11º Dia

                Hermione acordou no dia seguinte sem nem um pouco de animo. Ela se levantou e foi até o quarto de Rose, que ainda estava dormindo. Ela agradeceu à Mérlin por isso, assim evitava ter que falar de Rony logo cedo. Ela tentava ao máximo não pensar nele, mas meio difícil quando se tem uma filha de três anos.

- Bom dia minha senhora. – Jasmine estava preparando o café quando Hermione chegou.

- Bom dia Jasmine. – Ela disse sem humor. – Hoje provavelmente Rony vai vim almoçar com Rose, portanto estarei fora o dia inteiro.

- Sim senhora.

- Irei até dar um passeio em Hogsmeade, faz tempos que não vou lá e a professora Mcgonagall também disse que quer conversar comigo.

- E se o senhor Rony perguntar?

- Diga que não devo satisfações da minha vida a ele. – Hermione tomou um gole do café que Jasmine acabara de fazer.

- A senhora vai ficar sem conversar com ele pra sempre?

- Não, claro que não. Nem teria como não é?! Temos uma filha. Mas evitarei ao máximo ficar perto dele. Não consigo nem olhar para ele no momento. – Hermione pegou um jornal e fingiu que estava lendo, Jasmine segurou o riso percebendo que o jornal estava de cabeça para baixo.

 

 

 

 

 

 

- Mas eu quero que você almoce com a gente mamãe. – Rose choramingava enquanto Hermione terminava de vesti-la.

- Já disse filha, tenho um compromisso.

- Mas você pode desmarcar mamãe.

- Não, não posso. – Hermione terminou de arrumar a filha e se levantou indo até a janela. – Seu pai chegou. É melhor você descer.

- Você não vem?

- Daqui a pouco. – Hermione sorriu e Rose saiu do quarto. Ela foi até a janela e observou. Ele estava com uma blusa social branca, calça jeans e sapato social preto. A blusa como sempre nunca estava fechada até o pescoço, sempre meio aberta. Óculos escuros (que era o objeto trouxa que Rony mais gostava), ele estava escorado no carro com os braços cruzados. Como ele conseguia ficar mais lindo a cada dia? Parecia de propósito, ou era aquela velha história de “aprende a dar valor quando perde”. Mas Hermione nunca acreditou nessa frase. Cada um sabe o que tem, e é obrigação cuidar antes de perder.

 

 

 

 

 

 - E então minha princesa, com você está? – Rony sentou no sofá e abraçou a filha.

- Eu estou bem papai, quem não está bem é a mamãe.

- E por que meu amor?

- Por que ontem ela dormiu chorando, e hoje ela não deu um sorriso acredita?

                Aquelas palavras doeram no coração de Rony. Só de pensar que as lágrimas e a falta do sorriso em Hermione eram culpa dele.

- É que... Eu e sua mãe estamos passando por um momento difícil Rose.

- Difícil como papai?

- Difícil... Difícil Rose. Você ainda é muito pequena para entender.

- Você também chora longe da mamãe, papai?

                    Rony pensou em mentir, ou talvez nem responder e mudar de assunto, mas alguma coisa dizia que ele tinha que ser sincero com ela.

- Sim Rose.

- Mas tio Fred disse que homem que é homem não chora. – Rony soltou uma gargalhada.

- Típico de seu tio dizer isso não é? Mas homens choram sim filha. Quando estamos muito tristes com alguma coisa nós choramos. Mas veja bem, é um segredo. Ninguém sabe que choramos.

- Eu prometo que não vou contar pra ninguém papai. – Rose sorriu e Rony a abraçou fazendo cócegas nela.

               Hermione sorriu ouvindo a conversa dos dois, mas achou melhor não aparecer na sala. Ela ficou satisfeita em saber que Rony estava sofrendo como ela, e não tinha vergonha de dizer isso para a própria filha. Ela olhou as horas em seu relógio e viu que já estava atrasada, no mesmo instante ela aparatou.

 

 

 

 

               Hogsmead não havia mudado nada desde que Hermione terminara os estudos em Hogwarts. Ela avistou o três vassouras e começou a andar, quando trombou em uma pessoa.

- Mérlin! Desculpe-me. – Hermione se virou e olhou fixamente para o homem ao seu lado.

- Tudo bem, não se preocupe. A culpa foi minha. Machucou-se? – O homem sorriu gentilmente para ela.

- Não, estou bem, obrigada. – Ela sorriu de volta e continuou andando até o três vassouras.

 

 

 

 

 

- Hermione! – Uma voz conhecida a chamou e Hermione sorriu ao ver quem era.

- Hagrid! – Ela foi até ele e o abraçou, ou melhor, ele a abraçou.

- Quanto tempo não a vejo. E olhe só para você... Uma mulher linda, magnífica. – Ele sorriu e Hermione sorriu de volta.

- Obrigada, é bom te ver Hagrid! Como está?

- Estou muito bem! Sente-se aqui e me acompanhe. – Ele apontou um banco para Hermione e ela se sentou. – Como está a vida Hermione?

- Está... Normal. – Ela disse sem disfarçar a tristeza.

- Hermione, eu te conheço desde os seus onze anos. O que está acontecendo? Problemas com Rony é isso?

- Bom...

- É claro que é que pergunta a minha. Só ele consegue deixa-la pra baixo desse jeito. – Ele riu e Hermione sorriu sem graça. – OH, me desculpe.

- Tudo bem Hagrid, você tem razão. Só Ronald pra me deixar pra baixo.

- E o que aconteceu dessa vez? – Hagrid perguntou tomando um gole de whisky de fogo.

- O de sempre Hagrid... Ele não sabe o que fala.

- Entendo. Mas vocês são assim mesmo Hermione, brigam, brigam, mas depois estão juntos de novo. – Hagrid riu.

- Não dessa vez Hagrid... Eu... Vou me divorciar dele. – Hagrid se engasgou e começou a tossir sem parar. Hermione arregalou os olhos assustada e deu leves tapas nas costas de Hagrid, coisa meio inútil já que ele era bem maior do que ela.

- Divorciar? – Ele perguntou incrédulo.

- Sim Hagrid. – Ela abaixou a cabeça.

- Mas, mas, por que Hermione? Vocês se amam. E eu posso afirmar isso com toda certeza porque tive que conviver com seus atritos amorosos durante sete anos. Eu estava no seu casamento, e vocês estavam mais felizes do que nunca. Não pode acabar assim!

- Eu sei Hagrid! Eu também não queria, mas é a única coisa certa a fazer. Rony não confia em mim, e um relacionamento não é nada sem confiança!

- Isso é verdade. Mas... Mesmo assim Hermione tem certeza de que vai continuar com essa ideia de divórcio?

- Eu não sei Hagrid! Estou confusa! – Hermione engoliu as lágrimas. – Eu nunca falei disso com ninguém além de Gina, e é difícil pra eu tomar essa decisão sozinha. Eu não sei ainda o que é pior pra mim, viver sem ele, ou ter que aturar as desconfianças dele.

- Oh Hermione, não fique assim. – Hagrid a abraçou e Hermione desabou em lágrimas.

- Que vergonha...

- Vergonha de mim? Quantas vezes já te vi chorando Hermione? Não se preocupe, eu sou seu amigo.

- Claro que é meu amigo Hagrid. – Hermione limpou as lágrimas e sorriu. – E um grande amigo.

- Grande mesmo! – Ele brincou e ela deu uma gargalhada. – É assim que eu quero te ver Hermione. Quero olhar para você e me lembrar daquela bruxinha inteligente de onze anos que ria de tudo.

- Eu sinto falta dela. – Hermione sorriu triste.

- Então a recupere de volta Hermione! Dê a volta por cima! – Hagrid sorriu.

- Hagrid! – Uma voz masculina chamou a atenção e os dois se viraram para ver quem era.

- Tulio! – Hagrid disse empolgado se levantando e indo abraçar o rapaz. – Quanto tempo!

- Muito tempo Hagrid! Você não mudou nada! Continua o mesmo grandão! – Ele riu.

- E você continua o mesmo baixinho! – Os dois riram. – Venha sentar conosco! – Hagrid pegou no ombro dele e o conduziu até o local onde Hermione estava. – Essa é...

- Hermione Granger. – Ele disse sorrindo.

- Como sabe? – Hagrid perguntou.

- Já nos conhecemos.

- Conhecemos? – Hermione perguntou curiosa.

- Sim, Túlio Vincent. Nos conhecemos a alguns dias em um restaurante...

- Ah sim é claro. – Hermione riu sem graça.

- E também trombamos ali fora há alguns minutos. – Ele riu.

- Ah, me desculpe.

- Não se preocupe.

             Hermione o observou pela primeira vez. Era um rapaz não muito alto, e nem muito forte, mas tinha um charme que ela não conseguia explicar. Os cabelos negros partidos para o lado direito, os olhos castanhos cor de mel, uma pele muito branca, e um sorriso encantador.

- Então, estão bebendo alguma coisa? – Ele perguntou despertando Hermione.

- Bom, você me conhece não é mesmo Túlio? – Hagrid riu.

- Então, duas cervejas amanteigadas e um whisky de fogo. – Ele pediu para o bruxo detrás do balcão.

- E então Hermione, ainda não perguntei o que te trouxe aqui. – Hagrid sorriu bebendo seu whisky em um gole só.

- Eu... Vou me encontrar com a professora Mcgonagall daqui à uma hora. – Ela sorriu tomando um pequeno gole de sua cerveja amanteigada.

- Ah então é hoje?

- Hoje o que? – Hermione perguntou curiosa.

- Que ela vai lhe contar a grande notícia!

- Que notícia?

- Isso eu não posso falar! Mas lhe garanto que vai gostar muito. – Hagrid sorriu.

- Então se é assim, temos que comemorar! – Túlio sorriu. – Traz mais três whiskys.

- Eu não bebo whisky. – Hermione sorriu.

- Bom, então nós dois vamos comemorar não é mesmo Hagrid? – Ele sorriu.

- Se for assim, então tudo bem. – Hagrid sorriu e em apenas um gole, os dois tomara o whisky.

 

 

 

 

 

                       Depois de vários minutos, Tulio parecia estar alterado com o whisky. Hagrid já havia pedido para ele parar, mas ele não o ouviu. Ele falava sem parar, e Hermione já estava se cansando de tudo aquilo.

- Olha Túlio, é melhor parar. – Hagrid disse.

- Tudo bem Hagrid. – Túlio disse meio embolado. – Não tomarei mais.

- Então, acho que é melhor eu ir falar com Minerva. – Hermione se levantou.

- Eu vou com você Hermione. – Hagrid sorriu.

- Espera. – Túlio falou se levantando com dificuldade. – Não posso deixar passar dessa vez. O meu sonho é duelar com a bruxa mais inteligente que estudou em Hogwarts.

- Você não está em condições. – Hermione disse sorrindo.

- Ah o que é isso Hermione... Não estou tão mal assim.

- Sei. Mas mesmo assim, é melhor não. Foi um prazer te rever. – Hermione sorriu e se virou.

- Vamos Hermione, só uma vez. – Túlio pegou sua varinha com dificuldade e os clientes que estavam no três vassouras olharam assustados para ele.

- Túlio, abaixa isso. – Hagrid disse sério. – Ela já disse que não, e aqui não é lugar para isso. Vamos você precisa de um banho frio.

- Acha que eu não sou capaz? – Ele riu.

- Claro que é capaz. – Hermione falou. – Mas não está em condições no momento. Vá com Hagrid e tome um bom banho. Hagrid, eu te ajudaria, mas preciso ir.

- Tudo bem Hermione. – Hagrid sorriu. – Eu cuido dele.

- Ok. Até mais.

                 Ela sorriu e se virou, e de repente uma luz forte a cegou, e ela caiu desmaiada.

 

 

 

 

 

          Hermione abriu os olhos com dificuldade, aos poucos ela conseguia enxergar e viu que estava em sua casa, na sua cama. Ela olhou para o lado e viu que alguém estava sentado em sua poltrona, mas sua visão ainda estava muito ruim para conseguir identificar quem era. Ela se sentou e passou as mãos nos olhos, como se despertasse de um sono longo, mas quando ela ia se levantar alguém a segurou.

- Não pode se levantar ainda. – Aquela voz fez seu coração disparar. Sua visão poderia estar ruim, mas seus ouvidos sabiam perfeitamente reconhecer a voz dele.

- O que está fazendo aqui? – Ela perguntou sem se esforçar em levantar, apenas o deixando deitá-la na cama.

- Fique deitada, e não levante. Vou buscar um copo de água para você. – Rony falou sem animo e saiu do quarto, deixando Hermione sozinha por alguns segundos. Quando a porta se abriu novamente, Hermione pensou que não ia resistir, e ia abraçá-lo, mas para sua tristeza (ou alegria) não era ele.

- Hermione! Que bom que já acordou! – Gina entrou rapidamente no quarto abraçando a amiga, seguida por Harry, Hagrid, Molly, Arthur e os gêmeos.

- Eu... Não estou entendendo... – Ela disse baixo.

- Você foi atacada Hermione! – Gina disse parecendo assustada.

- Atacada? – Hermione perguntou perplexa.

- Gina, não exagere. – Harry disse sentando-se ao lado da amiga. – Não foi bem assim Hermione... Hagrid estava lá e pode explicar melhor.

- Bom, deve se lembrar de que estava eu, você e... Túlio no três vassouras. – Hagrid disse.

- Sim, me lembro.

- Túlio, bem... Passou dos limites, e então ele pôs na cabeça que queria duelar com você.

- Sim, me lembro disso também.

- Então, quando você se virou, eu não sei bem o que aconteceu, mas sei que ele lançou um feitiço que acertou em você, e então você desmaiou. Por sorte apenas desmaiou. Imediatamente te levei para a ala hospitalar de hogwarts e Madame Pomfrey cuidou de você enquanto Minerva avisava Rony.

- Eu e Harry estávamos aqui almoçando com ele e Rose. – Gina falou. – Ele ficou furioso quando soube o que tinha acontecido, e aparatou no mesmo instante. Harry sabia que ele tinha ido atrás de Túlio, e o seguiu.

- Por sorte eu tinha acertado, ele tinha ido atrás de Túli, Hagrid havia levado ele para Hogwarts. – Harry disse. – Cheguei a tempo de detê-lo antes de ele lançar qualquer feitiço em Túlio. Eu tomei a varinha dele, mas isso não evitou que Rony desse um soco quebrando o nariz dele. – Harry segurou o riso, mas o gêmeos caíram na gargalhada. Molly olhou para os dois com raiva e eles pararam no mesmo instante.

- E ele está bem agora? – Hermione perguntou inocente.

- O que? O cara quase te mata com um feitiço que nem ele sabe qual... – Fred falou.

- E você ainda pergunta se ELE está bem? – Jorge terminou.

- Eles têm razão Hermione. – Harry falou calmamente. – Eu poderia ter deixado Rony enfeitiçá-lo naquele momento. Além de ter atacado uma bruxa despreparada, ele não tinha condições de realizar nenhum feitiço. Rony começou a gritar para ele dizendo que era auror e que ia prendê-lo, mas ele se acalmou quando disseram que você poderia vir pra casa.

- Mas eu não perguntei de Túlio, perguntei de Rony. – Hermione disse.

- Ah bom! – Fred e Jorge disseram juntos.

- Ele está bem, querida. – Molly falou sorrindo. – Só um pouco assustado com tudo isso, mas ele está mais calmo. Passar a tarde inteira com você aqui o deixou mais calmo.

- A tarde inteira? Por quanto tempo fiquei desacordada? – Hermione perguntou.

- 10 horas. – Gina falou. – E Rony não saiu de perto nem um minuto. – Gina falou sorrindo para Hermione. – Cá entre nós, acho que ele não ficou tão irritado assim só por Túlio ter te atacado. Metade disso foi medo de te perder.

- Gina. – Hermione corou.

- Er... Com licença pessoal. – Rony falou entrando no quarto. – Hermione precisa descansar.

- Rony tem razão. – Arthur disse. – Vamos lá pra baixo.

- Farei o jantar para nós. – Molly falou e todos comemoraram animados. – Rony traz aqui para você está bem Hermione? – Ela sorriu bondosa.

- Obrigada Molly. – Hermione sorriu. – E obrigada Hagrid.

- Imagina Hermione, espero que fique bem. – Hagrid sorriu e então todos saíram do quarto.

- Então... Como você está? – Rony se aproximou entregando o copo de água para Hermione.

- Bem, obrigada. – Ela sorriu e bebeu um gole. – E você?

- Eu? Por quê?

- Fiquei sabendo que você quebrou o nariz de Túlio. – Hermione riu.

- E eu deveria ter feito bem pior, Harry que não deixou.

- Ainda bem. Imagina um auror sendo acusado por matar um bruxo por vingança? – Hermione riu novamente.

- É, seria bem polêmico. – Rony riu também.

- Mas digamos que ele mereceu esse castigo.

- Merecia piores, mas esse foi de bom tamanho.

- Gina disse que você teve medo de me perder. – Ela riu como se fosse uma piada. – Ela achou que você fosse mandá-lo para Azkaban ou coisa do tipo.

- Ela tem razão. – Ele disse sério.

- O que? Vai mandá-lo para Azkaban? – Hermione perguntou assustada.

- Não. – Ele se aproximou e segurou sua mão. – Tive medo de te perder.

 

 

 

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