O servo se reúne ao mestre
Eram por volta das seis horas da tarde quando a campainha dos Dursley tocou. Tia Petúnia se encolheu no sofá enquanto Tio Válter caminhava gingando até a porta já sabendo quem estava do lado de fora.
-Boa noite Sr. Dursley! – Saudou Dumbledore por trás de seus óculos meia-lua. Tio Válter soltou um grunhido ao ver as vestes chamativas que o bruxo usava: Túnica roxa com pequenos pontos brilhantes e um chapéu muito grande também em um tom bastante chamativo de roxo.
-Entre antes que algum vizinho o veja. – Dumbledore entrou e sem convite nenhum se sentou no sofá.
No andar de cima, Harry havia caído no sono, mas ao ouvir a porta se abrir, pulou da cama, pegou o malão, Edwiges e enfiou a varinha no bolso do jeans e desceu atrapalhadamente as escadas em direção á sala de estar.
-Boa noite professor! – Saudou Harry sorrindo de orelha a orelha. Dumbledore mirou o garoto por alguns segundos como se estivesse tentando ter certeza de que era ele, e logo respondeu sorrindo:
-Boa noite, Harry. Queira se sentar. – Acrescentou Dumbledore indicando uma poltrona a sua frente, como se estivesse em seu escritório de Hogwarts. Enquanto Harry se sentava, viu os Tios e Duda (que desde que tivera uma discussão com a mãe sobre poder ou não tomar esteróides, passava o dia fora de casa, muito mal humorado) olhando feio para os dois bruxos sentados em sua sala. Dumbledore, que notou os olhares indiscretos, sorriu para Tia Petúnia.
-Sra. Dursley, um chá seria uma ótima pedida, se não se importa. – Tia Petúnia crispou os lábios e apertou as mãos contra as coxas magrelas, se virou de costas e seguiu para a cozinha, puxando Duda e o marido pelos pulsos.
-Bom, Harry, receio que você esteja bastante curioso do porquê eu vim aqui.
-Sim senhor. – Harry tinha certeza de que era alguma coisa realmente grave, mas estava tranquilo, estranhamente tranquilo.
-Bem, devo me desculpar por interromper suas maravilhosas férias de verão...
-Não se desculpe.
-... pois você terá de vir comigo, Harry. – O diretor abaixou seu tom de voz, afim de não deixar os Dursley ouvirem – Você está correndo perigo, um grande perigo. – Isso não era grande novidade para o garoto, que estava constantemente em grande perigo devido ao ódio que Voldemort nutria por ele.
-Professor, o que está acontecendo? É algo com Sirius? – De repente o padrinho veio a mente de Harry. Ele não tinha tido noticias do padrinho desde a carta que este enviara a ele no Expresso de Hogwarts. Será que tinham pegado Sirius? Mas se tivessem o pegado, ia ter aparecido no noticiário trouxa, não ia?
Nessa hora a cara ossuda de Tia Petúnia apareceu na sala com uma bandeja com duas xicaras de chá, Dumbledore deu um largo sorriso para a mulher e lhe agradeceu, esta o olhou apavorada e sai rapidamente da sala. O diretor se voltou novamente a Harry e retomou a conversa.
-Bem, Sirius está envolvido, mas não é a causa de eu vir aqui hoje. Creio que você se lembre do que me contou no fim do ano passado, sobre a predição da Prof. Trelawney, certo? – Harry lembrava claramente, como se tivesse sido ontem, das palavras de Sibíla Trelawney. De repente Harry estava de volta a sala sufocante e com forte cheiro de perfume doce.
“O Lorde das Trevas está sozinho e sem amigos, abandonado pelos seus seguidores. Seu servo esteve acorrentado nos últimos doze anos. Hoje à noite, antes da meia-noite... O servo vai se libertar e se juntar ao seu mestre. O Lorde das Trevas vai ressurgir, com a ajuda do seu servo, maior e mais terrível que nunca. Hoje à noite... o servo... vai se juntar...ao seu mestre...”
-A predição era a respeito de Rabicho, o senhor me disse ano passado. – Comentou Harry com os pelos da nuca eriçados pela lembrança. Dumbledore assentiu e continuou.
-Sim, dizia á respeito de Rbicho, e se concretizou... será que você tem alguma ideia do que eu estou falando, Harry? – Harry tinha. Ele já sabia, mas estava se negando a pensar nisso durante todo o período de férias, ele já sabia: Rbicho tinha encontrado Voldemort, ele estava o ajudando a erguer-se. Estava acontecendo.
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