Capitulo 4



O dia na Mansão Potter de acordo com Henry estava um tédio, o que era realmente uma surpresa, afinal a vida de Henry Potter, mais conhecido como "O menino que sobreviveu" era tudo, menos tediosa.


Mas essa tarde ele estava deitado em na sua cama olhando para o teto procurando imperfeições, de acordo com os amigos isso ajudava há passar o tempo. Com um gemido frustrado ele se levantou e foi para a janela olhar o jardim.


Seu pai, o famoso ex-auror que agora esta dando aulas de DCAT em Hogwarts, estava em uma reunião urgente com o ministério sobre algum evento que iria acontecer em Hogwarts. Seu pai sempre tocava nesse assunto, o que sempre o dava no nervo, para quê o fazer mais curioso?


Sua mãe, Lilian Potter, era a professora de feitiços e uma quebradora de maldições muito conhecida, porém está de licença da maternidade por estar grávida de 4 meses da sua irmã mais nova cujo nome irá ser Rosalie. Nem é preciso dizer que os hormônios da gravidez estão à flor da pele e que o seu temperamento está mais explosivo que tudo. Sua mãe tinha saído para ter uma conversa com a tia Alice e não tinha hora para voltar, o que deixava Henry sozinho em casa, só com a companhia de alguns elfos domésticos.


Henry é um garoto de 15 anos, gosta de quadribol e é artilheiro do time da Grifinória, seus cabelos são rebeldes e ruivos, é a cara de sua mãe, porém tinha os olhos do pai, um castanho esverdeado. Tinha alguns músculos por causa do treino e era considerado bonito, isso juntando com a quantidade de fama que tinha no final o resultado era ser o alvo de muitas garotas.


Por fora ele era o que as pessoas o quisessem que fosse, para a mãe era um aluno exemplar, para os marotos era um brincalhão de primeira, para os amigos era sempre leal e aos olhos de todos ele era o garoto de ouro de Hogwarts, obtinha notas boas, salvou o mundo mágico do Lorde Voldemort e era o garoto de ouro de Dumbledore. Mas e para ele mesmo? O que ele se considerava?


Ás vezes ele parava e pensava que seria muito mais fácil voltar no tempo e ser criança de novo, não ter preocupações e não ter com o que se preocupar com o amanhã. Seria tão mais fácil! E assim ele poderia ver seus irmãos de novo! Quem sabe ele poderia mudar tudo? As aulas de oclumência com Snape eram simplesmente uma bosta, ele apontava a varinha para Henry e falava o feitiço. Limpar a mente! Que tipo de conselho era esse? Nem dava tempo de se recuperar! Mas foi através dessas aulas que ele lembrou um pouquinho do seu passado.


Ele se lembrou dos gêmeos e de Harry, os três eram muito ligados, dava para ver de longe. Quando a primeira imagem veio Henry não soube quem era.


Flashback on


- Limpe a mente!- ordenou Snape e logo depois ele murmurou o feitiço- Legimens!


E a mente de Henry foi invadida, ele viu várias memórias: a da sua primeira partida pela Grifinória no seu segundo ano, a taça conquistada de quadribol no terceiro ano, quando descobriu que a mãe estava grávida de novo de Rosalie...


- Você não está limpando a sua mente!- falou Snape ríspido


- Eu estou tentando!- retrucou mal humorado - Não é fácil quando você nos pega de surpresa!


- As pessoas não vão esperar para entrar em sua mente! Legimens!


Então tudo mudou.


Ele viu um quarto bonito repleto de magia, viu brinquedos voando e paredes coloridas. Viu três pessoas brincando do que parecia ser mímica.


O que parecia ser mais velho estava fazendo uma mímica do que parecia ser um avião.


"Pônei!"- gritou uma garotinha ruiva batendo palmas e olhando feliz.


"Não é um pônei, Lizie! É um pássaro!"- exclamou o outro garotinho que estava sentado no chão ao seu lado.


"Não é não, Jay! É um pônei, certo Arry?"- perguntou a menininha de cabelos ruivos.


Mas o menino respondia que não com a cabeça ainda sem falar, observando a conversa deles de maneira interessada. Até que o menino que parecia ser chamado Arry virou se para porta e abriu um sorriso enorme.


"Você demorou! Então Henry, já sabe o que eu estou imitando?"- perguntou repetindo o gesto.


O Henry de mais ou menos 5 anos que estava assistindo a tudo por uma beirada da porta pulou surpreso por ser pego, mas logo depois entrou no quarto sorrindo.


"Oi Henry!"- cumprimentaram os dois menininhos que estavam sentados.


"Olá"- respondeu Henry feliz.


"Você sabe o que o Arry esta imitando?"- perguntou a menina com olhos inocentes.


"Um avião"- respondeu Henry olhando para o tal de Arry para confirmação.


"É isso ai! Henry acertou!"- falou Arry bagunçando o cabelo de Henry.


E Então ele voltou à realidade por um Snape furioso.


- É para você fechar a sua mente! E quem são essas crianças? – exigiu


- E-eu não sei!- gaguejou Henry- Eu não me lembro de quem são! De vez em quando eu vejo esses rostos, mas eu nunca vi essa imagem na minha vida!- falou Henry desesperado.


- Você certamente viu essa imagem ou senão não teria visto-a, a não ser que alguém tenha implantado essa memória na sua mente... - Mas Henry não estava pensando atenção mais. Ele estava ligando os pontos, os dois meninos menores pareciam ter a mesma idade cerca de 4 anos o mais velho aparentava ter 8 ou mais. Quem eram eles? Do que eles se chamaram mesmo? Henry se esforçava para lembrar. A menininha chamou o outro de Jake e o mais velho de Arry, e o outro a chamou de Lizie... Será? Perguntou-se Henry.


Pode ser, pensou ele. Afinal Jake seria Jacob e Lizie seria Elizabeth e juntos eles seriam os gêmeos, e o mais velho o Arry seria...


- Harry!- falou Henry atônico.


Snape olhou para ele como se estivesse perdendo a mente


- Harry! - falou Henry com mais força - Aqueles eram os meus irmãos! A menina era a Elizabeth ou Lizie e o outro pequeno era o Jacob ou Jake. E o mais velho era o Harry! Meu irmão mais velho e os gêmeos! São eles professor!- falou Henry maravilhado que nem notou que tinha chamado Snape de professor.


- Aqueles que estão mortos?- perguntou Snape


- Eles não estão mortos! Eles só fugiram!- vociferou Henry


- Você realmente acha que três crianças, uma de 6 e duas de 4 sobreviveriam sozinhos?- disse Snape com desdém.


- Você não os conhece. Harry não deixaria nada acontecer com os gêmeos. - assim que essas palavras saíram da sua boca ele soube que imediatamente era verdade. Ele viu que Snape ia retrucar de novo, mas ele não deu tempo - Eu não me lembro dos meus irmãos direito, era muito novo quando eles saíram, mas eu tenho certeza que Harry nunca deixaria nada de mal acontecesse com os gêmeos. - falou Henry com toda a certeza que pode tentando convencer a si mesmo, apesar de que no fundo sabia que as suas palavras estavam certas.


Depois disso Snape não falou nada sobre o assunto e só levantou a varinha e murmurou o feitiço de novo.


Flashback off


Em algumas seções algumas memórias apareceriam confusas, sem nexo, outras ficariam muito claras e daria para observar cada detalhe, e Henry observaria tudo maravilhado.


Mas depois de algum tempo ele começou a ter um pouco de raiva deles, por que eles foram embora se eram tão felizes aqui? As memórias mostraram eles rindo, os olhares inocentes dos gêmeos... Mas sempre uma coisa incomodava Henry, porque seu irmão mais velho aparentava ser tão velho para a sua idade, porque os seus olhos mostravam alguma emoção que ele não conseguia identificar? Harry era de longe o herói deles, Henry mesmo quando se lembrava dele sentia alguma coisa que não conseguia identificar, uma coisa boa.


As palmas que os gêmeos davam as risadas que ecoavam no quarto, os sorrisos de covinha que eles mostravam... Tudo isso passava na mente de Henry.


Sem saber, ele tinha começado a andar pela casa, até que se deparou por uma porta que ele nunca tinha entrado antes. E ele sabia a quem essa porta pertencia. Era o quarto dos seus irmãos.


Com uma coragem súbita ele elevou a mão na maçaneta e girou. Mas antes de abrir deixou a mão cair. Batendo a cabeça na porta se xingando mentalmente. O que ele estava fazendo? Ninguém tinha entrado nesse quarto há anos! Por que ele estava aqui?


Mas Henry estava curioso, ele queria ver o palco de todas as suas memórias. Ele queria entrar no quarto. E assim fez. Com a mão na maçaneta ele girou e abriu a porta, estava de olhos fechados. Quando a porta estava na metade tomou coragem e abriu os olhos.


Queria dizer que a paisagem o impressionou que havia muitos brinquedos voando no ar, que as paredes estariam coloridas e cheias de desenhos.


Mas não.


Estava justamente o contrario. As paredes eram brancas, havia uma cama tamanha pequena, e dois berços. Era tudo branco. Branco demais. E de alguma forma tudo demonstrava tristeza. Henry definitivamente não gostou.


E aquele quarto que ele visitava em suas memórias? Eram falsos? Eram mentiras?


Ele estava parado com a mão ainda na maçaneta da porta, olhando em volta tentando achar alguma coisa que fazia com que as suas memórias voltassem, estava em busca de alguma coisa que o lembrasse de seus irmãos. Mas não havia nada.


Entrou no quarto até que estivesse sentado na cama onde ele supunha que seria a de Harry. Passou a mão nos lençóis e viu que tinha poeira. Quanto tempo ninguém entrava ali?


Começou a olhar em volta melancolicamente. Levantou-se e foi para o guarda-roupa. Abriu e ficou decepcionado, estava praticamente vazio. As poucas roupas que estavam ali pareciam ser de segunda mão. E quando estava fechando a porta, ele viu algo que chamou a atenção. Havia algumas letras escritas em preto que dançavam na porta. Curioso ele passou a mão nas letras, que automaticamente pararam e começaram a formar algumas palavras


Os irmãos Potter


Harry Potter


Henry Potter


Jacob Potter


Elizabeth Potter


Apresentam-lhe a entrada do seu verdadeiro quarto


Se você tiver a autorização você pode entrar.


Qual o seu nome?


As letras eram um pouco infantis, o que Henry supunha que era que eles mesmos tinham escritos os seus nomes.


Ele piscou uma vez como se para verificar se tinha lido direito. E ao fazer isso percebeu que os seus olhos estavam cheios de água.


Qual é o seu nome?


Era o que perguntava. Sem saber o que tinha que fazer ele disse meio hesitante


- Henry Potter


E para a sua incrível surpresa a porta do armário começou a mudar, já não era branca mais. Estava virando uma cor marrom e ao olhar em vota ele percebeu que tudotinha mudado.


As paredes eram amarelas e tinham algumas folhas com desenhos, no chão tinha algumas imagens com giz e a cama tinha virado uma de casal.


Admirado com a quantidade de magia utilizada para iludir todo o quarto ele se aproximou da parede que continha alguns desenhos.


Era desenhos feitos a mão, eram infantis, alguns eram apenas traços e sem sentidos, outros eram mal coloridos. Mas também tinha alguns que ele supunha que eram os desenhos que eles tinham feito quando eram um poucos mais velhos.


Tinha um que mostrava uma menina de cabelos ruivos com os braços aberto em um jardim, esse era Lizie, Henry supôs. Tinha outro que mostrava um garoto dando tchau, aquele era Jake. E também tinha um que estava em cima de alguma coisa que parecia ser uma vassoura, os cabelos estavam bagunçados e em volta o lápis azul tinha sido usado, aquele era Harry.


Henry olhava todos aqueles desenhos, admirado era uma parte de sua infância que ele nem fazia idéia que tinha. Mas um desenho em especial o chamou atenção.


Nele mostrava quatro pessoas de mão dadas, elas estavam com grandes sorrisos. E debaixo de cada pessoa estava escrito o devido nome. Debaixo da garotinha de vestido estava escrito Lizie, depois vinha Jake, Harry e Henry. E em cima de todo mundo estava escrito com letras infantis, que parecia ser de Elizabeth por causa do toque feminino, Irmãos para sempre, era o que dizia.


Henry ficou olhando um tempo para essa foto, ele sentia que essa foto de alguma forma era importante. Mas a deixou de lado por enquanto para andar ao redor do quarto. Tinha alguns brinquedos jogados no chão e quando Henry os tocou ele viu que a magia que os fazia mudarem de cor ou flutuar no ar ainda tinha alguns vestígios, mas estava desgastada. E a maiorias dos brinquedos estavam quebrados.


Olhando ao redor ele viu que existiam duas janelas no quarto, e quando se aproximou da que estava mais próxima viu que a vista dava de frente ao jardim. E na outra janela a vista era só do céu, e mesmo se você olhava para baixo você veria o céu. Henry ficou curioso com essa janela, e quando mais olhava para a janela ele poderia jurar que as nuvens teriam uma forma, às vezes de um cachorro outro de um coração e até um cavalo. Henry assistiu tudo maravilhado, era um show de magia para se ver. Henry só podia imaginar como seria ver o céu à noite.


Girando a cabeça para olhar para o quarto mais uma vez, viu que estava um pouco bagunçado. Brinquedos espalhados e papeis de desenho espalhados em uma mesinha que tinha ali e no chão. Então resolveu dar uma arrumada no quarto.


Começou catando os papeis espalhados no chão, muitos eram apenas rabiscos sem sentidos, depois de catar tudo ele juntou os papeis e colocou em cima da mesinha, folheando as páginas viu que tinha muitas imagens dos irmãos, dele mesmo, e dos Longbotton, tinha até algumas da sua professora de transfiguração! Mas Henry notou também que não existia nenhum desenho dos seus pais. Estranho, pensou ele, mas não deu muita importância para isso.


Depois de juntar todos os papeis em cima da mesa, começou a catar os brinquedos que estavam no chão e os levou até um baú que tinha no quarto. Com alguns brinquedos na mão ele seguiu até onde o baú estava e o abriu surpreso que não havia nenhum feitiço que o trancava. Mas uma coisa o chamou atenção, dentro havia uma pequena caixa, depositando os brinquedos no chão ele pegou a caixa. Era simples, mas também tinha uma coisa especial nela que ele não conseguia explicar.


Deixando de lado todo o pensamento de arrumação ele sentou na cama e ficou observando a caixa atentamente. Ele queria abrir e ver o que tinha dentro, mas estava hesitante e com medo do que poderia ser. Ele já estava em uma montanha russa de emoção só de entrar naquele quarto, mas ele queria respostas, ele queria lembrar-se de alguma coisa dos irmãos, ele queria saber o porquê deles terem fugido.


Olhando para a caixa ele elevou a mão até o fecho, pressionou para abrir, mas a caixa não abria. Então em letras elegantes apareceu uma púnica palavra: Senha.


Henry reprimiu um gemido frustrado, como na terra ele iria descobrir a senha?


- Hum...Henry Potter?- tentou pela primeira vez, achou que a senha seria a mesma do guardo roupa, mas a caixa começou a virar vermelha e apareceram as palavras: senha incorreta.


Depois de milhares de tentativas, Henry estava a ponto de desistir, até que um desenho o chamou atenção, era aquele que tinha o desenho dos quatro de mãos dadas. E nela estava escrito as palavras...


- Irmão para sempre. - sugeriu Henry esperançoso, e para a sua surpresa a caixa virou uma cor azul e a tampa abriu. Dentro havia alguns envelopes de carta e alguns frascos com algo brilhante dentro, Henry reconheceu o que era, eram memórias. Isso fez a curiosidade de Henry atingir o topo e sua ansiedade dobrar de proporção. Ele não sabia o que viria primeiro, as cartas ou as memórias. Sua curiosidade estava divida entre as duas coisas, mas decidiu ver primeiro as memórias.


Henry pensava onde ele ia achar uma penseira naquele momento, mas não demorou muito e ele veio com a solução


- Claro! No escritório do meu pai! Por que não pensei nisso antes? - pensou em voz alta antes de pegar a caixa e atravessar a mansão até o escritório de seu pai. Chegando lá abriu a porta e foi até um armário que tinha lá. Dentro estava a penseira e sem pensar duas vezes depositou as primeiras memórias dentro da bacia.


As primeiras imagens eram apenas flashes, mostravam os irmãos brincando de mímica, de colorir, de pique esconde e um monte de brincadeiras trouxas. Às vezes só iria aparecer a imagem dos seus irmãos rindo, sorrindo, correndo pela mansão. Teve algumas memórias em que apareceriam os quatro irmãos dormindo tranquilamente na enorme cama aumentada magicamente que havia no quarto. E tiveram algumas em que os Tio Frank e tia Alice apareceriam, Tio Moony e Paddy, e tinha até algumas em que Minie apareceria, mas nunca os seu pais. E isso incomodou Henry.


Depois de ver essas memórias ele viu que tinha restado um último frasco a ser visto, sem demoras depositou a memória na penseira.


Colocou a cabeça na água e de repente estava de bunda no chão em uma memória. Olhou atentamente absorvendo todos os detalhes. Ele estava no mesmo quarto que estava momentos atrás, estava no quarto dos seus irmãos. Estava à noite, pois todos estavam dormindo. Henry aproveitou e olhou aquela janela que refletia o céu, e a vista foi de tirar o fôlego. Havia milhares de estrelas brilhando furiosamente no céu, se você deixasse a imaginação rolar você veria que elas também formariam figuras no céu.


Henry foi interrompido de sua apreciação por uma batida na porta. Olhou assustado, mas relaxou quando viu que a figura de um menino de cinco anos apareceu atrás da porta olhando hesitante. O que ele estava fazendo ali a essa hora da noite?


Henry o viu mesmo, só que mais novo, andar com passos calmos e quietos até chegar à beira da cama onde Harry dormia serenamente. O de 5 anos parecia estar com medo, isso era óbvio pela a cara que demonstrava, ele olhava para os gêmeos que estavam espalhados na cama dormindo feito pedra. E ele olhava Harry com um misto de admiração, amor e confiança. Henry estava confuso com aquele olhar, era óbvio que ele amava o irmão mais velho e o idolatrava muito, mas a pergunta que rodeava a sua mente era: por quê?


"Harry..." sussurrou o seu eu do passado baixinho e empurrando ligeiramente Harry. "Acorda Harry!"- pediu um pouco mais alto. Ele viu que Harry remexeu um pouco antes de abrir os olhos. Henry estava preparado para alguma resposta atrevida, que Harry virasse para o outro lado da cama e o ignorasse. Ele só não estava preparado para o olhar preocupado que Harry lhe dirigiu, era como se ele se importasse muito com ele... Era como se ele fosse anos mais velho do que realmente era.


"O que houve Henry?"- perguntou freneticamente levantando da cama com cuidado para não acordar os irmãos que dormiam na mesma cama que ele.


"Pesadelo"- foi a resposta do Henry de quatro anos. Harry olhou atentamente para ele por um segundo, mas quando viu que o irmão não ia tender os seus olhos, andou até a janela. Com um aceno de cabeça pediu que Henry chegasse perto dele, o que ele fez sem hesitar.


"É lindo, não é?"- perguntou Harry olhando para o irmão. Mas Henry notou que o seu eu não tinha olhado nos olhos de Harry nenhuma vez, estava ocupado olhando para a janela. O que será que tinha acontecido com ele? O que ele estava escondendo?


O Henry de cinco anos assentiu sem tirar os olhos do céu. Harry falou de novo depois de alguns segundos em silêncio


"Feche os olhos."- pediu Harry. O seu eu olhou para a primeira vez nos olhos do irmão, mas dessa vez ele parecia visivelmente confuso com o pedido "Só faça isso."- foi o que Harry respondeu.


E assim ele fez. Os dois Henry fecharam os olhos simultaneamente.


"Agora pense na constelação de Aquário"- pediu Harry suavemente. Os dois Henry pensaram.


"Agora abra"- falou Harry.


E assim eles fizeram. Era como se o céu tivesse mudado de lugar e agora mostrasse onde se encontrava a constelação.


"Tá vendo ali? Aquela é a constelação." – explicou Harry apontando para Aquário.


"Onde? Eu não to vendo!"- reclamou o de cinco anos. Mas o Henry mais velho já tinha achado a constelação, ela era a única cuja lenda trouxa ele lembrava, e ele nunca soube o porquê, talvez ele descubra a resposta


"Você que deixar a imaginação soltar, Henry. Senão você não vai conseguir enxergar nada"- falou Harry pacientemente. E assim o Henry mais novo fez e conseguiu ver.


"Você sabe que os trouxas tem uma lenda sobre essa constelação?"- falou Harry


"Não."- respondeu Henry olhando as estrelas


"A lenda começa com o aguadeiro Ganimedes, filho do rei Trás e da rainha Callírroe. Conta-se que era um jovem pastor muito educado, gentil e tão belo que os próprios deuses o admiravam. Assim, foi-lhe dada ambrósia, o néctar dos deuses, de forma que ele se tornou imortal. Um certo dia, enquanto guardava o rebanho e brincava com o seu cão, Argos, Ganimedes foi raptado por uma águia gigante de Zeus, que o levou para o templo dos deuses, onde se tornaria aguadeiro favorito de todos os deuses. A sensibilidade de Ganimedes ficou bem patente quando este pediu para Zeus que o deixasse ajudar as pessoas na Terra, durante um passeio com a Águia. Este apercebeu-se que enviar uma grande quantidade de água para a Terra ao mesmo tempo poderia tornar-se perigoso, pelo que decidiu enviá-la sob forma de chuva. Desde então o jovem pastor é conhecido atualmente como o Deus da chuva. Mas o rei Trós, seu pai, sentia cada vez mais saudades de Ganimedes, e nem mesmo todos os valiosos presentes enviados por Zeus resfriavam essa saudade. Assim, Zeus colocou Ganimedes no céu para que seu pai o pudesse ver todas as noites."- explicou Harry com um olhar distante. Durante o seu conto, os dois Henry ouviam atentamente cada palavra. Harry tinha um dom para contar histórias, até a coisa mais simples ele fazia com que as pessoas o escutassem.


Houve um momento de silencio até o que o Henry mais novo falou com uma voz trêmula.


"Como é que o pai dele sabe que é ele lá no céu? Existem milhares de estrelas!"- perguntou. E Henry teve a sensação engraçada de que não era exatamente sobre a lenda que eles estavam falando.


"Existem milhares de estrelas, mas sempre tem uma que chama a sua atenção. E é essa que a estrela que cada um procura, é aquela que mesmo distante, a que fica milhas e milhas, você sabe que te guia nos momentos que você precisa. Quando as coisas estão tristes e confusas é só você procurar no céu a sua estrela, quem sabe ela te dá uma resposta?"- falou Harry observando as reações do seu irmão.


"E se a gente não achar?"- perguntou Henry.


"Você continua procurando e nunca desiste."- respondeu Harry.


"E se eu não tiver uma estrela?"- perguntou Henry.


"Todo mundo tem uma estrela especial, Henry. E você não seria diferente. Às vezes as pessoas podem até ter mais de uma estrela."- falou Harry.


"Mas e se a estrela for embora?"- perguntou Henry olhando para Harry nos olhos.


"Espera ela voltar."- respondeu Harry suavemente olhando para o irmão que estava com os olhos brilhando.


"Eu não gosto de esperar, eu não quero perder minhas estrelas de vistas!"- replicou Henry.


"Às vezes elas simplesmente precisam ir Henry, elas precisam ver outros lugares, necessitam de novos ares"- respondeu Harry com um sorriso triste.


"Então eu posso seguir elas! Eu pos..."- mas Henry foi interrompido por Harry.


"De novo, não. Já tivemos essa conversa!"- cortou Harry em um tom que finalizava a conversa.


"Mas Harry!"- disse Henry deixando as primeiras lágrimas caírem.


"Henry, olha ao seu redor, tudo isso é real, mas é uma realidade diferente da realidade da porta para fora. Você não quer sair dessa casa Henry, você sabe disso. Sua vida está aqui, seus pais estão aqui, seus amigos estão aqui, a sua vida está aqui. Tudo que você precisa está aqui, ao seu alcance, não jogue isso fora. Se eu algum dia for embora, eu quero que você saiba que eu nunca vou esquecer de você, eu vou ser uma de suas estrelas Henry, mesmo que você não se lembre, quando você olhar para o céu você vai ver uma estrela brilhar mais que as outras eu vou estar lá olhando para você, pensando em você. Eu sei cuidar de mim mesmo, nada vai me acontecer se eu dia eu resolver ir, e lembre-se, mesmo que você um dia você não se lembrar de mim, eu for apenas uma memória, uma imagem borrada, eu vou me lembrar de você. Olhe para as estrelas e me espere, pois um dia eu volto."- Falou Harry, e pela primeira vez que se lembrava, Henry viu Harry chorar.


O Henry mais novo estava com o rosto marcado pelas lágrimas, correu para os braços do irmão e soluçou.


"Não me deixe Harry! Eu sinto que você vai desaparecer a qualquer momento, você é meu irmão, você não pode me deixar"- soluçou o caçula.


"Shhh! Acalme-se Henry! Eu não sei se eu vou embora, é só uma possibilidade!"- falou Harry abraçando o irmão mais novo.


"Eu sei que vai ser o melhor para você, mas você não tem aonde ir Harry! Você não tem dinheiro!"- disse Henry. Harry deu um sorriso malicioso.


"Eu tenho algumas cartas na manga, não se preocupe, dinheiro e lugar para ficar não vai ser problema"- assegurou Harry, e Henry acreditou nele.


"E o seu pesadelo? Quer falar sobre ele?"- perguntou Harry.


Henry voltou a olhar para as estrelas e quando falou a sua voz trazia tristeza e insegurança.


"Eu sonhei que você tinha ido. Eu sonhei que você tinha ido com os gêmeos e tinha me deixado."


E foi assim que a memória acabou.


Henry ficou parado uns minutos tentando absorver a memória, e quando passou a mão pelo rosto viu que tinham lágrimas. Ele olhou o brilho prateado e colocou de volta para o frasco onde estava inicialmente. E aproveitou e viu a data.


23 de agosto.


Um dia antes dos seus irmãos fugirem.


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0o0o0o0o0o Na casa dos Longbottom 0o0o0o0o0oo


- Desculpa vir sem avisar, mas eu precisava falar com você urgente. - Lilian disse desesperada.


Alice ficou imediatamente preocupada, sua amiga parecia histérica.


- Entre Lils! O que houve?- perguntou preocupada abrindo a porta para a amiga entrar. Frank estava na sala lendo um jornal, quando viu o estado de Lilian virou para Alice para pedir o que aconteceu. Mas o único olhar que recebeu foi: sai daqui agora, não volte tão cedo e não espie!


Frank saiu sem hesitar, quando sua esposa dava esses olhares ...


- E- eu... estou confusa... nada faz sentido mais... eu estou com medo... me lembro... não sei quem... é estranho... sensação...- falava Lilian entre soluços. Alice só ficava ali sem entender o que a amiga falava.


- Lilian, respira! Você está falando coisa com coisa! Calma! Fala devagar!- aconselhou Alice levando a amiga para sentar no sofá.


Lilian respirou fundo e olhou nos olhos da amiga. Abaixou os olhos e pegou um envelope que tinha achado na manhã. Entregou o envelope para Alice.


- Eu to com medo... eu não sei o que isso significa... é tudo tão confuso!- balbuciou a amiga


- É para eu ler?- perguntou Alice, Lilian assentiu depositando uma mão na barriga onde encontrava-se a sua filha, era como se ela quisesse ter certeza que ela está lá mesmo, como se quisesse passar segurança, esse gesto não passou despercebida de Alice.


Alice abriu o envelope e viu que tinha um monte de pergaminhos escritos, tinha alguns que estavam amarelados com o tempo. O que será que está escrito ali que deixou Lilian tão abalada?


Abriu o primeiro pergaminho e leu:


Hoje botei meu pequeno Henry para dormir, ele está crescendo cada dia mais, daqui a pouco está tão grande como o seu pai! Às vezes me sinto para baixo quando penso naquela noite de Halloween, a nossa vida mudou drasticamente de rumo, meu pequeno bebê está agora com o mundo dos bruxos na mão, tudo depende dele, isso é tão injusto! Eu faria de tudo para que ele não tenha essa obrigação nas costas, mas infelizmente sei que não é possível.


Comecei a caminhar em direção a cozinha, queria um copo de água, mas tive uma sensação estranha quando passei por uma porta. Olhei ao redor e percebi que nunca tinha entrado nela. Mas porque eu me sinto tentada a entrar nela? É como se eu tivesse... necessitasse de entrar.


Agindo por impulso abri a porta e me deparei com um mundo branco, era tudo branco! Assim que vi decidi dar uma decorada naquele quarto, ninguém conseguiria dormir naquele quarto deprimente. Estava prestes a sair quando senti uma vontade estranha de entrar no quarto? Que sensações eram aquelas? Curiosa, eu adentrei no quarto.


E me surpreendi. Deitado na cama estava um menino de 5 anos ou mais, ele parecia muito com o meu James. Tanto que eu me assustei! Quem era ele? Eu não me lembrava dele em nada! Aproximei-me da cama e me sentei na beirada ao lado do menino. Ele parecia estar tendo um pesadelo, estava preocupada com ele e não sabia o porquê, por instinto eu passei a mão na sua testa e no seu cabelo, fui fazendo carinho nele e aos poucos ele se acalmou. Continuei passando a mão nos seus cabelos, admirando aquele menino que tinha chamado a minha atenção. Mas depois eu caí na real, o que esse menino estava fazendo na minha casa? Porque eu me preocupava tanto com ele? Por que eu não me lembro de ter visto ele antes. E o principal: por que eu me sinto culpada por não me lembrar dele?


Sem pensar duas vezes sai de lá às pressas, tendo a certeza de que não acordei o menino no processo. Ele nunca soube que eu o tinha visitado.


Alice estava com os olhos marejados com a carta. Fora Lilian que tinha escrito isso? Porque ela está mostrando isso a ela? Elas tinham feito um acordo de nunca mencionar os filhos dela, pois era um assunto muito delicado.


Sem querer pensar muito ela abriu a próxima carta.


Hoje vi duas crianças brincando com Henry, elas pareciam estar se divertindo muito. Sorri, eu nunca tinha visto o meu filho tão feliz. Gostaria de ir lá e pedi para ele me apresentar aos seus novos amiguinhos, mas resolvi só ficar os espiando da janela. Aproveitei e observei o garoto e a menina que brincavam com ele. Eles eram muitos parecidos comigo, eles poderiam até ser passados como os meus filhos. Os seus sorrisos e suas risadas eram inocentes, era gostoso de vê-los brincarem.


Depois de um tempo observando a cena, a menina caiu, fiquei preocupada na hora, estava quase indo lá quando um menino mais velho apareceu do nada e olhou a menina como se tivesse feito isso muitas vezes. Eu senti que ele sabia o que tinha que fazer, mas também tinha uma enorme vontade de ir lá e checar eu mesma se a garotinha está bem. Assustei-me com o tamanho da minha vontade, era como se ela fosse uma das minhas, será que é isso que Molly Weasley sentia quando vê o meu filho machucar?


O garoto mais velho veio, e junto com ele o outro garoto e Henry, eles pareciam estar preocupados com a garotinha, e depois de alguns minutos depois a menina estava brincando e rindo de novo. Era bom ver tudo isso.


Eu só esperava que os três pudessem vir mais vezes, pois eu tinha gostado do jeito que eles agiam com o meu filho, eles eram boas companhias.


Alice não tinha poupado as lagrimas, estava lendo com esforço. Lilian tinha descrito os seus filhos, mas era como se ela não se lembrasse deles, mas de alguma forma ela tinha algum instinto maternal dentro dela. Lilian não era a única confusa.


Alice leu mais algumas cartas, até que chegou a ultima.


Quem é o menino de cabelos desarrumados que olha sábio?


Quem é o de bronze que olha brincando?


Quem é a menina que corre contra o vento, com os cabelos ruivos balançando no ar?


Por que eu tenho a sensação de que eu os conheço, mas ao mesmo tempo tenho a sensação que não devo?


Por que eu sinto falta de ouvir a palavra "Mamãe" com mais freqüência?


Por que toda vez que eu vou para cama eu sinto que falta alguma coisa?


Por que eu não consigo me tirar dos pensamentos os mesmos olhos com a mesma cor dos meus, mas que mostram tanto sofrimento? Que me olham pedindo, implorando por socorro? Implorando por carinho e amor?


Por que eu sinto a culpa me lavar toda vez que três rostos aparecem na minha mente?


Por que apesar de tudo eu não os reconheço, mas sei que são eles que faltam para a minha vida ficar completa?


E porque que a pergunta "por que" aparece toda vez que eu vou para cama?


Por quê?


Alice estava perturbada com essa ultima carta, depois de algum tempo ela conseguiu encontrar a voz, mas quando falou sua voz saia fraco, quase um sussurro, mas a dor era óbvia.


- O que tudo isso significa?


- E-eu não sei, Alice!- explodiu Lilian em lágrimas, ela começou a andar de um lado para o outro, com uma mão gesticulando e a outra pressionada firmemente na barriga. - de vez em quando eu pego uma pena e começo a escrever, mas nunca é como isso! Eu nem sabia que eu tinha escrito isso! É como se uma parte está faltando, eu tento lembrar só que tudo fica borrado, confuso e começo a ter dor de cabeça. Eu nunca tinha visto essas cartas até hoje! Alice me diz quem são essas crianças! Diz-me porque eu sinto que a resposta para tudo isso é a que vai fazer com que o vazio que eu sinto no meu coração se preencher! De vez em quando eu acordo no meio da noite com um par de olhos iguais ao meu me encarando, logo depois vem uma pergunta "por quê?", eu acordo desesperada e me sentindo culpada, e eu nem sei o motivo!- Lilian estava desesperada.


- Lils, acalma-se! Não pode ser bom para a nossa pequena Rose, certo?- Alice se obrigou a manter um pouco da calma que lhe restava, mesmo que por dentro ela estava rasgada e quebrada em mil pedacinhos.


- Rose...Minha Rose...- Lilian murmurava, mas estava se acalmando.- Alice, quem são esses?- pediu Lily sem querer mudar de assunto.


Alice suspirou fundo e olhou nos olhos da amiga, e gesticulando para que ela se sentasse ela respondeu.


- Aqueles são os seus filhos, aqueles que fugiram dez anos atrás, Jacob e Elizabeth, H-harry... - respondeu ela com a sua voz se quebrando no final, ela perdeu muito o seu afilhado, ela nunca teve a chance de o ver crescer.


Lilian não esboçava nenhuma reação, ainda tinha lágrimas caindo livremente em seu rosto, mas era só isso. Alice estava começando a ficar preocupada com a falta de reação dela, mas as próximas palavras de Lilian fizeram que fosse a vez dela de ficar sem reação.


- Filhos?- perguntou Lilian visivelmente confusa, Alice estava em choque.


- Você não se lembra deles?- perguntou Alice com um misto de emoção, confusa, triste e em parte com raiva. Lilian não se lembrava dos seus próprios filhos?- certamente você se lembra deles, certo?


- N-não.. quer dizer... esses nomes não são estranhos, mas... eu não me lembro!- explodiu Lilian em lágrimas- Você está me dizendo que eu tinha outros filhos que resolveram fugir? Mas... como?- Lilian estava desesperada para se lembrar de algo, mas tudo estava borrado. E embora o que Alice estava dizendo parecia uma baboseira total, Lilian tinha um instinto que tudo era verdade, e ela nunca ia contra os seus instintos.


- Lilian! Como isso é possível?- balbuciou Alice


- Me fale sobre eles... eu quero saber... quem sabe.. eu posso me lembrar deles... eu sei que eles são reais... eu sinto isso...- implorou Lilian


Alice estava dividida, aqueles que ela considerava como sobrinhos tinham fugido por causa de seus pais, por causa do favorecimento por Henry. Mas agora Lilian virava e falava que não se lembrava de nada? Sua mente de auror começou a trabalhar a mil por hora, alguma coisa estranha estava acontecendo ali, alguma coisa séria. Lilian agia como se estivesse lutando contra um feitiço, ela parecia confusa e tentava fazer algum sentido. Então Alice chegou à única conclusão possível, Lilian estava sobre o efeito de um estranho e desconhecido feitiço, e agora ela lutava para se livrar dele. Alice estava se sentindo impotente, o que ela poderia fazer para ajudar amiga? Ela viu que a única opção que ela tinha agora era começar a falar deles.


- Os gêmeos eram uma coisa para se ver, eles se equilibravam e completavam que era uma coisa só. Eles tinham os seus olhos, um verde lindo de se ver, os olhos eram tão inocentes! Jake, seu apelido, era o mais brincalhão, ria de tudo, você não conseguia ouvir a sua risada e não rir também- Alice riu fracamente na lembrança. Lilian só assistia à amiga, seus olhos brilhavam quando se falava sobre eles, era o mesmo brilho que ela tinha quando falava sobre o seu filho, isso era a prova que ela sempre considerou eles como seus próprios. - Lizie, não. Ela já era mais centrada, mas ela sempre teve aquele ar de princesinha, ela encantava todos e tinha-nos enrolado nos dedos no primeiro momento que batemos os olhos nela. Era uma menina doce, mas era um pouco tímida. Mas o seu silencio era aquele silêncio agradável, ela se comunicava com você só no olhar, era uma menina que desde pequena você via que ia ser uma bela e sábia mulher quando crescesse. Frank a viu e no exato momento declarou que queria ter uma filha, foi uma batalha fazer com que ele esperasse. Eram personalidades tão diferentes!- Alice suspirou um pouco antes de continuar, mas agora ela tinha uma aparência triste, melancólica, mas sem dúvida mostrava que tinha saudade deles, tantas saudades que palavras não podiam expressar. Mas sua expressão dizia que a parte que ela mais sofria ainda estava por vir.


- Mas o que os ligava era Harry. Ele era...- Lice tinha quebrados em soluços, depois de algum tempo ela se recompôs o suficiente para continuar - ele era um menino memorável, quando era um bebê não tinha ninguém que não o adorasse, ele fazia a gente rir quando estávamos em tempo sombrios, ela ficava em silencio quando a gente precisava de um tempo. Ele sempre foi muito compreensivo, na verdade ele sempre foi um mistério, ele sempre foi muito maduro, eu não sei explicar muito bem. Enfim, ele era aquele tipo de garoto que era fácil de cuidar, foi através dele que eu me senti preparada para ter Nev, embora eu deva dizer que não estava preparada para o trabalho que Nev me deu!- Alice deu uma risadinha, mas depois sua expressão ficou saudosa - Eu me lembro que de vez em quando você me pedia para ser babá dele quando ele tinha um ano, Henry não era nascido ainda, eu estava em êxtase! Era a primeira vez que você me deixava ficar com ele, vocês sempre foram muito protetores dele. Eu o busquei na sua casa, ele me recebeu com palminhas e risadas, meu coração quase explodiu de alegria, meu afilhado estava feliz em me ver! Naquela noite eu e Frank babamos tanto nele, e vendo o ele brincar com os seus brinquedos e rir, eu e Frank chegamos a um acordo silencioso, nós queríamos um tesouro igual aquele também. Mas no meio de toda a felicidade, uma noticia ruim aconteceu, nossa amiga Marlene morreu. Eu chorei tanto aquele dia, mas eu deixei Harry com Frank, eu não queria que nenhum dos dois me visse chorando. Mas depois de algum tempo Frank bateu na porta, ele parecia um tanto desesperado, e ao ver o meu rosto ele tinha ficado mais desesperado ainda, ele nunca soube o que fazer quando uma mulher chora. - Alice riu


- Alarmada, limpei as minhas lágrimas e perguntei o que tinha acontecido, ele só disse uma palavra "Harry", eu pulei imediatamente da cama preocupada com o que tinha acontecido. Pulei de três em três degraus até chegar à sala onde o meu afilhado estava. Ele estava em pé com a cara vermelha, os olhos estreitados olhando para uma direção, e eu notei que tinha alguns objetos levitando no ar. Primeiro fiquei maravilhada pela mágica acidental, depois fiquei meio preocupada com ele, afinal ele podia ter um esgotamento mágico! Mas depois seu rosto relaxou e ele mostrou um sorriso de poucos dentes para mim, correspondi instantaneamente. Até que Frank soando um pouco impressionado disse "Alice, olha para o lado!" e eu olhei, e levitando em minha direção vinha uma flor vermelha, engasguei e peguei a flor na minha mão maravilhada, virei para Frank, ele olhava para Harry de boca aberta "Foi... ele? Ele fez isso?" meu marido só balançou a cabeça, sem pensar em mais anda eu só ataquei Harry e deitei ele no chão e enchi ele de beijos em todos os lugares possíveis e fiz um monte de cócegas, ele só ria e eu ria junto. Depois de algum tempo eu parei para respirar e olhei para Harry que estava com o rosto ainda vermelho por causa das cócegas, mas ele só virou e me disse "não chore", eu juro eu quase chorei de novo, mas eu consegui me segurar. - Alice suspirou de contentamento com a lembrança- é uma das minhas memórias mais fortes que eu tenho dele. Harry sempre teve um talento com as mulheres, ele fazia com que elas ficassem derretidas perto delas, era um dom. Frank sempre brincava com Harry que ele estava roubando a esposa dele, Harry só ria das palhaçadas. E sempre que eu estava triste ele conjurava uma flor para mim, ele sempre teve um dom de ter a magia do seu lado, nada era impossível dele. Ele era muito poderoso, e eu acho que ele nem se dava conta do tanto.


Nem é preciso dizer que Lilian estava com um bocado de ciúmes, sua amiga conhecia seus filhos melhor do que ela mesma, e nem era preciso dizer que Harry era seu preferido, talvez seja por que ele era o seu afilhado. E Alice também notou o estado da amiga e comentou com uma risada.


- Não precisa sentir tanto ciúmes assim, Harry também te amava. - "até os três anos" pensou Alice amargamente, incapaz de parar si mesma. – Quer saber mais um acontecimento?- perguntou para animar à amiga. Lilian acenou a cabeça.


- Deixa-me ver... Ah! Lembrei! Foi tão fofo! Enfim, estava eu, Minerva, Poppy, os marotos e Frank na sala, você tinha ido colocar seus filhos para dormir e Harry apareceu descendo as escadas.


.


Flashback on


.


Harry parecia estar feliz quando nos viu e abriu um enorme sorriso, talvez tinha esquecido que não devia estar aqui e sim na sua cama. James o viu e pegou ele sentado no seu colo.


- O que você está fazendo aqui, filhote? Você não devia estar na cama esperando para dormir?- perguntou bagunçando os cabelos de Harry.


Harry então pôs o dedinho na boca e falou para o pai.


- Shhhh, mamãe não pode saber que eu estou aqui! Tem que ficar quietinho!- falou Harry para o pai. Todos nós estávamos rindo silenciosamente, James só balançava a cabeça para o filho, mas ostentava um enorme sorriso.


- Mas você tem que dormir Harry. - falou James pacientemente.


Harry balançou a cabeça.


- Não, eu não quero dormir!- replicou Harry.


- Mas você tem! – falou James.


- Mas eu não quero!- reclamou Harry- Eu não estou com sono!


- Ok, mas quando a sua mãe chegar você tem que ir. - negociou James e Harry concordou - ótimo! Agora, você vai ou não cumprimentar o resto do pessoal?- perguntou James. Na mesma hora Harry pulou do seu colo e fui cumprimentar os homens.


E quando parou em Poppy, que era a primeira mulher, ele virou para James e falou.


- Papai, mamãe disse que é assim que se cumprimenta uma dama, ela disse que você precisa aprender. - falou Harry pacientemente. Todos nós olhávamos curiosos.


- Boa noite madame. - falou Harry curvando-se e levantando a mão. Poppy ficou momentaneamente confusa e fez a primeira coisa que veio a mente, depositou a mão na de Harry que prontamente deu um beijo nela.


Todos nós mulheres estavam babando e segurando um "awww" e os homens estavam admirados e até com um pouco de vergonha.


E assim Harry fez com todas nós, eu acho que nunca vi Minerva tão derretida antes, se bem que em torno dos seus filhos ela sempre foi um pouco diferente. E quando ele chegou a minha vez, eu não agüentei e puxei Harry para um abraço cheio de beijos. Ele ria enquanto tentava se afastar de mim, depois de algum tempo eu o liberei, mas deixei-o no meu colo.


Então Harry virou para James e falou:


- Aprendeu papai?- e piscou! A cara de James foi impagável, todos nós começamos a rir.


- Esse seu filho, Pontas... - balançava Remus a cabeça.


- Você vai ter concorrência no futuro Sirius. - brincou Frank.


- Você não pode falar nada, ele tem sua esposa na palma da mão! - retrucou Sirius.


Frank riu, mas não pode deixar de concordar.


- Os dois ninguém separa, a muito já me acostumei a ter Harry roubando o meu lugar, o pior é que agora são dois, ele e Neville, nenhum dos dois se separam dela.


- Isso é porque ele me ama certo Harry?- perguntei para o pequeno que estava no meu colo.


- Certo. - respondeu ele, e eu o abracei mais forte.


- James, você viu o Harry, ele não está.. .- você começou a perguntar frenética descendo a escada até que você o viu. - Ah, claro !- você veio correndo até onde eu estava, só que Harry estava achando que estava bem escondido nos meus cabelos. - Harry James Potter!- você ralhou.


Harry saiu timidamente do meu ombro e virou a cabeça para você. Ele estava corado de vergonha e falou com a voz e cara mais inocente do mundo.


- Desculpa mamãe... - falou timidamente saindo do meu colo para ficar em pé no chão.


Ele estava fazendo cara de cachorrinho sem dono! Você não tinha como escapar dessa! Eu mesmo estava tentada a por a mão no fogo por ele.


- Ah... bem... acho que não tem muito problema... você pode ficar aqui um tempinho... - você falava um pouco sem sentido, aquele olhar de coitadinho te desarmou completamente.


Então Harry abriu um enorme sorriso e pulou na sua perna. Você não perdeu tempo e colocou-o no seu colo. Ele colocou as duas mãozinhas de cada lado do seu rosto e depositou um beijinho na sua bochecha.


- Obrigado. - ele agradeceu antes de depositar a cabeça no seu ombro.


- De nada, meu amor. - você respondeu se sentando.


Os homens estavam admirados e surpresos.


- Pontas, seu filho é meu herói!- falou Sirius


- Sério, ele conseguiu dobrar a Lily!- exclamou Remus


- Vocês olharam as mulheres? Elas se derreteram todas! Esse garoto tem um dom, só pode!- exclamou Frank.


- Lily, seu filho é um amor de menino!- derramou Poppy


- Obrigada!- você respondeu timidamente, mas o orgulho era evidente na sua voz enquanto você passava a mão nas costa de Harry.


- Lils, você não sabe o que o meu menininho fez!- eu exclamei. Você me olhou atravessado, então eu corrigi. - Nosso menininho, satisfeita?- você ainda me olhou, você sempre teve ciúmes de seus filhos, a relação que eu tinha com Harry você não entendia, por isso morria de ciúmes, mas o amor que ele sentia por você era muito maior do que aquele que ele sentia por mim. Sempre me perguntei se você via isso... - Nosso menininho deu uma lição para todos esses homens! Fiquei tão orgulhosa dele! Conta para sua mãe o que você fez! - eu pedi. Harry ficou vermelho com toda a atenção que era divida por ele, então se escondeu no seu ombro de e te segurou forte.


- Conta para mamãe! Eu quero saber!- você pediu.


- Eu mostrei ao papai como se cumprimenta uma dama. - falou Harry timidamente


A sua face demonstrou realização então você riu e colocou Harry no chão.


- Mostra para mamãe o que você fez! - você pediu. Harry ainda timidamente curvou-se e pediu a sua mão, e logo depositou um beijo nela. Você não agüentou e falou.


- Ai que fofo! Meu pequeno príncipe! - você falou quando pegava Harry e o enchia de beijos. Harry ria, era um som gostoso de ouvir. Então você o abraçou e colocou testa com testa e o olhou bem nos olhos - Eu te amo! - você sussurrou.


- Eu também te amo!- sussurrou Harry de volta.


Seus olhos enchiam de lágrimas e eu entendia o seu sentimento. Não tem nada melhor do que ouvir do seu próprio filho que ele te ama, é uma sensação maravilhosa, uma felicidade sem tamanho. Simplesmente não tem preço.


Pouco tempo depois Harry bocejou e você falou.


- Vamos dormir bebê. Você deve estar cansado, brincou a tarde inteira! - você falou enquanto Harry se aconchegava no seu ombro - Dá tchau para todo mundo! - você pediu, e Harry levando a mão e balançou. Todos nós retribuímos o gesto.


.


Flashback off


As duas tinham lágrimas nos olhos. Depois de alguns minutos Lilian falou.


- Ele era um garotinho de papai ou de mamãe?- Lilian perguntou curioso.


Alice sorriu verdadeiramente e riu quando dava sua resposta.


- De mamãe, com certeza. Já os gêmeos eram de papai, sem sombra de dúvida. - Ela disse e Lilian riu deliciada.


- Pelo menos eu fiquei com um, pois Henry também é um garotinho de papai. - Lilian disse. - Obrigado Alice, eu precisava saber disso. E agora eu sinto que eu sei o por que há sempre um vazio dentro de mim, eu ainda não lembro deles, mas eu sinto que eu estou no caminho certo. - agradeceu Lilian abraçando a amiga. - Mas eu estou com tanto medo agora! Eu me pergunto se um dia eu irei ver os meus bebês de novo, se eles vão me receber bem, se eles vão me reconhecer! Inferno, eu perdi dez anos da vida deles e sinto como se eu fosse a culpada de tudo! E eu sei que fui! Eu sinto que talvez eu tenha negligenciado ele em favor de Henry, mas isso não faz sentido, pois eu nunca faria algo assim! E agora, o meu maior medo, e dar a luz a Rose e não me lembrar dela, igual o que aconteceu com os três.


- Sinto muito, amiga. Eu tenho uma idéia de como é ter alguém e perder, eu sinto falta dos meninos o tempo todo, e sinceramente eu não sei o que eu faria se perdesse Neville e Frank. - falou Alice solitária. - E se você quiser saber mais sobre os meninos converse comigo ou com Minerva, ela também passou um bocado de tempo com eles. E eu aconselho você há ficar um tempo nos jardins, foi ali onde você provavelmente os viu pela ultima vez.


- Como você tem tanta certeza?- perguntou confusa.


- Assim que soube que eles tinham ido, eu fui correndo para a mansão, e comecei a procurar por possíveis lugares por onde eles poderiam ter saído, a mansão Potter era um dos lugares mais seguros, não era qualquer um que podia sair e entrar sem autorização. Então eu cheguei ao jardim e alguns encantos descobri que foi ali que eles aparataram, foi uma quantidade enorme de magia que foi utilizada, tanto que no jardim os encantos de anti-aparatação não são muito eficientes depois disso.


- Aparatação? Eles eram crianças!- falou Lilian atordoada.


- Isso é Harry para você!- brincou Alice com um sorriso.


Lilian assentiu ainda atordoada, mas fez a pergunta que tanto martelava na sua cabeça quando Alice contava as histórias.


- Uma madrinha é como uma segunda mãe, certo? - perguntou hesitante, Alice olhou a amiga com cuidado. - Você era como uma mãe para ele, certo? Quer dizer, você sempre teve uma ligação com ele e ele te considerava como uma mãe, não estou certa? E Frank era como se fosse um pai para os gêmeos, afinal ele era o padrinho... - balbuciou Lilian, e quando Alice não encontrou os seus olhos ela soube que o que falava era verdade. E ficou arrasada com isso, que tipo de mãe era ela? - Obrigada. Eu acho. Por ser o que eu não fui capaz de ser. - e com isso saiu da sala correndo.


Emocionalmente abalada Alice deixou o corpo cair no sofá. Colocando o cotovelo no joelho e o rosto apoiado na mão ela se lembrou de mais uma memória.


Flashback on


Hoje ela estava levando Harry e os gêmeos para dormir na sua casa, não era como se os pais deles ia se importar em tudo. Balançando a cabeça com raiva com o rumo que tomavam os seus pensamentos, ela voltou à sala onde seus bebês estavam brincando. Sim, seus bebês, Neville, Harry, Elizabeth e Jacob. Mas ao olhar no relógio viu que já era à hora deles dormirem.


- Ok, crianças. Já está na hora de dormir! Juntem os brinquedos e preparem para ir para a cama!- e como eram obedientes fizeram tudo na mesma hora. Neville foi o primeiro que eu coloquei na cama.


- E aí, amor? Brincou muito?- perguntei quando tirava uma mecha de cabelo do seu rosto. Neville era tão lindo, era muito parecido comigo, mas você ainda via traços de Frank nele.


- Sim. Jake é engraçado. - foi a resposta sonolenta que tive.


- Sim, ele é. Que bom que você gostou de brincar com ele. - eu respondi enquanto passava a mãe pela barriga dele.


- Lizie também é legal, mas ela é um pouco quieta. – falou Nev.


- Sim, e quanto ao Harry. O que você acha dele?- perguntei. Não era novidade nenhuma que Harry era o meu favorito dos Potter. Sempre foi e não foi só pelo fato que ele era meu afilhado.


- Ele é legal, é como ter um irmão mais velho. - respondeu meu filho, eu ri, era verdade que Harry sempre agia como um irmão mais velho, as vezes preocupado e as vezes implicando com os irmãos, mas ele sempre trazia um sorriso no rostos deles. - Mãe, eu quero um irmão mais velho. - soltou Neville


- Desculpe Nev, mas isso não é possível. - eu disse rindo um pouco.


- Por que não?- meu filho perguntou confuso.


- Por que todos os filhos que eu tiver a partir de agora vai ser seu irmão mais novo!- eu expliquei.


- mamãe, boba! - meu filho disse e ainda por cima revirando os olhos para mim! - Eu to falando do Harry, é claro! Ele pode ser meu irmão mais velho! Jake falou que ele é o melhor irmão mais velho do mundo!- explicou Nev. Minha garganta fechou e meus olhos encheram de lágrimas. Meu filho o considerava como um irmão mais velho, como que apesar de tudo que Harry passou ele ainda consegue conquistar todos? – Mas eu também quero uma irmãzinha. - falou Nev de repente e eu revirei os olhos.


- Seu pai te pediu para falar isso, certo?- perguntei. Neville corou e olhou para o lado. - Deixa seu pai comigo, agora vai dormir!


Passei o cobertor em volta dele e dei um beijo na testa dele.


- Boa Noite, amor. - eu disse.


- Boa Noite mãe. - bocejou meu filho.


- Te amo. - eu falei


- Também te amo. - respondeu o meu filho antes de cair na terra dos sonhos. E eu sempre me perguntei se toda vez que ele dissesse isso o meu coração iria continuar querendo sair pela boca. E apesar de tudo, eu rezava que a resposta fosse sim.


Depois disso foi à vez de colocar os gêmeos para dormir. Eles estavam um pouco desconfortáveis, isso era óbvio. Eles estavam acostumados com Harry os botando para dormir. Eles estavam acostumados com uma figura masculina, era por isso que Frank se dava bem com eles, e me cortava o coração ver que Lilian não fez nem isso para eles. Limpei os meus pensamentos e fui para a porta.


- Frank! Essa tarefa é sua! - Eu apontei para o quarto onde os gêmeos estavam se preparando para dormir. Frank abriu um sorriso e entrou no quarto, enquanto eu seguia rumo onde Harry estava.


Quando cheguei, ele estava de pijama trocado e deitado na cama virado para a janela. Cheguei perto dele e deitei ao seu lado. Fazia um bom tempo que eu não o via, Frank, Neville e eu tínhamos viajado. E eu estava morrendo de saudade dele. E o que mais me deliciava era que comigo ele não era tão sério, ele agia mais ou menos de acordo com a sua idade.


- O que foi? Já vai dormir? Não vai nem dar um abraço, um beijo nessa madrinha que te ama? - eu perguntei começando a fazer cócegas nele. Ele ria, mas eu sentia que tinha alguma coisa o segurando. - O que foi? Desembucha! O que passa nessa cabecinha ai? - eu perguntei apontando para a cabeça dele. Mas ao invés de sorrir ele fechou os olhos e virou a cabeça para a janela. - Harry, o que houve?- eu perguntei preocupada.


Mas Harry não estava me olhando nos olhos. Então eu soube que eu tinha que dar um tempo para ele, ele me falaria quando estivesse pronto. Era assim que Harry era.


Então eu comecei a passar a mão na barriga dele fazendo carinho. Depois de alguns minutos ele virou a cara para mim e me olhou nos olhos.


- O que foi?- eu perguntei suavemente.


- Por que... - sua voz quebrou e eu soube que o que ele falaria me quebraria também - ... ela... será que ela... me ama? - seus olhos estavam indecifráveis.


Mas sua pergunta era válida. E eu não precisava perguntar sobre quem era ela. Mas como será que eu respondo isso? Será que ela ama? E apesar de tudo que ela fez, olhando para esse menino que estava aos meus braços eu não pude imaginar outra resposta.


- Sim, ela ama. Ela seria doida se não amasse. - respondi olhando nos olhos dele. Mas Harry tinha desviado os olhos, agora eu não ia saber se ele tinha acreditado em mim ou não.


- Você me ama?- ele perguntou de repente.


- Sim. - eu respondi sem hesitação.


Harry ficou em silencio, eu quase podia ouvir as engrenagens do seu cérebro trabalhando.


- Você é minha madrinha, certo?- ele perguntou hesitante.


- Sim. - eu respondi.


- Eu li... - ele começou então parou.


- Você leu... - eu incentivei.


- Que uma madrinha era como uma segunda mãe. - ele falou. Meu coração começou a bater mais rápido e minha respiração vir superficial - Mas como eu não tenho uma primeira mãe... Eu estava pensando se você pudesse ser... - ele falou com a voz fraca. Meu coração batia freneticamente, parecia que queria sair da boca, e meus olhos já não conseguiam segurar a umidade. Eu chorava e Harry me olhava assustado, eu só parei de abraçar ele e chorar quando uma flor vermelha apareceu. Eu ri quando pegava ela e olhei para Harry que estava sorrindo timidamente. Então eu percebi que estava lhe devendo uma resposta.


- Sim, eu adoraria ser a sua mãe. - eu falei e ele abriu o maior sorriso que eu já o vi dar, foi bom ouvir que ele me considerava sua mãe, pois ele já era meu filho há muito tempo.


Naquela noite eu fiquei velando o sono dele, passei a mão na testa dele e fiz carinho. Esse menino precisava de amor, e se dependesse de mim, isso ele teria de sobra. Naquela noite eu não percebi que tinha acabado de dormir na cama junto com Harry, eu não tinha percebido Frank entrar e apagar o abajur e nos dar um beijo de boa- noite em nós dois. Eu não tinha percebido que seria a ultima vez que eu o teria nos meus braços, pois três dias depois ele teria desaparecido e eu não o veria mais durante uns bons anos. Se eu soubesse, talvez eu falaria o tanto que ele era importante para mim, talvez Neville teria conseguido o irmão que sempre quis, talvez eu não teria que dormir pensando e ficando preocupada sem saber onde ele está. Se eu soubesse, talvez as coisas seriam diferentes.


Flashback off


Alice chorava no sofá, então pegou a varinha e murmurou um feitiço. Segundos depois um papelzinho veio em sua direção e nele estava escrito.


Mãe


Eu fugi, os gêmeos estão comigo. Estamos seguros, temos uma casa e comida. Não se preocupe. E não se esqueça que eu te amo!


Beijos de seu filho


Harry Potter


Era a mesma letra elegante de Harry, e apesar de saber que Harry era muito novo para se virar sozinho e ainda por cima cuidar dos irmãos, Alice não pode deixar de acreditar nas palavras que foram escritas naquele pedaço de pergaminho. Pois ela conhecia Harry e ela sabia que ele daria conta de tudo. Afinal ele era Harry Potter, o seu afilhado, o seu filho.


-o-o-o-o-o-o-o-o-o-o-o-o No Jardim da Mansão Potter –o-o-o-o-o-o—o-o-o-o


Lilian Potter era um poço de culpa. Ela mal se lembrava dos filhos. E os seus próprios filhos a odiavam. E agora ela estava andando pelo jardim em busca de resposta. Ela só queria se lembrar deles, não era pedir demais...


Estou cansado! Estou farto de ter que aturar vocês dando uma de família perfeita, enquanto claramente não são! Eu cresci com vocês 6 anos de minha vida, 3 delas foram maravilhosas! Os outro s 3 foram claramente como estar no inferno.


Um flash apareceu e a memória de Lilian se libertou. Lily ouvia a voz do menino, era uma voz tão fria que lhe dava arrepios na espinha, era uma voz sofrida...


Vocês não viram os gêmeos crescerem! Não foram vocês que ouviram as primeiras frases deles. Não foram vocês que ouviram Lizie virar e falar "Arry cadê mamãe?" E você não ter o que responder!


Lilian via a imagem na sua cabeça, via o modo que o menino protegia os irmãos. Protegia eles... dela.


Não foram vocês que viram eles darem os primeiro passos de verdade, correr na grama, brincar com os brinquedos velhos do Henry porque vocês não se lembravam deles o suficiente para comprar novos.


O que foi que eu fiz? Por que eu não me lembro de ver meus filhos crescerem? Essa era umas das perguntas que estavam rodeando a cabeça de Lilian.


Vocês não foram os primeiros a receber a frase "eu te amo" deles. Como vocês não puderam perceber todo esse tempo o tanto que eles são adoráveis? Eles são seus filhos! Carne da sua carne, sangue do seu sangue!


Meu filho... O que foi que eu fiz?- pensava Lilian desolada.


Cansei de esperar, está na hora de em encontrar a minha felicidade. Vou embora dessa casa hoje!


Eles se foram... Eles se foram...


- NÃO!- gritou Lilian desesperada.


Harry olhou para ela, verde com verde, balançou a cabeça e fez a pergunta que lhe perseguiria em sua mente durante os anos seguintes


- Por quê? - então pegou a mão dos gêmeos e... Partiu.


Eles se foram... Eles se foram...


Essas foram as palavras que rodeavam a mente de Lilian, até que de repente um borrão de imagem veio em sua mente. E pela segunda vez ela viu tudo.


E quando mais viu mais os seus joelhos fraquejavam, até que caiu de joelhos no gramado e mais uma vez se viu sem resposta para aquele menino de olhos verdes iguais ao seu, aquele que agora ela reconhecia que era o seu filho, Harry.


- Eu não sei, Harry, eu não sei. Mas se eu souber quem fez isso comigo eu te prometo que vai sofrer a ira de uma mulher que acima de tudo é uma mãe. - prometeu Lilian com os olhos determinados.


E olhando para o vento que agora balançava os seus cabelos, uma promessa foi selada. E tinha a intenção de ser cumprida.


.


.


 


NA: enfim, aki está mais um cap.


Bjs


Mary-Veiga
.

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Comentários (1)

  • Bárbara JR.

    Eu tava lendo essa fic no fanfiction.net, não sei como a achei aqui na floreios. MELHOR PRA MIM! Vou poder te vigiar aqui e lá agora! Cara, eu amo demais as suas fics e estou simplesmente ansiosa pra ler o proximo capitulo.  

    2012-02-13
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