Lua cheia



Capítulo 5: Lua cheia

No dia antes da lua cheia, Remus se encontrava enterrado debaixo dos cobertores em sua cama. Ele estava começando a sentir os efeitos da lua cheia chegando. Tudo lhe irritava com mais facilidade e estava tendo fortes dores de cabeça. Sua pele já pálida, estava ficando cada vez mais pálida. Sua energia estava se exaurindo. Ele sabia que ainda tinha que ir para suas aulas hoje, mas primeiro tinha que tentar sair da cama. Com a lua cheia de amanhã, ele se sentia tão fraco ao ponto de cogitar se consegueria aguentar a demanda de aulas e tarefas.


E ainda aturar James e Sirius, o que não era tarefa para qualquer um.


Remexeu-se na cama e olhou para o relógio. As aulas seriam em dez minutos. Ele tinha perdido o café da manhã, mas não era como se ele se importasse. Com seu estômago naquele estado, ele preferia ficar sem comer mesmo.


Olhando ao redor do dormitório, Remus viu que todas as camas de seus amigos estavam vazias. Ele já sabia que estaria assim. Ele praticamente chutou a bunda deles para que o deixassem em paz com seu sono e irritação constante pré-lua cheia.


Rolando para fora da cama, ele se arrastou até o banheiro e foi se vestir. Depois de tomar quinze minutos para se vestir, Remus saíu do dormitório. Ele já estava atrasado mas não dava a mínima. Suas pernas pareciam gelatinas.


No momento em que ele chegou em Defesa Contra as Artes das Trevas, ele já estava atrasado trinta minutos. Fez seu caminho até o habitual lugar no fundo da sala onde James e Sirius se encontravam, com Peter sentado na frente deles com uma cadeira vaga. Remus se juntou a eles em silêncio, descansou a cabeça em um braço e tomou notas com a mão livre.


A professora sorriu simpaticamente para ele e retomou a aula. No final da aula, ela puxou Remus e liberou os outros. Ela esperou até que todos tivessem ido embora.


James, Sirius, e Peter estavam no fundo da sala, observando Remus e a professora.


Ela percebeu, pois logo em seguida estava lhes dando um sorriso gentil:


- Vão na frente, meninos. Só irei tomar um segundo de Remus - seu tom implicou que não haveria como discutir com ela.


Remus sorriu para seus amigos e acenou com a cabeça.


Relutantemente e com James ainda lançando olhares desconfiados à professora e Remus, os três rapazes deixaram a sala de aula e esperaram por Remus.


- Remus, você está bem? - Rana perguntou, assim que a porta foi fechada. Seus olhos azuis expressavam preocupação.
- Sim - Remus respondeu. - Só um pouco cansado. Mas isso é comum para alguém como eu. Desculpe o atraso.


Ranna suspirou e afastou os cabelos castanho claro por cima do ombro.


- Remus, quero que escute bem o que vou falar. Todos os professores sabem da sua condição. Não tem problema se você quiser faltar as aulas de hoje e as de amanhã. Se você estiver se sentindo indisposto, talvez seja melhor ir descansar.


Remus fechou os olhos e balançou a cabeça levemente, para não piorar sua dor de cabeça.


- Eu agradeço a preocupação, professora. Mas eu não posso faltar todas as aulas nesses intervalos da lua cheia. Isso seria suspeito e... bem, eu já tenho que pegar matéria atrasada, então... eu vou ficar bem.
- Se você está seguro disso... - a professora Ranna parou e suspirou. Ela pulou de volta para o modo professora. - Liberado, sr. Lupin.
- Sim, senhora - deixando a aula para encontrar seus amigos, que obviamente já estavam esperando por ele.


Todo dia seria a mesma coisa. Os professores puxariam Remus para perguntar como ele estava se sentindo, se ele estava bem. Ele seria parado nos corredores para ser interrogado da maneira mais discreta possível, é claro. Depois de um tempo, ele começou a desviar de rota cada vez que via um professor.


Seus amigos pareciam preocupados com esse tipo de atitude. Vinda de Remus, então, mais preocupados ainda. Sua preocupação aumentou quando notaram que ele saltava todas as refeições do dia.


No dia seguinte, James, Sirius e Peter, e Frank levantaram cedo. Eles se prepararam para as aulas antes de irem para a cama de Remus, tentar fazer o garoto reagir, seja com chutes ou indo para as aulas.


- Remus, hora de levantar! - Sirius chamou.


Remus gemeu e abriu os olhos.


- O quê?
- Café da manhã - James explicou.
- Vão na frente sem mim. Eu alcanço vocês - Remus respondeu, antes de puxar o cobertor sobre a cabeça e enterrar a cabeça no travesseiro.
- Isso é o que você disse ontem, espertinho. E você nunca chegou no café e se atrasou para Defesa Contra as Artes das Trevas - Sirius respondeu.
- Você precisa comer. Você não comeu nada ontem. Você vai entrar em colapso se não comer! - James apontou antes de franzir a testa e puxar os cobertores para longe da cabeça de Remus. - Na verdade, você parecia prestes a entrar em colapso ontem. Você está bem?
- Excelente - Remus rosnou, a voz abafada pelo seu travesseiro. Levantou a cabeça para encarar James.
- Você tem certeza? Você parece mais pálido que o costume - James perguntou, a preocupação pelo amigo lavando seu rosto.
- Eu já disse que estou bem - Remus rosnou novamente.


Sirius não parecia convencido, mas deu de ombros para James, que suspirou.


- Se você tem certeza, então levante-se para irmos tomar café.


Remus balançou a cabeça e puxou o cobertor sobre a cabeça, indo para seu esconderijo novamente.


- Eu não quero comer.


Sirius disse elevando a voz aos poucos:


- Por quê? Você tem que estar morrendo de fome. Você não come há séculos...
- Só não estou com fome!
- Você está doente? - James perguntou. Remus não respondeu, fazendo James soltar uma exclamação cansada e puxar os cobertores de novo. - Remus!


Mas Remus continuou inerte. Talvez fosse melhor deixá-lo em paz. Mas James continuava com a pulga atrás da orelha. Remus realmente parecia doente.


James olhou para Sirius, ainda com a testa franzida.


- Fique na cama hoje, então. Mate as aulas. Vamos dizer aos professores que você não está se sentindo bem - James disse.


Remus acenou com a cabeça e se enrolou ainda mais nas cobertas.


- Certo. Durma um pouco, cara.


Remus ouviu o barulho dos pés de seus amigos desaparecendo. Quando não podia mais ouví-los, se aconchegou mais ainda na cama e dormiu, tranquilo.


James, Sirius, e Peter foram para o café da manhã juntos, conversando em voz baixa, Frank estava seguindo atrás deles, parecendo intertido em uma conversa com uma garota de cabelos espetados e curtos.


- Espero que Remus fique bem. Ele não parecia nada bem...
- Ele ficaria melhor se ele simplesmente comesse alguma coisa - Sirius disse.
- Vamos levar comida para ele no intervalo - Peter respondeu.
- Sim, então nós apenas teremos que enfiar a comida guela abaixo - Sirius rosnou.


Peter rolou os olhos.


- Bem, ele precisa comer...
- De um jeito ou de outro - James completou em um tom que disse que a discussão estava acabada.
- Então é isso. Quando Remus se sentir melhor, nós temos que pensar em um nome para o nosso grupo. Um nome original e bacana. Com esse nome e nossos feitos, vamos nos tornar lendas e quebrar os recordes da escola - Sirius disse animadamente.


James manifestou o seu acordo.


- Então, essa é a hora que vocês irão fazer de Remus um brincalhão? - Peter disse, sorrindo.
- Sim e também teremos uma competição. Vamos todos participar - Sirius respondeu. Um sorriso mal formando em seus lábios.


James olhou curioso para Sirius. Ele era competitivo. Isso seria interessante.


- Que tipo de competição?
- Explico quando Remus estiver melhor. Eu vou explicar só uma vez - Sirius respondeu, quando chegaram ao Salão Principal.


James avistou Lily. Ela já estava sentada entre as amigas e parecia estar em uma conversa agradável. Ela sorria e gesticulava com as mãos, uma hora ou outra revirava os olhos, mas ainda assim, sorrindo. Ela foi tirar as mechas ruivas que estavam a atrapalhando do rosto, no momento que capturou o olhar de James sobre ela. Desviou o olhar rapidamente e James ouviu suas amigas rindo e apontando para ele. Ele balançou a cabeça - sorrindo - e seguiu seus amigos.


Em Transfiguração, McGonagall pregou seus olhos nos rapazes. Ela parecia bem preocupada.


- Onde está o sr. Lupin?
- Eu disse para ele ficar na cama hoje, professora. Ele não parecia bem - James respondeu, enquanto tomava seu lugar.


McGonagall balançou a cabeça e começou sua aula. Enquanto ela explicava, reparou que James estava tomando notas. Parecia surpresa e, talvez, orgulhosa.


Ele lhe lançou um olhar confuso enquanto ela se dirigia até sua carteira.


- Alguma coisa errada, professora?
- Você... você está tomando notas? - McGonagall perguntou, chocada.
- Só achei que Remus gostaria, já que ele não está aqui hoje - James respondeu.


McGonagall sorriu para ele.


- Isso é bom, sr. Potter. Muito bom.


James fez a mesma coisa em História da Magia.


Depois de História da Magia, os três seguiram para o almoço. Comendo rapidamente para poderem encher guardanapos com sanduíches enormes. Subiram para o dormitório, tentar encontrar Remus. Se tivessem sorte, o garoto estaria lá como mandaram. James adiantou-se e foi encher um copo d'água. Ele colocou o copo sobre a cômoda ao lado da cama e puxou o cortinado.


- Remus, nós já chegamos - James disse gentilmente, cutucando Remus na lateral. - Acorde, acorde.


Remus começou a se mexer durante o sono e afastou a mão de James.


- Cedo, me deixe... dormir... - murmurou incoerentemente.
- Levanta, Remus.


Remus abriu os olhos lentamente, para encarar três rostos preocupados olhando em sua direção.


- O quê é?
- Seu almoço - James respondeu automaticamente.
- Não estou afim de almoçar - Remus respondeu.
- Você precisa comer, cara - Sirius respondeu, entregando os sanduíches para o amigo.


James sentou na beirada da cama de Remus.


- E não vamos sair daqui até você comer a porcaria do sanduíche - disse em tom definitivo.


Remus olhou para James - determinado e teimoso, resolveu não discutir com ele. Sabia que ele o ganharia pelo cansaço.


- Tudo bem. - ele disse, suspirando, mal humorado. Remus mordeu um dos sanduíches enquanto falava: - Pronto, está feliz?
- Sim. Nós vamos trazer de novo mais tarde - Peter disse.


Os três amigos deixaram o dormitório, nenhum deles percebendo o olhar perturbado no rosto de Remus. Quem sabe, talvez, James, que ainda achava esse comportamento realmente estranho.


Quando a última aula do dia começou, Remus se levantou. Deixou seu dormitório e para a ala hospitalar.


Madame Pomfrey parecia surpresa ao ver o garoto ali aquela hora.


- O que você está fazendo aqui, querido? Ainda temos algumas horas antes de você ir...
- Meus amigos me fizeram ficar na cama hoje, achando que eu estava doente. Eles nunca me deixariam sair do dormitório mais tarde nesse estado que eles acreditam que eu estou. Achei melhor vir agora.


A enfermeira sorriu.


- Você tem amigos que realmente se importam com você. Você quer ficar por aqui até dar o horário ou prefere ir agora?


Remus pensou por alguns minutos. Se ele ficasse, então, seus amigos, provavelmente viriam para a ala hospitalar procurá-lo. Eles provavelmente o repreenderiam por ter deixado o dormitório sem avisá-los. Se ele fosse para o prédio agora, então ele não teria que ouvir as palestras deles. E isso seria muito bom para os ouvidos de Remus.


- Eu acho que... talvez devesse ir agora. Definitivamente, não quero correr o risco deles me virem aqui - Remus respondeu. Ele parecia muito preocupado com essa ideia.


Madame Pomfrey sorriu tristemente.


- Claro. - a enfermeira desapareceu em seu escritório e voltou com um manto azul. - Vista isso. Não queremos que ninguém veja seu rosto, não é mesmo?


Remus pegou o manto e caíu sobre uma cama. Puxou a capa sobre a cabeça, esperando mesmo que ninguém o reconhecesse.


- Madame Pomfrey?
- Sim?
- Se importa se eu deixar minha varinha aqui?
- Deixe, deixe - Madame Pomfrey levou a varinha e a capa do uniforme para o escritório.


Quando ela voltou, levou o garoto para o Salgueiro Lutador. Como todos estavam em aula, não houve nenhum imprevisto ou alguém não desejado cruzando seu caminho.


Quando chegaram ao Salgueiro Lutador, Madame Pomfrey pegou uma vara longa e apertou o botão que havia escondido entre as folhas secas no chão. A árvore congelou imediatamente.


- Vá em frente, sr. Lupin. Através do túnel. Deixe o manto no começo do túnel, assim que você tem isso para amanhã de manhã.
- Obrigado - Remus murmurou, enquanto deslizava no túnel.


No final do túnel, Remus jogou o manto fora e empurrou a porta do alçapão. Ele encontrou-se em um velho prédio. Havia uma sala e um banheiro no primeiro andar. Remus subiu as escadas e encontrou três quartos e um segundo banheiro no segundo andar. Todas as janelas e a porta da frente foram bloqueadas de modo que o lobo não pudesse sair de casa. Ele entrou em um dos quartos e decidiu tirar uma soneca, esperando a noite chegar.


~~~~~~~~


James, Sirius, e Peter dirigiram-se até o dormitório depois do jantar, com mais sanduíches para Remus. Eles estavam sorrindo e falando sobre um feitiço que James disparou contra Snape durante o jantar. A azaração mudou a cor dos cabelos de Snape. Seu cabelo, de um preto sem vida e escorregadio, passou para vermelho e dourado. Então Sirius lançou outro feitiço nas roupas do garoto, que de negras e verde e prata se transformaram em um vestido amarelo estampado com uma flor branca, com lantejoulas douradas em volta. Peter conjurou um anel de flores e colocou sobre a cabeça sebosa de Snape. O garoto estava tão envergonhado que saiu correndo do salão cuspindo raiva e vermelho como um tomate. Todo mundo estava rindo dele e os alunos da Grifinória batiam palmas, menos Lily Evans. E isso, com certeza perturbou muito James. Qual era o problema dela? Aquilo era uma brincadeira! Mas James não deixaria isso transparecer. Muito menos para ela.


- Da próxima vez poderemos adicionar tranças ou cobrir as roupas dele com papel higiênico molhado... ah, cara, eu pagava para ver aquela cara dele novamente... - Sirius ia dizendo.


Os três amigos entraram no dormitório rindo e fizeram o seu caminho para a cama de Remus.


- Ei, Remus, olha o que nós trou... - Sirius parou de falar quando puxou as cortinas. A cama estava vazia. Ele olhou para James e Peter, em confusão. - Onde diabos ele está?
- Talvez a enfermaria - Peter sugeriu.
- Vamos tentar - James concordou, puxando Sirius e Peter consigo.


James correu para fora da sala comunal, esbarrando em alguns alunos, mas sem se importar. Sirius e Peter corriam atrás dele. Peter e James derraparam para não colidirem com a porta vem-e-vai, mas Sirius não.


Ele parecia estar afim de levar alguns gritos e chutes de Madame Pomfrey...


- Madame Pomfrey! - Sirius gritou enquanto entrava na sala, arrombando a porta e correndo os olhos pelas macas. James também.
- Shhh! Não permito esse tipo de comportamento aqui...! - Madame Pomfrey exclamou com a mão no peito, arfante, surpresa com a aparição inesperada dos garotos.


James deu a ela seu sorriso mais angelical.


- Desculpe. Estamos apenas procurando Remus. Ele está doente. Nós falamos para ele ficar na cama mas ele teima em não ouvir a gente. Então, pensamos que talvez ele pudesse ter aparecido aqui. Queremos ter certeza que ele está bem.
- Meninos, me desculpem mas... seu amigo não está aqui. Eu tenho certeza que ele está... bem - ela disse, sorrindo fracamente para eles.


- Tem certeza que ele não está por aqui? - Sirius perguntou.
- Nem apareceu? - James tentou.
- Ele pode ter vindo e a senhora não viu e...
- ... ou viu e não quer nos contar...
- Sim, eu tenho certeza. Agora retornem para o dormitório, ok? - Madame Pomfrey ordenou. - E não desviem o caminho!


~~~~~~~~


Remus acordou com um susto enquanto sentia um empurrão violento dentro de si. Ele olhou para fora, por uma rachadura de uma das janelas, simplesmente para ver que o sol já tinha ido embora. A lua se destacava em meio a escuridão no céu a noite.


Remus sentiu aquela imensa dor percorrendo por todo o seu corpo. Recebeu empurrões violentos quando todos os seus ossos começaram a fazer o trabalho da transformação. Seu físico não era mais do menino que era há poucos instantes. Sua parte externa sendo rasgada, assim como seus órgãos. O filhote de lobisomem uivava de dor. Seus olhos mudaram do habitual ouro brilhante para pupilas negras. Ele se jogou no chão com suas garras enquanto seu corpo dava outro puxão violento. Ele se levantou sobre as patas traseiras e uivava de dor novamente.


Quando a transformação estava completa, o lobo tomou conta de Remus. Ele não pensava mais como um ser humano e sim como um animal selvagem. Selvagem e perigoso. Um lobo selvagem à procura de carne humana. Ele tinha o desejo de sangue na boca.


O lobo correu para fora do quarto. Correu à procura de uma saída para caçar a carne humana, que desejava tanto. Não vendo saída, o lobo correu ao redor da casa arranhando a parede e ele próprio. Ele atacou a parede na esperança de sair do edifício. Mas de nada adiantava.


Vendo que atacar a parede não resultava em nada, o lobo começou a atacar a si mesmo. Ele mordeu e se arranhou. Uivava de dor e raiva, agonia.


~~~~~~~~~~~


James foi o primeiro no dormitório a acordar na manhã seguinte, e percebeu que Remus não tinha retornado. Sonâmbulo foi a primeira razão que James encontrou, ou sofria com pesadelos, ou estava escapando para se encontrar com alguém. Sonambulismo era mais provável, pensava James. Mas ele ainda estava preocupado com o amigo. Vendo que não teria solução, só restava esperá-lo para perguntar o que estava errado. Vestiu-se rapidamente, em silêncio, e seguiu para o corujal, para mandar uma carta para seus pais. Sua mãe lhe fez prometer que escrevia.


Estava sendo uma manhã agradável enquanto James caminhava até a torre onde as corujas eram mantidas, e ele estava ansioso para ver sua coruja, que tinha ganhado especialmente por causa de sua vinda para Hogwarts. No entanto, quando James entrou no corujal ele percebeu que não estava sozinho.


Lily Evans também teve a ideia de enviar uma carta. Ela não pareceu notá-lo, então James tomou sua primeira oportunidade de olhar para ela de forma adequada, especialmente sem Ranhoso estar por perto.


Ela era bonita, muito bonita, aliás. Ele pensou que ela fosse a coisa mais radiante que ele já tinha visto na vida. O modo como o cabelo vermelho vivo parecia brilhar ainda mais com a luz do sol, descendo em cascatas por suas costas.


Mas ela também era muito implicante. Não entendia as brincadeiras dele. E ela andava com o Ranhoso! Como ela era amiga de um sonserino e não amiga dele? James não entendia.


James pensou que poderia ser capaz de colocar os últimos dias para trás e serem amigos, e então ela se virou, reparando que não estava mais sozinha. James encarou os olhos verdes vibrantes com surpresa, não esperando que ela o pegasse encarando-a.


- Ah... é você - ela disse, um leve tom de irritação tomou conta de sua voz, os olhos verde esmeralda parecendo ainda mais brilhantes que ontem.
- Prazer em vê-la também, nesta bela manhã, senhorita Evans - James respondeu, num tom de voz deliberadamente brilhante usado especialmente quando os outros estavam com raiva dele.
- Seja qual for - disse ela, voltando-se para sua coruja.


James suspirou, mas não fez qualquer outro comentário enquanto escrevia sua carta e a amarrava na coruja. Viu ela voar através do céu de manhã cedo e deixou o corujal. Seguiu seu caminho, deixando o corujal para trás, descendo as escadas tranquilamente... Até reparar que a cabeça-de-fogo também descia com ele.


- Potter! - ela exclamou, fazendo-o virar para encará-la - Por que você é tão mau com Severus? O que ele f...
- Evans, seus pais são trouxas, não são? - James perguntou. Ele nunca, jamais, nunca iria usar a "sangue-ruim". Ele odiava essa palavra.
- O que isso tem haver com alguma coisa? - ela perguntou, cruzando os braços.
- Significa apenas que você não sabe que existem certos tipos de bruxos, porque o mundo mágico é novo para você - James disse gentilmente. Ela olhou para ele como se pudesse lhe dar um belo soco, se quissesse. - Pegue qualquer um da Sonserina, como Ranh... Severus - continuou. - Eles são bruxos ruins, de gerações de bruxos ruins. Eu se fosse você, ficaria longe deles.


Ela não estava acreditando no que ele estava dizendo. Ele estava achando o quê?


- Por quê eu não posso me cuidar? Por quê eu sou nascida-trouxa? Por quê eu sou uma garota? Acho que eu vou decidir quem são os bruxos bons ou ruins para mim! - disse Lily, antes de passar na frente dele com o nariz arrebitado, cuspindo raiva.


Não querendo parecer que estava seguindo ela (apesar de estarem na mesma casa) James decidiu ir para o Grande Salão para o café da manhã.


Garotas são as criaturas mais esquisitas do mundo.


~~~~~~~~~~~~


Quando amanheceu, as dores da transformação voltaram novamente. Seus ossos e órgãos voltaram para o tamanho normal. Tinha acabado, finalmente.


E então, Remus caíu inconsciente no chão.


- Remus. Remus, querido, você está bem? - uma espécie de voz suave, perguntou.


Remus gemeu baixinho e tentou abrir os olhos. Óbvio que ele não estava bem.


- N-não. Arranhões... meus b-braços...
- Venha comigo - Madame Pomfrey respondeu. Ela envolveu Remus no manto que tinha lhe dado no dia anterior. Depois de envolver-lo e ter certeza que seu rosto estava coberto, Madame Pomfrey conjurou uma maca e levou Remus até a escola.


Na ala hospitalar, Madame Pomfrey deixou Remus em uma cama, em seguida, cercou a cama do rapaz com cortinas. Ela o deixou por alguns, até entregar-lhe algumas peças de roupas.


- Onde a senhora conseguiu um conjunto de vestes da escola? - Remus perguntou. Sua voz era áspera e seca, como toda vez depois de uma noite exaustiva de lua cheia.


- Eu tenho alguns conjuntos extras aqui, por precaução, depois das suas transformações - ela explicou, enquanto lhe passava um copo de água.


Remus assentiu como agradecimento e bebeu a água em dois goles grandes.


Madame Pomfrey começou a curar as feridas da melhor forma que pôde. Quando ela terminou, passou gaze nos ferimentos.


- Uma vez feridas de lobisomem, não se pode corar totalmente ou cicatrizar... sinto muito...
- Está tudo bem, sério. A senhora fez um bom trabalho - Remus respondeu.
- Obrigada. Além disso, você precisa pensar em uma desculpa a respeito do porque você desapareceu. Seus amigos vieram aqui ontem à noite, como loucos, procurando por você - Madame Pomfrey disse-lhe. - Você tem um tempo para pensar em uma desculpa já que eu não vou liberá-lo até o jantar...


Remus assentiu e agradeceu novamente.


Madame Pomfrey balançou a cabeça e sorriu para ele.


- Você parece melhor do que ontem. Você não está mais tão pálido. Ainda se sente mal?
- Não. Eu estou perfeitamente bem. Só estou cansado.
- Então vá dormir. Vou acordá-lo quando for a hora do jantar - ela disse antes de puxar o cortinado e rumar para seu escritório depois de certificar-se que Remus não precisava mais de seus serviços.


~~~~~~~~~~~~


Ao entrar no Salão Principal mais tarde naquela noite, Remus sentou-se à mesa da Grifinória. Ele já estava comendo quando três pessoas se juntaram a ele. James se sentou próximo a ele e Peter e Sirius em frente a ele.


- Oi, caras - Remus cumprimentou e deu um sorriso.


Seus amigos o cumprimentaram e começaram a comer. Remus soube que não escaparia.


Quando terminou de comer, Remus começou a se levantar, quando uma mão o puxou pelo ombro de volta à mesa. Ele olhou confuso para James, enquanto este olhava para ele com os olhos cerrados.


- Fique aí.


Remus suspirou e sentou-se à espera de seus amigos.


Terminado o jantar, ele saiu do Grande Salão o mais depressa que pôde. Claro, seus amigos o seguindo. Ele já sabia por que o fizeram ficar. Eles estavam com medo que ele fosse desaparecer novamente.


Chegando no quarto, Remus se jogou sobre a cama, encarando o teto, menos James ou Sirius, que estavam no final da sua cama com os braços cruzados e carrancas plantadas em seus rostos. Peter estava sentado na cama de James, olhando para Remus, com carranca no rosto também.


- Remus, onde foi que você se meteu ontem a noite? - James perguntou, os olhos se estreitando.
- Nós corremos que nem loucos para a ala hospitalar - Sirius acrescentou.
- Eu... eu fui visitar minha mãe. É que ela... ela está muito mal. - Remus inventou. -Meu pai tinha medo que ela fosse... sabe. Então ele resolveu vir me buscar.


James empalideceu.


- Sinto muito, cara. Nós só estávamos preocupados com você. A sua mãe está bem?


Remus assentiu com a cabeça.


- Sim. Ela ainda está... viva. Já passou.
- Isso é bom - Peter disse.
- Você poderia ter deixado um recado - Sirius disse, ainda com um olhar preocupado.
- Ou só avisar a gente, mesmo - continuou James.


Remus assentiu com a cabeça.


- Desculpe.


James continuava a avaliar a expressão de Remus, como se a verdade estivesse escondida por ali.


- Por quê você não ficou aqui? Você estava doente, Remus, mesmo q...
- P-porque eu, huh, eu... - Remus gaguejou e olhou para qualquer lugar do quarto, menos para seus amigos. -, e-eu fiquei... minha mãe... Eu queria vê-la o mais rápido possível. E depois de comer os sanduíches, que vocês me obrigaram a comer, eu estava me sentindo um pouco melhor, então decidi ir.


James estreitou os olhos em suspeita, mas não comentou nada, exceto um "certo".


Sirius jogou-se em sua cama, tentando aliviar a tensão, ele retorna a um assunto que podereria interessar a todos. Quando digo todos, todos mesmo.


- Agora que estamos todos aqui, eu vou anunciar a competição que todos iremos participar em prol...
- Do quê é que você está falando?
- ... do bem e diversão de todos - Sirius continuou como se Remus não tivesse o interrompido, antes de virar-se para ele e explicar: - Será nossa primeira grande brincadeira, Remus. E junto com a brincadeira, vamos ter uma competição que vai durar pelos próximos sete anos - enquanto ele soltava as palavras, um sorriso diabólico ia se formando em seu rosto. - Vamos competir para ver quem consegue ter o maior número de detenções ao longo dos sete anos! Isso não é incrível?


Os olhos de Remus se arregalaram para o brilho travesso que faíscava nos olhos de Sirius. Ainda mais quando ele soltou uma gargalhada ao ver a reação do amigo.


- Não. Não. Não, eu não vou fazer parte disso...
- Ah, sim, você vai. Assim como você irá fazer parte do nosso primeiro malfeito, bem feito, claro.


James sorriu.


- Eu gosto da ideia da competição. Eu estou dentro. Peter?


Peter parecia inseguro, mas acenou com a cabeça nervosamente.


- Claro. Quais são as regras?


Remus bufou alto ao ouvir a palavra "regras". Ele duvidava seriamente - na verdade ele tinha certeza - que James e Sirius alguma vez seguissem regras. Parecia ser da natureza deles irem contra.


- Você não pode tentar ganhar uma detenção de propósito. Se você tentar ganhar uma detenção de propósito, a detenção não conta e você tem que fazer algo embaraçoso durante as horas de pico no meio do Salão Principal. - Sirius disse. - É a única regra. Fechado?


Remus abriu a boca para falar, mas foi cortado por James.


- Você está na competição. Não tente sair dela!
- Tudo bem - Remus resmungou. - Como vamos fazer para manter o controle das detenções?


Sirius desceu de sua cama e começou a procurar alguma coisa em seu malão. Depois de alguns minutos, ele puxou um pedaço de pergaminho.


- Isso vai manter o controle. Eu o enfeiticei para marcar cada detenção que um de nós receber. Se você quebrar a regra, o pergaminho vai alegar junto com seu nome.
- Isso é genial. Onde você aprendeu isso? - Remus perguntou.
- Descolei num livro - Sirius disse encolhendo os ombros, indiferente.
- Você? Na biblioteca? Sério? O que eu perdi nesse meio tempo? Lily falou civilizadamente com James? - Remus zombou.
- EI! - James protestou de sua cama.
- Brincadeira.
- Eu fui para testar meu novo estoque de bombas de bosta. Funcionou perfeitamente. Madame Pince me ensinou alguns bons palavrões. Aproveitei da distração de todos para pegar o livro.
- Só podia ser - Remus disse controlando uma risada.


James sorriu, lembrando-se da cena, antes de voltar para Sirius:


- Quando planejaremos a brincadeira?
- Na noite de sexta-feira. Nós não podemos fazer esta noite porque Remus provavelmente quer descansar depois da viagem, então provavelmente... amanhã - Sirius respondeu alegremente.
- Podemos fazer na próxima semana? Eu tenho que pegar todas as notas e os deveres de casa que eu perdi nos dias que faltei - Remus perguntou.


Sirius suspirou e acenou com a cabeça.


- Eu tinha me esquecido disso. Ótimo, assim teremos mais tempo ainda.
- Isso me lembra... - James disse, pulando de sua cama. Ele agarrou sua mochila e tirou um monte de pergaminhos, jogando-os na cama de Remus. - Tomei todas as notas para você enquanto esteve fora.


Remus olhou para James, surpreso.


- Você... fez isso? Mesmo?
- De nada - James resmungou.
- Desculpe. Normalmente eu sou o único que faço anotações. Valeu, James.
- De nada, cara. Então, que tipo de brincadeira iremos fazer?


James, Sirius e Peter colocavam as ideias para fora, as vezes fazendo anotações, e rindo das ideias mais absurdas e engraçadas.


- Que tal este? - James sugeriu.
- Hmm, eu não sei. Acho que temos que começar com algo mais... leve. Vai ser a primeira brincadeira de Remus, e nós não queremos traumatizá-lo com palestras de horas na sala de McGonagall, não é?


Eles continuaram assim por um tempo, discutindo as tais brincadeiras.


- Encontraram alguma? - Remus perguntou, esticando o pescoço para ter uma visão melhor dos amigos.
- Sim, nós encontramos, você preci... - James começou a falar mas parou ao ver melhor o braço do amigo. - ... Remus, o que aconteceu com seu braço?


Remus olhou para o braço. Uma enorme marca estava ali. Foi um dos riscos que ele fez a si mesmo na noite anterior. Ele puxou a camisa do pijama, certificando-se de que cobria cada centímetro.


- Nada. Boa noite, pessoal - dizendo isso, puxou as cortinas.


James levantou uma sobrancelha e se levantou. Caminhou até a cama, suspirando, cansado.


- Remus.
- O quê? - ele disse enquanto tirava o rosto dos cobertores.
- Vamos ver o seu braço - Sirius exigiu do lado de James.


Vendo que Remus nada dizia, puxaram as cobertas.


- Honestamente, Remus! Você não entende que somos amigos? - Sirius perguntou. Ele agarrou os cobertores e os puxou para longe, de uma vez por todas. Enquanto James agarrou o braço de Remus antes que o lobisomem pudesse protestar. Levantando a manga de sua camisa, Sirius e James viram o longo corte profundo, que ainda estava cicatrizando.


- Remus, o que... o que aconteceu? - James exclamou.


O garoto cobriu seu braço machucado com o outro braço livre.


- É uma cicatriz antiga... quando eu era menor...
- Porquê você não pede para Madame Pomfrey curar?
- É apenas um arranhão. Desnecessário. É apenas um pequeno arranhão. - Remus respondeu hesitante. - Agora, se vocês não se importam, eu gostaria de dormir - dizendo isso, puxou as cortinas novamente.


Sirius e James olharam um para o outro, significativos. Eles se afastaram da cama de Remus e foram para a cama de Sirius. Peter veio e se juntou a eles.


- Isso não é um arranhão qualquer.
- Porquê ele mentiu para nós? Ele não tem motivo...


Peter franziu a testa e olhou para a cama de Remus.


- Não temos prova de que ele está mentindo. Além disso, James está certo. Ele não tem nenhum motivo para mentir. Vamos apenas... deixá-lo. Se tiver alguma coisa encomodando...
- Certo. Mas ele não precisa mentir - Sirius disse -, ele pode dividir o que quer que seja, conosco...


James virou-se para encarar o cortinado que cercava a cama de Remus:


- Ele sabe que pode contar com a gente - disse, firme.

Compartilhe!

anúncio

Comentários (9)

  • Lunna Evans

    Perfeiiiito... cap pefeeeeeito... quero maiss *-* vc escreve muitississsimo bem, amor... adorando saber como era a vida dos marotos no primeiro ano! *-* quase não tem Fic deles dessa epoca!

    2012-06-17
  • li li k wood

    capitúlo magavilhoso *-* sério, eu aaamooooooo suas fics..num para não!

    2012-06-14
  • i missing your love lupin

    issu aki visciaaaaaa!s2s2 

    2012-06-07
  • bruna O.

    MUITO BOM MESMO..PARABEENS 

    2012-06-01
  • clear jean granger malfoy

    melhor cap´itulo de todos na minha opinião. escreves muito bem mesmo! nota 5 é pouco

    2012-05-31
  • prankster

    e, porra, tu escreve fodasticamente guria!!!

    2012-05-30
  • prankster

    tá, isso aqui parece MESMO um livro de vdd!! o jeito como vc descreve as cenas, as caracteristicas fieis dos personagens...tudo aqui é sensacional! james, sirius e remus meus favoritos pra sempre!!devorei esse cap e to esperando com grande expectativa o proximo.NÃO DEMORA, SENÃO ME JOGO DA TORRE DE ASTRONOMIA!! 

    2012-05-30
  • i luv the marauders

    ai q pecado o remus..... vontade de abracar ele!!!! pecado.... kkkkkkkkkkkk o JAMES TOMANDO NOTAS?????????? BLOODY HELL!!! KKKKKKKKKKKKKKK adorei o cap.... valeu a pena a espera!! 

    2012-05-30
  • Flah .

    Tadinho do Remus.James fazendo anotaçoes :o kkadorei o cap :) 

    2012-05-30
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.