O Drama do Sutiã



Um pouquinho mais tarde, Na pedra atrás do castelo e na frente do lago.


 


Não me julguem!


De jeito nenhum que eu ia chegar lá a tempo. E devo confessar que não estava muito animada em ter aula na mesma classe que Severus. Digo, Snape. Na verdade, com toda sonserina no geral.


Mas tudo bem, depois eu falo com o Prof. Slughorn, e digo que...sei lá, que estava me sentindo mal e não pude ir à aula. Ele vai acreditar, com certeza. Ele acredita em praticamente tudo que eu falo. Uma vez eu disse que não tinha feito a tarefa porque um hipogrifo havia bicado minha mão e eu não tinha conseguido escrever durante toda a semana.


Um hipogrifo!


Eu nunca tinha visto um.


Mentira, eu vi sim, mas ele tinha só três meses, e foi na aula da professora Hooper, no terceiro ano. Não foi muito legal porque ela não deixava ninguém chegar perto dele, então não tivemos muito contato.


Mas por alguma estranha razão, o Prof. Slughorn acreditou nessa mentirinha inocente como um patinho.


A questão é que agora estou aqui, sentada nessa pedra um pouco molhada (porque choveu horrores noite passada), esperando dar o sinal pra a próxima aula. Acontece que eu acabei de olhar no meu relógio de pulso e percebi que tenho mais uma hora e meia de descanso até a próxima aula.


O que se faz quando se mata aula?


Eu juro que não tenho a menor ideia. Uma vez eu e a Emmeline passamos uma aula de Tratos de criaturas mágicas inteira na enfermaria. Mas não foi porque matamos aula, foi porque Emme tocou em um tronquilho e ficou com alergia. Aí a Madame Pomfrey enfaixou a mão dela com algas do lago e nos deu chá quente para esperarmos a mão dela desinchar. Não foi um dia perdido, se quer saber. Eu conversei bastante com a Madame Pomfrey sobre contra-mordidas.


E uma vez eu e Marlene não fomos à aula de Feitiços para terminamos a tarefa de Poções. Mas até nesse caso foi por um bom motivo. Nunca matei aula para ficar assim, de bobeira.


Pensando bem, eu não deveria ter feito isso de jeito nenhum.


Estou em ano de N.I.E.Ms, pelo amor de Merlim! Eu deveria estar com a cara nos livros, absorvendo cada palavra que eu pudesse compreender.


 


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COISAS PARA FAZER NESSE FINAL DE SEMANA:


- Terminar a tarefa de Transfiguração


- Idem para Feitiços


- Idem para Defesa Contra as Artes das Trevas


- Começar a fazer o trabalho de Runas (pedir para Marlene falar com Potter sobre isso)


- Falar com o professor Slughorn sobre a aula de hoje


- Pedir para os elfos lavarem meus uniformes (e parar de deixá-los embaixo da cama - eles não os encontram lá)


- Procurar um bom feitiço de pintura de cabelo no livro da Marlene


- Criar coragem para pintar o cabelo


- Descobrir se teremos uma data em Hogsmead próxima


- Comer


- Respirar



 


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Mais tarde, Ainda na pedra atrás do castelo e na frente do lago.


 


Sabe, eu estava pensando.


Se não tem ninguém aqui, eu deveria tomar um bronze. Tipo, aproveitar esses últimos dias de sol. Tudo bem que a pedra e a grama estão molhadas, mas o sol está saindo e estou começando a ficar com calor. O que não é muito bom porque não me lembro se passei desodorante hoje.


Além do quê, eu estou incrivelmente pálida. Marlene está toda bronzeada por ter passado as férias no hemisfério sul (e nem era verão lá), Alice pegou uma corzinha com o sol do Egito e até Emme está coradinha com as férias. Só eu ainda pareço um fantasma cinza e descolorido.


Então, que outra hora perfeita eu teria para me bronzear a não ser agora, enquanto todos estão em suas aulas e eu estou aqui, ouvindo os passarinhos cantarolarem e baterem no salgueiro lutador?


Dane-se as lições, eu posso fazer tudo mais tarde!


Mas ficar com uma cor bonita? Preciso agarrar as oportunidades!



 


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Um pouco depois, Torre de Astronomia



 


Eu estou TÃO envergonhada!


Devo estar vermelha até agora.


Tudo bem, parte da minha vermelhidão é por causa da correria toda do lago-até-o-lugar-mais-longe-possível. Que por acaso é a escada da torre de Astronomia (O quê? Ela não é usada de dia, mesmo).


Eu sou tão estúpida! Eu sabia que alguém como eu não podia agir assim, tão impulsivamente. Eu deveria ficar quietinha no meu canto. Quer saber? Na verdade eu deveria ter ido para a aula. Deveria ter acordado mais cedo.


Se você quer saber mesmo, mesmo, eu não deveria ter ficado acordada até tarde ontem a noite.


O que nos leva a concluir que a culpa de tudo isso é do Potter.


Assim como todos os meus problemas, esse seria facilmente resolvido se ele simplesmente parasse de existir.


A questão é que agora meu sutiã rosa (com um pequeno rasgo encima, do lado esquerdo – mas eu realmente espero que não tenha dado pra ver) está na mente e na memória de um bando de quartanistas matadores de aula da Sonserina.


Malditos sonserinos!


Pra ser bem sincera eu queria que eles deixassem de existir.


Ou talvez eu. Pensando melhor, se eu deixar de existir vai ser tão mais fácil... não preciso me preocupar com atrasos de aula, com as tarefas que eu não fiz (e não tenho esperança nenhuma de fazer), os trabalhos com parceiros indesejados, certos capitães de quadribol que poderiam muito bem pentear o cabelo de vez em quando, a falta de sorvete na maioria dos dias da semana...E O FATO DAS MINHAS ROUPAS DE BAIXO ESTAREM NA MENTE DE ADOLESCENTES PELO RESTO DA ETERNIDADE.


Ok, não por toda a eternidade, espero. Um dia eles vão ter que, sabe como é, superar isso.


E devo dizer que eu não consegui pegar nenhuma corzinha. Também, eu mal tinha terminado de abrir os botões da camisa, quando o bando apareceu. Tudo que eu tive tempo de fazer foi gritar, levantar rápido, pegar minhas coisas, gritar, sair correndo, fechar a camisa de qualquer jeito e gritar.


O que não foi muito prático, porque devo dizer, agora estou no lugar mais distante que consegui chegar (eu não ia para o lado do pátio pavimentado, cruzes, sabe-se lá quando eu ia achar a saída daquilo), com meus livros amassados, e acho que estou com um pouco de cecê por causa da correria.


Esse tipo de drama só acontece com quem é ruivo, acredite.



 


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Bastante tempo mais tarde, Ainda na Torre de Astronomia


 


Que droga, essa maldita aula não acaba nunca?



Eu jurava que se a gente não estivesse na aula, ela passaria mais rápido.


 



 


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Coisas que valem a pena fazer quando se mata aula


 


- Tirar o atraso da lição de casa


- Passear pelos jardins


- Conversar com os amigos na beira do lago


- Ler na biblioteca


- Dormir


 


Coisas que NÃO valem a pena fazer quando se mata aula


 


- Ficar nos jardins sozinha


- Ficar na beira do lago sozinha


- Tentar tomar sol com suas roupas de baixo


- Ficar numa torre úmida e fedorenta esperando a aula acabar


 


(para a presente e futuras gerações terem uma tabela de comparação)



 


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Hora do almoço, Salão Principal


 


Parece que esse dia não vai melhorar mesmo.


Parece que estão me forçando a correr e me esconder em algum lugar bem pequeno e escuro, talvez em um armário de vassouras no último andar. Ou talvez naquele armário fedido que o professor Binns guarda os livros de sei-lá-qual-século.


Bom, lá estava eu, feliz da vida de ter finalmente ouvido o sinal do fim da aula (tá aí uma frase que eu nunca pensei que ia dizer), caminhando alegre para as masmorras para encontrar minhas amigas e o que eu esperava ser um almoço agradável com muito sorvete de creme.


Ok, primeiro que até eu chegar na porta da sala do prof. Slug, todo mundo já tinha se escafedido, sabe-se lá pra onde. Eu me virei sorrateiramente e estava preparada para voltar pelas escadas sem fazer nenhum barulho – e sem precisar justificar minha falta de hoje, quando ouvi uma voz grave e (infelizmente) familiar atrás de mim:


- Matando aula, Evans? Não é de seu feitio...


Eu parei, me virei lentamente, respirando fundo para não ficar vermelha e mantendo uma certa distância para o meu...er, cheiro natural não chegar ao seu nariz.


- Em primeiro lugar, desde quando essa palavra faz parte do seu vocabulário? – Ele olhou pra mim, revirou os olhos, encarou meu pescoço e abriu e fechou a boca como se tivesse algo para falar, mas eu levantei a mão e continuei: - E em segundo, quanta hipocrisia, não é, Jam...hã, Potter?


Ele não me olhou nos olhos, ficou olhando para algum ponto nas pedras da parede e ficou (sim, com certeza) um pouco vermelho. Eu finalmente tinha conseguido deixá-lo sem graça com seu mau comportamento. Há, eu sabia que esse dia chegaria. Depois, fez aquilo que ele faz que me deixa louca – arrepiou o cabelo como se fosse legal parecer um sonâmbulo ambulante, e abriu a boca de novo. Mas fechou rapidinho, quando eu comecei a falar. Ele olhou para o meu pescoço de novo, o que realmente começou a ficar impróprio. Que fixação, caramba, é só um pescoço, todo mundo tem um.


Talvez não Crabbe, mas enfim.


- Não, escuta aqui. É a primeira vez que eu faço isso, e você? É a primeira vez que fica numa aula sem ser expulso? Ou a primeira vez que deixa o professor falar sem interrompê-lo com seus comentários arrogantes ou suas conversinhas paralelas?


Potter fechou a cara e olhou nos meus olhos, por fim. Mas não por muito tempo, porque ele logo desviou para alguma coisa atrás de mim, que eu reconheci como sendo a voz aguda e os passos barulhentos de Marlene.


Ela entrou no corredor prendendo o cabelo com os dedos e sem se dar conta da minha presença.


- Escuta James, você ficou com a minha pena e eu prec... – falou, e assim que viu a cara ofendida de Potter, virou-se rapidamente para mim, me olhando intensamente, e depois encarando o mesmo ponto no meu pescoço que James ficara olhando. – Lily! Onde você estava? E por Merlin, feche essa blusa, dá pra ver todo o seu sutiã!


Pronto. Aí estava mais um acontecimento para deixar esse dia ainda melhor.


Joguei todos os meus livros no chão e me virei para fechar a blusa, embora não adiantasse muito, porque meu pobre sutiã rosa já tinha sido exposto para um número considerável de homens só hoje.


Quando eu me virei, eu estava mais vermelha que...sei lá, o leão da Grifinória. Ah, ele é dourado, né? Enfim, o que importa é que eu estava vermelha para caramba.


Mas sabe o que foi mais estranho?


JAMES POTTER TAMBÉM ESTAVA VERMELHO PRA CARAMBA!!


Como se ele fosse um pré-adolescente assustado que nunca tinha visto um sutiã na vida.


Até parece, todo mundo sabe que ele já viu de metade das formandas desse colégio. E agora ainda viu o meu. Pff.


O que não explica a cara de inexperiência dele. Ou porque ele murmurou algo e saiu apressado, como se estivesse muito sem graça para ficar no mesmo ambiente que uma menina com a blusa meio aberta.


Aham, tá bom.


- O que acabou de acontecer aqui? – Marlene perguntou, esquecendo que precisava de uma pena e soltando o cabelo em seus ombros.


Eu não soube o que responder, então dei os ombros, me certifiquei de que a minha camisa estava realmente fechada e peguei os livros que derrubei.


- Sério, Lily, você não tem ideia? – ela insistiu, com a sobrancelha arqueada.


Bufei, tirando a minha juba ruiva (e incrivelmente bagunçada, devido aos recentes acontecimentos) dos olhos.


- É claro que não, o que você acha que eu sou? Alguma especialista em alteração de hormônios masculinos?


Ela revirou os olhos teatralmente (o que eu achei muito ultrajante, considerando todo o trauma psicológico que eu tinha acabado de passar, enquanto ela estava muito tranquila na aula de Poções) e me puxou pelo braço.


- Ok, então, Evans. Vamos almoçar. E você ainda precisa me contar o porquê da sua camisa estar meio aberta.


Maldição.


Quais as chances de eu escapar disso?


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N/A: Eu não sei se tem perdão para o tempo que eu levei pra postar esse mísero capítulo, mas gente, sério, eu comecei a trabalhar e é pés-si-mo tentar conciliar faculdade + trabalho + tempo livre.
PÉSSIMO!


Fiquem jovens o máximo que conseguirem!


(prometo não demorar tanto assim no próximo)


OBRIGADA POR ACOMPANHAREM, VOCÊS SÃO DEMAIS PRA MIM!


 

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