Capítulo 4
O Rancho Potter era quase como Gina imaginara, com cercas de madeira escondendo o sistema elétrico de segurança, pastos exuberantes e gado em todos os lugares. Também havia cavalos em áreas delimitadas e um galpão grande o bastante para abrigar um avião comercial. Mas nada era mais lindo que a casa com sua graciosa arquitetura espanhola e o jardim que a cercava. A área devia ser linda na primavera. Havia dois lagos, um decorativo na frente da casa e outro maior atrás dela, onde patos nadavam sob o sol de novembro.
— Há peixes no lago? — ela perguntou excitada quando Harry parou o carro na frente da casa, em uma alameda ascendente calçada por grandes pedras cinzentas.
— Sim, muitos deles — respondeu ele. — Temos um aquecedor para manter o lago em temperatura constante, mesmo no inverno. Também temos lírios d'água e lótus.
— E o outro lago, o que está ocupado por patos? Também há peixes nele?
Draco riu.
— O outro é para os patos. Tivemos de construí-lo de forma a mantê-los longe do primeiro lago e dos nossos peixes dourados. Os patos estavam comendo os pobrezinhos.
— Ah, entendo. Isto aqui deve ser lindo na primavera.
— Para nós o rancho é sempre maravilhoso — Draco confessou com orgulho. — Adoramos a natureza e cultivamos muitas flores por aqui. Temos um jardim de roseiras no fundo da casa, perto das nogueiras. Helena está estudando horticultura e trabalha com híbridos.
— Adoro rosas! Se tivesse tempo, viveria cuidando de um jardim.
— O trabalho de faxineira deve consumir muito tempo— Harry resmungou com sarcasmo antes de entrar em casa.
Draco encarou-a curioso.
— É esse o seu trabalho? Fazer faxina?
— Não, mas decidi deixar seu irmão pensar o que quiser.
— Interessante. Você parece ser uma mulher de muitos segredos.
— Mais do que imagina, mas nenhum de que me envergonhe.
— Não consigo entender o comportamento de Harry. Ele não costuma atacar pessoas doentes...
— Não estou doente! Sofri uma agressão, mas vou me recuperar.
— É claro que sim — Draco concordou sorrindo. — E aqui estará segura. Sua única tarefa será cozinhar. Mais especificamente, preparar biscoitos. Quando estiver recuperada, seu pai terá superado a fase da síndrome da abstinência e começado o trabalho de aconselhamento terapêutico, e sua vida doméstica sofrerá mudanças drásticas.
— Espero que sim.
— Se precisar conversar, serei capaz de ouvi-la sem fazer julgamentos.
— Obrigada, mas... falar não vai mudar nada. Tenho de aprender a conviver com... os fatos.
— Estou ficando curioso.
— Não insista. Ainda não me sinto preparada para falar sobre meus problemas. É tudo muito recente e doloroso.
— Refere-se a problemas que vão muito além de seu pai, não é?
— Talvez.
— Vou respeitar seu direito à privacidade. Se quer um conselho, relaxe e deixe o tempo passar. Vai amar este lugar.
— Será?
Harry saía da casa acompanhado por uma mulher idosa que torcia a ponta de um avental entre as mãos.
— Aquela é a sra. McGonnagal. Nós a convencemos a trabalhar na nossa cozinha, embora ela já esteja aposentada, mas a pobrezinha sofre muito com a artrite e decidiu abandonar o emprego de vez. Ela vai ajudá-la a encontrar tudo de que precisa e conhecer a cozinha, mas não agora.
— Por que não? Nenhum momento é melhor do que o presente. Mãos ocupadas contribuem para uma mente saudável.
— Concordo com você.
Harry aproximou-se.
— Sra. McGonnagal, esta é Gina Weasley, nossa nova cozinheira. Gina, Minerva McGonnagal. Ela está se aposentando. Outra vez.
— Minhas mãos se recusam a cooperar — disse a mulher. — É um prazer conhecê-la, srta. Weasley.
— O prazer é todo meu.
— Vou levar suas malas para o quarto enquanto a sra. McGonnagal a leva para conhecer a casa.
— Mas... Harry, ela acabou de chegar! — Draco protestou.
— E daí? Nenhum momento é melhor do que o presente.
— Foi o que ela acabou de dizer.
Harry olhou para Gina, que sorriu debochada antes de seguir a antiga cozinheira da casa.
— Vai trabalhar muito enquanto estiver aqui, meu bem, mas o lugar é maravilhoso e os rapazes sabem reconhecer e recompensar o esforço de seus empregados.
— Não vou ficar por muito tempo, sra. McGonnagal. Só até livrar-me deste hematoma.
— O que aconteceu com você?
— Meu pai bebeu e me agrediu.
— Oh! céus...
— Ele sempre foi um homem bom, mas tivemos de enfrentar uma terrível tragédia, e ele buscou refúgio na bebida. A situação tornou-se insustentável, e agora ele está preso. Não fui capaz de ajudá-lo.
A sra. McGonnagal não disse nada. Em vez de falar, abraçou-a e embalou-a como se tratasse de uma criança. A surpresa, o conforto proporcionado pelo gesto e a inesperada ternura de uma desconhecida levaram Gina às lágrimas, e ela chorou e soluçou até sentir-se esgotada.
Harry entrou na cozinha a fim de dar algumas instruções à nova empregada, mas, ao vê-la chorando, parou chocado e comovido. Uma mulher tão forte e determinada, tão independente e livre... Seus soluços o feriam.
A sra. McGonnagal fez um gesto severo, e Harry olhou pela última vez para Gina antes de sair.
O jantar foi um banquete. Gina assou biscoitos e preparou vários tipos de conservas para acompanhá-los, e a mistura serviu de entrada para a carne mexicana com vegetais e arroz com legumes.
— A comida estava ótima — Harry elogiou. — Normalmente comemos bife com batatas fritas.
— Nada mal para um cardápio quinzenal, mas todos os dias... Seu colesterol chegaria ao céu.
— Fala como uma nutricionista — Draco apontou.
— Mulheres modernas têm de se manter atualizadas. Enquanto for a cozinheira, sou também a responsável pela saúde gástrica dos moradores desta casa, e não quero ser acusada de negligência.
— Muito bem, mas não ouse servir tofu e broto de feijão, ou perderá o emprego — ameaçou Harry.
— Odeio tofu.
— Graças a Deus—Draco suspirou aliviado enquanto passava manteiga em mais um biscoito. — Comi salada de tofu na última vez em que fui jantar nos Parkinson. Quero dizer, tentei comer a salada, mas só consegui engolir as azeitonas.
— Pansy Parkinson acha que tofu vai fazer bem ao meu irmão, mas ela também acredita que ele precisa de terapia. Draco não gosta de peixe, e Pansy afirma que isso é um trauma relacionado ao medo de águas profundas. Pansy é psicóloga, sabe?
— Sim, e tem vinte e poucos anos de idade — Draco lembrou. — Acabou de sair da faculdade, mas acha que sabe tudo.
— Sabe mais do que você, ou não teria recebido o diploma.
— Se ela tem um diploma, talvez consiga um emprego em um consultório elegante de Nova York.
— Por que Nova York? — Gina perguntou curiosa.
— Porque fica bem longe daqui, e assim ela me deixaria em paz!
Todos riram. Gina terminou de comer e levantou-se para servir mais café. Tinha um pressentimento de que Draco estava mais interessado em Pansy Parkinson do que queria admitir.
— Precisamos de mantimentos — ela avisou ao servir a sobremesa, frutas frescas com creme de leite fresco e doce. — A sra. McGonnagal deixou uma lista.
— Pode usar uma das caminhonetes do rancho para ir à cidade — Draco sugeriu.
— Não dirijo há meses.
— Não? — estranhou Harry.
— Normalmente uso o transporte coletivo. — Pensar em carros causava uma culpa intensa e incômoda.
— Por quê?
Gina lembrou um dia em que deveria ter dirigido. A recordação era horrível.
— Gina, não se preocupe com isso — Draco interferiu, sentindo algo de traumático em sua reação. — Eu posso levá-la à cidade.
— De jeito nenhum — Harry protestou. — Está em piores condições do que ela. Pensando bem,Gina também não precisa ir à cidade nesse estado.
— Está se oferecendo para fazer as compras? — ela indagou aliviada.
O olhar penetrante e cristalino o atingiu como um golpe físico. Havia anos não se sentia tão abalado por um simples olhar. Imóvel, tentou sustentá-lo e sentiu um tremor sacudindo seu corpo.
Testemunha da corrente elétrica que se formava entre os dois, Draco tentou não rir. Mas tossiu, o que fez o irmão voltar à realidade e continuar mastigando a fruta que colocara na boca.
— Eu irei ao mercado — Harry decidiu. — Afinal, sou o único aqui capaz de andar pelas ruas sem atrair a curiosidade dos habitantes.
Era estranho, mas ainda não havia superado o choque de vê-la chorando nos braços da sra. McGonnagal. E também estava incomodado por ela não dirigir, por ser tão triste, por guardar tantos segredos sobre sua vida. Aos vinte e três anos de idade, muitas mulheres estavam envolvidas em relacionamentos sérios, algumas até casadas.
De repente ele se assustou. Seria esse o segredo? Gina não usava uma aliança. Não agia como uma mulher casada, não falava sobre o marido... Não. Ela era solteira e, aparentemente, por escolha própria. Mas havia conhecido alguém especial no passado? Ele mesmo ainda carregava marcas de seu grande caso de amor, da decepção que sofrera. Gina havia saído sozinha para ir a uma festa usando uma fantasia que a fazia parecer uma prostituta, e sentira-se confortável andando pela rua naqueles trajes. Uma garota inocente não teria considerado tal coisa.
Pansy Parkinson corava e ria muito sempre que Draco estava por perto, mas Gina era diferente. Madura demais para a idade, parecia estar acostumada a dar instruções e administrar uma casa. Ela era um enigma que o perturbava. E se houvesse um segredo sórdido em seu passado? Se ela fosse cúmplice dos homens que haviam atacado Draco... Talvez houvesse cometido uma imprudência levando uma desconhecida para dentro de sua casa. Não confiava nela. E não baixaria a guarda, mesmo que olhar para ela fosse suficiente para elevar sua pressão arterial. Gina jamais conheceria o efeito que exercia sobre seu corpo, e ele manteria os olhos bem abertos. Só por precaução...
Uma semana se passara desde que Gina chegara ao rancho, e ela ainda não se acostumara com o ritmo mais lento do campo. Os hematomas iam sumindo devagar, como a tristeza em seus olhos, e aos poucos ela ia reunindo forças para enfrentar o passado que, sabia, não desapareceria por ser ignorado.
Sentia falta de casa, dos objetos que fora colecionando e reunindo ao longo de toda uma vida. O imóvel e os bens haviam sido vendidos para que as lembranças se tornassem ao menos suportáveis. Era tarde demais, mas lamentava não ter sido mais sensata. Devia ter preservado algumas coisas. O boné de beisebol de Rony, aquele que ele sempre usava nas raras ocasiões em que não estava trabalhando, quando ia pescar, a coleção de caixinhas chinesas e os vestidos de noite que haviam pertencido à mãe... Jogara tudo fora. Na época, julgara razoável cortar todos os laços com o passado. Agora pensava diferente.
O som de um automóvel se aproximando chamou sua atenção, e ela desviou os olhos do lago e dos peixes para ver quem chegava. Harry e Draco haviam passado os últimos dois dias fora da cidade, em uma convenção de criadores de gado em Denver, mas estavam de volta. Ao vê-los descer do veículo, ela foi encontrá-los na porta de casa.
— Querem café e torta? — ofereceu sorrindo.
— Seria ótimo! — Draco respondeu com um sorriso entusiasmado. — Odeio vôos comerciais.
— Foi você quem disse que nosso avião precisava de uma revisão — lembrou Harry.
— E é verdade.
Harry olhava para Gina.
— Os hematomas estão desaparecendo. Seu rosto está mais corado.
— Tenho passado muito tempo ao sol — ela explicou. — Gosto de apreciar os peixes, embora eles não se movam muito.
— Podemos instalar um grande aquário dentro de casa — sugeriu Harry, sem se dar conta do olhar surpreso e curioso do irmão. — Também gosto de peixes.
— Sabe que existe um estudo sobre esse assunto? Dizem que ver peixes nadando ajuda a aliviar o stress.
— Deus sabe que estamos sempre precisando disso — riu Draco. — Especialmente quando o preço do gado despenca e o da ração dispara.
Harry não respondeu. Estava olhando para Gina, tentando entender como uma mulher com aquele corpo e sua personalidade doce, com aqueles seus talentos culinários, conseguira permanecer solteira por tanto tempo.
Gina também o observava, analisando os traços marcantes que a encantaram desde o início e a boca firme e carnuda. Como seria beijar aqueles lábios?
O pensamento a encheu de horror e, apressada, ela se desculpou para ir preparar o café.
— Ora, ora — Draco comentou ao ficar sozinho com o irmão. — Parece que está causando uma forte impressão na nossa nova cozinheira.
— Pare com isso.
— E vice-versa.
Harry resmungou um impropério e foi para o quarto. Lá, livrou-se do terno e vestiu uma calça jeans e camisa xadrez. Enquanto a abotoava diante do espelho, olhou para o próprio rosto sem realmente vê-lo, lembrando o rubor que tingira as faces de Gina minutos antes. Não devia estar tão entusiasmado. Não confiava nela. Sabia que a mulher podia estar planejando alguma coisa para enganá-los. Mesmo assim, ele sorria.
Quando os dois irmãos voltaram à cozinha, Gina havia arrumado a mesa e servido o café e a torta de cereja.
— Não vai se sentar conosco? — Harry perguntou.
— Tenho de ir colocar a roupa na secadora. Com licença.
Harry a viu sair apressada e franziu a testa. Gina não queria tomar café com eles. Por quê?
— Você a deixa nervosa — Draco explicou, como se pudesse ler os pensamentos do irmão. — Ela já percebeu que não goza de sua confiança.
— Não a conhecemos, Draco. Sempre investigamos os antecedentes de nossos empregados, e não creio que Gina deva ser uma exceção, mesmo sendo apenas uma contratação temporária.
— Traduzindo, quer saber mais sobre ela.
— Talvez. Mas tem de admitir que ela pode causar grandes prejuízos, se não for quem afirma ser.
— Não gosto de bisbilhotar a vida alheia, mas você tem razão. É arriscado não verificar os antecedentes de alguém que passa tanto tempo em nossa casa.
— Vou entrar em contato com a agência amanhã cedo — Harry decidiu antes de provar a torta. — De uma coisa tenho certeza: ela é uma excelente cozinheira!
— E sabe fazer um café maravilhoso.
Os dois irmãos trocaram um olhar cúmplice. Sabiam que Gina ficaria aborrecida se tomasse conhecimento do que planejavam fazer, mas não podiam mantê-la no rancho sem conhecer um pouco de seu passado e estudar seu caráter. No entanto, Draco prometeu a si mesmo que interceptaria o relatório do detetive antes que Harry pudesse vê-lo. Se Gina tinha segredos guardados por algum motivo justo, não os revelaria ao irmão.
Dias mais tarde, quando a agência enviou o relatório sobre a mais nova empregada dos Potter, Harry estava fora da cidade participando de um seminário sobre um novo programa de computador a ser implantado no rancho, e Draco trancou-se no escritório para ler o documento confidencial.
Quando terminou a leitura, ele deixou escapar uma exclamação furiosa. Então, aquele era o segredo de Gina. Por isso seu pai bebia. Por isso ela era tão reticente e reservada com relação ao passado. Sorrindo, pensou em sua verdadeira profissão e decidiu que Harry não tomaria conhecimento dela até que a revelação fosse inevitável. Enquanto isso, esperaria para ver o irmão enforcar-se com a própria corda. Gina encontrava alívio e prazer no anonimato e, considerando as pressões de sua rotina profissional, não era de espantar que a cozinha e as tarefas domésticas assumissem um aspecto tão atraente. Deixaria que ela desfrutasse da paz do rancho e superasse os momentos de dificuldade e tensão. Sabia que ela ainda estava de luto, mesmo depois de alguns meses.
Draco lembrou os nomes que lera no relatório. Rony havia sido policial em Houston. Por coincidência, ele também fora amigo de Dino Thomas, um patrulheiro no Texas e primo dos Potter. O mundo era mesmo pequeno. Gostaria de dizer a Gina que conhecera Rony e se lembrava dele, mas não queria invadir sua privacidade e revelar segredos que não pertenciam a ele. Também não queria que ela soubesse que havia sido investigada.
Determinado, guardou o envelope no arquivo de aço, encaixando-o em uma letra do alfabeto que não tinha qualquer relação com o assunto. Se Harry fizesse perguntas, diria apenas que a agência continuava trabalhando no caso, mas dava prioridade a outros assuntos mais urgentes.
Gina estava sozinha em casa quando, tarde da noite, Harry retornou da viagem de negócios. Draco havia ido jantar com os Parkinson novamente, atendendo a um convite do pai de Pansy, que afirmara desejar falar sobre um novo touro reprodutor que ele tentava vender para os Potter.
Havia acabado de lavar o chão da cozinha e, descalça e descabelada, usando uma jeans muito velha e uma camiseta vermelha, parecia ainda mais desarrumada em comparação ao homem vestido num terno de corte reto típico do oeste americano. Não esperava ver ninguém antes de ir para a cama.
— Não gosta de usar sapatos? — ele perguntou rindo.
— Não, e sei que não é aconselhável andar sem eles. Quer café ou outra coisa qualquer? Um lanche talvez?
— Estou faminto. Não tive tempo para jantar, e a companhia aérea serviu apenas amendoins.
Ela riu.
— Vou preparar um sanduíche de presunto sem gordura.
— Obrigado. Mas, antes do sanduíche, prepare o café. Vou ter de revisar alguns documentos esta noite antes de o contador verificar os livros amanhã cedo.
— Não pode deixar o trabalho para amanhã? Parece exausto!
— Gina, não preciso de conselhos maternais — ele disparou irritado.
Constrangida, ela se virou sem pedir desculpas ou tecer comentários, mas suas mãos tremiam enquanto preparava a cafeteira.
Harry censurou-se pela grosseria. Estava cansado, irritado, mas Gina não tinha culpa de nada. Ela também havia trabalhado duro, a julgar pelo chão limpo e brilhante, e mesmo assim se oferecera para alimentá-lo. Era injusto tratá-la daquela maneira.
— Desculpe — pediu com voz rouca, aproximando-se dela sem fazer barulho. As mãos pousaram na cintura fina e delicada, e ele sentiu o corpo todo tremer.
Gina segurou as mãos dele, e o contato provocou um novo tremor. Num impulso, puxou-a contra o corpo e inclinou a cabeça para beijar o pescoço delicado.
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