13º Dia

               Hermione foi embora se sentindo satisfeita e ao mesmo tempo aliviada. Ela nunca poderia imaginar que um divórcio fosse causar um impacto tão forte em Rony. Ele que sempre foi duro com seus sentimentos, não demonstrava muito quando estava triste, apenas Hermione sabia quando ele se sentia triste. Uma vez quando ainda estudavam em Hogwarts, Rony queria que Hermione saísse para andar um pouco com ele, mas ela disse que teria que estudar. Ele passou a tarde inteira sem comer nada e sem dizer nada. Harry e Gina perguntavam para ele por que ele estava daquele jeito, mas ele sempre respondia: “- Não é nada.” Hermione esperou que os dois saíssem para pergunta-lo porque ele estava daquele jeito. No início ele disse que não era nada, que era coisa da cabeça dela, mas Hermione insistiu que tinha alguma coisa acontecendo, até que por fim ele disse que queria ter passado a tarde com ela. Ela se sentiu péssima por ele ter ficado tão triste por isso, e no dia seguinte ela passou a tarde inteira com ele.

               Ela o conhecia tanto que chegava a ser engraçado. Se ele estava com fome, antes mesmo dele perceber Hermione já estava com a comida pronta para ele. Se ele estava com dores, antes mesmo dele dizer Hermione já dava remédios para que ele sarasse logo. Chegava a dar medo. Hermione se lembrou da vez que ele voltou de uma missão em Roma. Ele aparentava não estar machucado, mas por algum motivo Hermione teve a sensação de que havia alguma coisa errada com ele. À noite quando ele estava dormindo, Hermione usou um feitiço que curava dores internas, e no dia seguinte Rony parecia novinho em folha. Depois ele contou à Hermione que tinha sido atingido no ombro.

                Hermione o conhecia tão bem que estava pensando se não era um desperdício jogar tudo isso fora com o divórcio. Tantos anos de paixão não revelada, de choros à noite no dormitório feminino, de horas e horas perdidas escrevendo sobre ele em seu diário quando todas as meninas do dormitório já estavam dormindo, de todas as cartas que ela não mandou por medo da resposta, de todas as vezes que ela tentou demonstrar que o amava, mas ele não percebia. E principalmente, dos quatro anos vivendo dia após dia ao lado dele, se adaptando a maneira dele, rindo de suas piadas logo de manhã, indo dormir abraçada com ele todas as noites e se sentindo protegida... Será que valia a pena jogar tudo isso fora?

- E então, como foi lá? – Gina a surpreendeu entrando na cozinha.

- Aonde? – Hermione perguntou confusa.

- Oras... No Rony.

- Ah... Sim... Foi bom. – Ela tentou disfarçar a vergonha.

- Só isso?

- Bom, eu o fiz comer, dei um jeito na casa, e ele me prometeu que ia se alimentar direito.

- Tá... E você acha que morando sozinho ele irá cumprir tudo isso?

- Mas eu só posso fazer isso Gina. Não posso ignorar tudo e chamá-lo para passar uns dias aqui. Pegaria mal, eu chamando meu marido para se hospedar da na minha casa.

- Claro que não... Mas você pode pelo menos visitá-lo todos os dias.

- Não sei Gina... Preciso arrumar um emprego logo, tenho que procurar algum.

- Bom... tudo bem. Faremos o seguinte. Direi ao Harry para passar alguns dias com ele, enquanto isso eu fico aqui cuidando de Rose para que você possa arrumar um emprego.

- Faria isso por mim Gina? – Hermione sorriu emocionada.

- Claro que sim. Não é mais minha cunhada, mas ainda é minha melhor amiga. – Ela sorriu de volta.

Hermione sentiu uma pontada de tristeza ao ouvir a frase “não é mais minha cunhada.” Era tão... Real.

 

 

 

 

 

 

 

 

              Rony acordou com o som da campainha. Ele demorou um pouco para despertar, e aí então se levantou para atender a porta.

- Já vai. – Ele dizia andando meio sonolento até a porta e a destrancando.

- Bom dia flor do dia. – Harry disse bem humorado.

- Harry... O que faz aqui? – Rony perguntou bocejando.

- É assim que você recebe seu melhor amigo? – Harry entrou e foi até a cozinha beber um copo de água.

- O que faz aqui? E a missão?

- Terminamos mais cedo, graças à Mérlin. Então resolvi passar uns dias com meu amigo, para relembrar os velhos tempos, quando éramos só nós dois.

- E Gina?

- Ela vai ficar com Hermione. Ela está procurando um emprego e Gina irá ajudá-la com Rose.

- Ah... Entendi. Por mim ela não precisava trabalhar, eu consigo sustentá-la.

- Mas você sabe como Hermione é... Ela não ia aceitar de jeito nenhum.

- Bom, mas fico feliz por você me fazer companhia. – Rony foi até o sofá e sentou pesadamente. – Tenho precisado disso nesses dias.

- Eu sei. – Harry deixou o copo de água sobre a mesa e se sentou ao lado do amigo. – Rony, sei que está sendo muito difícil pra você, mas você não pode se entregar assim. Tem que lutar por ela, provar que você a ama de qualquer jeito.

- Mais do que eu já fiz Harry? Eu poderia comprar todas as flores do mundo, poderia comprar um anel de noivado por dia e pedi-la em casamento novamente, mas ela nunca vai me perdoar.

- É aí que está Rony. Você não tem que ficar pensando em presentes, tem que surpreendê-la.

- Como assim?

- Olha, vamos tentar uma coisa hoje está bem? E se der certo, vamos para o segundo passo.

 

 

 

 

               Hermione chegou em casa exausta. Havia passado o dia todo no ministério procurando um cargo, mas todos disseram a mesma coisa:

- Vamos ver como podemos ajudá-la Senhora Weasley, e entraremos em contato.

             Por incrível que pareça ela não achava estranho ainda a chamarem de Senhora Weasley. No início foi difícil se acostumar, estava acostumada a ser chamada de Senhorita Granger. Quando a chamavam de Senhora Weasley ela logo imaginava que estavam falando com Molly. Com o tempo foi se acostumando, e foi gostando de ser chamada com o sobrenome Weasley. Era um orgulho para ela que todos soubessem que ela era a esposa de Ronald Weasley.

- E então, conseguiu alguma coisa hoje? – Gina perguntou quando Hermione entrou em casa. As crianças dormiam tranquilamente no sofá enquanto Gina assistia televisão.

- Nada. – Hermione respirou fundo. – Não pensei que seria tão difícil.

- Calma você vai conseguir. – Ela sorriu.

- Por que acordaram tão cedo? – Hermione perguntou acariciando os cabelos da filha.

- Assim que você saiu Rose teve um pesadelo e gritou por Rony, então Alvo e Tiago acordaram também, aí eu os trouxe para assistirem televisão, e logo eles pegaram no sono de novo.

- Ela gritou por Rony? – Hermione perguntou.

- Sim. – Gina disse triste. – Deve ter sido algum pesadelo com ele. Perguntei o que ela sonhou, mas ela me disse que não lembrava.

- Ela sente falta dele. – Hermione falou como um sussurro. Naquele instante uma coruja apareceu na janela. Hermione foi até ela e reconheceu a coruja de Rony.

- O que ele quer? – Gina perguntou curiosa e Hermione abriu o bilhete.

          “Hermione, sei que você não vai aceitar no início, mas peço que pense direitinho. Quero que você venha até o meu apartamento, junto com Rose. Não irei entrar em detalhes, mas, por favor, venha.”

- Será que é importante? – Hermione perguntou para Gina.

- Talvez. Você vai?

- Eu... Não sei.

- Hermione, deixe seu orgulho de lado. Você já deixou uma vez, e pode deixar de novo. Pense em Rose, ela sente falta dele.

- É, tem razão. – Hermione falou e acariciou a filha. – Rose, acorda. Vamos visitar o papai.

- Sério mamãe? – Rose despertou no mesmo instante.

- Sim. – Hermione sorriu feliz.

 

 

 

 

 

- Ela não vem Harry. – Rony andava de um lado para o outro.

- Sim Rony, ela vem. Se acalme. – Harry disse lendo o profeta diário.

- E se não vier? – No mesmo instante a campainha tocou e o coração de Rony acelerou.

- Eu não disse? – Harry sorriu satisfeito fechando o jornal e Rony correu para abrir a porta.

- Papaaaaaaaaaai ! – Rose pulou em seu pescoço e Rony a abraçou forte.

- Que saudade de você minha princesa. – Rony a abraçava e Harry e Hermione ficaram emocionados com aquela cena. Rony a enchia de beijos enquanto olhava com os olhos cheios de lágrimas para ela. – Como você cresceu.

- Cresci um pouco papai. – Ela disse alegre.

- Obrigado por vim Hermione. – Ele sorriu ainda abraçado à Rose.

- Eu agradeço pelo convite. Rose estava sentindo sua falta, vai ser bom pra ela passar um tempo com você.

- Com nós dois.

- Sim. – Ela sorriu. – Então... Vamos entrar?

- Ah... Hoje não. – Ele disse sorrindo.

- E por quê? – Ela perguntou curiosa.

- É uma... er... Surpresa.

- Ah... Entendi. – Hermione sorriu. – Não está escondendo nenhuma mulher aí não é? – Hermione brincou temendo a resposta.

- Nossa você me pegou! – Harry apareceu na porta segurando no ombro de Rony em tom de brincadeira. Os três começaram a rir.

- Desculpe Harry, não tinha te visto aí. – Ela falou.

- É melhor irem logo Rony. – Harry falou.

- Está acontecendo alguma coisa que eu não sei? – Hermione perguntou.

- Sim. Não. – Harry e Rony disseram ao mesmo tempo.

- Sim ou não?

- Bom... Sim e não. – Rony disse. – Mas vamos logo que você vai saber. Vamos dar um passeio meu amor? – Ele perguntou para Rose que ainda estava em seu colo.

- Claro papai. – Ela riu e o abraçou de novo.

- Tchau Harry. – Hermione disse.

- Tchau tio Harry. – Rose falou sorrindo.

- Divirtam-se. – Ele respondeu feliz e observando os três entrarem no elevador. Parecia a família feliz de pouco tempo atrás, como se nada tivesse acontecido.

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