Rabiscos



Rony abriu os olhos ainda sonolento. A luz já entrava pela janela e ao virar a cabeça para o lado, percebeu que era o único que ainda estava no quarto. Era sábado, poderia ficar deitado até mais tarde.


Levou as mãos aos olhos no intuito de acordar mais rapidamente, fitou o malão ao lado da cama, pegou uma muda de roupas, a toalha e rumou para o banheiro do dormitório. Queria tomar banho e acordar de uma vez. Não sentia muita vontade de descer e tomar café, ela estaria lá esperando por ele, e ele não estava mais aguentando a situação.


Abriu o chuveiro e deixou que a água escorresse em seu corpo. Se perdeu imaginando que ideia de girico foi aquela que teve ao beijar Lavander. Estava irado com Hermione, era verdade, mas irado por uma coisa que já havia passado há muito tempo. Ela beijou o Krum - ele socou a parede - Você é um estúpido Weasley, e agora tem que ficar aguentando a Lavander te agarrando, te chamando de Uon-Uon e fazendo a Mione ficar a cada dia mais longe de você.


Desceu as escadas um tanto desnorteado. Ainda no alto da escada procurou com os olhos os olhos castanhos que queria encontrar, mas era mais do que obvio que ela não estaria ali. O estava evitando, era fato. Desde o episódio com os pássaros ela mal lhe dirigia a palavra, estava realmente magoada, sem motivos, afinal, não eram nada além de amigos.


 


- Ah, Uon-Uon, bom dia. - A loira jogou-se nos braços do rapaz assim que o avistou e iniciou imediatamente a sessão meleca que estava enjoando Harry.


- Lavander, eu vou tomar café, está bem?


- Claro Uon-Uon. Vou com você.


- Não precisa. Preciso conversar com o Harry.


- Como assim? - A garota pareceu ofender-se.


- Eu preciso conversar com o Harry em particular, depois nos falamos - a garota bufou, virou-se e saiu. Rony aproximou-se do amigo que estava sentado na poltrona em frente a lareira e o chamou.


Desceram até o salão principal e por sorte Rony conseguiu encontrar alguma comida. Harry percebeu que algo estava errado neste momento. O amigo apenas beliscava a comida fitando sem muito ânimo o prato de salsichas com bacon.


 


- O que você tem Rony?


- Eu...? Nada.


- Ta bem. Conta outra...


- Ah cara. Não aguento mais a Lavander...


- Ah... Certo.


- Ela é muito grudenta, não sai de perto. Estou de saco cheio.


- Fala com ela. Conversem e se acertem...


- Me acertar? Não quero me acertar. Preciso terminar com essa palhaçada, mas ela não me dá chance.


- Cara, eu não sei mesmo como te ajudar.


- Ela podia conversar mais, sabe? Ser menos tagarela e ter mais assunto sobre o qual conversar. Ela não lê um livro, não a vejo escrevendo nada, tudo o que ela quer é ficar enroscada no meu pescoço.


- Cara, acho que você é o único garoto daqui que não gosta de ter uma garota enroscada em você.


- Mas é que ela... Me irrita.


- Certo... Então termina logo com ela.


- E como eu faço?


- Ai eu já não sei.


- Se pelo menos a Mi...


- Como?


- Nada.


- O que tem a Mione?


- Ah... Er... Se... Bem... Se pelo menos ela falasse comigo, poderia me ajudar.


- Acha mesmo que a Mione te ajudaria com isto?


- Não, mas... Sinto falta dela, sabe?


- Sei...


- E eu não entendo porque ela ficou tão chateada de eu ter ficado com a Lavander.


- Nem eu...


- Somos amigos, não somos?


- Sim


- Então... ela deveria ter ficado feliz por mim, não é?


- Acho que sim.


- Queria falar com ela.


- E por que não fala?


- Pra ela me atacar? Já viu o jeito que ela me olha?


- É... Já sim...


- E o pior é que eu nem sei por quê.


- Pergunta pra ela então.


- Você tá louco? Quer que ela me estupore?


- Só acho que vocês precisam conversar.


- Eu sei. E preciso terminar com a Lavander...


- Mas porque você começou se não gostava dela? Quer dizer... Nunca os vi nem ao menos conversarem e de repente do nada estão se beijando e no outro dia namorando... Não entendi.


- Nem eu sei o porquê.


- Não teria sido... Er... Por causa da Mione?


- O que? Você ta louco? Por que seria por causa da Mione?


- Cara, eu não sou ninguém pra falar, mas acho que você deveria parar um pouco pra pensar nas coisas.


- Como assim?


- Depois conversamos, preciso encontrar a Gina.


- Cuidado com minha irmã Potter.


- Tudo bem. Você vem?


- Não. Vou voltar pro quarto. Depois eu desço.


- Até depois então.


 


Rony então voltou para o quarto. Continuava cabisbaixo e sentia-se pior que antes. Precisava dar um jeito nesse namoro chato com a Lavander. Precisava voltar a falar com a Mione. Sentia sua falta. E como sentia. E se fosse a Mione sua namorada? Tudo seria realmente perfeito. Mas ela jamais iria querer um idiota como Ronald Weasley, não mesmo.


Disse a senha para a mulher gorda que lhe deu passagem em seguida. Sentou por um momento em sua poltrona preferida e concentrou-se em olhar as brasas que ainda existiam na lareira. Sentiu-se deprimido e rumou para seu quarto.


Sentou-se na cama e em seguida deitou-se. As mãos sob a cabeça e os olhos fitando o teto. Perdeu-se em seus pensamentos. Como era linda. Hermione tornara-se perfeita. Estava a cada dia mais linda... Mais perfeita.


Sentou-se novamente na cama. Fitou uma pena e pergaminhos sobre a escrivaninha de Harry. Pensou em escrever o que sentia. Seria uma boa forma de entender o que se passava em sua mente. Isto mesmo, vou escrever uma carta. Uma carta para Hermione.


Pegou o pergaminho e a pena, aproximou-se da janela do quarto, sentou-se fitando algumas árvores e o lago do lado de fora. Suspirou, molhou a pena no tinteiro e começou as suas explicações. Sua carta.


 


O que tem acontecido comigo? Eu realmente não sei. Queria conseguir entender por que me sinto assim e por que faço tantas besteiras.


A primeira e maior besteira da minha vida foi não a ter convidado para o baile. Àquele baile infernal. Foi naquele baile onde tudo começou, onde percebi que acontecia alguma coisa.


Ela estava tão incrivelmente linda naquele vestido, daquele jeito, e estava tão perfeitamente bela daquela forma, dançando, sorrindo, mesmo que não fosse comigo.


Ah que vontade que eu senti que bater naquele búlgaro idiota. Sim, tive vontade de socar a cara dele até amassar inteira. Socar com minhas próprias mãos, á moda trouxa, mesmo ele sendo bem maior que eu na época. Mas me controlei. Sim, me controlei e provavelmente estraguei a noite dela, porque quando fui embora depois de falar um monte de besteiras, ela ficou lá, chorando. E eu nem fui homem o suficiente para voltar lá e lhe pedir desculpas. Sou mesmo um legume insensível.


A segunda maior besteira foi esse namoro estupido com a Lavander. Sim, uma idiotice da minha parte que tenho que dar um jeito. Mas que jeito? Não sei mesmo. Tudo porque fiquei irritado quando descobri que ela havia beijado àquele búlgaro imbecil. Sempre ele se metendo no meu caminho. Mas está certo, por acaso você imaginou que ela poderia gostar de você? Nunca. Não mesmo.


Queria mesmo era estar namorando com ela. Sentindo seu cheiro, provando do seu beijo. Por que tenho que ser tão idiota? Ela sempre esteve do meu lado. Sempre me encorajou. Sempre me ajudou e eu fiz o que? A irritei... Sempre e sempre... Intragável.


Queria tanto que ela sentisse por mim o que eu sinto por ela, seria a realização do meu sonho. Sim. Seria perfeito. Seria feliz. Mas ela é perfeita demais pra mim. Jamais amaria um idiota como eu.


A terceira, e sem dúvidas, a maior de todas as besteiras que já cometi na minha vida é não assumir de uma vez que a amo, que tudo o que faço de errado é porque não consigo controlar o ciúme que tenho, o desejo de estar ao lado dela.


Como queria ser corajoso o suficiente e a convidar para o baile que não fomos, dançar com ela a dança que não dançamos, tocar seus lábios, abraça-la, sentir seu corpo e sonhar com o cheiro maravilhoso que os cabelos dela tem.


Sim, eu admito ao menos para mim mesmo que a amo. E como amo.


 


Rony suspirou profundamente e olhou novamente pela janela. Balançou a cabeça tentando afastar os devaneios e percebeu que não se enganara. Ela estava ali, sentada sob a árvore de fronte a sua janela. Onde estava dava para vê-la perfeitamente.


Tinha os cabelos amarrados em um rabo de cavalo. Usava uma bermuda na altura dos joelhos e uma camisa de lã com mangas compridas. Os pés estavam sem sapatos, em contato com a grama e ela lia concentrada um livro de capa escura.


Pensou como adoraria ser aquele livro, aquela grama ou mesmo aquela árvore. Como a amava, amava de uma maneira tão intensa que chegava a doer. Doía não poder estar ao seu lado, doía não poder tocá-la... Doía até mesmo o simples fato de não mais discutir com ela. Sentia sua falta. A amava. Precisava concertar as coisas. Precisava dela.


 


Sim. Preciso de você, Hermione. Preciso muito de você. Eu amo você.

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Comentários (4)

  • Maiara Weasley

    Cara ficou perfeito vc e GENIAL *_______________________________*

    2014-02-07
  • Lana Silva

    Awwww *-* que lindo. O Rony finalmente se dando conta de que ama a Mione, bem acho que esse é a parte mais dificil de se apaixonar você expressar seus sentimentos é complicado, e bem como é Ron e Hermione essa é a maneira deles, acham que um vai entender que gosta do outro brigando.  Eu amei o capitulo, ele aceitou já a burrice que foi namorar com Lavander.

    2012-07-06
  • willi santana

    eu adoro esse momento de aceitação de sentimentos do Ron, é incrível como ele precisou manorar outra garota e magoar a si mesmo e a Mione pra enterder o que sentia tão complicado e tão mágico! amei!!

    2012-07-02
  • Eliana de Albuquerque Lima

    Por favor não demore a postar o próximo capitulo.

    2012-07-02
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