Inseparáveis

Os pais de Hermione haviam se mudado. Decidiram trocar a agitação e corre-corre da cidade grande pela tranquilidade da cidade pequena.

- Mãe, eu ainda não entendi porque a gente teve que se mudar.

- Minha filha, seu pai recebeu uma promoção, isso é muito bom.

- Mas não poderiamos ter continuado na mesma cidade?

Hermione estava realmente chateada. Tinha 12 anos e não estava nem um pouco feliz em ter se mudado para aquele bairro em Londres.

Nova escola, novas pessoas, novos vizinhos. Era realmente irritante ter que conhecer um monte de gente nova. Ela não era realmente a mais bonita das garotas por onde passava. Tinha cabelos castanhos cheios e armados. Às vezes ela pensava que eles tinham uma personalidade tão forte quanto dela, já que nunca ficavam do jeito que ela queria. Os olhos eram da mesma cor e as roupas não eram as da moda.

Nunca foi popular na escola onde estudava. Ao contrário, era conhecida como a nerd-sabe-tudo-comedora-de-livros. Já estava acostumada com os apelidos carinhosos que recebia, mas ter que passar por tudo isso de novo seria chato demais.

Acostumara-se a viver em seu mundo, fechada e reservada. Achava melhor assim. Sua mãe a achava introvertida, mas na verdade ela só não tinha amigos. Os poucos colegas que teve até agora se interessavam apenas por sua inteligência ou no que poderiam ganhar se ficassem próximos dela.

Preferia então os livros. Aprendia e podia viajar com eles. Eram, sem dúvidas, seus melhores amigos. Não se importavam com a sua aparência nem como se vestia. Eram amigos por serem o que realmente eram. Sem falsidades ou mentiras.

- Mãe... Não tinha mesmo outra escola?

A garota estava aflita no carro da mãe. Olhava em volta e via um monte de projetos de Barbies ao seu redor. Garotos que só se importavam com a aparência e com a quantidade de namoradas que poderiam ter.

- Minha filha, você precisa se entrosar. Precisa fazer amigos. Sei que gosta de ler, mas precisa se distrair um pouco.

- Só acho desnecessária essa mudança. E mais desnecessária ainda essa escola. Olha mãe, só tem gente esnobe aqui...

- Mas é aqui que você vai estudar e para de reclamar. Anda que ainda vou levar a sua irmã no balé.

- Tá mãe – A menina ia saindo a contragosto do carro...

- Meu beijo querida.

- Te amo mãe... Mesmo você me obrigando a estudar nessa casa da Barbie.

A mãe sorriu. Que gênio forte a filha tinha.

 

Sentiu os olhares caindo sobre si no momento que saiu do carro. As roupas largas e o jeito despojado de ser não combinava em nada com as patricinhas da escola.

Rumou direto para a sala e sentou em uma das últimas cadeiras. Não queria chamar mais atenção no primeiro dia de aula.

- Bom dia turma. Hoje temos uma nova aluna na classe. Por favor senhorita, levante-se e se apresente.

Ela respirou fundo. Odiava essa parte de apresentações. Odiava ainda mais ter que falar em público. E odiava mil vezes mais sentir aquele monte de gente olhando para ela.

- Meu nome é Hermione Jean Granger. Tenho 12 anos e...

- Licença professor...

Ela foi interrompida por um garoto de cabelos escarlates. O rosto era meio enferrujado devido a grande quantidade de sardas. Se perguntou se ele não teria cílios, ou se eram transparentes, afinal, só conseguia ver o tom azul muito forte de seus olhos.

- Ah! Claro senhor Weasley. Atrasado como sempre.

- Foi mal. Minha mãe se atrasou de novo. O senhor sabe né. Somos em 7...

O garoto falava enquanto se encaminhava para a cadeira ao lado da dela. Ela não sabia o que sentia. Odiava ser interrompida enquanto falava. E agora teria de recomeçar.

- Senhorita, continue, por favor.

Ela lançou um olhar fulminante ao garoto sentado ao seu lado. Ele apenas sorriu. Ela respirou fundo e prosseguiu.

- Como ia dizendo – olhou novamente para o garoto que continuava sorrindo – Me chamo Hermione Jean Granger. Tenho 12 anos e meus pais se mudaram a pouco para este bairro. Gosto muito de ler e espero que eles não se mudem novamente até a minha faculdade.

- Obrigado senhorita Granger.

Sentou-se o mais apressada que pode. Sentiu o bumbum adormecer.

- Sem conversas. Vamos comerçar a aula.

- Oi – O garoto estendia a mão – Sou Ronald Weasley. Ou melhor, Rony. Seja bem vinda.

Ele sorriu e para não parecer antipática em seu primeiro momento sociável também sorriu e apertou a mão do rapaz.

- E desculpe ter te atrapalhado.

A aula encerrou e ela já havia feito amizade com o rapaz. Tinham feito um projeto juntos e isso lhe garantiu boas gargalhadas. Ele era de longe o garoto mais louco que conhecia. Na verdade, não conhecia mais nenhum além dele.

Ela ficou impressionada como alguém podia ser mais desastrado que ela. Sim, ele conseguia.

- E ai? Quer ir lá em casa amanhã?

Já haviam descoberto que moravam na mesma rua e depois de uma semana de amizade e brincadeiras ele a convidou.

- Não sei se meus pais vão deixar.

- Ah Mione... A gente mora na mesma rua. É aniversário da minha irmã Gina. Ela vai fazer 11 anos e eu gostaria que você fosse...

- Mas eu não conheço ninguém Rony.

- É só o pessoal da minha família. E você indo conhece todo mundo. E também quero te apresentar um grande amigo meu. O Harry.

- Não sei...

- Ah Mione. Por favor. Se você não for eu vou ficar lá sozinho... É sempre assim. Tenho um monte de irmãos e sempre sobro.

- Ah Rony. Tudo bem. Vou falar com meus pais e qualquer coisa eu te ligo a noite ta bem?

- Eu te adoro Mione – Ele abraçava a garota e tinha um sorriso enorme no rosto – Você é a melhor amiga que tenho...

- Na verdade sou a única que tem Ron, não esqueça.

- Te adoro... Mesmo chata desse jeito.

Os anos se passaram e a amizade dos dois só aumentava. As famílias também haviam se tornado tão amigas quanto os dois.

Os pais de Rony tinham exagerado na quantidade de filhos, como costumavam dizer nas festas e encontros.

Eram sete ao todo. Gui e Carlinhos faziam faculdade. Percy estava terminando a escola. Os gêmeos Fred e Jorge eram as pessoas mais loucas que ela conhecia e a caçula Gina era agora também sua amiga. Todos tinham o mesmo tom vermelho nos cabelos, mas os olhos divergiam entre castanhos e azuis.

Gina era apaixonada por Harry, que agora também era amigo de Hermione e morava a duas quadras dela. Elas partilhavam segredos e alegrias. Afinal, embora Rony fosse seu melhor amigo, havia coisas que só se contava para uma menina.

- Ronald, é só chegar nela e convidar... - A garota já estava enraivecida pela insegurança do amigo.

- Mas Mione... E se eu cair? E se eu tropeçar?

- Levanta e continua. Você tem 17 anos... Acorda pra vida...

- Mas Mione, ela é tão linda...

- Você vai chamar a Lilá ou não Ronald?

- Vou, mas continuo com medo.

- Chega lá e pergunta. Você não vai morrer por isso. E pelo que ouvi na escola, ela te acha lindinho...

- Eu?

- Sim... Você!

- Você me acha lindinho? – Ela corou.

- Bom. Você é bonito sim...

- E essas sardas?

- É seu charme Ronald. Agora deixa de ser frouxo e vai convidar logo antes que ela vá embora.

 

Mesmo que ele tenha tropeçado, manteve-se de pé e não caiu. Ela achou que havia dado certo, afinal foi para casa enquanto eles se beijavam.

Já estava a meio caminho da rua de volta quando foi chamada.

- Mione...

Ela parou e olhou para trás. O amigo vinha correndo com o sorriso mais bobo do mundo no rosto.

- Pensei que fosse ficar com a Lilá...

- Ah. A mãe dela veio buscá-la.

- E ai, deu certo?

- O que você acha?

- Por seu sorriso e a cara de bobo pior que todos os dias, acho que deu certo...

- Te adoro sabia?

- É... Eu sei sim...

 

O dia do baile de formatura chegou e com ela a decepção de sempre. Só para variar, Mione não foi convidada e não iria sair do quarto essa noite.

 

- Já falei papai, eu não vou sozinha.

- Mas minha filha. O Rony não te convidou?

- Claro que não papai.

- Como assim?

- Ele vai com a namorada dele.

- Mas eu pensei que vocês fossem...

- Somos amigos papai. E o Rony agora tem uma namorada. Não tem porque perder tempo comigo. Estou subindo.

 

Sentia-se estranha. Odiava quando o pai falava coisas que a faziam ficar pensando depois. Rony era seu amigo. Como poderia pensar nele como namorado? Ele e seu amigo Hermione, agora vá estudar.

 

- Minha filha?

- Oi mãe.

- O Rony está lá embaixo.

- Mas o que ele quer?

- Não sei minha filha.

- Tá, eu já vou...

~~

- Rony, o que houve?

- Por que você não foi ao baile?

- Por que você não está com a Lila?

- Ela achou melhor ir com o Daves Conelly.

- Sério? Sinto muito.

- Não quer ir comigo?

- Não Rony, eu estou estudando e...

- Hermione – Ele tinha o olhar assustado – A gente tá se formando e você está estudando?

- É!

- O que você está estudando?

- Ah... Matérias para a faculdade...

- A gente só começa daqui a 3 meses.

- Eu sei.

- Você é louca sabia?

- Você veio aqui só pra me insultar?

- Não. Você vai comigo ao baile ou não?

- Ah não... E também nem tenho roupa...

- Mas Mione, por favor, é nosso baile. Se você não for eu vou ficar lá triste e sozinho e não vou ter como me divertir e nem vou aproveitar a festa e vou me lembrar desse dia como o pior da minha vida e...

- Tá bom seu dramático. Me espera que eu vou me trocar.

- Eu te adoro Mione.

Ela balançava a cabeça. Como ele conseguia isso? Fazia com que ela cedesse às coisas mais estranhas. Não conseguia dizer "não" para aquele louco de cabelos vermelhos e olhos azuis.

---QUATRO ANOS DEPOIS---

- Ahhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh! – O grito da garota foi assustado e alto!

- Ahhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh! – O susto pelo grito anterior foi tão grande que ele caiu.

- Quem é você? Saia do meu quarto ou vou chamar a... Rony?

- Oi Mione...

- Mas que droga você tá fazendo aqui?

- Estava procurando a Lucy...

- Aqui? Acho que levar aquele toco da Lilá na escola não te fez bem...

- Ah... Isso já faz anos... Só estou aproveitando a vida!

- Aqui no meu quarto?

- Acho que me perdi... Ou meus pés já conhecem o caminho e vieram sozinhos...

- Ronald, o que você bebeu?

- Nada.

- E essa cara de idiota?

- Você sempre diz que tenho cara de idiota.

- É. Só que hoje está ao quadrado. Toma... Pega esse café. Tá quente!

- Se soubesse do café teria trazido minha luva de copos.

- Ainda essa ideia Rony?

- É uma ideia brilhante Mione.

- Tudo bem, se você diz...

- E por que você gritou?

- Ah... Eu adoro gritar sem motivos. – Ela estava sarcástica – Faz um tempão que eu tô tentando dormir, e quando finalmente consigo superar essa barulheira que vocês estão fazendo lá fora me entra um cara só de cueca no quarto e me agarra... O QUE VOCÊ QUERIA?

- Que você gritasse mais baixo. - Ela revirou os olhos indignada.

- Ronald, coloca a tua roupa e sai agora do meu quarto, tá.

- E por que você não foi pra festa dos novos alunos?

- Porque amanhã tem aula. E porque eu tô com sono e tentando dormir. E porque não gosto dessas festas que vocês fazem.

- Mione, só falta um ano pra gente se formar e você nunca foi a uma festa. Você nunca nem teve um namorado...

- Que mentira Ronald. Eu tive um namorado sim, só não deu certo.

- Ah é, o Phill. Aquele bobão...

- Bobão ou não, namorei com ele quase dois anos...

- Qualidade é melhor que quantidade Mione...

- E você é o mais indicado a falar isso ai...

- Claro que sim...

- Ahh... Então quer dizer que existe muita qualidade nessas garotas que você fica por ai?

- Claro que sim, pelo menos elas se divertem e não ficam me olhando com essa cara de cachorro...

- O QUE? Você me chamou de cachorro?

- Não Mione, não te chamei de cachorro, só disse que você está com o mesmo olhar de um quando quer comida...

- Você é um grosso. E um louco também.

- Só estou sendo sincero e essa é a  minha melhor política...

- Ah... Sincero... Você quer sinceridade?

- Umrum.

- Ótimo, vou ser sincera.

“Primeiro Ronald, eu me divirto sim, só que do meu jeito. E também tive meus namorados, poucos, mas tive. Só que ao contrário de você, acho que qualidade sim é melhor que quantidade. E sinceramente, estou com pena de você por ter se tornado uma pessoa que precisa se auto afirmar e massagear o ego fazendo sexo insaciável e insignificante com garotas sem nexo e totalmente inseguras porque nunca vai conseguir que uma garota como eu faça sexo com um cara como você.”

- UAU! – Ele exclamou surpreso com um sorriso de canto – Eu te amo sabia? Você é incrível.

- Por quê?

- Isso foi melhor que sexo. Estou satisfeito. Adoro o jeito como você é sincera comigo.

- Isso se chama amizade Rony.

- E eu adoro ser seu amigo.

- Tá... Agora. Sai. Daqui. Que. Eu. To. Com. Sono.

Ela falava enquanto expulsava o amigo do quarto com travesseiradas.

- Seu louco!

- Sua linda!

 ---

 

Então... Esse é o primeiro capítulo... vou ter que intercalar porque ainda não terminei de postar "A Vida Continua" ( http://fanfic.potterish.com/menufic.php?id=42869) então vou ter que me dividir pra escrever nas duas...

Espero que gostem do primeiro capitulo... Logo logo posto mais...

 

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