Único
Eu me lembro daquele dia como se ele tivesse sido ontem. Eu me lembro do cheiro de poções do hospital e da enfermeira carrancuda que se negava a me dar informações. Eu me lembro dos gritos de Hermione e da força descomunal que ela usava para segurar meus dedos. Eu me lembro de um choro estridente, de um sorriso genuíno de Hermione e, sobretudo, me lembro dela, do pequeno embrulho cor de rosa que o medibruxo me apresentou.
Quando eu segurei a minha filha pela primeira vez, eu tive a sensação de estar carregando o tesouro mais precioso do universo nos braços. Apesar do cabelo ralo, eu sabia que ela era uma Weasley legítima, eu sabia que aqueles poucos fios de cabelo que ela carregava eram ruivos.
E eu fiquei olhando deslumbrado para aquele pequeno ser de pele enrugada e avermelhada por longos dez minutos tentando absorver cada detalhe daquele momento. E é com orgulho que eu posso dizer que fui eu quem viu seus olhinhos abertos pela primeira vez. E eles eram tão castanhos quanto os da mãe dela.
Hermione chamou o bebê de Rose, segundo ela, porque a nossa filha tinha o cabelo tão vermelho que faria com que ela parecesse uma linda rosa vermelha quando crescesse.
E então os meses foram passando. Eu ouvi as suas primeiras palavras (que foram “tio bobo”, ditas ao George quando ele fez uma careta que ela não gostou), eu a vi dar seus primeiros passos, em plena Floreios & Borrões, indo em direção a Hermione, e eu também estava lá quando ela deu o seu primeiro vôo de vassoura (escondido de Hermione, obviamente).
Quando Rose nasceu ela se tornou uma das minhas razões de viver. Eu a protegia, cuidava de seus machucados quando ela caia e a fazia rir quando estava emburrada. Foi eu quem a ensinou a jogar xadrez bruxo e quem a incentivou a pedir a primeira vassoura de quadribol.
E agora, no auge dos seus dezesseis anos, Rose me apunhalava pelas costas da pior maneira que um pai poderia imaginar. Hermione vive dizendo que eu estou exagerando, mas é inevitável me sentir traído. Será que o amor que eu dei a minha filha não havia sido o suficiente? Será que ela não gostava mais de mim? Eu não sei, mas essa era a única explicação que eu encontrava para ela ter feito uma coisa dessas comigo, com o homem que sempre a amou incondicionalmente.
Depois de tudo o que eu fiz por ela, Rose decidiu que o amor que eu dediquei a ela a minha vida inteira não havia sido o suficiente. Minha filha tinha arrumado um namorado e nem Merlin poderia explicar o que eu estou sentindo.
Agora, sentado no sofá da minha sala de estar, eu estou olhando para o relógio a cada dois minutos, querendo, desesperadamente, que os ponteiros não marquem dez horas nunca. Rose estava no andar de cima, junto com Hermione, se arrumando para a chegada do fulaninho que ousara tentar tirar a minha filha de mim. O namorado, a criatura que eu gosto de denominar como “o estúpido”, chegaria às dez horas em ponto. E eu deveria bancar o cara educado e centrado que eu não queria ser.
Eu não sei nem seu nome ou a casa que ele pertence em Hogwarts. Não sei se eles são colegas de monitoria, ou como Rose e o ser babaca que ela chama de namorado se conheceram. E, sinceramente, gostaria de nem saber. Gostaria que minha filha e Hermione descessem aquelas escadas e rissem da minha cara dizendo que tudo havia sido uma grande e estúpida piada.
Mas eu soube que isso não aconteceria quando eu encarei Hermione, que havia acabado de descer as escadas e me encarava com o seu olhar mais repressor.
–Eu não acredito que você continua com essa cara, Ronald Weasley. – Ela brigou comigo. E Eu acho incrível como as mulheres da minha família pegam os hábitos de minha mãe.
Todas elas, sem exceção nenhuma, nem mesmo das menores, quando ficam muito chateadas ou muito furiosas, nos encaram com as mãos na cintura e com o mesmo olhar que minha mãe me olhava quando eu comia um doce antes do jantar. Mas devo salientar que Hermione, sem a menor sombra de dúvidas, é a que mais se parece com D. Molly
–Pois é. – Respondi sem emoção alguma na voz.
–Escute bem o que eu vou te dizer, Ronald, ouse magoar a Rose com suas crises de ciúmes doentias e eu acabo com você! – Ela falou ameaçadoramente e, por costume, eu me encolhi no sofá. – É o último final de semana de férias, ela vai voltar para Hogwarts amanhã! O mínimo que eu espero é que ela não volte para lá triste por seu pai não apoiá-la.
–Tudo bem, Hermione. – Eu respondi, sabendo que não adiantava discutir com ela. Hermione percebeu o meu tom de voz e, depois de me lançar mais um de seus olhares cortantes, girou nos calcanhares e entrou na cozinha.
Ótimo! Os sentimentos de Rose eram importantes, mas e os meus? Ela me magoava, resolvia que um namorado era melhor do que eu e, ainda assim, eu tinha que manter meus nervos no lugar? Isso é o fim do mundo, a terceira guerra bruxa!
Ela era a minha rosinha, a bebê que havia visto crescer, a menina que me tinha por herói! Eu não posso admitir que uma criatura, que surgiu sabe Merlin de onde, chegue e tente levar a minha bonequinha embora! Ela é a minha menininha. E é só uma criança!
Bem, você sabe aquele momento nos filmes trouxas em que a gente diz uma coisa e, só pra provar o contrário, acontece alguma coisa que nos faz ficarmos com caras de idiotas? É exatamente isso que está acontecendo.
Rose descia as escadas devagar, como se tivesse algum receio. E ela estava vestida de uma maneira tão simples que me lembrava a Hermione nos nossos tempos de namoro. A minha filha estava com um vestido verde bem comum e com os cabelos ruivos e ondulados soltos. E eu soube naquele momento que Hermione escolheu o nome da minha filha de forma correta. De fato, Rose parecia uma linda rosa vermelha, embora eu preferisse que seu vestido fosse vermelho e não verde (afinal, verde sempre me lembraria a Sonserina).
–Papai. – Eu ouvi ela me chamar enquanto caminhava até mim. – está tudo bem? – Ela me pediu, seus olhos mostrando uma onda de preocupação. E eu soube naquele momento que meus olhos estavam marejados.
–está tudo bem. – Eu respondi, tentando recuperar a minha postura. – Você está linda filha.
Rose sorriu para mim e, inesperadamente sentou no meu colo me abraçando. E eu tive vontade de segurá-la e não soltá-la nunca mais. Eu tive o desejo de poder proibir que ela não crescesse mais.
E então o barulho infernal da campainha soou. E Rose se afastou de mim, implorando com os olhos para que eu me comportasse. Hermione veio apressadamente até nós e, depois de me lançar mais um de seus olhares significativos, andou até Rose.
–Vá até lá e abra a porta filha! – Minha mulher a encorajou. – Esperaremos você aqui.
Eu vi Rose sorrir uma última vez antes de sumir pela porta que dava para o Hall de entrada. E meu coração começou a acelerar, como se um pedaço de mim estivesse sendo arrancado. Acho que vou enfartar!
–Por Merlin, Ronald, se comporte! – Hermione bradou baixinho para mim mais uma vez. – Eles estão chegando! – Ela falou, não escondendo a excitação em sua voz.
A medida em que o som dos passos ficava mais próximo, eu me sentia mais impotente. Minha filha, minha doce menininha tinha um namorado! Isso era demais para o meu pobre coração de pai!
E então, quando eu achava que nada poderia piorar, Rose apareceu com o estúpido namorado de mãos dadas com ela. E eu desejei que aquilo fosse uma piada de muito mau gosto. Não! Minha filha não podia ter me traído daquela maneira!
–Mãe, pai – Minha filha nos chamou sorrindo de orelha a orelha. – Esse é meu namorado, Scorpius Malfoy.
E eu senti o chão faltar aos meus pés. Por que não podia ser um tatuado cheio de pircings? É claro que para Rose não bastava se desfazer do meu amor, ela também tinha que pisar nele e cuspir que o amor de um Malfoy era melhor do que o meu! Não pense que eu não sei que Rose me ama, mas, definitivamente, isso não me impede de ter a minha crise de ciúmes. Era duro saber que a sua filha, a criança que você cuidou com tanto zelo havia crescido.
–Acho que estou enfartando. – Sussurrei, bem a tempo de ver olhar repressor de Hermione sobre mim.
Depois disso, passei a mergulhar cada vez mais na escuridão, rezando para que eu estivesse morrendo e não desmaiando. Mas eu sabia que não estava tendo um ataque cardíaco, do mesmo jeito que eu sabia que Hermione iria me despertar de uma forma bem bruta.
Mas me deixei levar pela escuridão na vã esperança de que quando eu acorde já esteja mais acostumado com a minha nova realidade. Minha filha, minha doce e ingênua garotinha tinha um namorado e, como se isso não bastasse, ele era um Malfoy.
O meu último pensamento antes de mergulhar por completo na escuridão foi que a minha filha havia crescido, mas isso não me impediria de aplicar uma lição no Malfoy por ele ter roubado o coração da minha garotinha!
****
Hello People! Só pra avisar, eu postei essa fanfic no site Nyah!Fanfiction (https://www.fanfiction.com.br/u/64635/), então não é plágio, okay?
Espero que gostem, é a primeira fic que posto no site, então comentem e, quem sabe, eu posto algumas outras ;)
Beeijos e Carinhos
Carter
Comentários (6)
KKKKKKKKKKKK ri horrores! Adoreeeeei! Típico do Ron!
2013-08-04Adorei ! eu ri muito aki !Nunca vou esquecer essa fic !leia aminha:http://fanfic.potterish.com/menufic.php?id=45205bjs S2Lívia M. Weasley
2013-03-17TADINHOOOOOOOOOOOOOOOOOO DO MEU RONALD CIUMENTO WEASLEY *.*#MORRI A-M-E-I <3 <3 <3 MUITOOOOOOOOOO LINDAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA *.*CHOREI AQUI :)
2013-01-29Adorei ! Bem dramático como o ron ! Haha
2012-08-16haha os dois casais que mais amo nessa fic brilhante!
2012-03-26eeeeeu gosteii mtse quiser pistar outras concerteza eu leria...
2012-03-26