Um Berrador Vale Muito Mais qu
Rosa acordou mais animada do que nunca. Levantou um pouco mais tarde do que de costume, saltitando e cantarolando o hino de Hogwarts. Gabrielle estranhou tamanha empolgação e perguntou se, por acaso, a amiga tinha tomado Felix Felicis.
“Claro que não, só estou animada! Preciso tomar Felix Felicis pra ficar animada?” - Respondeu.
“Animada desse jeito? Sim.”
A menina riu e foi direto para a primeira aula do dia, de Feitiços. Porém ela não estava interessada só na aula. Aliás, ela não estava interessada nem um pouco na aula. O que ela queria mesmo era encontrar Scorpius. Ficar com ele a deixaria ainda mais alegre, pensou.
E foi bem isso que aconteceu. Eles ficaram conversando a aula inteirinha (o professor teve que chamar a atenção da dupla mais de quatro vezes, quase os mandou para a sala de Minerva), rindo, cantando as músicas do novo CD de “As Esquisitonas”... Era raríssimo Rosa não prestar atenção na aula. Talvez essa tenha sido a primeira vez.
O resto da sala inteira os encarava, pois uma amizade entre uma Weasley e um Malfoy era bastante inusitada. O conflito antigo entre o trio (Harry, Rony e Hermione) e Draco era conhecido por praticamente todos do mundo bruxo.
Na aula de Herbologia, a festança se repetiu. Os dois estavam perto um do outro e conversaram a aula inteira. Porém, mesmo com toda essa intimidade, sempre que Scorpius olhava diretamente para Rosa, ela corava muito e involuntariamente virava a cara. Não conseguia encará-lo... Era pedir demais olhar diretamente naqueles olhos perfeitos de Malfoy. Demais.
Já era do almoço. Como Rosa era da Grifinória e Scorpius da Sonserina, eles tiveram que se separar. Cada um foi para a mesa de sua casa. O dia estava chuvoso, mas, para os dois, parecia estar o maior sol. Eles não conseguiam parar de sorrir nem por um minuto. Se bem que, como Rosa amava chuva, o tempo daquele dia estava perfeito. Tudo estava perfeito. Até que...
Enquanto Rosa se servia de mais suco de abóbora, sua coruja, Indra, posou sobre seu ombro, lhe entregando uma carta aparentemente comum. Aparentemente. Quando a garota começou a abri-la, tomou um susto. Era um berrador. Um berrador de seu pai, Rony.
“Ouvi falar que você está saindo com Scorpius Malfoy. Por favor, querida, afaste-se dele. Assim, como Draco, ele não deve ser flor que se cheire! Como já disse, todos os bruxos maus da história eram da Sonserina. Faça amizades com pessoas boas e talentosas como você! Eu lhe imploro.”
E, depois que o recado foi dado, a carta despedaçou-se. O problema não estava exatamente no que foi dito, mas sim na altura em que foi dito. Todos, de todas as casas, ouviram as palavras de Rony. E os olhares de todos se concentravam agora em Scorpius e Rosa. Até Minerva os encarava.
Sabe aquele momento em que tudo que você queria era achar um buraco para enfiar a cara e não sair nunca mais? Era bem isso que Rosa estava sentindo. Por Merlim, que vergonha!
Scorpius também parecia envergonhado, muito envergonhado. E assim, no mesmo minuto, ele saiu do salão principal, com olhares acompanhando-o.
Rosa comeu rapidamente, tentando ignorar as encaradas e os cochichos, e foi para a sala comunal da Grifinória. Ela precisava ver Hugo imediatamente (o irmão tinha comido bem rápido e ido para a Sala Comunal, antes da chegado do berrador- ele precisava fazer rapidamente a tarefa deixada pelo professor James).
Assim que o encontrou, fazendo as pressas o tal dever de poções, ela começou a berrar.
“Como você é falso, Hugo! Você contou para o papai que Scorpius e eu estávamos ficando amigos! Ah, que raiva, que ódio de você!”
“Ei! Calma aí! Eu não falei nada.” – Ele parecia realmente surpreso e assustado.
Rosa começou a chorar e a andar desesperadamente de um lado para o outro. Exceto pela presença de dois garotos do primeiro ano que também faziam tarefa, a sala estava vazia.
“Aham. Sei. Foi uma humilhação! Uma vergonha total! Hugo, você não tem o direito de se intrometer na minha vida. M-I-N-H-A vida.”
“E foi por isso que eu não me intrometi! Eu não contei nada ao papai, Rosa. Que vergonha? Do que você está falando, por Merlim?!”
A garota já ia rebater, quando uma voz suave e comedida disse:
“Hugo não falou nada, Rosa. Fui eu.”
Era Neville. Seu olhar estava baixo. Em sua voz também havia uma boa dose de culpa.
“O quê? Você, professor? Eu... Você não faria isso. Faria?”
“Rosa, me desculpe, mas você não entende! Você não conhece bem a história de Draco e Harry! Ele cometeu milhões de erros.”
“E pelo o que eu sei, tudo acabou bem! Draco acabou ajudando Harry no final, não foi?” – Rosa guinchou.
“Está vendo o que está acontecendo? Você está defendendo Draco!”
“Eu... Não, não estou! Mas ele foi provavelmente um dos mais bondosos comensais da morte. Eu li sobre isso!”
“Escute bem o que você disse: ‘um dos mais bondosos Comensais da Morte. ’ Ele era um Comensal! Sim, entendo o que você quis dizer, ele não era dos piores... Tinha coração. Mas fez coisas nada admiráveis. Nada muito grave, mas fez.”
“Porque ele não teve escolha!”
Hugo entrou na conversa. Os outros dois meninos calouros que estavam na sala agora observavam a discussão muito atentamente. Mal piscavam.
“Neville está certo. Draco não foi um garoto exemplar. Concordo com você, ele tinha bondade no coração. Pode até ter melhorado, se tornado um bom homem. Mas...”
“Olhe, não vou discutir isso com você dois! Scorpius não é Draco, de todo jeito. Ele deve estar chateadíssimo neste exato momento. Vou procurá-lo. E não tentem me impedir, por favor. Com todo o respeito, minha paciência se esgotou com vocês dois!”
Ela saiu correndo, com uma enorme vontade de chorar. Neville não podia ter feito isso. Não, não podia, ele não tinha direito.
Enquanto descia as escadas correndo em direção as masmorras, Rosa escutou um barulho estranho vindo de alguma sala. Parecia que alguém estava chorando...
Ela então entrou no corredor do segundo andar e abriu cautelosamente a porta da sala, que parecia quase deserta e muito escura.
Deu de cara com Scorpius, soluçando de tanto chorar, ajoelhado no chão e escondendo a cara.
Rosa não sabia o que dizer. Aquela cena era torturante. Poucas coisas são realmente piores do que ver alguém que você gosta chorando...
Ela percebeu então que era melhor não dizer nada. Só se sentou perto dele, e deitou a cabeça em seu ombro.
“Não aguento mais ser comparado ao meu pai. Não aguento. Não aguento mais.” – Falou Scorpius, depois de cinco silenciosos minutos. Ele ainda chorava, mas não tanto quanto antes.
Os dois continuaram abraçados no chão por mais um tempo. Já tinham perdido quase dois horários de aula, mas era o que menos importava no momento.
“Desculpe... Meu pai não deveria... Desculpe.” – Rosa lamentou.
“Você não tem culpa nenhuma. Muito pelo contrário. Você só me faz bem... Sempre.” – a voz dele continuava bem embargada.
Rosa então, pela primeira vez, olhou diretamente para ele. Mesmo estando escuro, foi uma explosão de sentimentos.
E foi nesse momento que aconteceu. Os dois se beijaram... Um beijo perfeito, daqueles que te transportam para outra realidade, daqueles que duram horas e horas. E mais horas...
Comentários (1)
A sua fic está muito linda!!!! Mas uma coisa que ficou estranha foi o Neville ter contado para o Rony... mas do mesmo jeito está ótima a sua história!!!! Continue sempre escrevendo assim, porque uma fic como essas vai longe! Parabéns, a história está realmente ótima!
2012-02-28