Molho de tomate.

Rony chegou à sua sala exausto. Sentou-se pesadamente na cadeira e colocou as mãos sobre o rosto. Apesar de o dia estar apenas começando, seu nível de estresse e impaciência estava bem elevado.

- Bom dia senhor Weasley. – Marta, secretária de Rony, entrou sorridente na sala.

- Bom dia. – Rony respondeu amargo.

- Trouxe o seu café e o seu jornal. O senhor tem uma reunião com o ministro em meia hora.

- Ótimo! – Ele disse seco. – Durante esse tempo gostaria de não ser incomodado Marta, por favor. Estou com um pouco de dor de cabeça e quero descansar um pouco.

- Sim senhor. Vou fechar as cortinas para que o senhor possa descansar melhor.

- Obrigado Marta. – Rony não sorriu e se levantou indo até o sofá. Sua sala era bem grande, nada mais justo, já que Rony era agora chefe dos aurores, depois que Harry se afastou para ficar mais tempo com Gina, ainda mais agora que eles tiveram seu primeiro filho, Tiago.

Marta saiu e deixou Rony sozinho. Ela era uma mulher bondosa, nem muito nova e nem muito velha. Andava sempre com vestidos compridos e um coque no cabelo. Não era muito atraente, mas a sua bondade e o seu bom humor eram invejáveis.

 

*toc toc *

- Marta, por favor. Eu disse que queria descansar.

- Isso lá é hora de descansar? – Harry perguntou abrindo a porta.

- Ah... Oi Harry.

- Olha, eu sei que não tenho cabelos castanhos cacheados e nem sou super inteligente como Hermione, mas você poderia demonstrar um pouco mais de entusiasmo quando venho lhe fazer uma visita.

- Desculpe, mas não estou de bom humor.

- E desde quando você está de bom humor? – Harry sorriu sarcástico e se sentou ao lado do amigo. – O que tá acontecendo Rony? – Ele ficou sério. – Comece a me contar.

- Olha Harry, se Hermione te mandou aqui pra...

- Apesar de ela estar muito chateada e ao mesmo tempo preocupada com você, eu estou aqui por conta própria. Aliás, ela nem queria que eu viesse.

- Não?

- Não. Eu tive que dizer que estava indo fazer uma visita à Hagrid. – Ele se aconchegou no sofá da sua antiga sala. – E então... Pode começar.

- Eu estou me sentindo em uma daquelas sessões que Hermione estava me obrigando a ir. Que um cara ficava olhando para mim com cara de hipogrifo e falava: “Pode me contar como foi o seu dia?”.

- Um psicólogo?

- Sim.

- Mas eu não sou seu psicólogo, sou seu amigo. Então você pode começar a me contar porque está tão estranho esses dias.

- Eu... Eu não sei Harry. – Rony se levantou e passou a mão nos cabelos. – Eu também gostaria de saber. Não sei o que está acontecendo comigo. Estou sempre de mau humor, sem paciência pra nada... E inclusive pra... Hermione. – Ele disse com tristeza.

- Como assim? Você não a ama mais? – Harry perguntou incrédulo.

- Por Mérlin Harry! É claro que amo.

- Que susto... – Harry respirou aliviado. – Então qual é o problema?

- Eu não sei! Mas não quero continuar assim Harry. Estou cansado de ficar nervoso com o trabalho, e chegar em casa descontando tudo nela. Eu não quero magoá-la mais Harry, não quero!

- Tudo bem Rony, olha... Se acalma. – Harry se levantou. – Tem que haver alguma explicação pra tudo isso. Vamos fazer o seguinte. Você vai tentar não ficar nervoso com o trabalho, tentar se concentrar o máximo possível. Quando chegar em casa, imagine que vai ser sua ultima chance de ficar com Hermione. Haja como se não tivesse o amanhã... Por que cá pra nós Rony, se você continuar assim... Temo que realmente não haverá o amanhã pra vocês dois.

- Senhor Weasley, sua reunião com o ministro começará em cinco minutos. – Marta abriu a porta rapidamente.

- Obrigado Marta, já estou indo. – Ele sorriu agradecido e ela fechou a porta. – Tudo bem Harry, farei o que você está me dizendo. Vou tentar não me estressar com o trabalho, e chegando em casa, vou me desculpar com Hermione. Mas... E se não der certo?

- Então encontraremos uma solução. – Harry sorriu e Rony sorriu de volta.

 

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- Então meus caros aurores, estou realizando essa reunião para esclarecermos o que pode ser feito no caso dos irmãos Lewis. Como sabem durante a guerra eles torturaram mais de 50 pessoas. O que acha que devem fazer Ronald? – O ministro olhou atentamente para ele, junto com todos os outros homens presentes na sala.

- Eu acho senhor ministro, que nós devemos primeiramente investigar a casa dos irmãos Lewis. Pode ter alguma pista sobre o desaparecimento dos dois.

- Estão todos de acordo? – O ministro perguntou e todos balançaram a cabeça afirmando, menos um.

- Eu... Discordo. – O jovem rapaz olhou aflito para Rony e todos à mesa olharam de um para o outro temendo o que aconteceria.

- E por que você discorda? – Rony perguntou tentando não parecer tão nervoso.

- Eu... Acho que vamos perder tempo indo até a casa deles senhor Weasley. – O rapaz disse com medo. – Acho que poderíamos começar logo procurando pelos dois. Não acho que eles deixariam vestígios sobre o desaparecimento. São muito espertos. – Todos olharam nervosos esperando que a qualquer momento Rony começasse a gritar dizendo que ele dava ordens ali, e não um auror qualquer recém-treinado.

- Acho que tem razão. – Rony disse tranquilamente e todos olharam para ele assustados. – Podemos começar a procura-los o mais rápido possível. Senhor ministro, quando o senhor quiser.

- Também acho uma brilhante ideia. – O ministro disse sorrindo. – Podem iniciar a missão na próxima segunda feira. Avisem suas esposas, para não preocupa-las. Principalmente você Gill. – O ministro brincou e todos riram. – Então até segunda, senhores. – O ministro se levantou e todos começaram a sair da sala lentamente.

- Algum problema Rony? – O ministro perguntou notando que Rony permanecia no mesmo lugar.

- Nenhum ministro. Só estou pensando no que falar para Hermione sobre essa missão... É... Nosso aniversário de casamento na segunda.

- Hum, entendo. Tenho certeza que Hermione será compreensiva Ronald, como sempre foi. Sua esposa é brilhante, e se ela aguentou suas crises de estresse pode com certeza aguentar passar o aniversário de casamento sem você. – Ele disse com um sorriso maroto.

- O senhor também acha que eu estou em uma crise de estresse?

- Ronald... – O ministro se sentou ao lado dele. – Sabe por que escolhi você para substituir Harry?

- Por que eu participei da guerra com ele?

- Não. Por que você é o auror mais corajoso que tenho. Você é firme nas suas palavras, e tem uma autoridade incrível. Eu tinha certeza que os outros aurores te respeitariam, e é isso que está acontecendo.  Mas ultimamente eles estão mais com medo de você do que te respeitando. Sabe que além de ser o seu chefe, eu sou o seu amigo, por isso te digo que você precisa de um descanso. Harry passou em minha sala quando veio te visitar, e ele me contou que Hermione está muito chateada com suas atitudes.

- É... Eu sei disso ministro. Mas eu não sei o que está acontecendo comigo. Não faço de proposito.

- Eu sei Rony, por isso estou te pedindo para tirar uns dias de folga. Fique em casa com Hermione até segunda feira. Use esses três dias para salvar o seu casamento.

- Tudo bem senhor Ministro. Eu irei aceitar. Obrigado.

- Tudo bem. Quero ver você de bom humor na segunda feira. – O ministro sorriu.

- Pode deixar. Obrigado. – Rony sorriu e saiu praticamente correndo da sala.

 

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- Vejamos... Aqui diz para colocar só um pouco de pimenta. – Hermione olhou para o livro de receitas sobre a mesa e pegou um vidro de pimenta. – Só um pouco... – Ela disse derramando um pouco de pimenta na panela. – Acho que está bom. – Ela pegou a colher e provou um pouco da comida. – Hum... Sim, está bom. – Ela movimentou sua varinha fazendo com que a colher se mexesse sozinha na panela.  – Agora é só esperar ferver um pouquinho e... Espera. O que está escrito nessas letrinhas minúsculas? “Atenção! Não deixe o molho ferver por muito tempo, pois pode causar uma ex...”.

*BUUUM*

        Hermione ficou parada sem se mexer, totalmente encharcada com molho de tomate. Rony apareceu na cozinha olhando ao redor. A cozinha estava toda suja de vermelho. Ele olhou para Hermione e caiu na gargalhada.

- Do que você está rindo? – Hermione perguntou com uma voz triste, sem se mexer.

- O que aconteceu aqui? – Rony perguntou ainda rindo.

- Eu... Tentei fazer um... Macarrão com almondegas para você. – Ela disse com voz de choro. – Mas não consegui. – Ela foi até o fogão e pegou a panela. – Tudo que eu estou tentando fazer ultimamente está saindo uma DROGA! – Ela gritou e jogou a panela na pia. – Ai! – Ela gritou quando se queimou com a panela.

- Ei, cuidado. – Rony correu até ela e pegou sua mão. – Foi aqui? – Ele perguntou se referindo à queimadura, Hermione fez que sim com a cabeça. Rony sorriu e beijou o dedo que Hermione tinha queimado. – Pronto, agora vai melhorar. – Ele sorriu. – Agora pode me contar por que decidiu fazer isso?

- Ah... Só quis te agradar um pouco. Você está tão estressado esses dias... Pensei que talvez se eu fizesse algo pra te agradar você ficaria melhor. – Ela disse triste abaixando a cabeça, e Rony se sentiu um completo idiota.

- Hermione, vem aqui. – Ele se sentou na cadeira e a puxou sentando-a em sua perna. – Não quero que você fique fazendo isso. Eu estou estressado com o trabalho, e não com você. Se eu te tratar mal, você tem que me xingar, me bater, e jogar na minha cara que eu sou um idiota.

- Mas...

- Hermione, por favor. Se eu não faço por merecer o seu amor, eu sou sim um idiota. Não precisa ficar tentando me agradar amor. – Ela o olhou nos olhos e mais uma vez Rony se sentiu um idiota, vendo que os olhos de Hermione estavam cheios de lágrimas. – Não quero que você chore por mim. Desculpe-me por te tratar mal esses dias. Olha, tenho uma surpresa. – Ele sorriu. – O ministro me deu o final de semana de folga. Temos três dias para fazermos o que você quiser. – Ele disse empolgado.

- Serio? – Ela sorriu entusiasmada.

- Serio. Você escolhe o que vamos fazer. Podemos sair, podemos ficar em casa... O que você quiser.

- Ai que bom Ron! – Ela o abraçou feliz. – Vamos pensar juntos em alguma coisa... Agora... Precisamos pedir almoço. – Os dois olharam para a cozinha totalmente imunda. 

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