OneShot



Você não deveria ter inveja dela. Mas você tem.


Você a observa de longe, sempre escondida por detrás de um livro, enquanto a vê passar, sorridente, entre as mesas do Salão Principal. Os rapazes a olham de uma forma que jamais olhariam para você. Até seu amigo, aquele por quem você é apaixonada, olha para ela e não olha para você.


Aquilo não a incomodava antes, mas agora incomoda. E incomoda ainda mais quando você houve:


“Hermione, você é uma garota!” – num tom como de descoberta.


Sua vontade é socá-lo. Ali mesmo, na frente de todos, mas apenas levanta-se, enfurecida, por que alguém já havia te convidado para ir ao baile. Você faz questão de jogar essa informação na cara dele. Porque a pessoa que a convidara não era a pessoa de quem esperava o convite, mas foi um convite, de qualquer jeito. De um garoto. E um garoto mais velho. E famoso. Não que se importava com isso, só que agora você se importa.


Mas isso jamais apagaria a inveja que sente dela. De Fleur Delacour. Com sua beleza veela. E inteligência, afinal, ela está no Torneio Tribuxo.


E você se sente ofuscada e isso te incomoda...


Você sorri pelo fim da guerra e chora a morte dos seus pais. E aquela casa torta, quase caindo, se torna o seu lar. E aqueles ruivos, parte da família que perdeu.


Os anos passam e, estranhamente, a paixão pelo seu amigo... some. Ele é bonito, fiel, engraçado, mas é outro ruivo que passa a chamar sua atenção... Só que é Fleur que tem a atenção dele.


Você é nova demais e comum demais se comparada àquela meio veela.


E vive assim, observando, calada, cada aparição dele na Toca. Conversam ocasionalmente. E ele é inteligente. Muito mais inteligente do que você achava possível. E ele fala outras línguas. É charmoso e despojado. E você, que sempre detestou homens de cabelos longos, torce para que ele jamais escute Molly ou Fleur e corte os cabelos.


Você é madrinha de Harry e Gina. Depois, você é madrinha de Rony e Padma.


E você fica sozinha. Com seu emprego chato, seu gato velho e gordo, seus livros (sua única paixão) e o pequeno sobrado em que vive. Sozinha, para variar.


Naquele verão, sem guerra, sem Voldemort, de férias...


Você passa o tempo livre jogando pedras no lago atrás da Toca. Distraída. E não nota a aproximação dele.


- O que está fazendo?


Seu primeiro impulso é ser irônica. Afinal... O que você poderia estar fazendo, além de jogar pedras num lago? Mas você não responde nada.


Lança um rápido olhar para o lado e vê que ele te olha. Ele está sério. E você sente o coração batendo num ritmo louco porque nem aquela cicatriz pode tirar a beleza dura de Bill Weasley. E pensa que o melhor é olhar o lago. E é o que você faz.


Ao seu lado, ele começa a jogar pedras no lago também.


- Como está o trabalho?


- Tem seus altos e baixos.


Você pega outra pedra, mas sente a mão dele sobre a sua. Olha para aquelas mãos. Engole em seco, tensa. São mãos fortes, grandes, bem desenhadas. E pensa naquela mão ao redor do seu corpo. Fazendo-a se arrepiar...


O seu rosto cora, é claro. E ele sorri pelo nariz, como se pudesse ler seus pensamentos e isso a faz corar ainda mais.


Você entrelaça seus dedos aos dele. Quer dizer, você pensa em fazer isso, mas a lembrança da aliança faz com que afaste sua mão da dele de imediato.


Você volta a jogar pedras no lago.


- Estou pensando em voltar ao Egito – seu movimento para no meio do caminho, incerto.


Você não esperava aquelas palavras. E não gosta do que ouve.


Isso é um novo sentimento por que você sempre gostou de ouvir Bill. Porque quando conversavam, falam sobre tudo e nunca falam sobre Fleur.


Você joga a pedra, com menos força. Sente raiva e vontade de lançar a pedra ainda mais longe e com mais força, mas a surpresa é tanta que tudo parece desajeitado em seu corpo.


- Por quê? Os duendes querem você no Egito? – você pergunta, tentando disfarçar o nó que se formou em sua garganta e você torce, torce como nunca para que ele não perceba que sua voz saiu engasgada.


- Eu disse que eu estou pensando em voltar. Minha escolha.


Você solta um fraco ah, sentindo-se estúpida. De repente, jogar pedras no lago não tem mais graça, como se tivesse tido graça algum dia, mas nem aquela brincadeira chata conseguia afastar o pensamento que ele quer ir embora.


E você, claro, não liga para que ele esteja te olhando. Você fica analisando a pedra e estudando cada reentrância da mesma. Pensando o quanto é tola por sonhar que ele a via como uma mulher. Que ele sentia qualquer coisa que não fosse um cuidado fraternal.


Não, ele é Bill Weasley e é casado com Fleur...


- Hermione...


E você sabe que aquele é seu nome e que deve responder, mas... Se antes não confiava em suas palavras, o que dirá delas agora? Quando a súbita vontade de chorar está presa dentro do seu peito?


Quando todos os namorados que teve anteriormente não passaram de um mero rascunho daquilo que apenas sonhava em ter com um homem casado?


- Hermione...


E sua vontade é continuar ignorando, por que, apesar de tudo, é bom ouvi-lo chamando seu nome. Só que você se vira para ele, encarando os olhos de um azul profundo.


- O que Fleur acha disso? – como você detesta esse nome.


O vento solta alguns fios ruivos do rabo de cavalo que ele sempre usa. Os fios vermelhos se confundem com o cenário ao fundo. O pôr do sol. E você pensa que é capaz de amar ainda mais o pôr do sol só por que o cabelo dele tem essa tonalidade.


- Fleur e eu brigamos, Hermione.


E agora você solta um fraco oh, por que não esperava ouvir isso. Por que Bill e Fleur sempre pareceram muito calmos. E serenos. E perfeitos um para o outro.


- Vocês vão se entender – você diz sorrindo, sorrindo falsamente. Mas ele não te conhece o suficiente para perceber. Claro que não.


- É isso que espera?


- Claro - ... que não, você completa em pensamento. E sua vontade é berrar com ele. Mas permanece serena e encara as pedras.


- Hermione – ele repete o seu nome. Apenas ele fala o seu nome dessa forma. É o que você pensa – Isso não vai acontecer.


- O que não vai acontecer? – você se força a olhar para ele, por que precisa do olhar dele.


- Eu e Fleur nos entendermos. Ela me acusou... – e você viu que ele ficou levemente vermelho. E sabe que isso é raro de acontecer – Ela me acusou de estar apaixonado por outra pessoa.


Você prende os lábios para não deixar sair outra exclamação estúpida. Volta a encarar o lago. Sentindo raiva por Bill ser tão estupidamente perfeito. Além de Fleur, há outra.


- E você está? – sua voz sai, mesmo querendo ficar calada. Mesmo sabendo que deveria ficar calada.


- Apaixonado por outra pessoa? – você sabe que deveria levantar e voltar para Toca, mas permanece sentada. O coração sangrando. Você olha para ele e permanece sentada – Sim, estou. Fleur percebeu, sabe?


- Hum... – você sente raiva por não pensar direito – E não tem como... Bem... – você remexe nervosamente nas pedras, mas sem parar de fitá-lo – Você retomar o que tinha com Fleur, viajar com ela... Vocês são casados.


Merda, você pensa... eles são casados.


- Ela propôs isso, mas eu teria que me afastar da pessoa por quem sou apaixonado.


- Se você for para o Cairo também não causaria... afastamento?


Você vê um pequeno sorriso, mas um sorriso que não alcança os olhos.


- Mas eu iria sozinho para esquecê-la, sabe? Diferente de ir por uma imposição de Fleur... Como se eu pudesse me apaixonar por Fleur novamente...


- Acho que entendi – você mente, por que não tinha entendido nada. E você é Hermione, não está acostumada a não entender as coisas.


- Hermione – você o ouve dizendo, mas, sem perceber não olha mais para ele. Você tem os olhos fixos nas pedras – Hermione – ele repete e você o encara - Eu acho que você não entendeu.


E aquela verdade a machuca, por que soa como uma agressão. Apesar de não ser e você saber disso. Afinal... Você não entendeu... Entendeu apenas que Bill vai se separar da mulher e se mudar para o Egito por causa de outra mulher.


E você está cansada e triste. Magoada. A certeza de que nunca terá espaço no coração dele.


Levanta-se e começa a andar de volta para Toca. E você sente vontade de chorar. Só que já está cansada de chorar. Talvez seja mesmo melhor que ele vá embora. Por isso, quando se vira para falar com ele, é isso que diz:


- Talvez seja mesmo melhor que você vá embora.


E a frase sai amarga. Seca e fria.


Não tinha notado o quão próximo ele estava e você nota que o machucou, mas não se importa.


Na verdade, você se importa, mas guarda isso bem guardado.


- Você não me entendeu – ele repete, impedindo que você se vire. Impedindo que sua mão acerte um tapa e impedindo que você se afaste – Eu me apaixonei por você.


E você poderia ter ficado horas olhando de forma boba para ele. Como uma babaca mesmo. Mas você está diante de Bill Weasley. Por isso, você é puxada. E sente a mão dele em suas costas.


Depois, entrega-se ao beijo. Ao possessivo e singelo beijo que ele deposita em seus lábios.


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N.B.: AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH!!! Que gutchi gutchi!!! Eu tava precisando ler uma fic assim, fofa, gostosa, meiga, romântica!!!! Deliciosa de ler, flor, adorei!!! Mais uma pro meu ruivo!!! Uhuuuuuul!!!! Quero mais e mais desse estilo, hein!!!! Te amoooo!!!  (Rê Malfoy)


 


 N.A.: ideia boba e simples que me apareceu...
Espero que apreciem...

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Comentários (11)

  • Tonks Fenix

    Ahhhh! as mãos dos Bill! Sonhe com elas tb... rsrsTão simples, e tão liinda!Parabéns Flor! Que não falte inspiração pra escrever essas belezinhas pra gente!Bjinhus! 

    2012-05-22
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