Pegos no flagra!

Hermione
Tudo estava negro. Nenhuma única luz brilhava. O chão já não existia além do infinito. A única coisa real: os gritos. Vários, vindos de todos os lugares de várias pessoas ao mesmo tempo invadindo minha cabeça e roubando minha sanidade. Eu queria fugir, me esconder o mais longe daquele lugar, desse inferno, mas eu não tinha pernas, nem braços ou qualquer parte do meu corpo. Eu era apenas uma conciência acorrentada no desespero. Então, de repente, havia um garoto parado na minha frente. Eu não sabia como eu o estava vendo com toda essas trevas mas eu o via perfeitamente. Ele ofegava dolorosamente emitindo várias vezes gemidos. Seus cabelos eram vermelhos, mas eu não sabia se eram naturais ou se era devido ao sangue que o molhava. Foi quando vi seus olhos, os azuis mais bonitos que alguém poderia ter apesar de estarem cobertos pela dor. Rony! Tentei gritar, correr, chegar perto dele, mas nada aconteceu. Era como se eu não fosse nada. Eu não existia. Mas ele sim e estava sofrendo. Atrás dele, Voldemort ria histéricamente como se sua dor fosse motivo de alegria. Então todos apareceram. Harry, Gina, Neville, mas eram apenas corpos mutilados jogados no chão sem vida.
— Hermione. — A voz de Rony me chamou. Mas estava tão distante, como se fosse apenas uma memória.
— Hermione. — Outra vez só que muito mais perto.
Então, tudo se dissolveu e lá parado em cima de mim, o dono dos olhos azuis mais bonitos do mundo tocava levemente meu rosto. Eu estava suando frio, minha pele beliscava e, percebi, eu estava chorando. Lágrimas grossas desciam pelo meu rosto sem parar como uma tempestade de verão.
— Não, por favor, fique calma.
Rony me levantou e encostou minha cabeça em seu peito nu. Eu soluçava, o sonho tinha sido tão real. Ele me apertou mais forte me cobrindo com seus braços tentando minimizar os tremores que cobriam meu corpo. Seus lábios estavam sob minha testa dando mil e um beijinhos.
Fiquei longos minutos assim, nessa posição tão confortadora. Era bom sentir seu coração retumbar em meu ouvido, seu calor, seu cheiro, seus braços. Nem sei quantas vezes sonhei no dia que isso finalmente aconteceria, imaginando o quão bom seria. Mas eu estava errada, por mais que eu imaginasse a sensação, era ainda melhor. Rony puxou meu ombro de leve me levando um pouco para longe para ver meu rosto. Seus cabelos estavam bagunçados, jogados para todas as direções e seu rosto estava preocupado, mas ele ainda conseguia ser lindo. Sua mão foi para o meu rosto secando algumas lágrimas que teimavam em sair.
— Você está bem? — Seu rosto se aproximou mais do meu. Eu podia ver cada sarda de seu rosto.
Balancei de leve a cabeça temendo que ele se afastasse se eu fizesse movimentos muito bruscos.
— Eu tive um pesadelo. — Contei. — Você estava...muito ferido e... os outros... eles...
— Shi. — Seu dedo que estava fazendo voltas em minha bochecha foi para minha boca. — Tudo bem, foi apenas um sonho ruim.
Eu não estava mais aguentando, eu queria um beijo. Me aproximei de leve e aos poucos meus lábios se encostaram nos dele gerando um turbilhão de emoções que eu nunca havia sentido com ninguém a não ser com ele. Suas mão foram para a minha cintura, me puchando cada vez mais perto dele. As minhas estavam em volta de seu pescoço fazendo a mesma função. Não foi um beijo desesperado, era calmo, demorado, maravilhoso. O mundo poderia acabar que eu ele continuariamos nos beijando.
— Hermione, está acordada? — Uma voz melodiosa feminina nos interrompeu.
Gina estava parada na porta os braços cruzados. Vestia uma simples blusa social branca e uma calça jeans. Seus cabelos ruivos estavam cheios de pequenas ondinhas. Rony e eu levantamos mais rápidos que deveríamos. Seu rosto e sua orelha estavam incrivelmente vermelhos e, pela forte queimação em meu rosto, o meu também.
— Eu tive um pesadelo. — Tentei explicar. — Rony estava...ah...tentando me acalmar.
— Com os lábios? — Gina sorriu.
— O que você quer, ein? — Rony disse grosso.
Gina encarou o irmão. Fez uma espécia de careta enquanto balançava a cabeça parecendo estar decepcionada.
— É assim que você me agradece, Rony?
— Te agradecer? Pelo que? — Rony perguntou confuso.
Gina sorriu despreocupadamente enquanto passava as mãos pelos cabelos.
— Mamãe era que ía subir para ver se vocês estavam acordados. Se ela visse o que eu vi, ou melhor, se ela descobrisse que vocês dormiram juntos... — Ela não terminou deixando parar no ar a ameaça.
Rony, que antes estava vermelho, ficou branco. A mãe dele nos pegar aqui? Isso não seria nada bom.
— Por que você fez isso? Por que nos livrou? — Rony perguntou baixo.
— Bem, — Gina começou. — em 1º lugar: eu não sou tão cruel assim a ponto de estragar com a alegria de vocês; em 2º: eu estava torcendo para que vocês ficassem juntos desde o seu primeiro ano quando você entrou de férias e não parava de falar na Hermione; em 3º: eu e o Harry fizemos a mesma coisa.
Rony agora estava um turbilhão de sentimentos. Ele não sabia se ficava cético, se ficava envergonhado ou se ficava com raiva. Porém antes que ele decidisse por qual opitar, Gina abriu a porta e saiu dizendo por fim que o café da manhã estava servido.
Cheguei perto dele, ele não tirava os olhos da porta como se estivesse decidindo se devia ou não ir atrás da Gina.
— Rony, tudo bem.
Ele me olhou como se dissesse: "não tá não". Mas eu não liguei muito para isso. Apenas virei meu olhos e fui pegar minha bolsa. Joguei para ele algumas peças de roupa.
— É melhor decermos logo. — Disse. — Não queremos que sua mãe apareça.
Ele riu um pouco envergonhado.
— Vou para outro banheiro. Pode se arrumar aqui. Quando terminar, estarei te esperando lá em baixo.
Ele inclinou um pouco a cabeça tentando alcançar meus lábios. Foi um beijo curto comparado ao outro, mas a sençação continuava sendo a melhor que eu já esperimentei na vida. Ele deu um leve sorriso enquanto passava sua mão pelo meu rosto então se virou e saiu do quarto. Ainda fiquei vários minutos pensando como minha vida tinha virado de cabeça para baixo, mas quanto mais eu pensava sobre isso, percebia que agora estava virada pelo lado certo.

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