Autorização



Capítulo 6 - Autorização


Algo em Cygnus intrigava Alvo. Talvez fosse porquê nunca revidava as brincadeiras idiotas dos colegas de quarto. Talvez fosse seu passado obscuro. Ou o fato dele ter se afastado de repente de Alvo e Escórpio após saber do clube de duelo.
Ele assistia às aulas sozinho, fazia tudo brilhantemente bem para o desespero e ao mesmo tempo satisfação - afinal, ganhava pontos para a Sonserina - dos rivais. Sofria da pior espécie de Bullying: era considerado escória por quem era filhinho de papai e mamãe famosos, tanto partidores de Harry quanto de Voldemort. Odiava o pai mas não deixava de ter o sangue Lestrange nas veias. Uma vez Alvo o viu conversando com Rosa - uma conversa nada amigável - sobre o jeito que a ruiva tratava o primo.
- Ei, vai devagar! - Alvo escutou um som proviniente da entrada do banheiro feminino. Era Cygnus. Algumas risadas, graves e masculinas, preencheram a área.
- Não, donzela. Agora você vai ver.
Alvo correu para espiar o que acontecia e viu Cygnus sendo arrastado até o vaso sanitário. Temeu o que viria a seguir.
- Se tivesse amigos, se alguém ao menos quisesse ser amigo de um zé ninguém como você, talvez você escapasse...
Então era isso. Lestrange era presa fácil.
- Nunca perdoarei o que seu tio fez ao meu, Cygnus. - Alvo surpreendeu-se ao ver que aquilo provavelmente vinha de um Grifinório.
- EU NEM CONHEÇO MEU TIO! - berrou Cygnus. - ODEIO MEUS PAIS, ODEIO MEUS PARENTES, ODEIO TODOS!
Isso desnorteou o restante, mas nem tanto. Alvo pensou no que fazer mas quando percebeu Cygnus já estava com a cabeça dentro do vaso sanitário. Um expelliarmus não adiantaria.
Depois que todos se foram e Cygnus continuava desmaiado com a cabeça no vaso, Alvo decidiu ir socorrê-lo antes que se afogasse.
- Ei, parceiro! - ele exclamou ao tirar a cabeça de Lestrange do vaso e o sacudir. - Responde!
- Oi, Alvo! - cumprimentou debilmente Cygnus. - A quanto tempo está aqui?
- Depois falamos disso. Temos que ir falar com a McGonagall agora mesmo! Mas primeiro te levo pra enfermaria...
- Não. - interrompeu o outro garoto. - Estou acostumado com isso. Até antes de vir para cá.
Alvo percebeu que não sabia nada da vida do menino. Só que fora criado por trouxas.
- Conte-me mais sobre a sua vida. - Alvo incentivou.
- Não é fácil. Você nunca entenderia. Sempre fui julgado, calado, reservado. Comprava briga por nada com a minha família adotiva. Surras, sangue... Estou acostumado com isso desde pequeno. Minha mãe adotiva me esfaqueava, Alvo.
Alvo se horrorizou. Aquilo era abuso doméstico. Então o outro rapaz mostrou os braços cortados como prova.
- Nunca tive amigos, Al. Sempre me criticavam e me passavam a perna. Não confio nas pessoas. Estou te falando isso para que entenda o porquê de me afastar. E provavelmente não me aproximarei. Não acabei com eles pois não quero ser expulso do colégio, mas, acredite, sou muito forte. Bem mais que eles.
- Mas não sabe quase nada de magia. - disse Alvo, não querendo ser duro. - No clube de duelos pode aprender magia e se livrar deles sem maiores danos.
- É, tem razão... Mas esses Novos Comensais me assustam.
- Ei, parceiro, não peço para que confie em mim. Sei que deve ser difícil para você. - Alvo começou, não sabendo muito bem aonde queria chegar. - Mas quero que saiba que vou proteger você.
- Não preciso de babá. - Cygnus reclamou, sem notar que havia sido duro (e até mesmo infantil) demais. Depois corrigiu. - Mas obrigada pelo... Acho que apoio.
Alvo esboçou um sorriso e levou Lestrange para a enfermaria. Depois, foi para o escritório de McGonagall prestar uma queixa.
- Pelo que você disse, o Sr. Lestrange está sendo atacado por membros de todas as casas e não se defende porque tem medo de ser expulso. - recapitulou a diretora e Alvo assentiu. - Traga o menino para cá.
Alvo levantou-se e olhou para o quadro de Severo Snape, que o olhava curiosamente.
- Um Potter na Sonserina? - ele perguntou em tom - pasmem - divertido para os padrões de Snape.
- Severo? Esse é o meu nome do meio. Meu pai disse que você é o homem mais corajoso que ele já conheceu! - Alvo exclamou assombrado.
- Potter disse isso? - Snape pareceu surpreso.
- Agora tenho que ajudar um amigo. Depois conversamos. - disse Alvo, sendo simpático e fascinado pelo homem pelo qual herdara o nome.
Cygnus e Alvo voltaram quando a cabeça do primeiro já estava mais ou menos seca.
- Muito bem. - disse McGonagall. - Com essa coisa de Novos Comensais não era de se deixar de esperar que isso aconteça.
- O que são Novos Comensais...?
- Foram Grifinórios, professora. - Alvo interrompeu o colega sem querer. - E não se esqueça de que Cygnus foi criado por trouxas. E até mesmo odeia o pai...
- Não é que eu simplesmente odeie. - Cygnus confessou com a face em tom beterraba. - Fiquei sabendo que era um assassino.
- Te falaram certo... - McGonagall suspirou. - O que quer que façamos, Potter?
- É só dar para Cygnus a permissão de se defender. Sem detenções ou expulsões. - Alvo sugeriu e viu que Lestrange ao seu lado aprovava a a ideia.
- Quanto ao clube de duelos, avise ao seu irmão que dei permissão. Mas, é claro, porque a situação com os Novos Comensais está insuportável.
- Pode deixar, diretora. - Alvo sorriu. - E quando começamos?
- Recrutem. Podem deixar um aviso em cada sala de aula. Como um simples clube de duelo, não queremos comprar briga.
- E se um deles entrar? - perguntou Cygnus.
- Trate-os como os outros. Nunca podemos saber quando vão mudar de time, afinal.
Alvo suprimiu o riso e Cygnus deu uma risada incômoda.

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