oneshot

O frio faz meus lábios tremerem, e os dele aquecem os meus. Grossos pingos encharcam nossos corpos que irradiam, e queimam tudo. Fogo. Isso é quase como atear fogo à chuva. E porque preciso ter medo de me queimar? O que importa é apenas isso que está acontecendo agora. Pelo menos uma coisa é certa: nada importa.

Fico na ponta dos pés, pois me vejo nas alturas já que não os tenho no chão. E eu odeio isso. É algo tão irreal, estranho e diferente. Mas é também tão extraordinário que imploro por mais, mesmo me fazendo mal. Sim, isto faz mal. O coração só comete erros. E esta é a maior verdade que pode existir.

Os cabelos vibrantes se destacam juntamente com os orbes azuis. Paro de pensar por um instante, talvez o ser humano não tenha o conhecimento sobre o amor. Celestial, puro, nem todas as palavras poderiam mostrar o que é sentido. Deus, isso é o amor? Não há sensação igual.

Nunca a proximidade, tanto emocional quanto das outras formas, é suficiente. Nunca é a plena satisfação. Nunca é perto demais. Por que não é possível fundirmo-nos? O corpo e alma dele juntarem-se a mim?

Tenho de me contentar em somente tocar sua pele sardenta. Não sei exatamente o que vejo nesses olhos. Queria poder ir fundo, ver seus desejos mais insanos, seus sentimentos e tudo mais que conseguisse. Apenas para poder dizer: eu vi o amor. E sentir que esse amor foi direcionado a mim.

Damos as mãos, nós vamos para casa. Sorrio internamente, desde quando o “eu” virou “nós”? Basta refazer o caminho, seguir os passos. Nem preciso olhar para os lados para saber como chegamos aqui.

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