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 Passei o domingo em casa, não saí. Tinha lições para fazer, sim sou nerd. Depois eu ouvi música, assisti televisão e fui dormir cedo.


 


Segunda-feira amanheceu um pouco nublada. Eu acordei cedo para ir ao colégio. Coloquei o uniforme e tomei café, esperando o Rony passar em casa com a Gina. Eles faziam isso desde que éramos pequenos.


 


--Hermione, o Rony não vai passar aqui?


 


Minha mãe perguntou pela terceira vez naquela manhã. Eu já estava me irritando. Faltava quinze minutos para bater o sinal da escola, e nada daquele cabeça de cenoura.


 


--Vou sozinha hoje, mãe. –Me decidi.


 


--Cuidado, filha.


 


Eu dei um beijo nela e saí quase correndo em direção à escola, que, por sorte, ficava à um quarteirão e meio da minha casa.


 


Harry sempre nos esperava na esquina da minha casa para irmos juntos, mas naquele dia também não havia sinal de Harry Potter.


 


Eu bufei e acelerei o passo.


 


Cheguei na escola, cheia como sempre, e fui até o meu armário. Peguei meus livros e fui pra sala de química.


 


No corredor eu cumprimentei alguns colegas, é, a sala de química é a mais distante dos armários. Assim que eu pisei na sala, o sinal tocou. Eu passei um olhar pelo lugar e fui pro meu lugar de costume.


 


Harry não tinha chego ainda, e Rony estava sentado, na carteira atrás de mim, me olhando. Que cara de pau!


 


--Por que você não passou em casa? –Eu o intimei.


 


Acho que minha voz saiu um pouco alta, porque algumas meninas, as fofoqueiras da turma, me olharam. Entre elas, Lilá Brown, uma das pretendentes do Ronald. Mas eu nem liguei.


 


--Eu achei que você não viesse hoje. –as orelhas dele ficaram vermelhas.


 


Ele é tão fofo com vergonha. Eu quase me derreti, quase.


 


--De onde você tirou essa idéia louca?


 


Mas uma voz do além interrompeu a resposta que eu queria ouvir.


 


--Sente-se agora, Srta Granger. Ninguém é obrigado a ouvir as suas discussões amorosas à essa hora da manhã.


 


Era ele, o professor mais carrasco da escola. Snape. Eu me virei para encará-lo, um tanto desafiadora, mas ele percebeu a minha intenção.


 


--Ouse me responder que você ficará de detenção por uma semana.


 


Eu fechei a cara e me sentei. Ia fazer o quê?


Não falei com o Rony até o intervalo. O Harry chegou atrasado, na segunda aula.


 


Quando a sineta tocou na aula de inglês, eu deixei as minhas coisas na sala, ainda ia ter mias uma aula, e fui na cantina comprar meu suco de laranja matinal.


 


Eu me sentei em uma mesa com dois amigos, Neville e Luna. Eles são legais, e eu tenho certeza que mantêm um romance secreto.


 


Conversamos um pouco, e o papo continuou quando Harry apareceu de mãos dadas com a Gina. Rony não deu as caras, e quando eu retornei à sala, vi que ele estava sentado, desenhando, e quieto. Ok, ele devia estar doente. Quebrei meu silencio e fui até lá.


 


--Ei, vai mais pra lá.


 


Ele me deu um espaço na cadeira e parou de desenhar.


 


--Você tá bem? Tá muito estranho hoje.


 


Ele deu os ombros e murmurou que estava com dor de cabeça. Sei.


 


--Neville e Luna estão marcando de assistir filme na casa dele hoje. Você vai?


 


Ele negou com a cabeça. Agora eu quem estava ficando triste.


 


--Tudo bem, então. Se quiser conversar alguma coisa eu estou aqui, tudo bem?


 


Ele assentiu e voltou a desenhar. Eu olhei pro Harry, que estava observando a nossa conversa. Nós trocamos um olhar preocupado, e eu fui me sentar no meu lugar.


 


Bom, com esse humor desanimado do Ron, eu nem fui na casa do Neville. Fiquei na minha, quieta e estudando. Rony continuava tão estranho que sumiu na hora da saída, e eu tive que voltar segurando vela do Harry e da Gina.


 


No dia seguinte eu nem esperei pelo ruivo, saí de casa mais cedo. Quando eu estava quase dobrando a esquina, Harry me chamou.


 


--Ei, cadê o Ron e Gina?


 


--Não sei. –respondi triste. –Ele está estranho, e nem passou em casa ontem, então eu vim sozinha.


 


--Vamos juntos então, encontraremos ele por lá. Não tomei café, quero comer alguma coisa antes da aula. Minha mãe estava meio indisposta hoje, e você sabe como é a comida do meu pai.


 


Eu ri.


 


Assim que chegamos, Harry praticamente voou até a cantina, e eu fui no armário sozinha. Quando que eu abri a porta, caiu um papel. Eu o peguei do chão, reconheci o desenho que o Rony estivera fazendo ontem, enquanto “conversávamos”. Na frente tinha uma garota desenhada, e por um momento eu achei que ela se parecia comigo. No verso, tinha um bilhete escrito o seguinte:


 


“Mione, quer ficar comigo?


Dê a resposta pelo Harry.


 Rony”


 


 


Tá, eu tive que reler aquele papel mais cinco vezes pra entender o conteúdo. Juro, Rony nunca tinha sido tão direto em alguma coisa como daquele jeito!


 


Eu respirei fundo e contei até dez. Minha mão estava tremendo a essa altura. Um sorriso teimava em brincar nos meus lábios. Mas logo esse se desfez.


 


--Que cara de louca é essa, Granger? Viu o passarinho azul essa manhã?


 


Ela Lilá. Eu fechei a cara e respondi:


 


--Louca é a sua mãe que te botou no mundo, e a cor do passarinho é verde, sua lesada!


 


Virei as costas e deixei aquela galinha resmungando sozinha.


 


Não fui para a sala, não queria ver o Rony agora. Eu estava tremendamente feliz, mas não sei se eu ia conseguir olhar pra ele sem surtar. Qual é, quem não surta numa hora dessas?


 


Eu praticamente corri até a cantina, e quase fiz o Harry derrubar o lanche dele no chão.


 


--Que foi?


 


--Harry! –Minha voz saiu fina, mas baixa.


 


Num sussurro, eu contei tudo pra ele.


 


--Tem certeza que ele quem mandou?


 


Meu estômago afundou, eu não tinha pensado em nenhuma pegadinha. Tirei o papel do bolso e mostrei pro Harry.


 


--É a letra dele mesmo. –Ele sorriu abertamente. –E aí, que resposta eu dou pra ele?


 


Eu engoli em seco. É óbvio que a resposta seria sim, mas como eu ia dar? Acho que estou corando...


 


--Harry, não sei. Eu...


 


--Tudo bem, Mione. Você tem até amanhã pra me falar, ele não vai vir hoje.


 


--Quem te disse?


 


Tá, nem sei por que eu pergunto.


 


--Gina.


 


Eu revirei os olhos pro alto e ele riu.

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