Capítulo 33
De noite, recebemos a notícia de que aquele concurso idiota de beleza, por motivos de força maior, tinha sido cancelado. Graças a Deus.
- Hm, Daniel Lyons. – Thalita chegou, junto com Patrícia.
Me virei.
- Nossa, que legal. O colégio inteiro viu?
- Não o colégio inteiro. Mas como por aqui as notícias não se espalham, é claro que já está todo mundo sabendo.
- Todo mundo? – perguntei, tentanto esquecer o pensamento que passava pela minha cabeça. Será que Escórpio também estava sabendo? Será que estava com ciúmes?
- Todo mundo. – Patrícia sorriu. – Parece que o Daniel fez questão de ir até a enfermaria contar para o Escórpio.
- E?
- E que o Daniel foi esperto o suficiente para sair de lá antes que a ficha do Escórpio caísse.
- Ah, claro. – suspirei. – Como se ele fosse se importar.
As duas se entreolharam e deram de ombros.
- Tanto faz. – disse Thalita. – Daniel tá aí fora querendo falar com você.
- Mas eu to feia! Preciso ir me arrumar!
- Tá linda, Lilian. Deixa de frescura. Agora vai. – Thalita me empurrou para fora da sala, me fazendo tropeçar e quase cair. Senti as mãos fortes me puxando para cima.
- É impressão minha ou você tem aptidão para cair sempre que eu estou por perto? – ele me encarava, sorrindo.
- Digamos que eu tenha um pouco de descoordenamento.
- Descoordenamento? Essa palavra existe?
- Não sei. Se não existir, acabei de invertar um novo dialeto.
Ele riu.
- Gosto de você, Lilian.
Eu corei.
- Você queria conversar comigo?
- Queria. – ele respirou fundo. – Na verdade era só uma desculpa. Eu queria te ver.
- Ah, bom, está vendo. – mordi os lábios.
- Sim. A coisa mais encantadora. Você não é forçada como as outras garotas.
- Forçada?
- Sim. Você não precisa forçar beleza. É bonita naturalmente. Bonita não. Linda. – ele sorriu e o sorriso dele me fez pensar se realmente não existia a perfeição.
- Daniel, assim você me deixa sem graça.
Ele se aproximou e tirou uma mecha de cabelo do meu rosto, colocando-a atrás da orelha.
- Lilian. – ele me chamou e assim que eu levantei os olhos, ele me beijou.
Acordei com uma dor de cabeça terrível e uma cólica que me indicavam que estava para acontecer. Estava na hora da minha melhor amiga vir atormentar meu mês. Legal.
Assim que me levantei, comecei a me lembrar dos detalhes da noite de ontem. Eu havia ficado com o Daniel. E o pior, eu tinha gostado. E apesar de saber que não tinha feito nada de errado, afinal eu estava solteira, eu simplesmente não conseguia evitar sentir a culpa que estava dentro de mim. Isso era errado, sabia disso, mas mesmo assim.
Me vesti e assim que desci as escadas e abri a porta do salão comunal, vi que Daniel estava me esperando.
- Nossa, Daniel. Que ... surpresa.
- Dormiu bem? – ele me deu um selinho.
- Dormi. E você?
- Sonhei contigo. Tem como ter dormido mal?
Era incrível o poder que esse garoto tinha de me fazer ficar da cor dos meus cabelos dizendo apenas uma ou duas palavras.
- Ás vezes.
Ele riu. – Vamos tomar café? Tô com fome.
- Daniel.
- Fala.
- Você conhece os meus irmãos e a personalidade deles. Viu o que eles fizeram com o Escórpio. – meu coração acelerou um passo quando eu disse o nome dele. – Então acho que é melhor, por enquanto, eu chegar no salão principal sozinha.
Ele ergueu as sobrancelhas e por um instante cheguei a pensar que ele havia ficado bravo. Mas depois, sorriu.
- Tudo bem. A gente se vê na hora do almoço então. – e dizendo isso, saiu seguindo a direção que levava ao salão principal.
Esperei uns cinco minutos, para depois ir tomar meu café. Assim que me sentei na mesa da Grifinória, fui atolada com perguntas.
- Ele beija bem? – Dominique arregalou os olhos.
- O perfume é bom? – Nina sorria.
- Ele passou a mão em você? – Roxanne perguntou, safada como sempre. – Quer dizer, deu pra saber se ele é safado?
- Ele te tratou bem? – Carol perguntou, sorrindo.
Respirei fundo e calmamente comecei a responder as perguntas:
- Sim, ele beija bem, tem um perfume muito bom. Não, ele não passou a mão em mim. Acha que eu tenho cara de garota que deixa os meninos se aproveitarem Roxanne? E sim, Carol, ele me tratou muito bem. – suspirei. – Bem até demais.
- Como assim, prima? – Rose tinha acabado de se sentar ao meu lado, enquanto Gabriel foi se sentar com os amigos.
- Tenho medo do quão encantador ele pode ser. Não quero cometer o mesmo erro novamente. Não quero achar que ele possa estar gostando de mim, entendem? Não quero me iludir, não quero me apaixonar. Enfim, não quero outro Escórpio na minha vida.
- Entendi. – Dominique se sentou. – Mas você gostou? Seilá, pelo menos, sem sentimento, tu curtiu o beijo?
Olhei em volta para ver se não tinha ninguém ouvindo. Então, abaixei a cabeça e falei em voz baixa:
- Eu adorei um beijo. Sinceramente, ele é um dos garotos com mais pegada, dentre os que eu já fiquei.
- Que foram? – Roxanne tinha os olhos brilhando, enquando as outras garotas riam.
- O Zabine, o Daniel, o Escórpio, aquele garoto da Lufa-Lufa que é descendente dos Diggory, o irmão da Patrícia, o Hugo e o filho do Dino Thomas.
- Lilian pegadora hein. Mas o seu primeiro beijo foi quando, com quem e onde?
- Gente, que isso. Minha vida amorosa virou reportagem?
- Aham. – todas elas concordaram em uníssono.
- Tá bem. – suspirei. – Meu primeiro beijo foi com o irmão da Patrícia, no ano passado. Ou seja, eu tinha 14 anos. Foi dentro de um armário de vassouras, depois de um jogo de quadribol com chuva e nós dois estávamos molhados. Mas até que foi bom.
- Huuuuum, Lilian safadinha. – Dominique começou a rir descontroladamente, chamando a atenção de várias pessoas a nossa volta.
- Molhados? Dentro de um armário de vassouras? Tinha que ser minha prima mesmo. Puxou pra mim, olha só. – Roxanne estava jogando os cabelos castanhos para lá e para cá fazendo com que vários garotos suspirassem.
- Claro, Rox. Até porque nós temos a mesma idade.
Não demorou muito, a sineta tocou e nós nos dirigimos a saída do salão. Mas antes que eu pudesse sair, trombei com alguém. Levantei a cabeça para pedir desculpa, mas quando vi quem era, engoli em seco.
Escórpio. Andando de muleta, com um dos braços apoiados em uma tipoia e um olho ainda roxo. E apesar de todos esses machucados, continuava lindo.
- Desculpa.
- Magina, Lilian. – ele sorriu, mas senti que foi um sorriso como obrigação. – Soube que está seguindo a vida. Mas juro que não esperava que fosse com Daniel Lyons.
Coloquei as mãos no quadril.
- Também não esperava que fosse seguir a sua vida com a Layla.
- Pois é. Enganamos-nos.
- Como sempre.
- Bom. Eu to atrasado. Preciso tomar o meu café. A gente se vê.
- Claro. Até.
Assim que ele se afastou, saí correndo do salão. Suspirei e implorei para ele não ter percebido o quão acelerado meu coração ficou por ele ter falado comigo, ter sorrido pra mim. E foi só isso. Mas então as lembranças vieram e me acertaram em cheio, fazendo com que as lágrimas brotassem em meus olhos e caíssem sobre o meu rosto. Maldito amor. Maldito orgulho. Maldito ciúmes. Maldito Malfoy.
Comentários (1)
kkk. quero mt que eles voltem a ser namorados.... mais amando mt a fic
2012-03-24