Pré-Requisitos Necessários



Anteriormente, em Namorado:


Potter abriu a boca como se ele fosse dizer alguma coisa. Ah, não. Ele ia me corrigir. Potter iria dizer a Petúnia que eu menti. Ele ia dizer que ele não era meu namorado. Eu não poderia deixá-lo fazer isso. Pelo amor de Merlin, eu não podia deixá-lo fazer isso. Eu tinha que impedi-lo. Ele não podia dizer a verdade. Então, eu fiz a única coisa convincente que eu pensei que pudesse fazê-lo parar. Eu o beijei.


 




Capítulo Dois


 Eu tenho como política tentar de nunca me fazer um completo idiota duas vezes da mesma maneira. Afinal, sempre há diversas novas maneiras de me fazer um completo idiota. Pra quê repetir as velhas? ~ Margot Dalton


 




No rosto.


Merlin, eu devo ter acabado de falar as palavras mais idiotas que eu já falei em toda a minha vida. Mas o inferno ainda não tinha congelado, a Terra ainda estava girando em seus eixos e, até onde eu sabia, os porcos ainda não começaram a voar – não sem a ajuda de um Feitiço de Levitação, pelo menos.


Eu me inclinei para frente, coloquei meus dedos na frente de sua boca para silenciá-lo e rocei rapidamente meus lábios em seu rosto. Antes de voltar, eu movi minha boca para perto de sua orelha. "Continue com essa história," sussurrei em seu ouvido.


Comecei a me balançar de trás para frente pelos calcanhares enquanto olhava para Petúnia presunçosamente. Ela me encarava como se de repente tivesse crescido em mim seis cabeças. Eu sorri de volta para ela descaradamente. "Algum problema, Tuney?" Perguntei, os meus lábios se curvaram ainda mais ao usar o seu apelido mais odiado, que eu era proibida desde que ela começou a escola.


E ela continuava a me encarar. Merlin, isso era divertido.


"Você está namorando minha irmã?" Petúnia finalmente conseguiu resmungar. Ela parecia estar esperando alguém gritar "Te peguei!" e acabar com a piada. Quando ninguém fez isso, Petúnia fitou James.


Meus olhos encontraram James, e eu lancei um olhar de aviso para ele. Ele engoliu e se mexeu cautelosamente. Merlin, Potter! Quantas vezes você me convidou para ir a Hogsmeade? É só responder!


"Hmm, é," Potter respondeu hesitante, olhando para mim com aqueles olhos castanhos confusos dele.


"Veja, Petúnia," eu interrompi rapidamente, antes que o idiota engolisse a língua ou fizesse xixi nas calças. "Ele é meu namorado. Tenho certeza que você aprova. Eu me lembro de você dizendo alguma coisa sobre ele ser... o que você tinha dito?" Eu fingi tentar me lembrar enquanto tentava não rir quando seus olhos se arregalaram de horror. "Ah, sim, bonito."


"Ah, é... bem," ela sussurrou baixinho.


"É, eu também acho. Petúnia, conheça meu namorado, James Potter."


Petúnia parecia ter engolido sua língua inteira agora. James se endireitou e ergueu sua mão para ela apertar.


"Hmm, prazer em conhecê-la," saudou-a desajeitado.


Ela aceitou sua mão espantada.


"Ah, sim, Tuney, eu esqueci de dizer que ele também é um bruxo."


Ela soltou sua mão imediatamente. Seu rosto ficou verde, e parecia que seu cérebro estava prestes a explodir. Se eu não estivesse em pânico, eu teria rido histericamente. Porque fala sério! Eu estava parada na porta de minha casa com minha irmã que estava tendo um aneurisma porque eu disse a ela que Potter era meu namorado. Meu inimigo declarado! Talvez houvesse uma câmera escondida em algum lugar.


"Nós estaremos no meu quarto, Petúnia. Você irá querer bater na porta antes de entrar caso precise ver mais alguma coisa pela minha janela. Faz um bom tempo que nós não nos vimos."


Eu segurei Potter pelo cotovelo e passei correndo por Petúnia. Eu o puxei escada acima e entrei no meu quarto. Eu fechei minha porta rapidamente e me virei para encarar Potter.


"Que diabos você está fazendo aqui?" interroguei.


Ele abriu a boca para responder, mas eu o interrompi. A idéia mais maravilhosa veio na minha cabeça.


"Espere," disse a ele. Eu fiz minha imitação mais alta e mais irritante das meninas imbecis da escola. A risada que saiu de minha boca era tão estridente que eu queria tapar as minhas orelhas. "James!" gritei em uma voz alta e ofegante que iria ser ouvida no andar de baixo. Sorri. Perfeito.


"Lily?" James sussurrou em um tom incrédulo.


Eu voltei minha atenção a ele. "Você se importa em gemer o meu nome?" eu me ouvi perguntar. As palavras saíram da minha boca antes que eu pudesse evitar. Meu rosto ficou vermelho. Mas eu estava muito determinada para permitir que meu constrangimento me atrapalhasse agora. Se eu já tinha cavado minha sepultura, eu poderia muito bem deitar nela.


"Gemer o quê?" ele perguntou, ou melhor, engasgou.


Eu quase senti pena de Potter. Ele parecia que ia explodir. Mas ainda assim, isso significava que ele tinha uma chance. Eu estava certa de que meu cérebro já estava se espalhando pela parede.


"Meu nome," repeti concisamente. "Eu quero que minha irmã pense que nós estamos nos agarrando aqui," acrescentei naturalmente.


James, que parecia um pouco verde, mas com manchas rosa em seu rosto – criando uma espécie de efeito melancia – engoliu com força e assentiu. Quando eu ouvi meu nome sair de seus lábios em um rosnado baixo e sedutor, eu senti uma sensação de puxão forte em meu estômago que eu nunca senti antes. Eu nunca tinha ouvido ninguém falar meu nome com tanta paixão. Eu vagamente me perguntei qual experiência ele usou como motivação para fazer isso. Bem, ele é conhecido por dar umas voltas nos armários de vassouras.


A bufada alta que eu ouvi vindo do andar de baixo me tirou dos meus devaneios. Petúnia ouviu. Excelente.


"Obrigada," eu disse ao olhar para Potter novamente. Ele parecia tão constrangido parado ao lado da minha coleção de figurinhas de unicórnios. "Agora, mais uma vez, que diabos você está fazendo aqui?"


James empalideceu. "Você me arrastou até aqui!" protestou.


"Não aqui," esclareci, gesticulando o meu quarto. "Na minha casa!"


"Ah," Potter entendeu timidamente. "Bem, eu não tinha te visto o verão todo e eu não estava fazendo nada hoje," respondeu seu jeito.


"Você não poderia ter me escrito? Por que você teve que vir até minha casa?" perguntei irritada.


"Mas você teria jogado a carta fora quando visse de quem era," ele apontou para mim.


Droga, ele estava certo. "Isso não é verdade," menti entre os dentes. "Se você for embora agora, você pode tentar," eu disse enquanto o conduzia à porta para levá-lo para fora. Quando eu estava abrindo a porta para tirá-lo dali, ele me impediu.


"Sabia que você sempre fica com essa ruga entre as sobrancelhas quando mente?" Potter me perguntou.


Eu estava prestes a replicar quando eu ouvi o som que o terceiro degrau sempre faz quando alguém está subindo as escadas. "Rápido!" sibilei. "Deixe seu cabelo bagunçado," eu olhei para ele brevemente, "mais bagunçado" acrescentei.


Potter me deu um olhar sarcastico, mas eu não tinha tempo. "Anda logo," mandei. "Eu explico depois."


"Acho bom," ele respondeu.


Felizmente, para meu grande alívio, ele começou a passar as mãos pelos cabelos. Desesperadamente, comecei a fazer o mesmo. Então, antes mesmo de ouvir se Petúnia havia chegado ao corredor, eu puxei a alça direita da minha regata para baixo e me atirei meu corpo contra Potter. Meus braços enrolaram-se por trás de seu pescoço e nós cambaleamos para trás contra a parede. Ironicamente, suas costas bateram em uma foto de Petúnia.


A respiração dele soou forçada. Suas mãos encontraram a parte de trás do meu pescoço, e ele me segurou em um abraço apertado. Ordinariamente, isto teria me dado nojo, mas eu adorava os hormônios de Potter agora.


"Deus do céu, pelo menos façam isso no seu quarto," Petúnia zombou ao passar por nós.


Garantindo que ela teria uma visão boa de nossas aparências desleixadas, eu me soltei de Potter para lhe dizer, "Boa idéia. Obrigada, Tuney."


Ela bufou e então saiu. "Vernon chegou. Estou saindo," anunciou, sem nem se importar de se virar.


"Divirtam-se! Nós estaremos aqui," eu disse a ela com um falso entusiasmo. Eu segurei Potter pelo braço antes de puxá-lo para meu quarto e bater a porta com um som ressonante.


"Lily, por mais que eu aprecie ser arrastado por você, você pode me dizer o que está acontecendo?"


"Merlin," suspirei, antes de desabar em minha cama. O que estava acontecendo? Que diabos eu tinha acabado de fazer? Em nome de Merlin, o que vou fazer agora? Eu coloquei minhas mãos no rosto e fechei meus olhos. "Merlin", repeti, vezes e vezes.


Talvez isso fosse um sonho. Não, sonhos eram para ser felizes. Isso era um pesadelo. Era isso! Tudo era resultado de um sorvete que eu tinha tomado às duas da manhã da noite passada. Os lacticínios nunca cooperavam comigo após as onze. Eu abriria meus olhos, e tudo estaria acabado. Eu estaria segura, aquecida e sozinha em meu quarto. Eu dei uma espiada, por acaso.


O rosto de James Potter estava a poucos centímetros do meu. Ele estava olhando para mim como seu eu estivesse tendo um colapso nervoso.


Que inferno, eu provavelmente estava.


Resmunguei. "Você ainda está aqui," murmurei sombriamente.


Seu rosto se quebrou em um sorriso glorioso ao me ouvir falar. Merlin, essa criança precisava de outro passatempo.


"Lily," ele me censurou em tom de brincadeira. "Isso é jeito de cumprimentar seu namorado?"


Eu resmunguei novamente e enfiei meu rosto no meu travesseiro. "Você não é meu namorado," declarei.


"Sim, eu sei disso," disse Potter óbvio. "Eu acredito que essa foi a última coisa que você me disse antes das aulas terminarem, e eu disse 'você esperava que eu tivesse sofrido algum tipo de acidente de Quadribol que danificasse o meu cérebro o suficiente para parar o funcionamento motor das minhas mãos, e então eu finalmente iria parar de despentear os meus cabelos.' Você estava tão brava comigo naquele dia. Foi realmente adorável," ele relembrou com carinho.


Eu não diria que eu era uma pessoa naturalmente cruel, mas é que algumas pessoas me dão nos nervos. Como Petúnia e o idiota que estava olhando para o lado da minha cama com os olhos arregalados. Olhei para onde ele estava olhando. Merlin! Era um dos meus sutiãs que eu havia trazido da lavação, e James Potter o viu! James Potter viu meu sutiã! Eu o agarrei rapidamente e o escondi debaixo de meu travesseiro.


Meu rosto ficou completamente vermelho e respondi. "Sim, eu lembro."


Potter olhou para mim com um sorriso tímido do tipo que claramente dizia: 'É, eu acabei de ser pego olhando para seu sutiã e possivelmente imaginando como você ficaria nele.'


"Então," ele começou, tentando evitar o constrangimento de nossa situação. "Eu perdi alguma coisa? Eu suponho que tenha tido sorte. Eu tento sair com uma garota durante seis anos e então perco o fato de que ela é minha namorada."


Meus olhos se arregalaram de horror. "Eu não sou sua namorada!" gritei com uma voz horrorizada. "Eu nem sequer suporto você, Potter!"


Ele sorriu com essa marca registrada, com aquele sorriso irritantemente atraente dele. "Isso era o que eu imaginava," ele respondeu, sentando-se ao meu lado na cama.


Minhas mãos imediatamente ficaram tensas, e eu enfiei minhas unhas nas palmas da mão. Um garoto estava sentado na minha cama. E não era um garoto qualquer, mas James Maldito Potter, a quem eu tinha acabado de dizer a minha irmã que era meu namorado. Merlin, me mate.


"Ainda assim," ele continuou naquela irritante voz calma, "isso não explica o que está acontecendo."


Como ele podia estar tão indiferente a respeito disso? Porque ele não estava surtando que nem eu? Que bosta, ele era o garoto mais irritante do planeta. Ele ainda teve a coragem de sorrir para mim como se isso fosse algo normal de nos acontecer em uma terça-feira de manhã.


Eu suspirei. "É verdade," disse, olhando para seus olhos castanho-esverdeados tão perto como nunca os vi antes. "Eu não faço idéia do que estou fazendo."


Então, Potter fez a coisa mais inconcebível para o momento. Ele começou a rir. Mas não numa risada educada. Ele deu uma gargalhada tão forte que as molas de meu colchão começaram a ranger em protesto.


"Isso não tem graça!" argumentei em frustração.


Eventualmente, ele conseguiu manter controle o suficiente para resmungar um pedido de desculpas. "Me desculpe, Lily, mas é."


"Pare de rir ou eu lanço em você a azaração do esquecimento!" avisei irritada. Eu soei muito assustadora para meus ouvidos, mas assim que eu disse isso, o idiota se abriu em outra seção de risadas histéricas. "Perfeito," murmurei. "Eu espero que você ainda ache isso tudo muito engraçado depois de eu te transformar em um abafador de chá," disse puxando minha varinha do bolso para ameaçá-lo.


"Vermelho, por favor," ele me disse entre as risadas.


"Você é impossível!"


"É o que dizem" respondeu ele descaradamente.


"Porque você é um..." eu iria chamá-lo de alguns adjetivos muito mais baixos, mas eu ouvi uma voz me chamar do andar de baixo.


"Lily! Você já acordou? É quase uma hora!"


Eu gelei. Minha mãe estava em casa.


"Lily?" ela chamou de novo.


"Sim, mãe, já acordei!" gritei em resposta.


"Você pode vir aqui em baixo? Eu preciso de ajuda com as compras!"


"Claro, mãe, eu estarei aí em um minuto!"


"Está bem!" disse ela de volta.


Eu voltei minha atenção para o elefante¹ em meu quarto. Aparentemente, elefantes tinham cabelos extremamente despenteados e gostavam de fazer minha vida um inferno. Malditos elefantes.


"Eu tenho que ir lá em baixo falar com minha mãe," disse a Potter curtamente.


"Tudo bem," Potter respondeu, parecendo lidar muito facilmente com toda essa situação. "Quer que eu vá com você?"


"Não!" respondi rapidamente. "Não, você tem que ficar aqui. Eu vou pensar num jeito de te tiramos daqui sem ser visto. Não devo demorar. Apenas fique aqui." Fiz uma pausa para examinar seus olhos maliciosos. "Não toque em nada," disse a ele. "E não olhe nada também. Ou melhor ainda," acrescentei, puxando minha cadeira da escrivaninha, "sente aqui e espere eu voltar."


Ele se sentou em minha cadeira sem reclamar, mas eu tinha certeza que ele estava apenas preocupado que eu ia azará-lo se ele não fosse. Eu ainda tinha minha varinha em mãos.


"Diga a sua mãe que eu disse 'oi,'" disse ele alegremente.


"Apenas não faça nenhum barulho e finja que não esta aqui, Potter," ordenei antes de sair do quarto. Infelizmente, eu não consegui deixar de ver o sorrisinho em seu rosto quando fechei a porta.


"Babaca," murmurei para mim mesma ao passar pelo corredor. Tentei acalmar minha frustração enquanto descia as escadas. Eu não precisava que minha mãe pensasse que estava estressada. Isso levaria a perguntas que eu não estava apta a responder. Perguntas como por que eu disse a Petúnia que James Potter era meu namorado, ou, você sabe, qual era meu sabor favorito de torta. Eu acho que a última não era tão difícil, exceto pelo fato de que eu nunca conseguia escolher entre manteiga de amendoim e abóbora.


"Mãe?" chamei.


"Na cozinha," ela soou, mas sua voz saiu abafada.


Quando eu entrei na cozinha, decorada com papeis de parede de frutas, encontrei o corpo de minha mãe saindo da geladeira. "Estou aqui," anunciei num tom normal de voz.


Ela tirou sua cabeça da gaveta dos vegetais juntamente com alguns aipos. "Ah, aí esta você. Ótimo. Você pode pegar o bife? Está no balcão. Eu vou prepará-lo para o jantar hoje à noite."


"Parece bom," comentei enquanto passava o pacote de carne para ela, o qual ela colocou na geladeira.


"Bem, é o favorito do seu pai."


"Hmm," respondi vagamente, olhando para as escadas. Neste momento, James Potter estava no meu quarto sem ser supervisionado. Ele poderia estar fazendo qualquer coisa agora! Ele poderia estar mexendo nas minhas coisas agora! E se ele achasse minha gaveta de calcinhas? Isso seria pior do que ver meu sutiã!


"Aonde está sua irmã hoje?" minha mãe me perguntou com a voz cansada.


"Ah, você sabe," respondi enquanto colocava uma caixa de passas no armário. "Ela saiu com o Vermin"


"Lily!" ela me repreendeu.


"Ah, mãe, por favor!" argumentei. "Ele é um perfeito idiota. Até Petúnia poderia achar alguém melhor do que ele."


"Ele é mesmo horrível, não é?" minha mãe sussurrou em uma espécie de tom liberado de voz.


Sorri. Eu amo minha mãe. Claro que ela amava nós duas de todo coração, mas ela sempre parecia achar as artimanhas de Petúnia tão ridículas quanto eu. Ela suspirou alto enquanto segurava um saco de pêssegos, pensativa.


"Só me faça um favor, Lily. Quando trouxer um garoto para casa, escolha alguém que seja melhor que aquele Vermin."


Ela começou a rir e eu sorri fracamente de volta a ela. Meus olhos dispararam de volta para as escadas. Se ela soubesse.


"Lily, tem alguma coisa lá em cima?" ela me perguntou com curiosidade.


"Quê?" guinchei. "Não!"


"Essa é a terceira vez que te vejo olhando para cima," minha mãe acusou. "Tem algo de errado com seu quarto?"


"O quê? É claro que não!" ótimo, minha voz falhou. Porque eu não usava um sinal luminoso em minha testa de uma vez?


"Então você não vai se importar se eu for conferir," mamãe disse indo em direção as escadas.


Em pânico, fui atrás dela. "Mãe, isso é realmente desnecessário," disse a ela.


"Não se preocupe, eu vou apenas pegar meus óculos de leitura. Eu os deixei em seu quarto na noite passada quando vim dar uma olhada em você."


Nós chegamos no segundo andar.


"Eu pego eles para você! Sério! Você não precisa entrar!"


"Relaxe, Lily!" ela provocou. "Eu já vi muitos quartos antes. Você não pode me assustar."


E então, ela abriu a porta.


Horrorizada, eu assisti a James surgir da cadeira que eu o havia forçado a se sentar anteriormente. Sua mão voou imediatamente para seus cabelos.


"Ah, minha nossa, Lily!" minha mãe exclamou.


"Mãe, eu posso explicar," respondi rapidamente.


"Quem é este garoto?"


James parecia muito surpreso para responder.


"Lily?" ela ordenou.


"É..." eu hesitei em uma tentativa vã de encontrar alguma razão para essa insanidade. Seus olhos castanhos perfuraram os meus, e eu desisti. Não havia mais nada que eu pudesse pensar, e assim eu poderia parecer coerente com as minhas mentiras. "Mãe, este é meu namorado, James Potter."


Parecendo despertar de um estupor ao som de seu nome, Potter andiantou-se e estendeu sua mão. Ele deu a minha mãe seu sorriso mais espontâneo. "A senhora tem uma casa adorável, Sra. Evans" ele a cumprimentou educadamente.


Minha mãe piscou sob o encanto de seus dentes brancos. Merlin, eu esperava que eu não parecesse assim quando ele falava comigo. Atordoada, ela apertou sua mão.


"Por favor, me chame de April, James," ela respondeu com seu próprio sorriso. "Lily nunca me contou que estava namorando com um jovem rapaz tão bonito."


Eu revirei meus olhos. Era lógico que minha mãe teria uma reação completamente errada. Ao invés de tentar assassiná-lo por possivelmente revirar minhas calcinhas, ela já estava planejando netos.


"Na verdade," mamãe continuou, virando-se para mim, "ela nunca me contou que tinha um namorado."


"Surpresa?" ofereci sem jeito.


"Bem, é um prazer conhecê-lo, James. Porque vocês dois não vem lá em baixo comigo? Eu estava mesmo indo preparar o almoço. Assim vocês podem comer, e eu posso ficar de olho em vocês."


"Mãe!" rosnei.


"O quê?" ela perguntou inocentemente.


Merlin, minha mãe achava que James e eu estávamos nos agarrando. Era diferente com Petúnia. Eu estava tentando aborrecê-la. Mas esta era minha mãe! Meu rosto se queimou de calor.


"Parece ótimo, Sra... quero dizer, April," James respondeu.


Minha mãe sorriu para ele, e então encontrei a mim e ao meu namorado sendo escoltados para fora de meu quarto.


"Então, James, fale-me sobre você."


Eu gemi. Nunca era uma boa idéia perguntar a um narcisista que passa anos vivendo com adolescentes o adorando esse tipo de pergunta.


Com o olhar incessante e com as perguntas sem fim de minha mãe, Potter e eu, depois de almoçar e sermos interrogados por três horas, estávamos na sala para assistir televisão. No sofá para dois², é claro.


Eu teria achado seu espanto infantil sobre a "incrível engenhoca trouxa" divertida se eu não estivesse tão preocupada com o que eu ia fazer. Infelizmente, não era apenas se virar para Potter e conversar sobre isso. Ele estava muito ocupado puxando o saco de minha mãe para me ajudar a pensar em um jeito de fazê-lo desaparecer. Eu tateei minha varinha em meu bolso enquanto pensava em todas as azarações desagradáveis que eu havia aprendido. Não, isso seria antiético. A não ser...


Eu espiei por cima de eu ombro. Minha mãe estava ocupada cuidando das batatas cozidas.


"Potter," cochichei pelo canto de minha boca.


"Sim," ele sussurrou de volta.


"Eu preciso que você..."


A campainha tocou. "Ah, deve ser o seu pai."


"Droga," amaldiçoei sem fôlego. Eu agarrei seu pulso e o examinei atentamente.


"Potter, se você sustentar essa história durante o jantar, eu farei o que você quiser. Eu paro de cancelar suas festas pós-Quadribol, e vou até fingir que não vi quando você tentar trazer Wiskey de Fogo de Hogsmeade. Apenas faça-me esse favor, por favor, não conte a minha família que eu menti," implorei baixinho.


"Claro, Lily," ele concordou sincero. "Ser seu namorado não é tão ruim assim."


Eu gemi. "Para você, talvez," murmurei fracamente.


"Lils! Cheguei!" eu ouvi meu pai dizer no que ele saltou para a sala para me dar um abraço, seu hábito comum após o trabalho. Ele parou quando viu um garoto sentado ao meu lado.


"Lils, quem é esse?" ele perguntou com a voz confusa.


Minha mãe foi até ele. "Esse é o namorado dela, James. Lembra, querido? Lily mencionou que iria trazer alguém da escola para ficar aqui por duas semanas."


"O quê?" meu pai perguntou em voz alta.


Finalmente, uma resposta normal. Eu estava me perguntando se eu era a única pessoa sã que restava nessa casa. Espere aí, duas semanas? Não! Essa era a Hestia!


"Henry!" minha mãe chiou.


Potter levantou de sua cadeira. Ele estendeu sua mão para meu pai. "É um prazer conhecê-lo, senhor," cumprimentou.


Meu pai relutantemente apertou sua mão. Merlin, papai, eu sei o que é sentir isso. Era muito chato quando a pessoa que você estivesse tentando odiar estava agindo com maturidade e respeito.


"Ah, bem, duas semanas, é? Porque você não mencionou que seria um garoto?" meu pai perguntou.


"Calma, Henry," mamãe respondeu num sussurro, mas eu ainda podia ouvi-la. "Nós já estamos com o quarto de hóspedes pronto. Tenho certeza que Lily não iria gostar nem um pouco se nós expulsarmos o primeiro namorado que ela trás para casa. Faça isso por ela."


Ah, isso era fantástico.


"É um prazer ter você aqui, rapaz," meu pai disse finalmente, com a voz tensa.


"O jantar estará pronto em poucos minutos. Eu espero que Petúnia e Vernon cheguem aqui a tempo. Imaginem, um jantar com toda família! Que delícia! Lily, você poderia arrumar a mesa?" minha mãe perguntou excitada.


Seria rude de minha parte sair correndo de casa e gritando?


Aproximadamente quinze minutos depois, eu estava sentada ao lado de Potter em nossa mesa na sala de jantar. Minha mãe insistiu que nós usássemos as louças de porcelana, porque nós tínhamos visitas. Nós nunca usamos a porcelana com Vernon. Mas Potter era especial. Eu observei Petúnia comendo sua salada em pequenas garfadas a minha frente. Merlin, se o olhar pudesse matar. Aparentemente, trazer seu namorado baleia para jantar com seus pais e com sua irmã aberração e seu namorado aberração era "totalmente desnecessário."


"Então, James," meu pai perguntou enquanto brincava com o garfo, "há quanto tempo está namorando a minha filha?"


Potter olhou para mim em busca de resposta.


"Ah, faz uns três meses agora," eu inventei. "Nós ficamos juntos um pouco antes das aulas terminarem."


"Lily!" minha mãe exclamou. "Tanto tempo e você nem nos contou! Como você pode esconder algo tão importante da gente?"


Eu tossi e procurei pelo meu copo d´água.


"É minha culpa, Sra. Evans," eu ouvi Potter dizer, virando-se em sua cadeira para encarar minha mãe na ponta da mesa. "Eu queria que fosse uma surpresa para quando eu viesse visitar Lily."


"Que romântico!" minha mãe suspirou.


"É," Petúnia comentou amargamente, "que surpresa."


"Ah, fique quieta," mamãe a silenciou.


"Então, James, você estuda em Hogwarts com Lily?" meu pai interrogou-o.


"Sim, senhor," James respondeu respeitosamente.


"E você tem boas notas lá?"


"Eu dou o meu melhor, senhor," ele respondeu modestamente.


Eu fiquei surpresa. O Potter que eu conhecia nunca perdia uma oportunidade de se vangloriar. Ora, vamos, Potter! Eu tenho uma irmã para irritar! "Ele está sendo modesto," disse ao meu pai. "Ele é o melhor de nossa classe."


"Bem atrás de Lily," Potter admitiu. "Ela é bem difícil de se acompanhar." Revirei os olhos. Ele era tão puxa-saco.


Meu pai sorriu afetuosamente para mim. "Eu imaginei que fosse," disse. Eu sorri de volta a ele.


"Você pratica algum esporte?" papai perguntou com um pouco mais de entusiasmo.


"Eu sou o capitão do time de Quadribol da Grifinória, senhor."


"Ah, sim! Lily me explicou sobre esse jogo uma vez. Envolve vassouras e um waffle³, certo?


Eu bufei para minhas batatas.


"Goles," Potter o corrigiu.


"Ah, certo," papai respondeu. Ele começou a cortar seu bife. "Agora, quais são suas intenções com minha filha de dezessete anos?"


Potter se engasgou tão alto que achei que ele tinha engolido sua língua. Os lábios de Petúnia se curvaram em um sorriso leve enquanto ele tossia seus pulmões.


"Papai!" chiei.


"Henry!" minha mãe exclamou simultaneamente. "Não interrogue o pobre garoto. Meu Deus, levou três meses apenas para Lily nos contar sobre ele. Nós não queremos o apavorá-lo."


"Sim, querida," meu pai murmurou pedindo desculpas.


Eu queria passar meus braços em volta dele e dizer que sua garotinha não estava namorando, mas minha irmã estava sussurrando alguma coisa no ouvido de Vernon, e eu sabia que eu estava numa situação difícil. Eu precisava trabalhar nesta questão de orgulho Grifinório, que me colocou em confusão.


"Conte-nos," minha mãe apressou. "Como foi que vocês ficaram juntos?"


Olhei para Potter desesperada. Ele me encarou antes de voltar sua atenção a minha mãe com um sorriso simples no rosto.


"Bem, eu sabia que eu gostava de Lily desde o primeiro momento que a vi no trem quando nós tínhamos onze anos. O cabelo, os olhos, o sorriso. Ela era a coisa mais radiante que eu já tinha visto. Deve ter vindo de bons genes. Infelizmente, ela não era tão facilmente seduzida. Eu tendia a ser um pouco idiota perto dela. Quando eu era mais novo, eu costumava fazer coisas idiotas para tentar impressioná-la, e ela ficava um tanto frustrada comigo. Eu tinha um costume constrangedor de assistir a todos os seus movimentos. Eu estava desesperado. Então, um dia após os exames deste ano, eu a encontrei sentada sozinha no Salão Comunal. Já havia passado bastante tempo desde o toque de recolher, e todo mundo já tinha ido dormir. Ela tinha adormecido na sua habitual poltrona em frente à lareira lendo o livro de Feitiços, o seu preferido. Eu não queria que ela dormisse sentada, então eu tentei ajeitá-la. Ela acordou nos meus braços. Nós ficamos conversando, primeiro sobre a escola e depois sobre todo o resto. Quando nós percebemos, já eram quase quatro da manhã. Eu a convidei para ir para Hogsmeade, o vilarejo local, comigo, no último passeio, e ela disse sim. Eu estava tão eufórico que eu a beijei naquela mesma hora. E então eu a observei indo para seu dormitório. Foi a melhor noite da minha vida. E aqui estamos nós."


Ele parou abruptamente. Eu pisquei. Foi quase como se eu tivesse em um transe. Eu conseguia ver tudo isso em minha cabeça: o fogo, a poltrona, o livro. Soava perfeito. Na verdade, eu quase queria isso. Só que não, é claro, com o Potter. Eu olhei para ele. Ele estava sorrindo para mim de um jeito que eu nunca o vi fazer antes. Não havia nenhum traço de brincadeira ou sarcasmo nele. Ele apenas me olhou como... como se eu fosse a garota da história. Ele se inclinou um pouco para roçar levemente minha têmpora com seus lábios. Eu soltei um suspiro audível.


"Que lindo," minha mãe murmurou sem fôlego.


"Humpf," Petúnia retorquiu.


Eu sorri.


Após as louças serem limpas, minha mãe me arrastou para a cozinha.


"Ah, Lily!" ela se emocionou. "Ele é perfeito!"


"É, ele é um... ótimo rapaz," respondi sem jeito.


"Não se preocupe com seu pai. Eu o convencerei a pegar leve com James, afinal, ele vai ficar aqui por duas semanas e nós não queremos que ele se sinta desconfortável perto da gente. Eu não sei por que seu pai precisa ser tão superprotetor. Ele é um homem maravilhoso. Eu já o amo, e é óbvio que ele ama você. Quero dizer, você já viu o jeito que ele olha para você? E que história! Meu Deus, foi tão adorável. Eu estou tão feliz por você e seu novo namorado!"


Eu usei o balcão da cozinha como suporte. É lógico que minha mãe ficaria muito animada com o meu relacionamento com um jovem adolescente. Ela estava nas nuvens sobre deixá-lo ficar em nossa casa. Porque ela não poderia surtar e me enterrar como uma mãe normal faria?


"Você tem certeza, mãe?" perguntei conducente. "Eu não quero que papai fique bravo. Ele tem dezessete anos, e tudo mais."


"Deixe que eu me preocupo com seu pai," ela consolou. "E você aproveite seu tempo com James."


"Obrigada, mãe," respondi. Felizmente, ela não notou o tom seco em minha voz.


"Vamos," ela me apressou. "Vamos mostrar a James seu quarto."


Quase meia hora depois, minha mãe tinha afofado tanto o travesseiro de James que eu não ficaria surpresa se ele tivesse se transformado no ganso que era antes.


"Bem," minha mãe hesitou lamentavelmente, "acho que nós devemos deixar você em paz. Tenho certeza de que você está bem cansado."


"Obrigado, Sra. Evans. Eu agradeço muito," disse James.


"April, querido!" ela o lembrou.


"Ah, certo, April," ele se corrigiu.


"Diga boa noite, Lily," ela se dirigiu a mim.


Eu andei até Potter, e nós nos abraçamos na frente dela. Nenhum de nós sabia o que fazer exatamente com nossos braços, então provavelmente nós parecemos ridículos. Antes de nos soltarmos, eu sussurrei em seu ouvido, "Me encontre do lado de fora a meia noite."


Eu me soltei dele com um olhar significante e segui minha mãe para fora da porta.


Visto que eram apenas nove horas, eu tinha tempo para matar. Infelizmente, eu também tinha muita energia nervosa. Eu estava surpresa com o quanto mentir poderia lhe deixar agitada. Por volta das dez e meia, coloquei meus pijamas, que consistia em um par de shorts e uma camisola. Eu não queria usar meu camisetão na frente de Potter. Ele provavelmente já tinha visto seis das sete calcinhas "Poção-da-Semana" na minha gaveta.


Eu me joguei na minha cama e olhei para o relógio em minha mesa de cabeceira. Eram apenas 11:21. Um pedaço de pergaminho chamou minha atenção. Eu peguei a carta de Hestia tristemente. Eu precisava contar a ela as novidades. Como eu poderia explicar isso a ela? Cara Hestia, me desculpe, mas você não pode vir para cá, pois meu namorado, James Potter, está neste momento dormindo em seu quarto. Não, eu nunca poderia contar isso a ela. Talvez eu devesse começar com alguma coisa sobre o tempo. Eu reli sua carta novamente. Ela parecia feliz. Eu queria muito que tivesse sido ela que tivesse vindo em minha casa esta manhã. Olhei para meu relógio de novo. Era quase meia-noite. Ah, certo. Eu acho que eu deveria pensar em alguma solução pela manhã.


Eu me levantei e saí do quarto. Desci os degraus o mais silenciosamente que pude. Meus pais geralmente tinham sono pesado, mas eu duvidava que Petúnia alguma vez dormisse. Isso provavelmente explicava o porquê dela ser tão rabugenta o tempo todo. Eu saí de casa na ponta dos pés e fui para o quintal. A grama úmida tocava maravilhosamente em meus dedos. Eu me localizei no balanço de minha infância. Quando Petúnia e eu éramos crianças, meu pai comprou a cada uma de nós um balanço. Enquanto eu relembrava os tempos em que Petúnia e eu nos dávamos bem, antes da maquiagem, dos meninos e da magia entrarem em nossas vidas, senti alguém sentar ao meu lado. Eu meio que esperava que fosse ela, mas era apenas o Potter.


"Sua família é muito legal," ele me disse. "Bem, pelo menos os seus pais são," ele emendou.


"É," concordei. "Eles te adoraram. Até mesmo meu pai que não queria que eu namorasse até estar casada e com filhos. E eu nem me lembro de quando foi a última vez que vi minha mãe tão empolgada, também."


Ele riu baixinho. "Qual é o problema da sua irmã?"


Eu suspirei e agarrei as correntes do balanço que eu comecei a balançar para trás e para frente. "Quando nós éramos pequenas, Petúnia e eu éramos melhores amigas. Então, eu fui aceita em Hogwarts, e ela não. Nunca mais foi a mesma coisa entre a gente desde lá."


"E agora você está me usando para provar alguma coisa a ela?" ele adivinhou.


Eu ri. A única coisa mais ridícula do que James Potter adivinhando corretamente minhas razões eram as minhas razões propriamente ditas. "É, acho que sim," suspirei. "Parece estúpido, não é? Mentir para aborrecer sua irmã?"


Potter deu de ombros. "Eu não sei. Acho que eu já ouvi coisas mais estúpidas antes. Caramba, eu já fiz coisas mais estúpidas."


Eu gargalhei ao lembrar de uma vez no terceiro ano, quando ele e Sirius correram pelo Salão Principal por causa de uma aposta. Ele sorriu para mim.


"Então, você vai fazer isso?" perguntei de repente.


"Fazer o quê?"


"Me ajudar a ser estúpida?" perguntei, me sentindo uma tola.


"Lily, você nunca seria estúpida," ele sorriu para mim, e eu sacudi a cabeça em seu flerte bizarro.


"Contudo, seria uma honra fingir ser seu namorado."


"Sério?" exclamei. "Obrigada, Potter! Vai ser por pouco tempo. Eu vou pensar em alguma desculpa para você sair daqui em poucos dias. Você não vai querer desperdiçar suas duas últimas semanas de férias aqui. E depois, quando as coisas se acalmarem, eu posso explicar a eles que nós terminamos," balbuciei.


"Bem," ele respondeu maliciosamente. "Eu não iria tão longe. Pode haver alguns benefícios com essa farsa que eu irei gostar."


Eu mirei seu braço, que agora estava enrolado ao redor do meu ombro nu, com repulsa. Bem quando eu pensei que ele poderia ser tolerável pela primeira vez, ele faz uma coisa como essa. Eu empurrei seu braço para longe. "Se é assim que você pensa, eu irei confessar a verdade a Petúnia agora mesmo."


"Relaxe, Lily, eu apenas estava sentindo sua falta."


"Se os últimos seis anos não lhe ensinaram nada, saiba que eu não gosto quando você faz isso."


Ele sorriu. "Algo me dizia que não. Talvez fossem todas aquelas vezes que você se negou a sair comigo e me chamava de 'arrogante',"


"Bem," repliquei. "Às vezes você é."


"Ainda assim, arrogante ou não, vai ser muito estranho se você se esquivar toda vez que seu namorado olhar para você," Potter argumentou.


"Eu não me esquivo," exclamei indignada.


"É mesmo?" ele se aproximou tanto de mim que poderia ver todos os tons de cores de seus olhos castanho-esverdeados por trás de seus óculos. Instintivamente, eu me afastei dele.


"Viu?" ele riu.


"Droga!" bufei.


"Te peguei, Lils" Potter provocou orgulhoso.


"Primeiramente, Potter," eu disse a ele. "Apenas meu pai pode me chamar assim. Segundo, eu acho que nós poderíamos ter um mínimo de demonstrações públicas de afeto, mas eu digo um mínimo. Mãos dadas, braços em volta dos ombros e abraços. Não haverá línguas envolvidas em nada."


"Eu concordo com boa parte disto," Potter assentiu com um sorriso torto. "Mas se eu não posso te chamar de Lils, do que vou te chamar?"


"Lily," respondi com simplicidade.


"Então você deveria me chamar pelo primeiro nome também," disse Potter. "Embora eu goste quando você fica com raiva e começa a bufar 'Potter','" acrescentou ele audaciosamente.


"Tudo bem," concordei relutante.


"Tudo bem o quê?" ele persuadiu detestavelmente.


"Tudo bem, James," bufei.


"Viu, nem foi tão difícil," anunciou Potter, que parecia satisfeito. "Agora," ele continuou em tom de negócios. "Nós já fizemos sexo?"


Minhas mãos caíram dos meus lados. "É claro que não!" exclamei. "Por que você perguntaria uma coisa dessas?"


O idiota sorriu torto para mim. "Calma, Lily. Eu só estava imaginando nosso plano de fundo. Casais que já fizeram sexo se comportam diferente dos que não fizeram. Eles sempre têm aqueles sorrisos secretos nos rostos como se eles pudessem entrar a qualquer hora em uma dispensa e arrancar as roupas um do outro."


Eu não sabia que meu rosto poderia ficar ainda mais vermelho. "Bem, nós não fizemos," o informei rapidamente. Eu respirei fundo antes de continuar. "Nós estamos indo devagar. Eu... eu nunca..." minha voz sumiu. Aconteceu que meu rosto poderia ficar ainda mais vermelho.


"Eu também não. Eu só queria manter as aparências."


"Idiota," murmurei, empurrando seu braço. Ele me segurou pelo pulso e nos colocou de pé. Sem trocar nenhuma palavra, nós concordamos em voltar para dentro.


"Acho que nós devemos trabalhar no resto da nossa história depois," comentou.


"É," eu respondi quietamente, pois estávamos voltando para dentro de casa. "A propósito, bela história, a de antes. Eu quase acreditei em você,"


"Ah, bem, eu tive muito tempo para pensar sobre isso," ele sussurrou.


Ele se mexeu inconfortável e nós subimos as escadas juntos sem dizer mais nada. Nós paramos na porta de meu quarto.


"Ah, boa noite," cochichei constrangida.


Eu ouvi um barulho alto vindo do quarto de Petúnia. Eu girei minha cabeça um pouco para olhar. Eu a encontrei esticando seu longo pescoço pela porta enquanto nos observava.


"A sua irmã está nos espiando?" James cochichou em meu ouvido.


Eu assenti. Ele assentiu de volta e disse algo tão baixinho que tive que me esforçar para ouvi-lo. "Eu acho que isso se qualifica como uma tarefa necessária de namorado. Não vejo outra maneira senão isso."


Com uma expressão impenetrável no rosto e uma determinação em seus olhos, ele colocou sua mão esquerda na minha cintura, trazendo-me para mais perto dele, e sua mão direita acariciava o meu rosto. Ele se inclinou frente lentamente, seu hálito fazendo cócegas no meu rosto, e apertou seus lábios contra os meus.


Eu deveria saber que beijar James Potter seria assim. Seus lábios se moviam doce e suavemente – embora propositalmente – contra os meus, e eu não tinha escolha a não ser suspirar contra sua boca e mover meus lábios com os dele. E então, antes que eu estivesse pronta ou antes que eu quisesse isso, ele se afastou com um sorriso de tirar o fôlego em seus lábios vermelhos.


Ele pressionou sua testa contra a minha e sussurrou: "Boa noite, Lily."


As pontas de seus dedos roçaram em meus cabelos quando ele abandonou seu poder sobre mim. Em um silêncio atordoado, eu o observei caminhar em direção ao quarto de hóspedes. Em um tom de voz um pouco mais alto eu o ouvi dizer: "Boa noite para você também, Petúnia!"


Eu segurei uma risada ao ouvir a porta dela bater com um rangido.


James virou-se e piscou para mim. Eu revirei os olhos.


Estúpido, maldito namorado falso.


 




¹"Elefante," em inglês, pode ser usado como expressão para "problema".


²Em inglês, "loveseat". Já entenderam, né?


³Em inglês, a goles é chamada de "quaffle," o que explica a pequena confusão que o Sr. Evans teve. Eu poderia trocar por alguma palavra qualquer que se aproximasse de "goles" em português, mas resolvi manter a palavra para futuras piadas. Apesar de não fazer sentido nenhum assim, eu traduzi o termo "quaffle" para a nossa língua, para não ficar confuso para ninguém quando esta for mencionada novamente.




N/T: Finalmente, o capítulo 2! Eu achei ele tão amor. Para quem gostou da interação de James com os pais de Lily, preparem-se que vão ter muita coisa legal entre eles, principalmente com o Henry.


Vi que tinha gente bem ansiosa para este capítulo e já quero avisar sobre o próximo: com o início das aulas e meu estágio, o meu tempo ficará cada dias mais corrido, e como os capítulos são um pouco longos, talvez eles demorem um pouco para vir. Mas não desistam daqui! Eu PROMETO a vocês que se o terceiro capítulo não vier até o Carnaval, ele virá logo depois, pois pretendo aproveitar o feriado para dar uma boa traduzida, a não ser que os professores se animem e passem algum trabalho lindo para fazer, mas acredito que não terei muito trabalho.


Até lá!

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