Capítulo 2
n/A: Oi gente, dia 21, capítulo novo, como prometido! (que orgulho de mim mesma)
Pra começar, obrigada pelo comentário da luiza oliveira potter!
Obrigada pra todo mundo que leu, o pessoal do tumblr, etc!
Agora, capítulo novo! Não me espanquem pelo drama!
Capítulo 2
4:30 AM, terça-feira, 2 de fevereiro
Caneca Furada, Londres, LDN
Um Ano Atrás
- Manda mais um e fecha a minha conta Moe. – Pediu ele com os olhos no pequeno copo onde o barman depositava a bebida.
- Sua conta ficou cara hoje, Lupin – Disse Moe irritado, Remus sabia que só estava dizendo isso porque todos ignoravam o fato de seu nome verdadeiro ser Ted, não Moe como em Os Simpson's, embora só as pessoas realmente bêbadas dissessem isso em voz alta.
- E o que é que você tem com isso? – Retrucou rabugento colocando a nota de valor alto sobre o balcão.
- Noite difícil? – Perguntou o barman com um sorriso cínico enquanto depositava a nota na caixa registradora e pegava o troco.
- Não aja como se já não soubesse de tudo o que acontece pela redondeza. – Disse o maroto enraizado levando o último shot de tequila aos lábios e virando-o goela abaixo.
A queimação usual desceu sua garganta até o seu interior, porém, a alegria que costumava sentir quando ficava entorpecido pelo álcool, fora substituída pela angústia.
Ted Tonks sorriu solidário. Sua irritação momentânea parecia ter se esvaído completamente.
- Desculpe... Deve estar sendo difícil. – Comentou olhando para a garrafa guardada sob o balcão como se tivesse fazendo uma escolha e então, pareceu decidir - Aqui, tome outro... Por conta da casa.
Remus Lupin observou o líquido âmbar tonar a encher o copo à sua frente e então viu Ted encher um novo copo para si mesmo.
Ele não sentia como quem quisesse conversar. Desde que tivera seus problemas conjugais com Claire – assim dizendo, ele não sentia nada a não ser um grande nó que ia e vinha toda vez que se encontrava preso em pensamentos.
Isso porque não fazia nem 24 horas desde que vira seu filho ser enterrado.
- Eu não consigo nem imaginar pelo que vocês estão passando – Admitiu Ted se servindo de outra dose de bebida – Como está a Claire?
Como um estalo, o rapaz parou de fitar o líquido no copo para fitar Tonks. Um soluço surdo escapou-lhe dos lábios e ele se permitiu esconder o resto de dignidade que sobrara em si nas mãos que levara ao rosto.
Remus não era um cara que costumava chorar.
Desde a infância, ele aprendera que lágrimas não funcionavam para resolver seus problemas. Sempre fora fechado, irritadiço e até mesmo um pouco depressivo.
Mas era calado. Quando sofria, sofria em completo silêncio, pois era assim que sua mãe dissera que gostava de ouvi-lo. Não recorria ao pai, pois este se fora antes que pudesse se dar conta de que precisava de ajuda.
Matthew, seu agora falecido filho, seria sua utopia, mas partira antes que ao menos pudesse tê-lo feito sentir a satisfação de ter realizado algo certo na vida.
E então havia Claire.
Claire dizia que o filho os salvaria deles mesmos, mas Remus sempre achava que a namorada – ou seria ex? – estava errada.
Ela aparecera em sua vida quase como um furacão. Não lhe julgara uma única vez quando descobrira do seu vício às coisas que podiam significar sua destruição.
Tampouco o olhara cheia de compaixão dizendo-lhe que precisava se tratar.
Pelo contrário. Ela fora sua cura simplesmente por estar lá. Sua salvação e provavelmente seu maior motivo para decidir que queria viver.
E pensar naquilo só o fazia lembrar as palavras duras que ouvira de seus lábios embebedados por vinho.
- Vamos Claire – Insistira ao notar que a moça dançava trôpega no quarto do bebê que jamais seria usado – Você precisa de um banho.
Sua risada fora tão alta que ele ainda podia ouvi-la em sua cabeça.
- Não, não, não. – Dissera com um sorriso louco – Se o senhor acha que vai me engravidar outra vez... Está muito... Muito enganado!
- Claire, você está bêbada. – Dissera ele, quase impaciente.
- Bêbada – Repetira ela dando de ombros enquanto bebia da garrafa de vinho que tinha em mãos, deixando que o líquido lhe escorresse pelo pescoço – Bêbada!
Ele estava cansado. Tivera sofrido tanto quanto ela naquela manhã no enterro. E também tentava ser compreensivo. E por isso, apenas por isso, saíra da cama para acudi-la àquela hora.
- Você acha que teria sido um bom pai? – Perguntara a loira de maneira repentina, cambaleando para se segurar no berço – Acha mesmo?
Remus não respondera. Não queria discutir com ela naquele estado, mas podia ver que havia uma urgência – além do tom desdém e deboche – em sua voz que insistia em querer assanhá-lo.
- Acha que... – Ela olhara para o teto pensativa – Que com todos aqueles vícios... Você seria capaz de criar um bebê?
Aquilo o pegara desprevenido. Hesitou antes de desviar o olhar.
- Você não sabe o que está dizendo... – Sussurrou.
- Talvez eu não saiba... – Ela rira, fazendo com que a irritação tornasse a face do rapaz vermelha – Mas quero dizer... O que eu ia dizer a ele nas noites de terça-feira? Eu não poderia contar que o pai frequenta a reabilitação, não é?
- O que você quer dizer? – Perguntou e antes que pudesse se segurar, ele gritara:
- Que talvez tenha sido bom que ele tenha... Ido?
Claire o olhara cheia de raiva naquele momento. Seu punho fechado na garrafa quase vazia movera-se rápido.
Em uma fração de segundos, a garrafa estava espatifada na parede, próxima de Remus e o líquido chegara a espirrar em suas roupas.
- Vai embora. – Dissera ela, olhando-o séria – Eu não o quero aqui.
Como reagir àquilo? Não buscou roupas. Apenas saiu, dirigindo sem rumo até chegar ao bar de Ted, que se encontrava frente ao St. Mungus.
Com teimosia, ele esfregou o rosto reprimindo um bocejo.
Ainda sem responder a Tonks, tomou a bebida de cortesia e colocou-se de pé, trôpego.
- Liga para o Sirius por mim – Pediu olhando para Ted – Diga para vir me pegar a não ser que queira que eu passe a noite no hospital na minha semana de licença por luto.
11:07 AM, terça-feira, 27 de janeiro
Hospital St. Mungus, Londres, LDN
Atualmente
- Drª Steimback – Disse a enfermeira, seus olhos no monitor cardíaco – A pressão está caindo...
- Tem muito dano – Exclamou a residente, as mãos enluvadas pausadas para cima enquanto seus olhos fitavam o monitor à sua frente.
- Só mais um pouco... – Pediu Jolie Steimback enquanto movia as mãos com habilidade no interior do paciente – Vamos George, você aguenta...
- Estamos perdendo ele! – Exclamou outra enfermeira.
Jolie levantou os olhos azuis para fitar o monitor.
Não. Exclamou uma voz em sua cabeça. Com agilidade, ela levantou as mãos para o recipiente de metal que a enfermeira mais próxima segurava e largou a tesoura de Matzenbaum com rapidez e se adiantou com as mãos sobre tórax do homem à sua frente.
- Vamos George, você prometeu a sua mulher aquela viagem para Havana lembra? – Dizia enquanto pressionava uma, duas e três vezes – Vamos...
Passaram-se severos minutos, ela podia sentir pela tensão dolorida em seus braços, porém não podia simplesmente largá-lo sem tentar tudo.
- Drª Steimback... – A residente chamou – Não há mais nada para fazer.
- Eu não vou deixá-lo. – Resmungou ainda apelando para a massagem torácica – Vamos George...
- Drª Steimback... – Chamou uma voz solidária pelo autofalante – Deixe-o ir.
Ela olhou para cima, na galeria postada no alto onde havia um vidro que separava dois bancos e algumas pessoas assistindo à cirurgia, da mesa onde ela se apoiava no paciente.
Depois procurou a dona da voz.
- Claire... – Sussurrou franzindo o cenho e depois olhou para o homem sob suas mãos.
Ela se permitiu um grunhido de frustração enquanto abaixava os olhos para o chão.
De novo não...
- Horário de óbito – Disse com a voz fraca quando olhou para o relógio na parede – Onze e trinta e sete.
Ela odiava isso. Odiava e sabia que não era a única.
Três horas e meia dentro de uma sala, lutando tanto pela vida de um único homem para vê-la se esvair completamente em apenas segundos.
Odiava perder pacientes.
- Você está legal? – Perguntou uma voz vinda da porta.
Jolie sorriu amargamente para a pia onde lavava as mãos. Não tinha esperado ouvir aquela voz tão repentinamente pela segunda vez no dia. Talvez a falta de sono lhe tivesse feito acreditar que era sua imaginação, mas agora era real.
Claire estava ali. E mais, com certeza trazia aquele sorriso de quem sabia mais dela do que ela mesma podia dizer.
Não era preciso ver para dizê-lo.
- Então você voltou? – Perguntou Steimback enquanto secava as mãos nas toalhas de papel e as jogava no lixo para depois virar-se para a amiga.
- Algo assim – A loura deu de ombros.
As duas saíram lado a lado do local. Jolie sentia como quem quisesse dizer muito... Tudo.
Porém, sabia que a amiga esperava isso e estava mais do que preparada para se esquivar das perguntas. Então apenas a observou por alguns segundos.
Claire Zöhler continuava a mesma. Mais magra e pálida talvez, mas ainda tinha os cabelos louros cacheados presos na mesma trança frouxa sobre o ombro. As mãos enterradas nos bolsos no jaleco, como costumava fazer e, embora seus olhos não tivessem o mesmo brilho de um ano atrás, ela ainda mantinha a expressão autoritária.
- Eu devia ter imaginado que era você – Jolie riu para si mesma, como não havia pensado nisso antes? – Ouvi alguns internos reclamando.
A loura sorriu confidente, confirmando sua fama de Residente Carrasco.
- Acontece – Disse dando de ombros – Você tá legal?
O sorriso de Jolie vacilou por um instante.
Fingir que não se incomodava com a perda do paciente na frente de Claire era como fingir que gostava de couve de bruxelas na frente de sua própria mãe.
- Vou melhorar – Disse com um dar de ombros – É só salvar uma vida, que a compensação vem em dobro.
- Você fez tudo o que pôde lá dentro. – Disse a amiga com simplicidade.
- Fiz – Afirmou a morena, afinal, ela tinha mesmo tentado de tudo. – Você vai almoçar?
- Não – Disse a loura com um suspiro – Eu vou pra clínica, só passei pra te ver.
- Certo... – Jolie piscou, um pensamento passara por sua cabeça enquanto via a loura começar a se afastar- Hm, Claire?
A amiga parou, olhando-a.
Por uma fração de segundos, a visão de Claire largada na cama dias a fio sem ao menos tomar banho com o olhar vago e inchado de tal maneira que mal percebera sua presença lhe passou pela cabeça.
Seria seguro mencionar Remus depois de assistir, durante um ano inteiro, a moça em profunda depressão?
- Nada – Disse Jolie meneando a cabeça – Senti sua falta.
- Lily não me deixa em paz. – Resmungou James esfregando os olhos diante do prato de comida – Digo... Primeiro, a madrugada toda... Depois, antes da cirurgia do Ryan... Então, depois da cirurgia... E agora tudo o que eu posso fazer é torcer pra ela me deixar em paz.
Sirius olhou para Jolie por um segundo.
A garota sentiu os lábios sorrirem por conta própria.
Ela gostava de James, com sinceridade. Afinal, eles eram melhores amigos desde a infância e por isso sabia que seu amor por Lílian sempre fora verdadeiro e incondicional.
Apoiava o relacionamento deles, quem não apoiaria? Porém, ela não conseguia deixar de achar cômica a situação em que o amigo se encontrava.
- Ainda não sei do que você está reclamando. – Comentou Sirius mordendo seu cachorro-quente – Sexo é bom.
James lançou um olhar irritado ao amigo, pronto para retrucar, porém Jolie fora mais rápida:
- Deixe-o em paz. – E para James, ela sorriu quase solidária – Lily está com uma paciente, não vai te perturbar no mínimo nas próximas 6 horas.
O rapaz olhou-a como se pudesse beijá-la.
- Graças a Deus – Disse com um suspiro – Eu vou poder dormir pelo menos algumas horas!
Jolie riu.
- O Ryan ficou bem depois da cirurgia? – Perguntou Sirius esticando a mão para o prato do amigo, furtando uma batata frita.
- Ficou – James se iluminou com um sorriso – Nós fizemos a lobectomia e em alguns dias ele vai respirar sozinho.
- Isso é ótimo! – Exclamou a morena – Sempre soube que ele ia conseguir.
- Isso é porque ele é o paciente que ficou mais tempo nesse hospital. – Disse uma voz recém chegada.
- E aí Lupin? – James acenou – Lily ficará 6 horas no centro cirúrgico, não é ótimo?
- Claire está aqui. – Soltou Remus, enquanto ignorava a notícia do amigo e largava-se na cadeira.
Jolie olhou para Sirius. Ele olhou intensamente para o prato. James devolveu seu olhar quando ela o procurou.
Em menos de um segundo houvera um entendimento entre eles.
- Você a viu? – Perguntou a garota com cuidado.
Remus parecia tenso para reparar o constrangimento dos amigos, então permaneceu olhando para o peixe com batatas no prato enquanto assentia.
- De longe... – Sua voz saía quase como um fio – De costas... No vestiário...
- Como você sabia que era ela? – Perguntou Sirius – Só pelas costas, digo?
Remus lançou um olhar cético ao amigo.
- Não preciso explicar como nós consumávamos nossa relação, preciso?
Jolie viu o amigo fazer uma careta inconformada.
- Mas você tem razão... Talvez não seja ela... – Disse Lupin de repente com um sorriso quase débil nos lábios – Certo? Quero dizer...
Jolie olhou para o prato de salada enquanto espetava um pimentão com o garfo.
- Era ela Remus... – Disse lentamente.
James suspirou encarando o amigo.
- Claire voltou.
n/A: Gostaram? Odiaram? Querem me apedrejar?
Comentem e me deixem saber! <3
Até dia 28!
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