Capítulo 4
Scorpio havia se mostrado uma pessoa calma e pacifica. Além do senso de humor e vocação para matérias como Astronomia e História da Magia – as quais Rose realmente não se dava bem. Seu único problema estava sendo com o time de quadribol. Somente Rose gostava realmente de ter Scorpio no time, os demais evitavam lhe passar a bola, e Rose tinha a impressão de que se não fosse o pé firme do capitão, Scorpio não teria se quer entrado para o time.
Talvez fosse a facilidade de Rose em explicar as matérias em que os demais tinham dificuldade, ou os treinos do time de quadribol, ou talvez fosse porque estava convivendo mais um com o outro, e vendo que não eram más pessoas, mas Rose e Scorpio tornaram-se muito mais próximos. E foi nesse clima amistoso que terminaram seu segundo ano, prometendo comunicarem-se via correio coruja durante as férias.
E assim o fizeram. Praticamente toda semana Alvo ou Rose trocavam cartas do Scorpio contando sobre suas férias e contando os dias para o novo ano letivo.
Naquele ano, todos estavam mais agitados para a viagem a Hogwarts. Seria o primeiro ano de Hugo e Lily, e com a agitação dos pequenos, a plataforma parecia mais barulhenta e cheia. Rose olhava para os lados, enquanto o irmão não parava de falar.
-... E o James me contou que tem uma Lula no lago que come gente.
- James exagerou, meu bem – disse Hermione, passando as mãos nos cabelos ruivos do filho – Não há nada o que temer em Hogwarts.
- Nem os lobisomens na floresta?
- Não há lobisomens, querido. Já lhe dissemos isso mil vezes.
- Mas o James...
- Hey, em falar em James, olha eles lá. – disse Rony, apontando para onde a família Potter surgia.
Lily veio na frente, abraçando o tio e a tia e pulando para o lado de Hugo.
- Oi Rosinha – James se aproximou na prima, dando-lhe um beijo na bochecha e indo se juntar aos amigos que estavam próximos.
- All!
- Quem vê vocês assim, não diz que passaram as férias inteiras juntos. – disse Gina,
Logo Lysander e Lorcan juntaram-se aos dois. Mas Rose não prestava total atenção na conversa. Continuava a olhar por cima do ombro das pessoas a procura de Scorpio. Já estava desistindo de procurá-lo, quando o avistou.
Scorpio estava a certa distancia de Rose. Junto a ele, seu pai e sua mãe. Astória Greengrass era o oposto do marido. Draco tinha o semblante fechado, e um olhar fixo e frio, como se analisasse todos ao seu redor, seu cabelo loiro estava penteado para trás, dando-lhe a figura de um homem sério e rígido; enquanto Astória sorria abertamente para o filho, arrumando-lhe a roupa. Seus cabelos castanhos e cacheados estavam soltos, e o vento que batia nele fazia-os esvoaçar, dando a impressão de que acabara de sair de um anuncio de televisão. Era uma cena engraçada de ver, comparada as outras famílias. Eles pareciam alheios a tudo mais que estava em volta. Rose ergueu-se na ponta dos pés e acenou, mas Scorpio não olhava na direção dela.
- HEY! SCORPIO!
O garoto olhou para ela e sorriu. Rose sentiu o coração falhar, e corou fortemente, mas durou pouco mais de um segundo. Seu grito chamou atenção de várias pessoas a sua volta, inclusive de Draco Malfoy. O sorriso de Scorpio morreu, e seus olhos se arregalaram. Ele virou o rosto bruscamente, e ficou de costas para Rose.
- Ele... Não deve ter me visto, e...
- Rose. – A ruiva quase pulou quando ouviu seu pai chamar-lhe.
- Aquele era Scorpio Malfoy? – ele lhe perguntou, sério.
- Era.
- E porque você estava gritando por Scorpio Malfoy?
Rose notou o perigo no mesmo tempo que Hermione, que se aproximou do marido, abraçando-lhe pela cintura.
- Eles são colegas, Ronald. Jogam no mesmo time de quadribol e são da mesma turma.
- Não quero a minha Rosinha amiga de um Malfoy.
- Não seja bobo, Rony. Ela não vai casar com ele. – ela puxou o ruivo para longe, e piscou para filha.
Rose não gostou da posição do pai quanto a Scorpio, mas no momento tinha algo mais importante para pensar: Porque Scorpio havia ignorado ela? E Porque ela sentiu como se seu estomago tivesse sumido quando viu o sorriso dele?
Conseguiram uma cabine vazia no ultimo vagão do trem. Rose, ainda um pouco alheia ao que os demais falavam, usou como desculpa um trabalho inacabado para não participar da conversa. Foi logo depois que o carrinho de guloseimas passou que Scorpio os encontrou.
- Caramba! – exclamou entrando na cabine e fechando a porta – achei que estavam indo a pé para Hogwarts. Andei o trem todo e não encontrava vocês.
Ele sentou-se ao lado de Rose, pegando um caldeirão de chocolate e dando uma mordida.
- E então, quem topa uma partida de Snap explosivo? – perguntou o garoto, dando outra mordida. – Hey, Rose. Te vi lá na plataforma, mas... Você sabe... Com meu pai por perto eu não p...
- HÁ! Então podemos ser amigos, portanto que seu pai não saiba? – ela perguntou, sem alterar a voz.
- É. Na verdade eu queria conversar com vocês sobre isso. – Scorpio não pareceu notar os olhos de Rose faiscarem –Charles Parkinson e Andy Crabbe são filhos de dois amigos do meu pai, e... Bem... Eles deixaram escapar acidentalmente que eu ando com vocês. – Ele olhou para Alvo e depois para Rose – Eu consegui enrolar meu pai, mas... Bem...
- Você não quer que eles nos vejam com você, é isso? – Agora Rose falava entre dentes e com um olhar ameaçador.
- Bem... Mais ou menos...
- E acha que vamos brincar de pique-esconde com os seus amiguinhos sangue-puro?
- Olha, Rose, não é isso. Eu só queria que vocês não... Fossem visto constantemente comigo. Só até eu resolver tudo com meu pai e...
- Ou seja, nunca.
- Rose... – Alvo tentou interferir
- Você nunca vai contar pro seu pai, Malfoy. Porque no fundo é igual a ele: Um idiota preconceituoso.
Ele demorou a assimilar o que Rose dizia, e quando o fez, estreitou os olhos.
- Eu vou falar com ele, Rose. Mas primeiro tenho que...
- Parar de ser medroso?
- Não. – disse ele, tentando ignorar Lily e Hugo, que agora riam – Eu só tenho que ver a melhor forma de falar com ele. Só isso.
- Ótimo. Então enquanto não resolve nada quanto a isso, acostume-se a ficar longe da gente – ela abriu a porta da cabine – some daqui, Malfoy.
- Você não entende, não é? – ele também se levantou – Não é uma questão de querer, Rose. Não posso simplesmente acordar de manhã e contar. “Bom dia pai, está um lindo dia. A propósito, minha amiga é a filha de duas das pessoas que você mais odeia.”. Seria realmente bem interessante.
- Rose, ele...
- Fala que ele tem razão, Alvo Severo, e faço os dois saírem.
- Ah é? Você e mais quem? – o primo cruzou os braços
Ela olhou para os dois, depois para Lysander e Lorcan (que pareciam alheios a conversa) e por último para Hugo e Lily, que olhavam para tudo sem entender.
- Ótimo, então saio eu.
Ela saiu batendo a porta da cabine, deixando os demais para trás.
- Acha que eu deveria...?
- Nem pensar. Ela mataria você com as próprias mãos...
- Mas...
- Olha, eu conheço a Rose... Ela tem um gênio bem idêntico ao dos pais... Uma hora ela vai ceder.
Eles ficaram em silencio por mais alguns segundos, e então Lorcan virou-se para os demais.
- E então? Vamos jogar?
- Um idiota. Onde já se viu? Parece até que o criminoso foi meu pai. – Rose andava pelo corredor do trem sem prestar realmente atenção aonde ia. – E o Alvo ainda fica defendendo aquele... AI!
Ela havia trombado com alguém, que a ajudou a levantar.
- Hey Rosinha, cuidado. – disse o homem
- Oi tio Nev. Digo, professor Longbotton.
Ele sorriu para ela
- Ainda não começou o ano letivo oficialmente, ainda sou só o Tio Nev. – respondeu – venha, quer suco de abóbora?
Ambos entraram na cabine do professor.
- Porque está indo no expresso?
- Tive coisas para resolver em Londres e aproveitei a carona – ele deu de ombros, servindo dois copos de suco – E então, quem é o idiota que o Alvo estava defendendo?
- Scorpio Malfoy.
- Hm... – ele a observou por cima da borda do copo – E qual foi o problema dessa vez?
Rose contou a ele o que houve, desde a estação até o que garoto lhes contou no trem.
- E você acha que ele está totalmente errado ao temer contar isso ao pai? – ela assentiu com a cabeça. E ele suspirou – Rose, Draco Malfoy viveu em uma época diferente da que vocês vivem hoje. Assim como seus pais, eu, Harry e Gina, Draco viveu em um tempo onde a discriminação com os nascidos trouxas e traidores de sangue era muito presente. Ele e a família dele eram totalmente avessos a inclusão de pessoas assim na sociedade bruxa, e, talvez isso não seja novidade para você, eles puniam essas pessoas com as piores azarações.
Rose tentou se pronunciar, mas Neville a cortou.
- Sua mãe sofreu com essa discriminação por muitos anos, por isso ajudou na luta pela aprovação das leis que impedem esse tipo de ação. Eu sei. Mas isso não impede que Draco continue pensando da mesma forma. E nem mesmo que ele, mesmo que não explicitamente, impeça seu filho de se misturar. – Ela tentou novamente falar, mas ele continuou – Scorpio tem medo da reação do pai, e isso seria melhor compreendido por você, se conhecesse o pai dele. Acho que você deveria tentar entender, Rose. Infelizmente a família dele é muito mais complicada que as demais.
- Mas tio... Ele... Deveria enfrentar o pai dele. Acha justo que a gente pague pelo que nossos pais faziam ou deixavam de fazer?
- Rose, o Ron sabe que você e Scorpio são amigos?
- Não. – ao mesmo tempo em que respondeu, ela corou, sabendo onde o tio queria chegar. – Mas é diferente...
- Mesmo? Diferente como?
- Eu só não contei porque... Eu esqueci de comentar. Mas não estou escondendo isso dele.
- Ótimo! – Neville abriu sua pasta, retirando um pergaminho e uma pena – Que tal escrever para ele agora? Conte a ele que é amiga do Scorpio, e vejamos qual seria a reação de Rony.
Rose não se mexeu, e nem respondeu, apenas encarou o mais velho, entendendo o que ele queria dizer. E as palavras de seu pai pareciam ecoar em sua cabeça “Não quero a minha Rosinha amiga de um Malfoy.”.
- O mal de vocês jovens, é julgar os demais sem nem ao menos se dar conta de que estão caindo no mesmo erro.
- Isso não o torna menos idiota.
Neville suspirou e passou a mão pelos cabelos ruivos e crespos da mais nova.
- Você me lembra muito a sua mãe, sabia? Não só a aparência, mas a dificuldade em entender coisas que estão óbvias.
- Papai sempre diz que sou tão inteligente quanto a mamãe. E eu sempre tiro boas notas. O senhor sabe disso!
Ele riu antes de responder.
- É, eu sei. Sua inteligência é incontestável. Mas nada como o tempo e a maturidade pra lhe mostrarem do que estou falando.
Rose franziu o cenho, tentando assimilar o que ele dissera.
- É melhor você ir andando. Já devemos estar chegando, deve se trocar.
- Certo. – ela lhe entregou o copo e se pos de pé.
- Peça desculpas a Scorpio, Rose. E ao Alvo. Afinal ele entendeu tudo isso que lhe disse muito antes de você.
Ela sorriu e abriu a porta da cabine, mas antes de sair tornou a olhar para o mais velho.
- Nev... Não conte ao papai sobre... Sobre o Scorpio.
Neville sorriu, acenando com a cabeça.
- Isso ficará entre nós. Mas não demore a contar. Rony não gosta de ser o ultimo a saber das coisas.
E ela seguiu pelo corredor, com as palavras de Neville ecoando em sua cabeça.
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Rsespondendo ao comentário feito em um dos capítulos:
Enviado por Natália Denipoti de Oliveira em 22/02/2012
To adorando a fic :) uma pergunta: voce vai contar todos os anos deles né?? adoro isso haha
Oi Narália, obrigada por comentar :D
Sim, eu pretendo mostrar um pouquinho sobre todos os anos deles, mas não necessáriamente acontecimentos em Hogwarts, e nem um capítulo por ano.
Continue lendo e comentando :D
Fico feliz que esteja gostando :D
Sigam o exemplo da Natália e comentem também!!
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