Jantar

- “Coloque três colheres de sopa de açúcar.” – Leu Hermione em voz alta o velho livro de receitas. Fazia seis meses que ela e Ron haviam se casado e é a primeira vez que ela tenta cozinhar, estreando a cozinha da casa nova. – Mas como isso é complicado, ver a minha mãe e a Sra. Weasley fazendo parece ser tão fácil.

         Mexia os ingredientes na panela insistentemente e olhava com desgosto para a massa grudenta a sua frente.

- Vou ter que fazer aulas de culinária. – Disse derrotada, soltando um longo suspiro. – Bem, eu vou continuar. Não deve estar tão ruim assim, provavelmente é porque ainda está cru e tem essa aparência. Depois de assado vai ficar gostoso. Eu espero...

          Pegou a panela e despejou o conteúdo na assadeira, colocando rapidamente no forno. Arrumou o pequeno relógio do fogão para apitar quando estivesse pronto.

- Agora falta fazer o macarrão de molho branco que o Ron adora. Molly me deu a receita, só tenho que colocar em prática. – Começou a reunir os ingredientes e colocou o macarrão na panela que já estava no fogo. Virou-se para a pia cortando alguns temperos naturais que tinha pegado na Toca, sem perceber que estava sendo observada por Ron, que se encontrava encostado no batente da porta.

- “Pegue o creme de leite e despeje no recipiente juntamente com o leite ao fogo. Para dar mais sabor, coloque uma colher de azeite, um pitada de pimenta, sal e um pouco de orégano”, mas que raios! Isso tudo dentro da panela que está no fogo ou em outro lugar? – Perguntava-se histérica e o Ruivo abafava o riso.

- Pensei que comeríamos na Toca. – Hermione assustada, derrubou a caixa de leite dentro da pia e pegou rapidamente.

- Que coisa, Ronald. Me assustou. – Disse colocando uma mão no próprio peito, virando para o marido.

- Me desculpe amor. É que você fica linda cozinhando. – Foi até ela e a beijou levemente nos lábios. – Mas então, mamãe nos proibiu de comer lá? – Afastou-se e segurou-a pela cintura com um lindo sorriso.

- Não, seu bobo. É que eu quis fazer uma surpresa para você. – Beijou-o com mais intensidade e ele a puxou contra seu corpo. Ao perceber no que poderia dar, Hermione segurou as mãos atrevidas do ruivo, antes que chegassem à barra da sua blusa. – Vamos jantar primeiro. Enquanto eu termino aqui, vai tomar um banho.

- Okay, mas depois a senhorita não escapa. – Sussurrou em seu ouvido com um sorriso de canto.

- E quem disse que quero escapar? – Revidou com a voz mais sexy que Ron já havia escutado.

       Expulso da cozinha por tê-la agarrado, Ron subiu as escadas e se trancou no banheiro por vinte minutos. Ao voltar, a mesa já estava posta e Hermione colocava a jarra de suco de abóbora no centro.

- Já ia te chamar. – Disse, sentando na cadeira.

- Não foi preciso, senti o cheiro delicioso da sua comida e vim correndo. – “Cheiro delicioso? Onde? Ficou louco Ron? Desde quando cheiro de lixão é gostoso?”, perguntava-se. Disfarçou um sorriso de satisfação, quando a esposa colocou uma quantidade generosa de macarrão e molho em seu prato. Aproximou o rosto do prato e respirou fundo: - Huuuuuuum, que delícia.

- Então... Prova. – Pediu Hermione com um lindo sorriso, orgulhosa por Ron apreciar sua boa vontade de cozinhar.

- Claro. – Sorriu e levou uma garfada até a boca, ao sentir o gosto da comida, seu estomago revirou. Mastigava com dificuldade, mas esboçava o melhor dos sorrisos. – Está ótimo, Hermione.

- Que bom que gostou amor. Fiquei preocupada, mas já que gostou tanto, resolvi que vou cozinhar todos os dias. Assim não incomodamos mais a sua mãe. – Ron engoliu a massa pelo desespero e se engasgou. Começou a ficar vermelho e esposa o socorreu, dando-lhe um copo de suco. – Fica calmo, tem mais na panela.

- Amor, tem certeza? Você vai ficar cansada de tanto cozinhar. A mamãe já está acostumada a fazer comida para um batalhão.

- Ron, agora que casamos, acho importante não atrapalharmos a vida dos seus pais. Você tem uma casa e uma esposa que quer fazer tudo por você. – “Principalmente, me envenenar”, ralhou seu pensamento. Afinal ela estava querendo ser gentil, ao contrário de Fléur que constantemente irritava Bill por querer elfos domésticos para fazerem os serviços da casa.

- Eu sei. – Acariciou sua mão sobre a mesa e sorriu.

- Come mais, Ron.

- Eu vou. – Ron comeu mais uma vez e seu estomago implorou para que ele cuspisse aquela gororoba fora. Hermione que não experimentara ainda, provara a comida e ficara pálida no mesmo instante.

        A garota saiu correndo em direção ao banheiro do mesmo andar e se trancou. Aproveitando a ausência da morena, o ruivo cuspiu no prato a massa e limpou a boca com o guardanapo.

        Hermione voltou e sentou-se novamente, tomando o suco. Encarou o marido e ficou corada.

- Por que não me disse que estava ingerindo uma bomba que poderia explodir a qualquer momento? – Perguntou sem graça.

- Não queria te magoar.

- Deveria ter dito, imagina se você tem uma indigestão ou intoxicação alimentar? Eu não me perdoaria nunca.

- Mas não vai acontecer. Lembre-se, eu tive que comer a sua comida no acampamento e não morri. – Ambos riram. – Isso é um bom sinal.

- E eu que pensei que era por falta de condimento.

- Acho que você não herdou o dom de cozinhar.

- É, acho que não. – Abaixou a cabeça e olhou para o prato a sua frente. – Aposto que você queria uma esposa prendada, não é mesmo?

- Eu queria uma esposa, não uma empregada. – Ele se levantou e foi até ela, agachando-se ao seu lado. – Quando pedi você em casamento, não pensei na comida que você faria, nas roupas que lavaria. Imaginei apenas você. A minha Hermione, a garota mais inteligente de Hogwarts, não a melhor cozinheira de Hogwarts.

- Eu sei, mas uma esposa tem que cuidar da sua família.

- Mas você já vai cuidar, mantendo-se longe da cozinha. – Brincou e levou um tapinha braço. Ele pegou sua mão e levou nos lábios. – Eu te amo, não preciso de mais nada nesse mundo. Nós podemos comer na Toca ou comer fora. Ou talvez comprar comida congelada. Eu não me importo onde vou tomar café da manhã, almoçar, jantar... Sabendo que estou com você já me basta.

        Hermione sorriu e abaixou-se o suficiente para alcançar os lábios carnudos do ruivo, que correspondeu com vigor o toque.

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