A Visita



Capítulo 4


A Visita


 


A minha primeira semana em Hogwarts passou tão rápido que mal acreditei. Foi o primeiro ano do Teddy Lupin como professor de Defesa Contra a Arte das Trevas (DCAT) e chefe da Lufa-lufa. Não tive dificuldades em nenhuma matéria, apesar de achar que o nosso professor substituto de poções, Sr. Vicent Miller, era muito atrapalhado. Ele era corvinal e costumava descriminar os sonserinos, apesar de ter maneirado com a minha pessoa.


No entanto, em certos momentos dessa semana, consegui fazer o tempo parar e admirar um pá de olhos cinzas, cujo o dono sempre me trata de forma galanteadora e amorosa. Eu sempre desconfiei da inesperada paixão relâmpago que Malfoy demonstrou ter por mim, mas foi na minha primeira sexta-feira em Hogwarts que encontrei a primeira pista...


 


Meu pai é daquele tipo que tem muitos amigos que o idolatram e por conta disso, nós herdamos certos compromissos sociais que em outro contexto não faria sentido. Me diga você, qual pai marcaria uma visita entre seus filhos e um professor de Hogwarts todo o inicio de ano? Sim, Harry Potter. E qual é esse professor? Hagrid!


O problema é que eu só me lembrei na última hora do meu encontro com o gigante risonho...


 


 


 


Eu e Malfoy aproveitávamos o inicio de tarde da sexta-feira sentados no sofá S, do nosso salão comunal, na companhia de alguns amigos de Malfoy. Ele era o único a ter uma namorada na turma dele e isso estava deixando alguns incomodados. Principalmente, devido ao fato que eu e Malfoy havíamos acabado de adquirir um vício, beijar.


- Será que dá para vocês pararem de trocar saliva? - perguntou o primo de Malfoy.


O Nott era o único que tinha coragem de reclamar com Malfoy dentre os terceiranistas, provavelmente, porque eles são primos. Mas nos dois, demoramos a processar as palavras do Nott e quando entendemos, apenas olhamos para ele com uma cara de “Hã?”, e continuamos a nos beijar, até que Ralph Dolohov, um dos artilheiros do time e aluno do quarto ano, chegou no salão comunal com a má notícia.


- Injustiça! - disse ele chegando perto do sofá com um tom de voz elevado e uma respiração ofegante. - Isso é uma injustiça!


- A diretora não deixou você marcar o nosso teste de Quadribol para domingo? - Malfoy perguntou se levantando e esquecendo momentaneamente a minha existência.


- Pior... Todos os testes serão no domingo e todos os diretores de casas estavam escolhendo a ordem dos testes...


- Como não temos diretor ficamos por último... - constatou Paul Davis com uma voz de quem repete um ditado muito comum e Dolohov não negou, simplesmente se sentou no sofá, baixou a cabeça entre as pernas e acredito que ele tentava não vomitar.


- Isso não pode ficar assim! - agora era Malfoy que pisava com violência e andava de um lado para outro acompanhando o comprimento do sofá. - Não podemos ficar sem diretor!... Sem voz!... Sem vez!


- Mas qual é o problema de sermos os últimos? - perguntei, porque não entendia o porque do drama.


- Espionagem... - Malfoy me explicou. - Porque teoricamente os testes de seleção dos times não deviam ser abertos a alunos de outras casas, mas na prática, os jogadores da seleção anterior ficam no campo sondando as seleções seguintes.


- Como vamos ficar por último, eles vão acabar espionando nossa seleção. - disse Nott. - Vamos ter que fraudar nossos testes de seleção do time para despistá-los...


- Mas como? - questionou Dolohov.


- Eu tenho uma ideia, realizaremos o verdadeiro teste amanhã entre 5h e 6h, clandestinamente. - sugeriu Malfoy.


- Isso, uma vez definido o time e tendo o verdadeiro tempo de voo da Potter, fraudaremos os tempos para parecermos o pior time da escola... - concluiu Dolohov. - E vamos usar as vassouras da escola, só usaremos as BPS 2020 no dia do jogo contra Grifinória.


- Exatamente, fator surpresa! - bradou Malfoy mudando de humor.


- Bem, então farei meu irmãozinho acreditar que ainda sou uma garotinha que tem medo de cair da vassoura... - eu disse e a maioria dos presentes riram do meu comentário, mas o Nott não poderia perder a oportunidade de me testar...


- E você tem medo de cair da vassoura, Potter?


- Só se eu não tiver pego o pomo antes... - quando eu falei, Malfoy puxou uma onda de risadas.


Até aquele instante eu não tinha realmente encarado o fato que James seria o meu adversário, que eu teria que novamente disputar um pomo de ouro com ele. Eu não tinha medo de cair da vassoura, mas sim, de não ser uma apanhadora competitiva.


Mas e se eu for? E se eu for mais rápida que James? Eu fui mais rápida que ele quando tinha nove anos e ele treze, tão rápida que após pegar o pomo, não deu tempo manobrar a vassoura o suficiente para não cair dela.


Se eu for tão rápida quanto o James, minhas férias serão muito divertidas, implicando com ele, mas se não for, serão um tormento com ele me humilhando. Será que papai vai ficar do lado dele e contra mim? Papai sempre me defendeu, mesmo quando não tinha certeza que eu era inocente... Por falar em papai...


- Pelas barbas de Merlin! - me levantei rapidamente. - Esqueci que tenho que visitar o professor Hagrid.


- O meio gigante?


- Sim, papai e Hagrid marcaram essa visita a um mês. - disse me dirigindo a porta. - Eu tenho que ir, estou atrasada...


- Você ficou maluca, não pode sair sozinha por ai! - reclamou Malfoy me segurando pelo punho. - Vamos com você.


- O que? A Potter te lançou um império ou o que Malfoy? - questionou Davis.


- Vamos só eu e você então. - ele disse soltando meu punho, o beijando como quem pede desculpa pela grosseria e segurando minha mão. Lógico que o suspiro que lancei foi totalmente involuntário.


- Eu acho que vou vomitar... - Dolohov disse se retirando do salão comunal.


- Devíamos proteger a Potter... - sugeriu Peter Mulciber do segundo ano. - E se algum lufo ou corvinal quiserem acabar com as nossas chances de ter um apanhador competitivo como o James Potter?


- Dolohov, você vem com a gente! - Malfoy ordenou e Dolohov fez de conta que foi um pedido educado e nos seguiu.


 


 


Seguimos para cabana do Hagrid, eu, Malfoy, Nott, Dolohov e Mulciber.


- Vocês não acham que meus irmãos vão achar estranho eu aparecer com quatro guarda costas?


- Problema deles! - resmungou Nott.


- Mas eles podem deduzir que estamos tentando proteger nossa futura apanhadora... - falou Dolohov. - Isso ainda vai dar em confusão...


- Disfarçaremos então... - propôs Malfoy.


- Como? - perguntou Dolohov.


- Vamos colocar o feitiço contra o feiticeiro... Os Potter não foram metidos o suficiente para querer botar banca na Sonserina? Então, vamos alterar os fatos para que eles sejam os culpados da necessidade da irmãzinha deles andar escoltada.


- Ainda não entendi... - Mulciber disse o que os outros, inclusive eu, queríamos dizer mas não tivemos coragem.


- Eu explico... - Malfoy disse com um ar de vítima na voz. - Depois daquela fatídica manhã, nós, os sonserinos, começamos a receber ameaças de alunos da Lufa-lufa e Corvinal, que pretendiam pregar uma peça na Srta. Potter, afim de nós incriminar.


- Isso mesmo!... Se algo assim acontecesse, colocaria minha família toda contra vocês... - eu constatei em voz alta e eles me olharam desconfiados. - Então, vocês estão se sacrificando para me defender... Obrigada rapazes?!


- Isso seria só uma farsa Potter! - Dolohov me repreendeu por agir como se fosse verdade.


- Exatamente.. E é perfeita! - Malfoy interveio. - A partir de agora vamos agir como se fosse verdade, afinal, não é um risco que poderíamos descartar.


Quando chegamos nesse ponto da conversa, já podíamos avistar Alvo, Rose e Hagrid do lado de fora da cabana.


- Nós vamos ficar por aqui, com certeza ele irá vir aqui para tomar satisfação, então, contamos tudo. - propôs Malfoy.


- Ok! Se eles me perguntarem, eu vou introduzindo...


- Não na frente do meio gigante. - alertou Nott.


- Eu sei, para ele eu contarei uma versão mais real dos fatos...


 


Me afastei do Malfoy sem me despedi para não dar bandeira e não nego que, o que eu mais queria era ter permanecido no salão comunal de minha casa. Mas até que essa ideia que acabamos de ter valeria a pena, pois era uma forma de mostrar pros meus irmãos que eles me protegeriam mais se ficassem longe de mim, como eu realmente esperava que as coisas se resolvessem.


 


- Já estávamos achando que você não vinha? - Alvo me repreendeu baixinho ao se aproximar de mim.


- Cadê o James?


- Ele nunca vem...


- Como assim, nunca vem? Papai sabe disso?


- Não, ele sempre arruma uma desculpa... Eu estou surpreso por te ver aqui, Hagrid vai ficar muito feliz.


Eu já estava começando a me irritar com as perspectivas que Alvo tinha de mim por eu ter me tornado sonserina, quando percebi o sorriso de Hagrid para mim. Ele realmente parecia emocionado com minha presença, veio ao meu encontro, recitando meu nome e me esmagando em seguida, com um abraço caloroso.


- É um prazer revê-lo Hagrid.


- Ora, o prazer é todo meu!... Você parece com sua avó materna, parece muito com ela, não só no nome.


- Mas tem os olhos da mamãe... - Alvo debochou dos clichês familiares que estava cansado de ouvir.


- Fica quieto “Sem cicatriz”! - reclamei.


- Ora Al, deixe sua irmã em paz... - falou Hagrid docemente. - Então, uma Potter Sonserina, não é?... Eu quase me engasgo quando o chapéu seletor te colocou lá.


Nessa hora, Alvo e Rose deram boas risadas da minha cara e Hagrid também. Eu fiquei me perguntando se ser sonserina era alguma piada? Resolvi ficar séria para coibir futuras gracinhas quanto a minha pessoa.


- O que aqueles sonserinos estão fazendo ali? Eles não estão implicando com você, estão? - Hagrid me perguntou com um tom paternal que me fez esquecer do seu último comentário.


- Não prof. Hagrid, eles são meus amigos... Só estão me acompanhando porque na Sonserina ninguém anda sozinho... - fiz um beicinho e com uma voz manhosa resolvi colocar o professor Hagrid ao meu favor. - Sabe como é, parece que a escola toda está contra nós...


- Oh!... Isso é complicado... - ele falou. - O passado... Bem, você deve saber...


- Mas não há mais guerra professor e as crianças da Sonserina não são comensais da morte. - ele ficou um pouco nervoso após ouvir essas palavras. - Lá tem até a filha de Harry Potter para comprovar isso...


- É, bem... É verdade... Se você está lá é porque vivemos outros tempos...


- Mas a diretora nos descrimina, não temos um professor representante e ninguém nos defende...


- Há sim, é uma pena que o Slughorn esteja doente... A diretora não sabe o que fazer para contratar um Sonserino como professor, não conhece ninguém confiável...


Há, então era por esse motivo que não tínhamos um representante, mas porque nenhum Sonerino era confiável?


- Isso não justifica... - falei com um tom de indignação. - Quantos sonserinos se formaram nesses 21 anos desde a guerra? Será que nenhum é confiável?


- Ham!... Não foi isso que eu quis dizer... - Hagrid tentou se defender um pouco nervoso. - E vocês não saiam por ai dizendo que eu falei isso, entenderam?


- Sim Hagrid! - disse Rose, - Não vamos falar nada não é Lily?


- Claro que não direi nada prof. Hagrid... Eu estava apenas desabafando com o senhor.


- Eu vou falar com o Neville... - Ele disse me dando um sorriso. - Pedi a ele que converse com a diretora sobre a situação da Sonserina.


- Seria ótimo professor, obrigada! - disse com um meio sorriso e constatando que aquela visita estava sendo produtiva.


 


Quando saímos de lá, eu fui contando a Rose e ao Alvo o “verdadeiro” motivo da minha escolta e eles acreditaram na “verdade” que falei. Quando chegamos perto da minha escolta, Alvo foi agradecer pela proteção que eles estavam me dando.


- Eu não tive a intenção de colocar Hogwarts contra vocês...


- Contra a sua irmã Potter! - Dolohov corrigiu. - Contra sua irmãzinha.


- devemos falar com a diretora... - disse Rose. - Contar tudo a ela.


- Vá em frente Weasley... - disse Malfoy secando minha prima de baixo para cima. - Só não espere que ela tome alguma providência efetiva.


- É claro que ela vai tomar uma providência. - ela revidou o encarando irritada.


- É bem capaz, afinal... - ele chegou mais perto ainda dela, também a encarando e eu já estava perdendo o meu auto controle. - Você é a protegida da Diretora Mcgonagall.


- Eu não sou protegida da diretora!


Eu já ia avançar e retirar Malfoy dali aos tapas, quando meu irmão interveio entre os dois.


- Calma! Parem de agir como crianças...


- A culpa é sua Potter! - Malfoy se dirigiu ao meu irmão. - Porque foi você quem fez aquela maldita ameaça e fez da sua irmã um frágil alvo nessa escola.


- Isso mesmo! - falou Dolohov. - Você criou um ponto fraco em nós, que antes daquele dia não tínhamos... Você está em dívida conosco Potter!


- Tudo bem! Já disse que não foi essa a minha intenção... O que eu posso fazer para resolver o problema.


- Ser nosso amigo publicamente. - falou Malfoy e todos o olharam surpresos. - Somente se eles acreditarem, que você não acreditaria, que nós somos capazes de fazer mal a sua irmã, é que teremos paz.


- De onde você tirou essa ideia idiota Malfoy? - Nott perguntou e Dolohov e Mulciber insistiram numa resposta, mas ele não respondeu.


- Eu não tenho amigos por conveniência Malfoy. - disse Alvo. - Não sei fingir amizade...


- Tão pouco eu estou interessado em andar por ai dando tapinha nas suas costas Potter, mas se quiser proteger sua irmã, teremos que fazer o sacrifício de nos tornarmos amigos e não vejo nada demais nisso... Prazer, eu sou Scorpius – ouvimos alguns risinhos dos sonserinos e da Rose, mas Malfoy não se intimidou e estendeu a mão para Alvo. - Hyperio Malfoy.


- Alvo Severo Potter – disse Alvo apertando a mão de Malfoy.


- Posso lhe chamar de Severo?


- Posso lhe chamar de Scorpius?


Os dois assentiram com a cabeça um ao outro e uma estranha amizade acabava de começar, e nenhuma daquelas testemunhas, assim como eu, sabia onde isso ia parar. Na verdade, eu estava mas interessada em saber porque Malfoy estava tão “irritado” com minha prima?


*********************************************
Comentários / Sugestões / Reclamações  

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.