Futuro incerto



- Milorde, só mais uma chance, é tudo que lhe peço! – implorava uma jovem de cabelos loiros.

- Srta. Darrow, já teve sua chance – disse Harry, com uma voz fria.

- Por favor, convivi com ela por 5 anos, só mais uma chance.

- Levem-na – disse ele.

- NÃÃÃÃÃÃOOOOO!!! – gritou a garota, enquanto dois comensais da morte a levavam à uma sala.

- Milorde, perdoe minha intromissão, mas ela tem razão. Ela conhece a menina, sabe exatamente como esta vai agir, devíamos usar este elemento para capturá-la.

- Lúcio, não se preocupe com isso, ela irá nos ajudar, mas antes terá que aprender que certas regras não podem ser quebradas. E sumir durante uma semana, sem dar notícias, é uma delas.

Um grito de gelar a alma veio da sala onde estava a garota, fazendo com que Harry arregalasse os olhos e percebesse que estava deitado no gramado do campo de quadribol, com Rony ao seu lado. Lentamente, ele se levantou, procurando pelos óculos, que Rony lhe entregou.

- O que aconteceu? – perguntou Harry, sentando-se.

- Bem, nós estávamos saindo do campo de quadribol e você começou a ter um colapso. Foi outra visão, não foi?

- Foi – respondeu Harry, sem ânimo. – Parece que Voldemort está atrás de outra pessoa.

- Quem?

- Eu não sei! Mas eu acho que é uma mulher.

- Por que você acha isso?

- Ele nunca citou o nome dela, mas sempre diz “ela”... – Harry murmurou a última parte, mas Rony nem escutou, pois estava olhando para Hermione, que havia acabado de entrar no campo, com seus cabelos castanhos esvoaçando com o vento, com um livro debaixo do braço.

- O que aconteceu, Harry? – perguntou ela, ao ver o amigo pálido.

- Ele teve outra visão, e pelo que parece Voldemort está atrás de uma mulher.

- Uma mulher... – Hermione disse, pensativa. Não demorou muito para que ela tirasse um jornal do meio de um livro e começasse a lê-lo. – Aqui! – Rony se aproximou para ler o jornal junto com ela. – “Kirsten H. Burns, de 16 anos, foi vista hoje saindo de um cemitério, onde sua mãe foi enterrada. A garota escapou de um ataque do Lorde das Trevas recentemente, e segundo informações, ela prosseguirá seu ano escolar em Hogwarts.”

Assim que Hermione terminou de ler, passou o jornal para Harry, onde ele pôde ver uma foto que mostrava uma garota de cabelos longos e vermelhos entrando apressada em um carro, deixando para trás vários repórteres.

- Ela está sendo perseguida por Você-Sabe-Quem e ainda assim vão trazê-la pra cá?

- É o que o Profeta Diário diz – respondeu Hermione. – E mesmo que a presença desta garota aqui seja uma ameaça para Hogwarts, não creio que Voldemort virá se Dumbledore estiver presente.

- Nossa, Hermione, você não sabe como fico aliviado em saber disso – zombou Rony.

Os dois ficaram discutindo, mas Harry não prestou muita atenção. Apenas observava a foto da garota que ficava logo acima da outra foto que havia visto. Nesta, ela sorria, e seus olhos verdes olhavam para vários lados, mostrando que ela estava meio sem graça, e vira e mexe arrumava o cabelos vermelho. Mas o que mais havia chamado a atenção de Harry era que ela lhe lembrava muito sua mãe, Lily Potter...



Kirsten olhou pela janela da lanchonete enquanto mexia com um canudo em um copo vazio, que estava ao lado de uma banana split. Estava totalmente perdida em seus pensamentos, que só percebeu que estava metendo o canudo na banana quando Lupin lhe chamou.

- Kirsten, o canudo!

- Ah – disse ela, ao ver a besteira que havia feito. Tirou o canudo da banana e o deixou ao lado, soltando um longo suspiro.

- Você está bem?

Ela concordou negativamente com a cabeça. Lupin provavelmente não sabia o que dizer, pois ficou quieto.

- Desculpa, eu preciso ir no banheiro – disse ela, se levantando e caminhando até o banheiro com a cabeça baixa.

Logo ao entrar no banheiro, ela deu uma olhada para ver se não havia mais ninguém, e quando concluiu que realmente não havia, foi direto para o espelho, onde várias lágrimas caíam sobre a pia. Não havia conseguido chorar no enterro de sua mãe, por causa de repórteres que apareceram, ansiosos por uma entrevista ou um depoimento de como ela estava se sentindo.

“Mas não é óbvio?” – pensou ela. – “Primeiro minha escola é atacada por um bando de nazistas, e só eu escapo, e logo em seguida perco minha mãe. Não é ÓBVIO COMO ME SINTO?”

A raiva subiu até a cabeça dela, e o espelho trincou, fazendo ela dar um pulo para trás. Não era a primeira vez que fazia algo quebrar desde o ataque. Suas emoções estavam à flor da pele, e por mais que as tentasse conter, não conseguia. Ela olhou para sua imagem distorcida no espelho quebrado e fechou os olhos lentamente. O ataque, a morte de sua mãe, tudo aquilo, acontecera por causa de Voldemort.

- Kitty? – chamou Lupin do lado de fora do banheiro. – São quase onze horas, acho melhor irmos para a plataforma.

Kirsten e Lupin pegaram o material escolar e foram em direção à plataforma 9 e 10, já que estavam na estação King’s Cross. Ela ainda não acreditava que para chegar na plataforma 9 ¾ teria que correr para a lacuna entre as plataformas nove e dez. Tinha mais chance de bater e voltar feito um joão-bobo.

- Professor, você tem certeza que eu não vou bater pela lacuna ao invés de bater nela? E mesmo que eu consiga passar, você acha que ninguém vai ver?

- Já falei que não, Kirsten, agora vai logo senão você vai perder o expresso.

Kitty começou a empurrar o carrinho em direção à lacuna entre as plataformas 9 e 10 sem muita vontade, mas de alguma forma, que ela não poderia explicar, seus pés começaram a andar cada vez mais rápido, até que ela começou a correr. Ela olhou para a lacuna, que ia ficando mais perto a cada momento. Fechou os olhos, e só sentiu o carrinho bater em algo, fazendo-a virar por cima dele com força, por causa da velocidade em que corria.

“Droga, sabia que era besteira” – pensou ela, massageando o tornozelo direito, que havia torcido na queda. Levantou a cabeça, esperando ver um monte de gente a encarando assustada, mas ao invés disso, viu uma plataforma vazia, com um arco que dizia “Expresso de Hogwarts”. Baixou os olhos e viu que havia batido em um banco de pedra, e a maioria de suas coisas havia se espalhado no chão, inclusive...

- DEAN! – disse ela, ao ver a gaiola com sua águia caída no chão. Dean estava com Kitty desde o ano anterior, quando ela o havia salvo do gato de um dos diretores de Dragon Fang. – Me desculpa, Dean, eu sinto muito.

Kitty já o estava tirando da gaiola para ver se havia se machucado quando Lupin apareceu.

- O que aconteceu?

- Ah, eu não abri os olhos e bati ali – disse Kirsten, apontando para o banco em que havia batido, já com Dean em seu braço direito.

- Quer ajuda com as coisas?

- Por favor.

Lupin ajudou Kitty a colocar as coisas no bagageiro do expresso e logo em seguida ela entrou e pendurou-se na janela para falar com ele.

- Você não pode mesmo vir?

- Eu iria se pudesse, mas ainda tenho que cuidar de muita coisa.

- Ah, sei... – disse Kitty, abaixando a cabeça. Sabia que ele estava falando da guerra de Voldemort.

- Mas não se preocupe, você vai estar em boas mãos, eu garanto.

Um assobio indicando a partida do trem fez com que Kirsten sentisse um frio na barriga. Só de pensar que iria para uma escola nova, onde não conhecia ninguém, ficava aterrorizada.

- É... – suspirou Kirsten. – é agora. Bem, obrigada por tudo, professor.

- Me mande uma carta quando chegar lá.

Kitty concordou com a cabeça e continuou a olhar para Lupin até o trem fazer a curva. Ela sentou-se no banco com a sensação de ter várias borboletas no estômago e por mais que tentasse pensar em outras coisas, a sensação não a abandonava de maneira alguma. Sem ter o que fazer, ela ficou observando o céu pela janela, que ia ficando cada vez mais nublado conforme o trem avançava em direção à Hogwarts, que já estava debaixo de chuva, e naquele momento, sextanistas da Lufa-lufa e da Grifinória entravam ensopados dentro do castelo, depois de uma cansativa aula de Herbologia na estufa três.

- Eu não acredito que nos deixaram sair para termos aula fora do castelo debaixo dessa chuva – reclamava Rony.

- Sinceramente, Rony, não entendo por que você reclama tanto. A aula de hoje foi muito importante.

- Ah, claro, Mione, aprender a preparar uma cola usando baba de cobra é realmente importante.

- Em primeiro lugar, não é baba de cobra, e sim veneno de cobra, e em segundo lugar, se se você se preocupasse mais poderia ver quão útil isso pode ser. Agora, se me dão licença, eu vou me trocar para a próxima aula, e seria bom se vocês fizessem o mesmo. – respondeu ela, começando a subir as escadas, indo para seu dormitório na Grifinória.

- Claro, vou usar pra colar a boca dela, quem sabe assim ela pára de bancar a sabe-tudo – comentou Rony. – Aliás, qual é a próxima aula, Harry?

- Defesa contra as Artes das Trevas – respondeu ele, olhando um papel com o horário das aulas.

- Droga! – resmungou Rony. – Por favor, me diga que não é uma dobradinha.

Harry continuou calado, pois sabia que seria uma dobradinha. Rony obviamente percebeu, pois voltou a reclamar:

- Ah, eu não acredito que é dobradinha!

- Relaxa, Rony, não vai ser tão ruim assim.

- Não, só vou estar com os pulsos cortados antes do final da primeira aula – respondeu ele, subindo as escadas com Harry para se trocarem para a próxima aula.





Já se passava das 10:30 quando o trem começou a perder velocidade. Kitty deu uma olhada pela janela e viu que já havia parado de chover. Acordou Dean, que dormia no outro banco, pegou suas coisas, e saiu do trem, com um Dean preguiçoso em seu braço direito e uma Sissy agitada voando ao seu lado. Agora dava para se ver algumas estrelas, e a lua iluminava a maior parte da estação que estava, mas mesmo assim não via mais ninguém lá.

- Hum! Bela recepção – resmungou ela. – Sissy, vai indo na frente.

A fadinha começou a voar na frente de Kitty, meio que a guiando, pois a luz da lua não era muito forte. Ela continuou voando, até que parou e apontou algo à frente. Na escuridão, Kitty pôde ver que alguém estava logo à sua frente, a observando em silêncio, de forma que ela se sentia extremamente incomodada. A pessoa deu um passo em sua direção, fazendo com que ela sentisse um certo frio na barriga. Até mesmo Sissy voltou feito um raio para se esconder atrás de seus cabelos. Ela já estava com a mão na varinha nova, que estava no bolso de sua jaqueta preta, preparada para o que pudesse vir, quando uma luz branca surgiu de onde a pessoa estava, quase cegando-a.

Ela levantou o braço para proteger os olhos da luz, fazendo com que Dean voasse para outro lugar, e mesmo assim a pessoa não parecia ter nenhuma intenção de apagá-la.

- Burns? Senhorita Burns? – perguntou o desconhecido, que pela voz não parecia ser muito mais velho que ela.

- É, sou eu, agora será que poderia tirar essa luz da minha cara?

O desconhecido diminuiu a luz branca, que ela viu que vinha da varinha dele, e depois de massagear um pouco seus olhos, Kitty pôde ver que o homem na verdade era um garoto da sua idade, loiro, com olhos azuis cinzentos, que vestia uma calça cinza, uma blusa branca e uma gravata esverdeada, que provavelmente deveria ser o uniforme masculino de Hogwarts.

- E você, quem é? – perguntou ela.

- Malfoy – respondeu ele, se aproximando. – Draco Malfoy. – completou ele.

- Prazer – respondeu ela, olhando para o garoto, que não desviava os olhos dela. – Então, você só vai ficar parado aí ou o quê?

- Ah, desculpe. Onde estão suas coisas?

- Dentro do trem.

Malfoy foi até o trem para pegar as coisas de Kitty, e depois a conduziu até uma carruagem, que estava amarrada a um animal que mais parecia um esqueleto de cavalo com asas de dragão, algo que ela nunca havia visto na vida.

- O que é isso? – perguntou.

- Isso o quê?

- Esse bicho – disse ela, apontando para ele, que estava na frente da carruagem.

- É um testrálio, mas você consegue vê-lo? – perguntou Malfoy, parecendo surpreso.

- Claro que sim, você não?

- Não.

- Por que não?

- Por que eu não vi ninguém morrer.

- Como assim?

- Só os que viram a morte de perto pode vê-los.

Kitty continuou a encarar o animal, pensando na mãe. Entrou na carruagem, e assim que Malfoy fez o mesmo, esta começou a andar, provavelmente rumo à Hogwarts. Ela sentou-se ao lado da janela, e se espantou ao ver um castelo iluminado.

- Ei, Malfoy – disse ela. – Aquilo ali é um castelo ou eu ainda estou vendo coisas?

- Não, não – responeu ele, rindo da pergunta dela. – Aquela é Hogwarts.

- Aquela? Nossa, nem imaginava que seria um castelo antigo.

- O que você sabe sobre Hogwarts em geral?

- Em geral? Só o nome.

- Como eu imaginava. Sabe, dentro de Hogwarts, precisa saber escolher muito bem os amigos, a não ser que queira encrenca.

- Eu não preciso procurar encrenca, ela vem até mim. Mas a quem você se refere?

- À Harry Potter. - disse ele, enchendo a boca para falar como se o odiasse. – As pessoas acham que ele é um santo, mas ele não passa de um menino estúpido com uma cicatriz idiota na testa. E se quiser um conselho meu, fique longe dele e de sua laia, e...

- Então, Malfoy – cortou ela. Definitivamente não queria ficar escutando o garoto ficar falando do que pensava ou sentia. – Me fala mais sobre a escola.

- Tá certo. Os alunos de Hogwarts são divididos em quatro casas, Grifinória, Corvinal, Lufa-lufa e Sonserina, que é a melhor de todas. As aulas começam de manhã e terminam à tarde.

- Em que casa eu vou ficar?

- Assim que chegarmos, você vai ser selecionada para uma delas.

- Como eu vou ser selecionada?

- O Chapéu Seletor vai ver qual casa é a melhor pra você. Se tiver sorte, ficará na Sonserina.

- O que essa Sonserina tem de tão especial?

- É nela que apenas verdadeiros bruxos entram – respondeu ele, misterioso. – Bruxos fortes, independentes. Sangues-puros.

- Então acho que eu estou fora dessa.

- Como assim?

- Porque minha mãe era trouxa.

- Ah, é? – disse Malfoy, afastando-se dela como se o fato de ela ser trouxa fosse contagioso.

A viagem foi silenciosa, até chegarem ao castelo. Malfoy desceu antes, e não pegou as coisas de Kitty.

- Hum – resmungou ela, pegando suas coisas. – Puro-sangue...

Malfoy entrou no castelo sem que ela visse, pois ela ainda estava descendo da carruagem com sua mala. Foi só ao se virar que viu que estava sozinha, com apenas uma fada sentada no ombro esquerdo e uma águia no braço direito. Um lobo uivou de algum lugar, fazendo seus cabelos da nuca arrepiarem, e sem pensar duas vezes, ela entrou correndo no castelo. Logo à frente, ela pôde ver uma enorme escadaria e várias portas aos lados do saguão, que estava bem iluminado por causa de tochas acesas, cujas chamas ardiam como se tivessem acabado de ser acendidas.

Caminhou um pouco pelo lugar, até escutar vozes vindo detrás de duas portas de madeira abertas. Sem pensar duas vezes, encostou na parede mais próxima sem que pudesse ser vista, para poder escutar a conversa.

- Como assim a deixou na porta do castelo? – dizia uma mulher, que pela voz, não devia ser muito jovem. – Você a deixou sozinha?

- Sozinha não. Ela está lá com uma galinha e um vaga-lume.

Ao dizer essa frase, Dean e Sissy começaram a se mexer, indignados por terem sido chamados de galinha e vaga-lume.

- O que o senhor acaba de fazer foi muito sério. 25 pontos a menos para a Sonserina.

- 25 pontos?! – reclamou Malfoy, com um tom de indignação na voz que fez o ânimo de Kitty levantar.

- E agradeça por eu não ter tirado seu cargo de monitor. Agora vá para sua casa antes que eu mude de idéia.

Kitty riu em silêncio naquele momento. O fato de que Malfoy havia perdido vários pontos e por pouco, o posto de monitor era suficiente para ela rir sozinha pelo resto da semana. Já ele não deve ter gostado muito, pois passou por ela com cara de poucos amigos.

- Não iria me surpreender se ele não tivesse nenhum – comentou Kirsten, fazendo Sissy cair para trás de tanto rir.

- Senhorita Burns?

Kitty se virou e pôde ver uma mulher de cabelos castanhos presos em um coque, debaixo de um chapéu pontudo, que combinava com suas vestes verde-musgo, que faziam Kitty sentir-se ridícula por ainda estar com o vestido preto que usara no enterro de sua mãe.

- Sim?

- Boa noite – cumprimentou ela, com uma voz suave. - Eu sou Minerva McGonnagal, professora e sub-diretora de Hogwarts. Acredito que o Sr. Malfoy tenha lhe explicado sobre a seleção no caminho.

- Sim, ele me explicou. Então, onde está o chapéu seletor?

- Por aqui.

Kitty então começou a seguir McGonnagal. Ela não parecia ser uma má pessoa, pelo jeito que a havia tratado, parecia ser alguém em quem ela poderia confiar, apesar de ter mentido sobre o fato da explicação. Tudo o que Malfoy fizera fora engrandecer Sonserina, e quem havia lhe contado tudo sobre a escola fora Lupin. Kitty iria dizer a verdade, mas o garoto já havia perdido 25 pontos, e de certa forma, ela não queria ferrá-lo mais ainda.

- Eu achei que fosse chegar mais cedo. – disse McGonnagal, enquanto caminhava em direção a um banquinho com um chapéu sujo e remendado em cima, que Kitty julgou como sendo o chapéu seletor.

- Eu também achei, mas a chuva fez o trem atrasar. Mas foi até bom, pra dar uma refrescada no calor – brincou ela, esperando uma risada que não veio.

McGonnagall se aproximou do banquinho e levantou o chapéu, entregando-o à Kitty, para que ela colocasse. Kitty hesitou um pouco antes de colocar o chapéu imundo na cabeça, mas criou coragem e o colocou, e pôde sentir ele se mexer, fazendo ela ter mais vontade ainda de tirá-lo.

- Hum – murmurou o chapéu. – Interessante... Muita sensibilidade, mas ao mesmo tempo muita força... hum... e muito individualismo... Sonserina! – falou ele em voz alta.

Mesmo depois do chapéu ter anunciado a casa em que ficaria, Kitty ficou parada, sem tirá-lo da cabeça. Sonserina? Estava na Sonserina? A pior casa de todas? E o pior, teria que aturar Malfoy como monitor. Como queria estar no orfanato naquele momento.

- Senhorita Burns? Burns! – berrou McGonnagall, fazendo Kitty dar um pulo.

Imediatamente ela tirou o chapéu e entregou-o à professora, que apenas por um segundo, pareceu desapontada, na opinião de Kirsten.

- Então – disse Kitty, em uma tentativa de quebrar o silêncio. – Onde é essa Sonserina?

- Sinto lhe dizer, mas esta noite não poderá ir para sua devida casa.

- Por que não?

- Não sabíamos que iria se atrasar, e também não sabíamos em que casa ficaria.

- E onde eu vou ficar?

- O castelo tem um quarto de hóspedes, para ser usado em situações como essa. Venha comigo.

Kitty levantou o braço para que Dean pousasse nele, e assim que o fez, ela seguiu a professora, com uma fada violeta voando ao lado de sua orelha. A ida até o tal quarto foi cansativa, mas também foi, de certa forma, divertida. Mesmo Lupin tendo contado sobre fantasmas e quadros que falavam e se mexiam, Kitty não pôde deixar de se surpreender com eles. Isso sem falar no momento em que o tapete embaixo dos pés de McGonnagall foi puxado repentinamente, fazendo com que ela segurasse em Kitty para que não caísse.

- PIRRAÇA!

- O quê? – perguntou ela, tentando manter uma águia no braço e uma professora em pé ao mesmo tempo.

Kirsten sentiu algo passar voando ao lado de seu ouvido, e pôde ver algo de vidro se espatifar contra uma parede.

- Vá embora antes que eu chame o Barão Sangrento!!

Um homenzinho com uma gravata borboleta laranja e um chapéu que mais parecia um sino apareceu flutuando no ar, e disparando em seguida, como quem estivesse fugindo.

- O que era aquilo? – perguntou Kitty, sem poder acreditar muito no que havia acabado de ver.

- Pirraça, o poltergeist. Deve tomar muito cuidado com ele. Somente o Barão Sangrento pode controlá-lo. Mas sendo o fantasma residente da Sonserina, acho que a senhorita não terá problemas.

McGonnagall retomou a caminhada deixando Kitty sem entender nada. Poltergeist? Barão Sangrento? O que mais faltava naquele escola? Não demorou muito para que chegassem no lugar onde Kitty teria que passar a noite. McGonnagall indicou um quarto, que devia servir para acolher hóspedes. Havia uma cama próxima à parede, com uma janela logo acima, onde podia-se ver o céu estrelado do lado de fora. O banheiro ficava no canto direito e do lado esquerdo havia um armário tamanho família, e mais ao fundo, havia uma lareira cujo fogo queimava baixo, como se estivesse acesa já há algum tempo.

- Espero que esteja confortável por esta noite – dizia McGonnagall. – Amanhã providenciaremos uma cama em sua casa, onde passará a dormir pelo resto do ano. E recomendo que vá se deitar o mais rápido possível, pois seu ano letivo começará logo após o café da manhã. Tenha uma boa noite.

- É, pra você também – disse Kitty após a professora ter fechado a porta.

Sissy logo saiu detrás de seus cabelos e se jogou no travesseiro, enquanto Dean vôou para cima do armário, onde começava a se ajeitar para dormir.

- Pelo menos vocês estão confortáveis – disse ela, jogando sua mala no chão, abrindo o zíper para pegar um pijama de sua mãe e indo até o banheiro em seguida. Tomou um banho rápido, para variar, e se vestiu no banheiro mesmo. Fez tudo o que tinha pra fazer e ao sair do banheiro foi direto para a cama, desabando nela e quase derrubando Sissy no chão.

A fada já ia começar a reclamar, quando viu que Kitty vestia um pijama de Hellen. Suspirou e voou até a janelinha, fechou-a e voltou para a cama, ajeitou-se de forma que ficasse bem perto de Kitty para se esquentar e adormeceu naquela noite que seria a primeira de muitas, em Hogwarts...

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