Noite de 31, out, 1981



N/A: Primeira coisa que eu tenho que confessar pra vocês: chorei feito uma condenada enquanto li/escrevi esse trecho. É um dos mais especiais e tristes. Leia com carinho. 

   Godric's Hollow. Outubro, 31, 1981.



Sirius Black bateu na calçada com sua moto-voadora.

O belo jovem de 21 anos não olhou para trás uma vez que o veículo caiu na estrada alguns segundos depois dele - na verdade, ele nem sequer ouviu o ruído do metal no concreto. Ele mal podia sentir seu corpo latejante do impacto de bater no chão depois de vários metros no ar, mal podia sentir o cheiro da fumaça que o motor produzia.

Mal podia arrastar-se para a porta da frente destruída.

A única coisa que ele poderia fazer agora era sentir seu coração em pedaços. Ele sabia que a dor seria - era - insuportável, mas apenas o seu cérebro reconheceu a dor. Ele não estava ciente de que rios de lágrimas salgadas estavam escorrendo dos seus olhos, antes que ele pudesse contê-las.

Na verdade, agora nada mais importava. Lágrimas ou o seu coração em pedaços.  
Antes que ele pudesse avançar, a forma enorme de um homem saiu pela porta.

Seria... ele?

Sirius deu um rugido enorme de angústia, sacando a sua varinha e murmurando o início de uma das piores maldições que ele conhecia...

- Sirius! - a voz berrou, e um pouquinho de familiaridade brilhou nos recessos olhos profundos de dor de Sirius.

Ele deixou cair o braço, a maldição bateu na rua; abrindo um buraco enorme no chão, os pedaços de asfalto voando em todas as direções.

- Hagrid? - ele resmungou. O rosto do meio gigante trilhado por grossas lágrimas, escorrendo por seu rosto enorme.

- Sirius - a própria voz de Hagrid já tinha diminuído em um suspiro quebradiço. - Sirius, eu sinto muito. Lily e James... Lily e James... - ele gritou em desespero, balançando a cabeça.

Sirius caiu de joelhos, lágrimas frescas acompanhando os soluços despedaçados. Hagrid tentou consolar Sirius o melhor que podia por cerca de alguns minutos, ele não fazia ideia, com a mão enorme sob o braço de Sirius. 
 

Logo, um berro escapou dos braços de Hagrid. Hagrid imediatamente conteve as lágrimas, tremendo um pouco antes de recompor-se; olhou para baixo, avistando o que parecia ser um pacote em seus braços.

- Está tudo bem, Harry... tudo irá ficar bem... - ele balbuciou, a voz misturada com desespero.

Sirius levantou a cabeça imediatamente.

- Harry? - ele exclamou em voz quebrada - Harry está vivo?

- Ele está - Hagrid respondeu, o bebê se aquietou. -, eu não sei o q-que aconteceu direito... D-Dumbledore pediu para resgatá-lo...

- Como ele... sobreviveu? - Sirius exclamou com espanto para o bebezinho.

O que poderia ter acontecido? Como poderia um dos mais poderosos bruxos das Trevas não conseguir matar um bebê? O que teria acontecido? James? Lily? O pensamento dos pais de Harry enviando novos golpes de dor em seu peito.

Sirius tremia. Se arrastou para o bebê.

- Harry - ele sussurrou enquanto pegava o filho de James, olhando para o rosto gordinho. Sirius tinha visto Harry em várias ocasiões antes, e ao vê-lo fez sorrir, Harry estendeu os braços. Afinal, conhecia muito bem aquele rosto.

- Fooh-pah! - ele gritou na tentativa de dizer Almofadinhas. Os olhos de Sirius voltaram a marejar. 

- Ei, Harry. - Ele disse suavemente, escovando o cabelo negro bagunçado da testa do bebê. Ofegante, reparou no enorme corte que ali havia. - Hagrid! A testa...

Um corte que apesar da quantidade de sangue, ainda conseguia ser distinto: era tipo um raio.

- Eu sei, Sirius, eu sei... - Hagrid se engasgou com as palavras, incapaz de pronunciar qualquer coisa.

- Lessão mágica, pode ser profundo... Me dê Harry, Hagrid, eu sou o padrinho, eu vou cuidar dele. - ele estendeu a mão para o bebê, o último remanescente de Lily e James, a única ligação que ele tinha deixado para seu melhor amigo. Sua mente automaticamente começou a formar planos sobre como obter uma casa enorme, todo o dinheiro que Harry poderia precisar, todo o amor que Sirius daria a ele, seria generoso com ele...

Mas Hagrid não lhe entregou o bebê. Em resposta, ele simplesmente sacudiu a cabeça.

- Desculpe, Sirius, mas eu não posso. Dumbledore disse para entregá-lo diretamente aos tios...

- O quê? - Sirius exclamou. - Mas eu sou o padrinho dele! Hagrid, por favor... - ele estava quase sussurando agora - Lily... James... - as palavras novamente presas em sua garganta.

Após mais alguns minutos de súplica, Sirius teve de se conformar.

- Hagrid, leve a moto. Por favor. É mais rápido que a maioria das vassouras. Vai levá-lo a Dumbledore em um instante.

 Hagrid olhou para a moto. Sirius tinha-lhe mostrado como montá-la uma vez, quando ele a comprou e mostrou para todo mundo na Ordem.

- Você tem certeza? Sirius, você ama a moto...

- Eu não vou mais precisar dela. - Sirius balançou a cabeça, gesticulando na direção geral da moto. - Por favor, Hagrid. É o mínimo que posso fazer.  

Hagrid concordou depois de mais alguns momentos de debate interno, antes de se decidir sobre a moto, fixando Harry em um lugar na dobra do braço enorme, se despediu de Sirius e embarcou céu adentro com a moto.

 Com Harry e Hagrid se afastando, o cérebro de Almofadinhas voltou para o modo desesperado, forçando seu corpo no mesmo estado em que estava quando ele pulou para a casa em luto, precisando ver se tudo era verdade, ou apenas uma piada, de muito, muito mau gosto. Ele correu para a entrada da casa.

  A porta da frente havia sido lançada para trás no corredor, mas era difícil dizer qualquer coisa. As lâmpadas haviam sido destruídas a partir da força da explosão anterior, por isso apenas as estrelas fracas, a lua e postes de luz iluminavam o interior da casa.  

Sirius Black rompeu com a visão quando ele atravessou o hall de entrada.  

Suas pernas cederam, com os braços instintivamente balançando no ar, tentando encontrar algo para agarrar - suas mãos encontraram no batente da porta, segurando-se. Uma nova onda de lágrimas parecia competir em seu rosto, escorrendo sem parar.  

O cadáver de James Potter jazia no chão do corredor.  

Sirius largou do batente da porta, e correu para o corpo de seu amigo, de seu verdadeiro irmão.

James estava vestido com roupas de trouxa, deitado de costas contra o fundo das escadas, jogado para trás com a força da maldição que o havia matado. Mesmo perante a morte... ele estava deitado como um obstáculo no caminho para a sua esposa e filho. Seus óculos estavam deitados vários metros de distância, as lentes rachadas, a varinha longe de ser vista. Seu cabelo estava tão bagunçado como tinha sido quando ele estava vivo, quase como se ele tivesse apenas arrepiado com a mão, como de costume. Seus braços estavam jogados em uma posição particularmente vulnerável, com o rosto virado para cima, a boca ligeiramente aberta em sua última exclamação antes da morte, seus olhos castanhos avelã fixos no teto.

- Pontas - Sirius disse com a meia-voz rouca, meio ofegante. - James - sua voz era mais forte na segunda vez, ainda meio quebradiça, rachaduras no final com um soluço angustiante. Sirius Black agarrou James Potter desesperadamente. Ele não podia estar morto. Ele não podia. Não podia...

  James Potter. Seu melhor amigo, de sempre. Não importava a situação, ele sabia que poderia contar com James para qualquer coisa. Seu parceiro do crime. Seu fiel companheiro. Pontas. Seu irmão.

 - James... Pontas... por favor... - Sirius implorou, com as mãos de cada lado da cabeça de James. Os olhos castanhos tinham perdido a centelha de vida - eles eram frios, duros, vidrados. Estes não eram os olhos de James. - Por favor, acorde. Por favor, meu amigo... acorde.  - sua cabeça inclinou-se sobre seu melhor amigo, os seus lamentos e gemidos cada vez menos humanos, Sirius parecia ter congelado.

James Potter estava morto. James estava... morto.

A única coisa que o levou para fora de seu luto aparentemente eterno era o pensamento de Lily.  

A cabeça de Sirius se ergueu imediatamente, olhando para as escadas. Ela devia estar lá em cima.

 O maroto fechou os olhos de James, seus dedos tremiam. Decidiu que não teria a capacidade de deslocar o cadáver, ele cuidadosamente passou por cima dele, e depois invadiu as escadas, três saltos de cada vez. Chegando ao corredor no andar de cima - no que parecia ser uma caminhada eterna - ele viu uma outra porta que tinha sido aberta bruscamente, obviamente por um feitiço também. Ele inalou profundamente.

Lily.

Ele entrou cautelosamente na sala, e a dor o bombardeu em cheio novamente. Seu coração, já em cacos, agora destruído, completamente.


O corpo da bela Lily Potter estava no chão em frente ao berço de Harry, assim como seu marido, Lily estava deitada de lado, o braço direito esticado acima da cabeça, à esquerda, deitada sobre o peito. Também vestida com roupas de trouxa, Lily teria parecido que estivera dormindo se seus olhos verde-esmeralda não estivessem abertos. Seu rosto foi congelado em um grito petrificado... os músculos de seu rosto não se deslocaram desde que a maldição batera.

Sirius ficou petrificado, olhando para Lily Potter, em um gesto protetor sobre o berço vazio do filho. Ela havia claramente morrido enquanto tentava salvá-lo, e quando a mente de Sirius registrou isso, um pedaço enorme formando em sua garganta, fazendo com que seus olhos se enchessem de lágrimas novamente.

- Lily... - ele curvou-se sobre a esposa de seu melhor amigo, fechando os seus olhos também. - Eu sinto muito - ele sussurrou, tremendo incontrolavelmente.  

Foi culpa dele. A culpa era inteiramente sua. O feitiço Fidelius havia sido realizado apenas uma semana atrás - ele tinha estado lá. Ele deveria ter sido o Fiel do Segredo. Ele deveria ter implorado e lutado para manter o título em vez de sugerir que mudassem para Rabicho.  

Rabicho.  

Uma onda de raiva o preencheu por completo; algo que ninguém nunca, jamais seria capaz de compreender.

Seus punhos se fecharam.

Peter pagaria. Ele iria matar Peter Pettigrew. Assim como o desgraçado inútil mesmo tinha descuidadamente jogado fora a vida não só de seu melhor amigo, mas das duas pessoas mais incríveis do planeta. Depois de todos os anos de marotices, brincadeiras, e irmandade... Peter havia os traído. E agora, Lily e James estavam mortos, seus corpos ainda deitados no tapete da sua casa. Se foram para sempre. 

 O pensamento tinha um gosto amargo.

- Peter Pettigrew. - ele murmurou, cada partícula de seu ser se enchendo de ódio e de raiva, seus membros tremendo. - Peter Pettigrew, eu juro por Merlin, eu vou encontrá-lo. E quando eu encontrar... eu vou matá-lo.

Sua mente trazendo as memórias com Peter mais recentes: ele no café da manhã daquele dia com os outros membros da Ordem. Parecia nervoso; ansioso. Quando perguntaram-lhe o motivo... "Nada" - disse ele. "Nada" resultaria na venda de seus melhores amigos a Voldemort. O pensamento só tornou a raiva e ódio de Sirius maior ainda.  

Como um homem louco, Almofadinhas puxou sua varinha novamente e correu  o mais depressa que pôde para fora do quarto, descendo as escadas em saltos.

Chegando ao hall de entrada novamente, deu um último olhar ao corpo sem vida de seu melhor amigo. Os olhos azuis acizentados tempestuosamente brilhantes carregados de angustia, ele sai noite adentro.

  Ele iria encontrar Peter Pettigrew. Ele iria encontrá-lo e causar a morte mais longa, mais excruciante que poderia imaginar. Seu cérebro enlouquecido pela raiva e ódio. A dor sufocante que o dominava e apoderou-se dele antes, tinha sido substituída pelo ódio puro, ódio puro. Sirius nunca seria o mesmo depois de encontrá-lo.

  Jurando vingança, num tom áspero, quebrado de voz, Sirius Black desaparata; deixando para trás os cadáveres de Lily e James Potter.

N/A: Eu posso ver essa cena claramente em minha cabeça. Sem palavras. 

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Comentários (8)

  • Isabelle Munhoz

    Eu...adorei demais a one. Sempre amei demais os marotos, tirando Pedro é claro. Mais nunca me conformeu com o fim que eles tiveram, por que sinceramente James deveria estar vivo, Sirius não deveria ter sido preso, nem morto e Remo não deveria ter morrido no final. A amizade deles é a melhor e mais linda que eu já vi e não queria um final desses para eles.Mais adorei a one, ficou muito fofa. 

    2012-04-06
  • leenee Black Orion

    TDA VEZ QUE EU LEIU EU CHORU....AMO ALMOFADA 2S2S2S2SS

    2012-03-25
  • li li k wood

    Eu chorei! Almodada K3 muito triste e tbmeim muitu linda ... Parabéns voce escreve muituo bem!

    2012-03-25
  • Mayh Weasley

    Muuuito linda sua fic!Gosteei muuito msm! ;)

    2012-03-21
  • Sah Espósito

    OiiiChorei sabia...Eu tenho algumas fics do Sirius, uma em particular, "desabafo de Sirius Black" e a outra "Momentos Ocultos da vida de Sirius Black".São desse tipo, se quizer ler eu iria agradeceradorei mesmota perfeita!

    2012-03-20
  • i luv the marauders

    voce pegou pesado na parte do "fooh-pah" :"(((((((((((((((((((((( to chorando dms

    2012-03-19
  • i luv the marauders

    eu to sem palavras. to destruida. to chorando q nem um bebezao.......acho que se tivesse uma cena desse capitulo, eu nao resistiria. serio, do fundo do coracao. esse cap ta demais. me deixou sem palavras

    2012-03-19
  • leenee Black Orion

    aii k lindo *-* e trixte tbeim ... ;~~

    2012-03-19
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