Único



Harry odiava esse maldito domingo, em que os alunos de Hogwarts costumavam acordar mais cedo do que fariam em um final de semana comum e embrulhavam presentes e escreviam cartões para mandar para suas respectivas mães.


-Mamãe ficaria melhor com a nossa ideia.-reclamavam Fred e Jorge juntos, os braços cruzados e as expressões divertidas.


Percy fez um aceno negativo, dispensando a ideia dos gêmeos.


-Ela ficaria feliz se vocês deixassem de aprontar.-resmungou o mais velho dos Weasleys em Hogwarts.-Podem acreditar em mim.


Gina revirou os olhos e molhou a pena no tinteiro.


-Escrevo o quê, então?


-Combinamos que eu escreveria.-interveio Percy, emburrado.


-Mas Percy, você quer fazer tudo!-reclamou Rony com as orelhas vermelhas.-E quanto a nós? Somos filhos dela também!


Harry mexeu-se incomodamente com a discussão e procurou focar sua atenção em Hermione, que escrevia caprichosamente para a mãe, enquanto esperava a encomenda que viria pelo correio coruja chegar.


-Eles disseram que chegaria em três dias.-gemeu ela, afundando-se na cadeira e erguendo os olhos esperançosa, a espera de qualquer sinal de que um daqueles inúmeros pacotes indo e vindo do salão, seria o da sua mãe.


Neville sentou-se ao lado dela, procurando algo nos bolsos desesperadamente.


-Vocês viram um pacote desse tamanho?-ele perguntou, separando as mãos à uma distância de vinte centímetros.


Hermione não respondeu, mas passou ao garoto um embrulho vermelho, que o fez suspirar e relaxar.


-Obrigado, Hermione.


A garota abriu a boca para responder quando uma coruja pousou à sua frente, espalhando mingau para todos os lados e com a encomenda que Hermione tanto esperava.


-Ah, meu Merlim!-ela sussurrou, desamarrando o presente da coruja apressadamente.-Harry, pode pagar para mim?


-Claro.-o garoto assentiu e pagou a coruja, que o olhou com ar repreendedor.-Deve ser brincadeira.-resmungou ele, adicionando dois nuques a mais em comemoração a data.


A coruja piou e levantou voo, satisfeita consigo mesma e deixando o garoto idignado.


-Eu vou ao corujal.-avisou Hermione, se levantando de supetão.


-Vou com você-falou Neville, ajeitando o embrulho desajeitadamente.-Espero que a vovó goste do presente.


-O que comprou a ela?-quis saber a garota, enquanto os dois se afastavam da mesa da Grifinória, deixando Harry sozinho com os Weasleys.


-Eu já disse que é idiota!-reclamou Rony, ainda mais vermelho que antes.-Que droga, por que vocês nunca escutam?


-Porque suas ideias são dispensáveis.-disse Percy, olhando o irmão com ar superior.-Já as minhas são...


-Extremamente dispensáveis.-completaram os gêmeos.


-...brilhantes.-corrigiu o monitor, ofendido.


-Cale a boca, Percy.-respondeu Rony, sendo apoiado por Fred e Jorge.


Gina ignorava completamente os irmãos, escrevendo calmamente no pergaminho, com ar pensativo.


-Quer ajuda?-Harry perguntou, desistindo de continuar a ignorar a data.


-N-não.-gaguejou a garota, ficando vermelha e abaixando a cabeça.


Harry assentiu e voltou seus olhos para a mesa dos professores, procurando se atentar a algum lugar onde ele pensava que não haveriam cartas e presentes para mães. Os professores pareciam animados ouvindo algum relato de Dumbledore, e alguns até mesmo riam nas pequenas pausas que ele fazia.


-É claro que não minha intenção.-finalizou ele, em um tom animado e pouco sério.


-Tiago costumava contar umas histórias parecidas no Natal.-falou Lupin, rindo.-Geralmente acabávamos em uma detenção depois.


-Eu me lembro.-disse McGonagall com tanta seriedade que os outros riram, exceto Snape, que mantinha o semblante de sempre, inflexível.


-Ah, Sirius costumava mandar bombas de bosta de dragão para a mãe...-lembrou Remo, seus olhos tornando-se um pouco tristes.-Quem poderia imaginar que ele se tornaria o que se tornou...?


-Não vejo motivo para a surpresa.-disse Snape com frieza.


Lupin não respondeu e por um momento o clima da mesa pesou, até que o professor notou que Harry olhava para eles, os olhos verdes fazendo-o lembrar de Lílian.


-Tão parecido com os pais.-disse Dumbledore, seguindo o olhar de ambos os professores.


-Tiago e Lílian ficariam orgulhosos.-concordou Remo.-Me pergunto onde estariamos hoje se eles estivessem...


Snape bufou, interrompendo-o.


-Poupe-nos do discurso saudosista, Lupin.


Dumbledore encarou Severo divertido por detrás dos oclinhos de meia-lua, sabendo que estava provocando o outro. Entretanto, logo voltou-se em direção a mesa da Grifinória, mais especificamente para o terceiranista de olhos verdes, óculos e cabelos pretos despenteados.


Harry viu curioso, quando Lupin e Snape trocaram palavras que não se pareciam anda amigáveis e depois, quando o diretor virou-se para ele com um sorriso maroto.


-O que você acha, apanhador?-quiseram saber Fred e Jorge, chamando a atenção do garoto.


-Rony tem razão, mas vocês deviam reunir as ideias em uma só, a sra. Weasley gostaria de ver vocês unidos.-ele respondeu a primeira coisa que lhe viera a mente.


Os ruivos se entreolharam e caíram na gargalhada, sem contudo explicar o motivo. Era óbvio que Harry falara algo de errado. O terceiranista se levantou e começou a se afastar quando Rony o puxou.


-Vai aonde?


-Corujal.-os irmãos se entreolharam novamente, agora confusos.-Ela pode ser ruim, mas ainda é mãe.


-Quem...?-Rony perguntou.


-Tia Petúnia.-e o garoto se afastou, sendo seguido pelo olhar surpreso dos ruivos e dos três professores que observavam a cena.


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Olá, leitores! Gostaram?


Parabéns a todas as mamães pelo dia delas!


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