Capitulo Um
Olhei para o chão evitando que me olhassem ou que o inverso acontecesse e eu findasse por olhar para os lados. O movimento ao meu redor era continuo. Pessoas iam e vinham. E eu apenas as sentia passar, sem lhes dedicar um olhar sequer.
Para quê?
Eu sabia qual seria o retorno, ou pelo menos, supunha. Às vezes sentia que alguém se focava em mim e que eu me tornava o conteúdo de alguma conversa de um grupo próximo. Mas eu os ignorava bem demais.
Não era difícil saber o que se passava em suas mente ou as possíveis palavras ofensivas com as quais se referiam a mim. Eu já havia ouvido todas. Sem exceções. Me tornara um extremo conhecedor dos mais diversos impropérios que se pode lançar a quem se odeia.
Não posso negar que já conhecia muitos antes, mas havia alguns totalmente novos, que pareciam feitos especialmente para mim.
Os minutos corriam lentos, mas eu também ignorava o tempo. Ignorar. Simplesmente ignorar.
Ignorar que naquele lugar muitos desejavam que eu houvesse morrido. Ignorar meu pai preso em alguma cela podre e suja de Askaban. Ignorar que minha mãe lutava para não ter o mesmo destino, que o resto de nossa família nos abandonara e que essa viagem era minha única saída. Ignorar que eu estava sozinho.
As pessoas ao meu redor continuavam agitadas, falantes. E eu sabia que devia sentir algo. Expectativa. Curiosidade. Medo. Raiva. Mas nada. Uma névoa encobria tudo muito bem. Todos os sentimentos. E eu não desejava que ela se fosse. Eles estavam lá. Eu sabia. Mas enquanto não me afetassem eu poderia seguir no meu propósito.
Minhas mãos escondidas em meus bolsos volveram seu conteúdo. Uns galeões, um isqueiro e um cordão. Era meu tesouro. Minha atual fortuna. Os objetos puxavam os sentimentos de volta para mim, mas a nevoa continuava forte demais para permitir o regresso.
Retirei as mãos dos bolsos e as deixei meus braços caírem dos lados do meu corpo. Não resisti a fitar o trem a minha frente. A enorme cobra vermelha. Realmente não havia definição melhor. Ela devia me trazer algo, pensei. Mas a névoa também agia ali.
No vidro de uma das janelas vi um rapaz que me fitava. A face fina e escovada. O rosto sério, quase sem expressão. A pele pálida, quase totalmente coberta pelos fios loiros esbranquiçados. Tudo estático demais. Sem vida. A não ser os olhos. O azul intenso, com bordas cinza, mostrava que o reflexo da janela era de um ser vivente e não de um cadáver.
Era algo ligeiramente incomodo. Ver meu próprio reflexo. Parecia que eu sempre via mais do que desejava. Desviei meus olhos de suas cópias envidraçadas buscando o reflexo dos outros ocupantes da plataforma e foi então que percebi que agora havia poucos ali. O trem ia partir.
Tentei ser racional. Precisava arranjar uma cabine para mim. Mas como?
Seria rejeitado. Isso era certo. Nem aqueles que se diziam meus amigos estavam ao meu lado agora. Zabini passara a me ignorar por completo e Pansy era uma lembrança que eu deixava de lado.
A estação se esvaziava cada vez mais. Foi quando consegui vê-la. Estranhamente, ela fazia o mesmo que eu fizera antes, se fitava em uma das janelas.
Eu ignoraria facilmente essa mania feminina de se auto avaliar em frente a qualquer fonte de reflexo, mas não era isso que ela fazia. Assim como eu, ela parecia não entender o que o seu reflexo lhe mostrava.
Os cabelos longos e volumosos caiam soltos despreocupadamente em sua costa. Vestia um clássico vestido bruxo preto, tão longo que mostrava apenas um pedaço do seu sapato. A gola alta cobria seu pescoço e as mangas compridas chegavam ao pulso. Imagens construídas com renda cobriam seu corpo. Riqueza e classe eram sinônimos de sua presença, mas não foi isso que me atraiu.
Não sei bem porque me senti curioso. Quem era aquela garota?
Percebi então que na mão ela carregava um livro e que suas malas continuavam no carrinho ao seu lado. E talvez ela tivesse sentido meu olhar. Não sei. Mas ela se virou para mim. Surpresa se estampou em seu rosto por me ver observa-la, mas ela não desviou o olhar. Ela foi a primeira pessoa a me olhar de verdade em meses.
Então descobri porque ela me atraíra. Assim como eu. Ela parecia não saber o que fazia ali.
N/A: Minha primeira fic desse shipper. Espero que gostem!
N/B: Nossa, é tão diferente passar de ficwriter para beta... Não irei falar sobre ler a fic antes de todos.Todas as betas falam isso ao começarem a betar uma nova long. Quero ser diferente, sou diferente.
O capítulo não tinha quase nenhum erro, ou seja, não começei o trabalho propriamente. Só sei que gostei muito de ter sido escolhida para betar essa fic. Sombria e verdadeira. Desoladora... seguindo o que pede o shipper e de uma forma maravilhosa.
Apesar de não ser muito fã do Draco, gosto bastante de DxAs, e essa fic irá aumentar meu sentimento. Também faço fics deles, e por enquanto somente tenho uma publicada... E sim, Anne, estou fazendo propaganda de minhas fics na sua long, mas eu sei que você deixa haha...
Enfim, espero que aproveitem a fic.
June Weasley
Comentários (4)
Nunca li o shipper, mas como é da Srta. Anne me darei essa chance e não espero nada menos que FODA! Começo profundo e melancólico, me tocou ao ler e me instigou a prosseguir. Me aguente, pink! Seguindo ---->>>
2013-07-26Amei também... nossa , são poucas fanfics que tem sobre esse casal,que não vou esconder.. EU AMO de paixão... e nossa a sua ja chamou a atenção no titulo... caramba eu quero mais e mais capitulos,espero que consiga postar logo... e boa sorte pra vocês duas... hihihihi... beijos .... *-*
2012-07-12Gostei muito do cap. inicial e de como está compondo os personagens!Estou favoritando e vou acompanhar.
2012-06-03Nossaaaaaaaa eu já amei tudo. Menina você escreve bem demais, um dom maravilhoso.Eu siplesmente amei flr. O Draco deveria estar totalmente descolado, triste e angustiado com tudo que aconteceu com ele. Bem então ela surgiu...Não posso dizer que fiquei surpresa porque tudo que você escreve é maravilhoso, mas sempre consegue ficar melhor pode ter certeza. Ameiii *-*Beijos!
2012-06-03