Prólogo

Eu já estava ficando tonta de tanto andar por aquele quarto apertado. As cores fortes estampadas na parede estavam me dando náuseas e a cada segundo eu tremia mais. Não que eu não tivesse motivos para estar assim, muito pelo contrário, mas definitivamente aquela não era eu.

Normalmente eu estaria sentada em uma poltrona, lendo algum livro e esperando que mamãe viesse me chamar, ou que meu pai explodisse a casa. Não era do meu feitio suar feito uma porca ou olhar a cada dez segundos pela janela, mesmo sabendo que eu não veria nada de diferente.

De uma coisa eu tinha certeza: Meu nervosismo não estava relacionado ao fato de eu estar prestes a me casar. Mesmo que eu tivesse passado a manhã inteira encarando as paredes laranjas daquele quarto, ou que eu achasse aquele penteado que minha tia havia me obrigado a fazer ridículo... Tinha outro motivo.

E então, subitamente, eu me lembrei do porque eu mantinha meus ouvidos apurados para qualquer sinal de combate no andar de baixo: Não era seguro ter debaixo do mesmo teto Weasleys e Malfoys. Especialmente se um deles fosse o homem que eu iria me casar.

Olhei de relance o vestido perolado pendurado atrás da porta. Sim, eu iria me casar. Em breve seria uma Malfoy.

 

Três batidas na porta, e antes que eu pudesse abrir a boca, Lily pulava em meus braços, estabanada como ela só.

- Não acredito que isso está acontecendo! Ah meu Deus! – ela me soltou e girou no mesmo lugar – E então? Como estou?

Seu vestido rosa pink refletia a luz fraca do sol que entrava pela janela.

- Parece uma Barbie de brechó.

Ela me mostrou a língua e sentou-se na cama.

- Nervosa?

- Um pouco... Lily, tem certeza de que papai está bem?

- Rose Weasley, pare de ser neurótica! Tio Rony prometeu que não iria azarar seu noivo.

- Ele também prometeu que não ia chorar, e ontem parecia uma garotinha aos prantos na sala de casa, enquanto mamãe e eu arrumávamos minhas coisas...

Nós duas rimos, e eu sentei ao lado dela.

- Não é incrível? Amanhã não serei mais uma Weasley, e estarei casada com o homem que eu amo...

- É, é um sonho e blábláblá, já ouvi isso inúmeras vezes...

- Você é muito fria, Potter.

- E você anda muito melosa pro meu gosto... Desde que...

- É eu sei. Nem eu estou me reconhecendo! – eu suspirei e a olhei nos olhos – Lily, pode parecer bobeira, mas... Você acha que ele poderia dar pra trás?

- Rose, ele ama você. Nós duas sabemos disso, e não é de hoje.

- Mas também sabemos que casar nunca foi  a maior ambição de Scorpio. Especialmente com uma sang...

- Mulher de Deus! Tire isso da sua cabeça – ela levantou-se e segurou meu rosto entre as mãos – você é tão bruxa quanto qualquer outro nessa casa. Não importa se sua mãe é uma nascida trouxa, você tem sangue puro e acabou. – eu tentei protestar, mas ela me deteve – E Scorpio nunca ligou para isso.

- Mas os pais dele...

- Não sabia que você ia casar com Draco Malfoy. Acho melhor eu descer e avisar que estão com o noivo errado.

- Você entendeu.

- Ele te ama.

- Mas se...

- Isso está ficando ridículo, Rose. Ele te ama, sempre amou. Ponto. Acabou. Fim.

- Urgh.

Ela tornou a sentar-se ao meu lado na cama. Deixei minha mente vagar, ignorando o enjôo que voltava. Meus pensamentos me levaram para os anos em Hogwarts. Encostei na cabeceira da cama, enquanto Lily me observava.

- O que houve?

- Lembranças...

- De...?

- Hogwarts.

Ela sorriu abertamente.

- Bons tempos.

Fechei meus olhos e deixei minha mente vagar mais livremente...

Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.