, ou conjura uma? - Rony perguntou ajeitando-se no sofá revirado.

- Porque o problema não é a revista ter sumido - Gina falou séria e chorosa - Dentro dela, havia uma página marcada com a amostra do tecido do meu vestido. É um tecido especial e eu suei para conseguir àquela amostra - a ruiva tinha os olhos embargados.

- Vamos encontrar Gina, palavra de dama de honra - Hermione falou - Deve estar escondido em algum lugar. Vamos procurar.

- Que tal deixarmos para procurar amanhã? - Harry sugeriu - Já está tarde e estamos cansados. Dormimos e amanhã, bem descansados e dispostos nós procuramos.

- É! - Rony continuou - Colocamos a Toca de cabeça para baixo se for preciso. Nem que eu tenha que ameaçar a colônia de gnomos do jardim.

- Vocês tem razão - Gina disse convencida ao sorrir da piada do irmão - Procuramos amanhã então.

- Eu volto bem cedo amanhã, tudo bem? - Harry perguntou e Gina assentiu - Até amanhã então - o moreno beijou a noiva e despediu-se dos demais, saindo em seguida e desaparatando.

- Vou me deitar também - Gina tinha o semblante triste - Boa noite.

- Então vamos - Arthur adiantou-se.

- Vocês não vem? - Molly perguntou aos dois que ficaram.

- Já vou subir, sra Weasley - Hermione respondeu - Mas antes preciso alimentar o Bichento e arrumar essa bagunça.

- Não se incomode minha querida - Molly continuou.

- Eu faço questão. Não se preocupe - Hermione respondeu graciosa.

- Eu vou ajudar, afinal, metade da culpa é minha mesmo - Rony respondeu o olhar da mãe.

- Boa noite então. E não demorem.

- Er... - Rony passou a mão na nuca sem jeito depois que a mãe sumiu da sala - Desculpa por ter chamado o teu gato de burro.

- Tudo bem Rony - a moça falava enquanto alimentava o gato - Mas que isto não se repita. Bichento não é burro, apenas se assustou.

- É! E por minha culpa, né?

- Foi sim - ela levantou-se - Pode ir dormir se quiser, eu vou arrumar essa bagunça.

- Nada disso - ele falou - Eu fui o maior causador desse desastre, então é minha obrigação te ajudar.

- Certo - ela disse - Vou apenas terminar aqui com o Bichento e já vou te ajudar.

 

Rony quis ficar ali e ajudá-la, mas em sua cabeça ele teve uma ideia melhor. Foi para a sala e pegou a varinha. Não era o melhor em serviços domésticos, mas dava para o gasto. Quando Hermione voltou para a sala, ela apenas se surpreendeu.

 

- Nossa Rony, eu ia te ajudar.

- Tudo bem. Você estava lá com o Bichento - ele falou encabulado - Não está lá grande coisa, se quiser melhorar com o toque feminino - Hermione sorriu e com um aceno da varinha, apenas aperfeiçoou o que Rony já havia feito.

- Está ótimo - ela falou alegre - Obrigada pela ajuda.

- Tudo bem, que tal um chocolate quente?

- Acho que vou aceitar sim... - Hermione sorriu e Rony sentiu as entranhas se remexerem.

 

…

 

- Desculpa de novo pelo Bichento - Rony falou entre um gole e outro.

- Acho que não é pra mim que você tem que pedir desculpas - Hermione falou divertida olhando para Bichento.

- Bichento - ele começou e o gato o fitou - Foi mal ai! - Hermione riu.

- E como vai a Lisa? - Rony ficou vermelho ao ouvir o nome.

- Está bem.

- Pensei que ela estaria aqui.

- Ela precisou viajar. Resolver alguma coisa com a família dela.

- É. Só amando muito para deixar tudo para trás assim...

- Ela fez isso porque quis. Nunca forcei ela a nada.

- Acredito - Hermione tomou outro gole - E como se conheceram?

- Bem - Rony fez uma pausa para beber também - Nos conhecemos desde o início do curso. Todos falavam que ela se interessava por mim, mas eu nunca dei muito crédito. Então, há uns meses atrás houve uma comemoração na sede de treinamentos e eu acho que bebi mais do que devia.

“Quando eu acordei no outro dia estava na casa dela, e você deve imaginar em quais circunstâncias - Hermione assentiu envergonhada - Então conversamos, me desculpei e tudo ficaria bem se ela não tivesse descoberto que estava grávida”

- Ela está grávida? - Hermione sentiu as forças morrerem.

- Estava - Rony foi certeiro.

- Estava?

- Sim. Eu assumi minha responsabilidade e começamos a namorar em seguida. Depois de dois ou três meses nos casaríamos, mas durante um treinamento eu acertei a Lisa sem querer com um Alarte Ascendere e ela perdeu a criança depois da queda que sofreu.

- Rony, eu... Eu sinto muito.

- Foi bem complicado. Me senti culpado por aquilo tudo, e de certa forma, ainda me sinto assim. Eu sei que ela não deveria estar treinando, mas ela é cabeça dura, e o feitiço era pra outra pessoa, só que na hora ela se desequilibrou com o auror que ela treinava e se virou bem na frente do feitiço. Foi tudo muito rápido.

- Mas se foi assim, você não tem culpa de nada Rony, foi um acidente.

- É o que eu ainda estou tentando colocar na minha cabeça. Depois disso eu não consegui mais terminar, entende?

- Claro que entendo, e sinto muito Rony. Você deve ter sofrido muito - Hermione colocou a mão sobre a mão de Rony e os olhos se encontraram novamente - Eu sei como você sempre desejou ter uma família grande, filhos...

- É... Foi difícil, mas eu acho que foi melhor assim.

- Por que?

- Porque eu não sei se estava preparado pra ser pai.

- Mas você sempre quis ter filhos Rony, claro que estava preparado.

- Mas não era com ela que eu pretendia ter uma família - Hermione sentiu um nó na garganta e retirou a mão ao sentir o toque das mãos de Rony - E você? Como conheceu o Philip?

- No Ministério - ela tomou mais um gole - Tivemos uma semana de eventos no Ministério e eu fui escalada para dois dias de palestra. Aproveitei para falar a respeito da Lei dos Elfos e o Philip participou. Se mostrou bem interessado e começamos a sair depois disto.

“Depois de um tempo, eu nem sei como, estávamos namorando, mas não deu certo. Embora tivéssemos muito em comum, era como se faltasse alguma coisa, sabe? Ele não me completava, então eu achei melhor conversarmos e decidimos terminar o relacionamento e manter a nossa amizade.”

- E você teve mais namorados além dele?

- Sim - Hermione corou - Não muitos, mas tive.

- E por que terminou?

- Talvez não tenha encontrado a pessoa certa - ambos ficaram em silêncio.

- Hermione - Rony estava vermelho - Eu quero te perguntar uma coisa.

- Pergunte - Hermione sentiu a espinha gelar.

- O que você sente por mim?

- Eu? - ela sentiu-se constrangida - Você é meu amigo Rony, eu gosto de você.

- Você entendeu o que eu perguntei.

- E você entendeu o que eu respondi. É melhor irmos dormir, está ficando tarde.

 

Hermione levantou-se de onde estava e saiu. Deixou Rony ainda sentado com as sensações de dúvida na cabeça. Não sabia o que pensar, não entendia o que estava acontecendo. Não sabia o que se passava na cabeça de Hermione, mas estaria disposto a deixar tudo de lado se ela apenas falasse.

 

 

 

OoO

  

 

Eliana de Albuquerque Lima Nem se preocupe que o bonitão já está a caminho... Mais perto que você possa imaginar. E sobre  fic As Coisas Como Elas São postarei em breve. Estou fazendo ela junto com meu marido e agora ele está meio que atarefao demais no trabalho, mas assim que ele for liberado, eu volto a postar. Beijão!

Lana Sodré huahuahuahuauhahuaahu E quem manda no pedaço é ela mesmo... :P E essa do dragão adormecido eu ví uma vez em um filme que eu não lembro qual é, mas acho totalmente real. E sobre os looks, vou ficar usando com imagens. Peguei a dica de uma escritora aqui da FEB Três Chances para o Amor... Esperando atualizações :P

 

 

 

Cenas do próximo capítulo

- Até mais Rony... - ela saía, mas sentiu o braço ser apertado.

 

- Tem medo de mim, Mione?

 

- Não. De você não... - ela olhou para o braço e Rony a soltou.

 

- Então do que? - ele perguntou novamente.

 

- De mim. Até mais.

 

 

 Look de hoje... Mas sem o chapéu

 

 

Beijocas

 

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