Truth Overwhelming

Quando finalmente terminei de limpar todo o chão da sala de troféus, as taças brilhavam de tão limpas depois de Lily esfregá-las incansavelmente.

– Hum, você limpa bem melhor do que Albus - ela comentou ao caminhar pela sala encarando o chão analiticamente. - Ele não consegue varrer um metro sem ter de sentar em algum lugar e fingir que passa mal - balançou a cabeça.

Ri, mesmo que sentisse um pouco de dor de cabeça por tê-la ouvido falar interminavelmente por várias horas. Era realmente impressionante o quanto ela conseguia falar sem precisar respirar. Dava até para pensar que ela era algum tipo de ser diferente. Não que isso fosse muito improvável...

Então, ela soltou o pano úmido dentro do balde que eu segurava e depois me encarou seriamente, parecendo pesar o que iria falar.

Lily suspirou.

– Olha, eu sei que nós nem nos conhecemos direito, mesmo você passando a maior parte das férias lá em casa, e também sei que você não vai muito com a minha cara - revirou os olhos. - Eu também não vou muito com a sua... Enfim, mas eu sei que você é o melhor amigo do Albus e sei que ele fala as coisas para você... - deu de ombros e eu fiquei extremamente impaciente.

– Fale de uma vez! - reclamei ao perceber que ela continuaria enrolando eternamente antes de falar o que realmente queria.

Ela estreitou os olhos pela minha interrupção, mas continuou.

– Eu quero saber o que está acontecendo com o meu irmão - ela disse e eu arqueei uma sobrancelha. - Quero dizer, ele anda todo estranho, nem faz tantas piadinhas estúpidas, não que isso seja ruim, para falar a verdade eu prefiro, mas é atípico. Eu sei que tem algo errado com ele, porque ele não é assim! - ela bateu um pé impacientemente. - E eu sei que você sabe o que ele tem, então me conte!

Não pude negar que fiquei comovido com a preocupação dela com o irmão, mas o tom mandão com que falava me fez implicar. Pelo menos um pouco.

– E se eu não quiser te falar? - perguntei, sorrindo ironicamente à ela. Novamente Lily estreitou os olhos, mas desta vez eles brilhavam com raiva e perigo.

Um pouco intimidador.

Lily sacou a varinha do bolso interno das vestes e apontou-a para mim.

– Eu te transfiguro em uma doninha - ela sorriu ao ver minha expressão de desgosto. - Minha mãe me disse que seu pai ficou um amor, talvez seja genético e você fique mais bonito - ela piscou maldosamente. Tive de desistir.

Eu realmente não queria saber como ficaria se fosse uma doninha.

Suspirei.

– Olha, se o Albus não te contou é porque... - mas ela balançou a varinha ameaçadoramente em minha direção. - Okay, eu falo - bufei. - O Albus está gostando de uma garota que não está nem ai para ele - disse tudo rapidamente, sentindo-me um traidor por falar sobre aquilo.

Lily arregalou os olhos e me encarou incredulamente enquanto guardava a varinha.

– Então é isso? Eu pensei que fosse porque os elfos pararam de fazer torta de fígado - ela comentou e eu balancei a cabeça.

– Não, é por causa de uma garota mesmo... - então eu me dei conta do que ela havia falado. - Opa, espera ai, os elfos pararam de fazer torta de fígado? - perguntei absolutamente pasmo e horrorizado. Torta de fígado era simplesmente uma das melhores comidas do mundo.

– O ministério decretou que a torta tem muitas calorias e que engordar demais é prejudicial para a saúde mental, o que interfere nos estudos - ela revirou os olhos. - Eles não sabem mais que leis fazerem - balançou a cabeça e voltou a me encarar. - Mas então, o que você pensa em fazer?

Pisquei algumas vezes, sem entender sobre o que ela estava falando.

– Como? - perguntei arqueando uma sobrancelha. - Fazer sobre o quê?

Lily pôs as duas mãos na cintura e me encarou como se eu fosse algum tipo de deficiente mental.

– Fazer sobre a situação de Albus! Não podemos simplesmente deixá-lo definhar eternamente por causa desses sentimentos infrutíferos que ele guarda - ela me disse e eu fiz uma careta.

– Precisava usar todo esse monte de palavra para dizer que ‘precisamos fazer alguma coisa’? - meu tom de voz era um pouco mais sarcástico do que pretendia, talvez por isso ela tenha dado um tapa em meu braço.

– Imbecil - disse e começou a caminhar em direção à porta. - Vou pensar sobre o assunto e quando tiver um plano você será informado - jogou os cabelos e saiu da sala.

Não tive muito tempo de pensar antes de ver Filch entrar mancando na sala, encarando tudo minuciosamente à procura de algo que pudesse usar contra mim. Aparentemente não encontrou nada porque me encarou com asco e disse:

– Se manda daqui garoto!

Voltei para minha sala comunal, sentindo-me zonzo - de tanto ouvir Lily falar -, sentindo-me culpado - por ter ignorado AGD -, confuso - por ter beijado Rose Weasley - e sentindo-me extremamente cansado - depois de esfregar o chão até que parecesse mais um espelho do que piso, até Merlin teria dor nos braços.

– O jogo foi adiantado - assim que pus os pés dentro da sala comunal, Albus correu até mim, ofegante.

Encarei-o sem entender e ele pareceu ter percebido isso, pois acrescentou:

– O jogo de quadribol contra a Grifinória é amanhã - ele falou e eu arregalei os olhos.

– Como? Mas nem treinamos direito! - Albus deu de ombros.

– McGonagall disse que tem planos para Sábado que vem quando seria o jogo, por isso adiantou.

– Que planos? - perguntei completamente horrorizado.

O time da Sonserina era muito bom, mas o da Grifinória também. E eu sabia que Hugo e James eram jogadores espetaculares e que tinham tanta sede de vitória quanto nós.

O negócio era que eu havia ficado tão centrado em AGD, que nem havia prestado muita atenção aos treinos, nem havia percebido que o jogo estava tão próximo.

Eu só rezava para que não fossemos muito humilhados.

 

Ela havia ignorado todas, absolutamente todas as minhas tentativas frustradas de comunicação. Nenhum dos ‘Por favor, fale comigo’, ‘Me desculpe’, ‘AGD, não seja má, me mande à merda se quiser...’ e, por fim ‘Sim, eu sou um idiota, pronto, admiti, será que pode falar comigo agora?’

– PASSA A GOLES! - gritei para me fazer ouvir em meio aos berros das arquibancadas. Estávamos 100 à 70 da Grifinória, mas isso não garantiria a vitória para o nosso lado caso o apanhador deles pegasse o pomo antes de Albus.

O sol estava forte, o que dificultava a vista. Eu me xingava mentalmente por ter sido estúpido ao ponto de não me esforçar nos treinos.

A goles foi arremessada em minha direção, eu agarrei-a fortemente e virei minha vassoura em direção ao goleiro da Grifinória que era Hugo. Arremessei-me rapidamente em sua direção, desviando de um balaço e dois artilheiros no percurso, faltavam poucos metros até que eu pudesse arremessar a bola, mas, antes que eu pudesse me posicionar e tentar desviar de outro balaço que vinha inevitavelmente em minha direção, algo chamou minha atenção.

Talvez pelo fato de ser a única pessoa que estava sentada no meio de centenas de torcedores em pé, ou talvez porque meu cérebro realmente estivesse com algum problema, o fato era que meus olhos encontraram com Rose Weasley que estava localizada no canto mais distante da arquibancada da Grifinória. Mas não havia sido ela que tinha chamado minha atenção, não, o que chamou minha atenção naquele momento foi o que ela segurava nas mãos. E mesmo que estivesse distante, eu sabia que meus olhos não me enganavam.

O pequeno livrinho verde parecia brilhar em minha direção. Senti todo o ar de meus pulmões ser expelido e só um momento depois que eu percebi que era por causa do balaço que atingiu certeiramente o meu estômago.

Duas conclusões que tirei antes de ser arremessado para longe da vassoura em direção ao chão:

Eu iria quebrar todos os meus ossos e, finalmente, eu sabia quem era AGD. Embora quase não acreditasse no que meus olhos mostravam.

Então eu senti o impacto de meu corpo com o chão e desmaiei.

 

Trailer da fic

http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=0iZ6FnAYjXc

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N/A:
Oi amoreeeeees *O*
Nossa, obrigado, obrigado, obrigado e obrigado pelos comentários perfeitos que vocês mandaram no capítulo anterior. Sério, não tem noção do quão feliz me sinto *O*
Bem, ai está a revelação kk
Espero que tenham gostado do capítulo :)
Beijooos :* 

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