O Motivo

O Motivo

Ronald sentiu um leve puxão na barra de sua calça, mas não acordou. Um novo puxão seguiu ao primeiro, mas desta vez mais forte.

- Hãn... sim? – perguntou ele ainda parcialmente dormindo.

- Papai? Papai? – chamou uma voz distante – Papaaai!

- Não é assim Hugo – outra voz falou – Tem que ser delicado!

Ronald sentiu então o colchão ceder em um dos lados onde alguém subia.

- Papai? – a voz perguntou de novo, mas desta vez em seu ouvido – Papai?

- Não deu certo! – falou a voz para a outra – E agora?

- Sei lá! – respondeu a segunda.                  

Ronald ouviu então a voz ao seu ouvido sorrir e em menos de um minuto sentiu algo caindo sobre si. Ele abriu os olhos assustado e percebeu que seu filho mais novo acabara de pular em cima dele.

- Oi papai! – disse o ruivinho lhe sorrindo.

Ele sentiu vontade de rir, mas se controlou.

- O que vocês estão fazendo aqui?

Rose também subiu a cama fazendo – como Ronald costumava dizer – cara de Hermione.

- Sabe o que é? O Hugo tá com medo de dormir lááá no quarto só comigo...

- Eu não! – respondeu o menor – Tu que disse que podia ter bicho papão no guarda roupa!

- Não disse não!

- Disse sim!

- Não disse não!

- Disse sim!

- Não!

- Sim!

A ruivinha lançou língua para o irmão antes de persistir.

- Não disse não!

O ruivinho também insistiu.

- Ela disse sim papai!... papai?

Tudo que Hugo obteve como resposta foi um sonoro ronco.

Os irmãos se fitaram e sorriram, e desta vez Ronald sentiu um peso bem maior cair sobre si.

- Au! – reclamou – O que deu em vocês?

- A mamãe sempre nos conta uma história antes de dormir – explicou Rose – e só sai do quarto quando já estamos dormindo – completou queixosa.

- Eu sei meu bem – o pai respondeu se sentando a cama e colocando cada filho de um lado – Mas a mamãe está viajando. Não vai poder contar uma história hoje. Amanhã ela conta tá bom?

- Não! Tem que ser agora! – falou o ruivinho.

- Rose, por que você não lê um dos seus livros para vocês?

- Aahhh pai, já li todos – disse a ruivinha tediosamente – mais de uma vez.

- E os livros dela só falam de príncipes e beijos! Eca!

Ronald riu dos filhos.

- E o que eu posso fazer?

Os rostinhos das crianças se iluminaram.

- Conta uma história? – perguntaram os dois em coro.

- Hum... querem ouvir a da Babit, a coelhinha saltitante? Ou talvez a do Mago e o Caldeirão?

- Nããão papai! – falou Rose – mamãe já nos contou essas também.

- Então que história eu vou contar? – perguntou o ruivo.

- Já sei papai! – Exclamou Hugo extremamente feliz por dar aquela sugestão – Por que o senhor não inventa?

- Inventar?- ele franziu a testa.

Os filhos balançaram as cabeças confirmando.

- Hum... – Ron pensou na enrascada em que se metia – Deixem-me pensar...

O pai então encostou o corpo nos travesseiros e puxou os filhos para si.

- Papai? – chamou Rose.

- Sim?

- Pode ter um príncipe e uma princesa na história?

- Pode sim querida...

- E um beijo?

- Claro.

Ron viu o filho fazer cara de nojo.

- E você Hugo? O que vai querer na história?

- Um monte de monstros assustadores – o ruivinho se empolgava – e um bruxo beeeem malvado.

- Ok – respondeu Ron, mesmo sem ter idéia do que iria falar – Bom...

Ele resolveu começar pelo básico.

“Era uma vez...

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