Perdendo o controle
Eles já estavam na casa de Harry e Mark admirava a propriedade. No caminho os dois homens haviam tido uma conversa animada, boa parte graças a Mark, e Hermione falara pouco.
- Harry, sua propriedade é linda. Parabéns! – disse Mark, carregando sua única mala – Hermione vive dizendo que quando nos casarmos ela quer morar no campo.
Mark disse de forma inocente, sem imaginar o que causaria em Harry e na noiva. Harry dessa vez não conseguiu disfarçar os sentimentos, um misto de dor e tristeza o invadiram. A lembrança tomou a mente de Harry sem que ele pudesse evitar.
{Flash Back}
Harry e Hermione estavam na sala precisa, estavam juntos a pouco mais de duas semanas, mas já parecia uma eternidade para eles. Amavam-se tão intensa e verdadeiramente que pareciam um casal de anos de namoro. Harry estava sentado no tapete, com as costas escoradas no sofá, enquanto Hermione estava sentada entre as pernas dele, deitada de costas no peito do namorado. Ele a enlaçava carinhosamente pela cintura, com os lábios no pescoço dela e inalando seu cheiro de forma calma, enquanto ela estava de olhos fechados, apreciando o momento.
- Queria ficar assim pra sempre. – disse Harry suspirando
- Pra sempre? – ela perguntou com um pequeno sorriso
- Humhum. – ele confirmou – Até ficarmos velhinhos.
Hermione sorriu, sentindo seu coração disparar, amava falar sobre o futuro com ele. Ela virou seu rosto para ele e o beijou docemente.
- Eu também quero isso. – ela confessou, encarando-o
Os olhos de Harry brilharam e Hermione riu do namorado. Ele era sempre tão inseguro quando se tratava deles dois.
- Mesmo? – ele perguntou incerto
Hermione suspirou, beijando-o mais uma vez e acariciando a face dele.
- Eu quero tudo com você Harry. – ela disse, fazendo-o dar um meio sorriso – Quero me casar com você, quero uma casa, quero filhos...
- Filhos? – ele perguntou feliz e ela assentiu – Quantos?
- Uns dois. – ela disse
- Só dois? – ele perguntou inconformado
Hermione revirou os olhos.
- Tudo bem! – ela se rendeu – Três. E está de bom tamanho.
Harry sorriu satisfeito.
- E a casa, como você quer? – ele perguntou animado
Hermione ficou pensativa, enquanto ele a beijava na face.
- Eu gosto do campo, você gosta? – ela sugeriu
- O que você quiser meu amor. – ele disse gentilmente e ela sorriu
- Sempre sonhei em morar no campo. – ela contou sonhadoramente – Uma casa grande, arejada e aconchegante... – ela dizia sobre o olhar atento e apaixonado dele – Com um lago, muitas árvores e... Ah! – ela se lembrou animada – Com um balanço na árvore.
Harry riu da empolgação dela. Estava feliz por poder fazer planos ao lado da mulher que amava e que sabia que ficaria ao lado dela para sempre.
- E também uma biblioteca. – ela continuou – Do lado de onde o sol se põe, com uma varanda grande para podermos vê-lo se pondo.
- Merlin, quantas exigências. – ele brincou
- Você disse o que eu quiser. – ela retrucou
Harry sorriu e a beijou apaixonadamente.
- Tudo pra te fazer feliz. – ele disse encarando-a – É só o que eu quero, te fazer feliz, todos os dias da minha vida.
Hermione fechou os olhos e colou sua testa a dele. Ela deu beijos rápidos nos lábios dele e suspirou.
- Estou me imaginando nessa casa, ao seu lado. – ela contou, ainda de olhos fechados – Nós estamos abraçados na varanda do nosso quarto, você está dizendo o quanto ainda me ama... – ela pausou – Nossos filhos estão brincando no lago, enquanto nós os vigiamos da sacada. É tudo tão calmo, tão perfeito...
Harry colou seus lábios ao dela, seu coração estava batendo freneticamente e sua garganta estava seca. Ele se afastou vagarosamente e suspirou.
- Eu te amo tanto. – ele disse – E eu quero tanto realizar todos os seus sonhos, todos os nossos sonhos, nossos planos... – a voz dele falhou – Eu não me imagino tendo outra vida além dessa que você acabou de descrever.
Ela deu um pequeno sorriso.
- Eu te amo também, muito. – ela disse docemente – E esses são os nossos planos, só nossos, de mais ninguém.
Harry assentiu e eles se beijaram novamente.
{Fim do Flashback}
Agora Harry estava ali, na casa que comprara e reformara pensando nela, ouvindo o noivo dela dizer que ela queria morar no campo ao lado dele, realizando um sonho que sonhara com Harry. Harry a encarou com aquela dor insuportável no peito e ela desviou o olhar, ele pôde ver algumas lágrimas se formarem em seus olhos, mas ela as impediu de cair. Harry respirou fundo, tentando se recompor. Mark ainda admirava o lugar, alheio a tensão que se instalara entre eles durante aquele breve momento.
- É, Hermione sempre gostou do campo. – Harry disse com certa amargura – Mas vamos entrar, você deve estar cansado da viagem. - chamou, tentando se conter
- Realmente é uma viagem cansativa. – Mark disse adentrando a casa, logo atrás de Harry – E vim para ficar pouco tempo, apenas o final de semana, não consegui uma folga muito longa no trabalho.
Hermione vinha atrás com as crianças, tentando não pensar no que acabara de acontecer do lado de fora e na lembrança que a atormentara. Harry não prestara atenção ao que ele dissera, sua cabeça ainda fervilhava e toda aquela situação estava acabando com ele
- É melhor você subir Mark e descansar um pouco. Hoje temos um jantar marcado na casa dos Weasley, Hermione deve ter te falado sobre eles, foram como pais para nós dois na época da guerra.
- Sim, ela me contou. – ele disse – Sempre fala muito bem deles e vai ser maravilhoso conhecê-los. Conhecer Rony e Gina também. – ele pausou, sério – Sabe Harry, eu conheço Hermione há alguns anos, mas conhecê-la sem conhecer vocês é como conhecê-la pela metade, é como se faltasse um pedaço dela.
Harry deu um pequeno sorriso para o homem e não podia negar, gostara dele e isso só estava fazendo-o se sentir pior. Harry guiou Mark, juntamente com Hermione, até o quarto em que ela estava ficando e o acomodou lá. Depois deixou as crianças irem brincar ao redor da propriedade e se trancou em seu próprio quarto.
- Merlin! – exclamou com a garganta queimando, enquanto andava nervosamente de um lado ao outro do quarto
Ele se sentou na cama e apoiou os cotovelos nos joelhos e a cabeça entre as mãos. Seu coração doía tanto que ele achou que não suportaria. Deixou algumas lágrimas caírem de seus olhos, secando-as bruscamente em seguida. Quando soube que Hermione estava noiva se sentiu péssimo, sem chão, mas agora era tudo tão real. Ela com o noivo ali, na sua frente, era tão dolorosamente real, que Harry quase desmoronou.
- Eu a perdi. – disse ele, a verdade lhe atingindo em cheio – Eu a perdi...
E em meio ao seu sofrimento, Harry precisava encontrar forças para passar por aquilo, para conviver com aquela situação. Ele só não sabia como.
*******
Hermione fechou a porta assim que Harry desapareceu da vista dela e suspirou. Precisava se acalmar, precisava respirar fundo e tentar não enlouquecer, apenas isso. Sentiu dois braços fortes a enlaçarem pela cintura às suas costas e deu um pequeno sorriso. Mark a beijou no pescoço e ela se virou para ficar de frente para ele. Encararam-se.
- Você está estranha. – ele disse preocupado – Está tudo bem? Parece tensa.
Hermione acariciou a face dele e o beijou levemente nos lábios.
- Só estou tentando me recuperar da surpresa. – ela disse calmamente
- Me desculpe, eu devia ter avisado. Sei que você...
Hermione o calou, beijando-o novamente, de forma apaixonada. Sentira falta da segurança que Mark lhe proporcionava, do conforto de estar nos braços dele sem ter que lidar com um passado conturbado, sentira falta da paz que a acalentava quando se beijavam. Eles se soltaram pouco tempo depois e Hermione deu um pequeno sorriso para o noivo.
- Não seja bobo. – ela o repreendeu com carinho, afastando os cabelos da testa dele – Amei a surpresa e estou feliz que você esteja aqui.
Ele sorriu satisfeito.
- Sei que parece exagero, já que você só está aqui há quatro dias, mas estava morrendo de saudades suas. – ele confessou e ela riu. Ele colocou uma mecha do cabelo dela atrás da orelha – Senti falta de você ralhando comigo sobre me alimentar direito, de você me dizendo para não me arriscar muito durante as missões, e principalmente senti falta de te abraçar na hora de dormir, dos seus beijos... – ele disse selando seus lábios tentadoramente por alguns instantes, fazendo-a suspirar – Senti falta de tudo em você Srta. Granger, e quando consegui essa folga só pensei em vir correndo para cá. – ele concluiu seu galanteio e Hermione sorriu bobamente, colando seus lábios mais uma vez e passando uma das mãos pelos cabelos castanhos dele – Queria tanto conhecer seus amigos!
- Eu sei que queria. E eles também estavam ansiosos pra te conhecer. – ela disse de olhos fechados, recebendo beijos no pescoço – Hoje você vai ter a oportunidade de conhecer todos... – ela disse ofegante, mal conseguia raciocinar com Mark beijando-a daquele jeito, com tanta paixão e saudade – ...vamos jantar na casa da Sra. Weasley. – concluiu com dificuldade
- Harry me falou. – ele disse com a voz abafada, ainda beijando-a e Hermione se sentiu incomodada ao se lembrar de Harry, se retraindo e afastando-se um pouco de Mark, de forma delicada – Ele é um cara bacana.
Hermione apenas assentiu, sentindo toda a segurança, conforto e paz se esvaírem dela. Ela contara muitas coisas a Mark, quase tudo sobre sua vida, menos o fato de que ela e Harry haviam se apaixonado na adolescência. Agora ela simplesmente não sabia como lidar com aquela situação e não conseguia evitar pensar em como Harry devia estar se sentindo.
*******
Já era noite e Hermione já estava pronta para o jantar na Toca. Ela desceu as escadas à procura de Harry. As crianças estavam assistindo televisão no quarto, Mark estava no banho e ela poderia conversar a sós com Harry, pela primeira vez desde que Mark chegara. O encontrou na varanda lateral, que ficava de frente para o lago. Ele estava parado, encarando o vazio, e apenas olhou por cima do ombro ao ouvi-la chegando.
- Oi. – ela sussurrou e ele lhe sorriu
- Oi Mione. – retribuiu, vendo-a postar-se ao seu lado
Hermione cruzou os braços e passou a encarar o lago a sua frente, enquanto Harry continuava encarando-a.
- Me desculpe por Mark estar aqui. – ela disse finalmente com a voz rouca
- Você não tem que se desculpar. – ele disse sincero
Hermione assentiu em silêncio e logo depois voltou a falar.
- Sobre o que Mark disse, sobre a casa...
- Você não me deve explicações. – Harry a cortou, mudando seu tom de voz e sua expressão, passando a olhar para frente também
Dessa vez Hermione foi quem o encarou e ele tinha o olhar na direção do lago.
- É claro que eu devo. – ela disse de forma calma – Porque eu sei que você acha que eu não me lembro, mas eu me lembro.
Harry engoliu em seco e apertou com força o cercado.
- Lembra mesmo? – ele perguntou irônico – Porque desde que você chegou aqui você não disse sequer uma palavra sobre isso. E olhe ao seu redor... – ele disse apontando para a propriedade e depois se voltando para ela. Os dois se encararam pela primeira vez – Eu fiz tudo isso pensando em você, fiz tudo o que você sonhou, se lembra? Uma casa no campo, um lago e... – ele pausou rindo nervosamente – Merlin, até a droga do balanço na árvore!
Hermione fechou os olhos, deixando as lágrimas, presas desde a manhã, caírem. Ela sabia o quanto a inocente confissão de Mark havia ferido seu melhor amigo, e as acusações dele lhe feriam agora.
- Merlin! Você nem ao menos notou. – Harry disse com rancor
Hermione olhou para ele ofendida.
- O fato de eu não ter dito nada não significa que eu não notei Harry! – ela se defendeu-se, alterando-se assim como ele – Eu não disse nada porque...
- Porque quer fingir que nada aconteceu. – ele completou a frase dela com ironia e ela se calou – Ótimo! Se é isso o que você quer, esquecer nós dois, então esqueça! Mas não me peça para fazer o mesmo, porque eu não consigo! Eu não posso apagar aqueles dias, eu não posso apagar você de mim, nem os nossos beijos, nossos planos, eu não posso apagar o que eu sinto!
E dizendo isso ele se retirou, deixando uma Hermione abismada para trás. Era a primeira vez, em muito tempo, que ele era tão direto sobre seus sentimentos e aquilo a pegara desprevenida. Harry estava magoado, ela sabia disso, mas ela não era obrigada a lidar com suas acusações.
*****
O caminho até a Toca fora desagradável para Hermione. Harry parecia disposto a deixá-la desconfortável, provocando-a, perguntando a Mark coisas sobre as quais ela nunca lhe deixaria saber. Mark fez a viagem no banco do carona, ao lado de Harry, e Hermione sentou-se atrás com as crianças, tendo sempre Jake em seu colo, isso a distraía por vezes, mas não sempre. As crianças estavam estranhamente quietas e ela não entendia o porquê, mas Harry nem sequer notara, ocupado demais em sua tarefa de provocá-la. Quando ela enfim avistou a Toca suspirou com alívio e se apresou em descer quando o carro parou. As crianças saíram em disparada e os adultos pararam para contemplar a casa.
- Nossa, ela se parece exatamente como você a descreveu Mione. – Mark disse a ela, com os olhos brilhando e ela sorriu para ele, dando-lhe a mão
Harry contraiu o maxilar com a cena, o que não passou despercebido a Hermione, que disfarçou um sorriso satisfeito. Eles caminharam em direção à entrada e viram Rony e Gina já os aguardando, com sorrisos no rosto. Hermione havia mandado uma coruja a Rony, contando-o da novidade de ter Mark com eles e pedindo que o amigo avisasse seus pais. Quando se aproximaram o suficiente Rony e Gina lançaram olhares apreensivos a Harry, antes de receberem Mark.
- Então finalmente vamos conhecer o famoso Mark Turner. – brincou Rony, tentando ser simpático
Mark sorriu e apertou a mão que Rony lhe oferecera, enquanto sua outra mão apertava a mão da noiva. Ele estava nervoso, Hermione bem o sabia, mas não demonstrava isso, afinal ele era um agente secreto, sabia controlar suas emoções, e Hermione achava isso sedutor.
- Você deve ser o Rony. – ele concluiu e o ruivo assentiu – É um prazer enorme conhecê-lo.
Os dois sorriram um para o outro e Mark se virou para Gina, que estendeu-lhe a mão, a qual ele beijou charmosamente. Gina olhou maravilhada para Hermione, que rolou os olhos sorrindo.
- Mark... – a ruiva começou – Hermione sempre o descreveu como sendo belo e charmoso, mas tenho que admitir que ela economizou nos elogios.
- De maneira alguma Gina. – ele disse com sutileza, supondo quem ela era – Ela economizou sim nos elogios, mas ao descrevê-la. Eu não tinha ideia do quanto uma mulher poderia ficar espantosamente bela quando grávida.
Gina sorriu agradecida e encantada para ele, que retribuiu. Hermione se divertia com a cena e Harry olhava perplexo para a ruiva. Rony os convidou para entrar e Mark e Hermione assim o fizeram. Harry, que ficara para trás, continuava a encarar a ruiva sem acreditar.
- O que foi? – ela lhe perguntou inocentemente
- Traidora! – ele acusou-a – Você e seu irmão, dois traidores! Já estão se derretendo por ele.
Gina não pôde evitar rir da revolta do amigo, puxou-o, dando-lhe um beijo na face.
- Não seja bobo. – ela disse sorridente e abaixou o tom de voz em seguida – Você ainda é o nosso preferido.
Harry deu um pequeno sorriso, mas logo voltou a fechar a cara.
- Isso não te redime. – disse a ela, que continuava sorrindo, ela o puxou pela mão para dentro da casa, enquanto ele continuava resmungando – Tenho certeza que Draco não vai puxar o saco dele como você, ele é um amigo muito melhor e...
Harry interrompeu sua fala ao se deparar com Draco rindo exageradamente de algo que Mark dizia e Sarah o olhava tão encantada quanto Gina há pouco. O moreno soltou um muxoxo e Gina riu, consolando-o com outro beijo no rosto. Mark era um homem quase perfeito, constatou Harry com pesar, ele era bonito, charmoso, sabia conquistar as pessoas com meia dúzia de palavras e, além de tudo isso, aparentava ser um bom homem, de caráter e princípios. Harry se postou perto deles, vendo-o cumprimentar o restante dos Weasley.
- Esse é Mark Turner, meu noivo. – Hermione o apresentou a Sra. Weasley, depois de receber um abraço sufocante – E essa é a Sra. Weasley, Mark, minha segunda mãe.
Mark repetiu com a senhora o mesmo gesto que fizera com a filha, beijando-a a mão encantadoramente. A Sra. Weasley sorriu para o homem e seus olhos brilharam.
- É um prazer conhecê-lo Sr. Turner. – a senhora, com seus quase sessenta anos, disse, admirada com tamanha cortesia
- Por favor, Sra. Weasley, me chame apenas de Mark. – ele lhe dissera de forma gentil – Hermione me fala tanto sobre vocês que já me sinto como sendo da família.
A Sra. Weasley deu um sorriso animado e hesitou, antes de por fim puxá-lo para um daqueles abraços sufocantes, que só ela sabia dar, mesmo Mark sendo grande demais para caber em seus braços. Mark soltou uma gargalhada espontânea e aconchegante.
- Gostei desse abraço Sra. Weasley, já me sinto muito mais a vontade agora. – ele disse com a voz grave e divertida
Harry bufou, o filho da mãe tinha uma presença de espírito invejável, com toda aquela elegância e bom humor. Harry se afastou irritado, indo em direção à cozinha da casa na qual passara boa parte de sua adolescência, não havia ninguém lá e ele se serviu de uma generosa dose de whisky de fogo. Aquela noite seria quase insuportável de aguentar e ele não conseguiria aquilo sóbrio.
*****
Meia hora depois e Harry já estava servindo sua quarta dose de whisky, demorando-se um pouco mais na cozinha, propositalmente. Observava de onde estava, Mark entreter graciosamente a família Weasley e a Hermione. Parecia que somente seus filhos eram imunes ao encanto do homem, e mesmo ele próprio não podia entender o porquê eles o eram. Viu Rony olhar para si e se afastar do grupo, vindo em sua direção.
- Vai devagar Potter. – ele disse se referindo à bebida – Como você está?
- Como você acha que eu estou? – devolveu-lhe a pergunta um tanto irritado, mas Rony não se importou com o mau humor dele e Harry voltou a falar – Olha só para ele – disse apontando na direção de Mark – Como você acha que eu me sinto agora, sabendo que ele não é nenhum idiota, com costumes americanos esquisitos e irritantes? Sabendo que ele é... – Harry suspirou - Seria estranho se ela não tivesse se apaixonado, você não acha? Afinal, até sua esposa e Gina parecem estar se derretendo por ele.
- Hei! – ralhou Rony sério, mas ambos caíram na gargalhada em seguida – Eu confio no meu taco Potter. – ele disse divertido
Harry continuou com os olhos fixos no grupo a sua frente, e seus olhos recaíram subitamente em Hermione. Ela estava radiante e ele mal se lembrava da última vez que ele próprio a fizera se sentir assim. Soltou um longo suspiro, dando um gole exageradamente grande em sua bebida.
- Me responda uma coisa. – recomeçou Rony, também olhando na mesma direção que o moreno – Porque, pelas barbas de Merlin, você o convidou para ficar em sua casa?
Harry deu de ombros, fingindo não se importar.
- Sei lá Rony, me pareceu ser o certo a se fazer. Quero dizer... – pausou, franzindo o cenho – Seria falta de educação não convidá-lo, não acha?
Rony estreitou os olhos para o amigo e soltou uma risada irônica.
- Vamos Harry, me diga a verdade, eu não sou idiota. – contrapôs o ruivo
Harry hesitou, seu semblante ficou pesado e Rony pôde ver uma tristeza enorme abater o amigo. Harry tomou outro gole de whisky antes de responder.
- Se ele não ficasse lá, ela também não ficaria. E eu não estou pronto para vê-la partir, não ainda. –confessou com a voz falhando e mais uma vez deu de ombros – Antes tê-lo por perto... do que não tê-la.
Rony sentiu pena do amigo e se preocupou com os dias que estavam por vim. Os dois viram Hermione caminhar em direção a eles e trataram de se recompor da recente conversa. Ela se aproximou com os braços cruzados e aquele olhar de censura. Ambos não puderam deixar de sorrir, lembrando-se dos tempos de Hogwarts.
- O que os senhores pensam que estão fazendo aqui sozinhos? – ela os repreendeu em tom brincalhão
- Comentando sobre o quanto você está linda. – Rony disse divertido e ela riu – Sério!
Harry sorria ao vê-la rir daquela maneira, divertindo-se com ele e com Ron. Mas apesar de parecer alegre sabia que ela ainda estava chateada com ele, pelo simples fato de que ela não o encarava.
- Sarah está me chamando. – Rony mentira, no pretexto de deixá-los sozinhos – Já volto.
Hermione assentiu e ele passou por ela, voltando à sala, onde todos estavam. No momento em que ele se retirou Hermione parou de sorrir e ela e Harry se encararam. Harry queria pedir desculpas por ter discutido com ela, mas não conseguia, estava irritado o bastante e embriagado o suficiente para não se importar com suas palavras no momento. Ele deu um gole em sua bebida.
- Parece que não há como competir com o seu noivo perfeito. – ele disse com sarcasmo
Hermione balançou a cabeça, desaprovando o que ele dissera.
- Não há motivos para competir com ele. – ela disse áspera, tomando-lhe o copo das mãos – E acho que você já bebeu o suficiente por hoje.
Ela apoiou o copo sobre a bancada da cozinha, sobre o olhar injuriado dele, e se afastou em seguida, deixando-o sozinho, como ele fizera há algumas horas na varanda de sua casa. Deixando um Harry perplexo para trás, pegando novamente seu copo de bebida e virando o restante do líquido.
****
Estavam todos sentados à mesa, todos já haviam terminado de comer e agora passavam a conversar sobre coisas banais do dia-a-dia. Hermione estava sentada perto da ponta da mesa, onde o Sr. e a Sra. Weasley estavam, e Mark estava sentado ao seu lado. Um pouco mais afastado estava Harry, ainda com o copo de whisky na mão, do lado oposto ao de Hermione.
- Estava tudo ao seu agrado querido? – perguntou a Sra. Weasley para Mark
- Estava tudo maravilhoso Sra. Weasley. – ele respondeu sinceramente – Nunca comi nada igual.
A senhora sorriu satisfeita e Mark piscou para Hermione, que lhe sorriu.
- Mark, conte para nós como você e Hermione se conheceram. – pediu George maroto e os outros reforçaram o pedido – Como começaram a namorar.
- Porque se depender de Hermione, nunca vamos saber. – disse Rony provocando-a
Mark sorriu e olhou ansioso para Hermione.
- Posso amor? – pediu ele
Hermione riu e balançou a cabeça. Ela evitou olhar para Harry e estava suficientemente chateada com ele para se importar com o que ele acharia.
- Não tenho muita escolha. – Hermione disse – Olha a cara deles, se eu disser não eles me matam. Pode contar, mas sem exageros.
Os amigos sorriram, exceto por Harry, que soltou um pesado suspiro, fingindo tédio, ao qual apenas Gina, sentada ao lado dele, ouvira e o repreendera com o olhar. Mark também sorriu e se preparou para começar.
- Bem, Hermione sempre foi, desde que chegara a Nova York, a mulher mais cobiçada do Ministério. – ele começou, mas Hermione o interrompeu
- Eu disse sem exageros Mark! – ela o repreendeu
- Eu sei e estou seguindo suas ordens. – ele disse cínico, fingindo não entender o porquê de ela o repreender – Eu nem disse nada ainda.
Hermione estreitou os olhos para ele, enquanto os amigos riam de Mark, que ignorou o olhar de Hermione, e ela riu.
- Como eu ia dizendo... – ele recomeçou – Hermione tinha muitos pretendentes e eu nunca achei que pudesse ter alguma chance com ela. Ela era linda, independente e mal olhava pros lados quando caminhava pelos corredores. – disse, recebendo um cutucão dela e rindo, mas continuou – E no início nós éramos de departamentos diferentes, então eu definitivamente não tinha chances com ela, já que ela nem sequer sabia que eu existia. – ele pausou – Depois de alguns anos o destino enfim começou a conspirar a meu favor e ela foi transferida para o meu Departamento, melhor ainda, para chefiá-lo.
Hermione balançou a cabeça sorrindo. Ele sempre fora charmoso ao extremo e galanteador ao extremo, ele conquistara Hermione desde a primeira vez que trocaram mais que meia dúzias de palavras
- Nós dois nos conhecemos no dia em que ela foi promovida. O pessoal organizou uma festa de boas-vindas para ela e fomos apresentados. Eu sabia exatamente quem ela era e ela nem sabia o meu nome. Você se lembra? – ele a questionou e ela assentiu – E ela me esnobou totalmente!
Os amigos riram mais uma vez e Hermione revirou os olhos.
- É a cara dela. – disse Gina – Sempre se fazendo de difícil.
Hermione riu, estava em total desvantagem, mas estava se divertindo.
- Ela só começou a falar comigo depois de um tempo. – Mark recomeçou – Começamos a ter as mesmas amizades e a sairmos juntos com o pessoal, e então nos tornamos amigos. Mas ela mal notava que eu estava completamente fascinado por ela. Até que eu enfim tomei coragem e a chamei para sair. – os dois sorriram – Ela ficou totalmente desconcertada com o convite, mas aceitou e eu quase explodi em felicidade. Nós começamos a sair. Saímos o que? Umas cinco vezes amor?
- Seis. – ela o corrigiu
- Isso! Seis vezes. – ele se lembrou – Seis encontros para enfim conseguir beijá-la e naquele mesmo instante eu me apaixonei perdidamente por ela. Me lembro até hoje. Estávamos no meu carro e tocava aquela música trouxa inglesa no rádio, aquela dos Beatles que ela ama... – ele contou encarando-a de forma apaixonada e começou a cantar o início da música – Close your eyes and I'll kiss you, tomorrow I'll miss you, remember I'll always be true...
Os homens sorriam impressionados com o galanteio de Mark e as mulheres suspiraram. Hermione o encarava sorridente e totalmente sem graça, sem acreditar que ele estava fazendo aquilo. Harry, que até então fingia não estar ouvindo o relato de Mark, balançou a cabeça irritado e deu um enorme gole no seu whisky.
- E vocês começaram a namorar. – sugeriu Gui ansioso para ouvir o resto da história
Mark tirou os olhos de Hermione e fez cara de assombrado, balançou a cabeça, negando rapidamente. Hermione não sorriu dessa vez, se lembrava bem do que viera depois.
- Não mesmo! A garota Granger é dura na queda. – ele brincou e os outros riram, mas Mark logo assumiu um tom sério – Quando eu achei que tudo estava dando certo, veio a pior parte. Eu a convidei para sair novamente, queria pedi-la em namoro, mas ela negou o convite para sair comigo e eu fiquei confuso, não sabia o que podia ter feito de errado... – ele contou, e Hermione apertou a mão dele – A questão é: eu podia ter desisto e aceitado a desculpa dela de que nós não daríamos certo, mas eu não me conformei. Eu insisti, chamei-a para sair mais umas dez vezes e quando ela já estava farta da minha insistência, ela enfim aceitou.
- Boa garoto! – vibrou George
Mark riu.
- Mas ela me garantiu que era apenas para conversarmos e eu prometi que se ela não quisesse mais sair comigo depois daquela noite, eu a deixaria em paz. – contou o homem, os olhos azuis brilhando – Eu a levei para jantar e tudo estava indo maravilhosamente bem, como nas outras noites, até eu perguntar a ela o que havia de errado. Porque ela não queria mais sair comigo? – ele refez seu questionamento – E ela enfim me contou. – Mark pausou, encarando-a profundamente e depois se voltou para o resto da mesa – Me contou que sofrera uma desilusão amorosa quando era adolescente, me contou das inúmeras noites que passara chorando e o quanto aquilo ainda lhe doía. Me contou que não confiava mais nos homens e nem no amor, e que se afastou de mim porque tinha medo de se apaixonar novamente, tinha medo de se machucar outra vez.
Mark pausou e a mesa caiu em completo silêncio. Hermione não teve coragem para encarar Harry, mas ele a encarava. O olhar de Harry era um misto de perplexidade e culpa. Ele queria sair dali, correr para bem longe, mas suas pernas não o obedeciam. Rony olhou para o amigo e tentou atrair seu olhar, mas ele parecia perdido.
- E eu pude ver naqueles lindos olhos castanhos todo o sofrimento dela. – Mark continuou – E antes mesmo de jurar a ela, eu jurei a mim mesmo, que eu jamais a faria sofrer daquele jeito. E enquanto ela deixava algumas lágrimas caírem, eu prometi a ela que jamais causaria aquela dor a ela, que eu só queria uma chance de fazê-la feliz e que eu precisava desesperadamente daquela chance. Espero cumprir minha promessa pelo resto da minha vida.
A Sra. Weasley sorriu para o rapaz, com algumas lágrimas nos olhos e Hermione tinha o coração disparado. Harry se levantou apressado da mesa, atraindo a atenção de todos, que olharam confusos ele se afastar.
- O que deu nele? – perguntou Carlinhos, sem entender
Rony buscou o olhar de Hermione, que parecia desesperada, enquanto Mark permanecia confuso. Apenas Rony, Gina, Sarah e Draco sabiam o que acabara de acontecer.
- Harry nunca se perdoou por não ter dado uma surra no tal garoto que fez Hermione sofrer. – Rony improvisou, vendo o entendimento tomar a face dos presentes e depois encarou a amiga – Ele nunca vai se perdoar por ter deixado isso acontecer.
Hermione soube que o amigo, a sua maneira, estava pedindo desculpas a ela por não ter conseguido evitar que ela passasse por todo aquele sofrimento, ela lhe deu um pequeno sorriso. Mark olhou para Hermione.
- Me desculpe, eu não sabia que ele ia se sentir assim. – ele se desculpou e Hermione se sentiu péssima por estar mentindo para ele
- Está tudo bem amor. – ela garantiu-lhe, embora nada estivesse bem – Harry bebeu um pouco demais e ele realmente se sente mal com esse assunto. Coisa de melhor amigo protetor. Eu vou falar com ele, tudo bem?
Mark assentiu, enquanto os presentes já voltavam a conversar sobre várias outras coisas. Hermione passou por Rony.
- Fique por perto, qualquer coisa te chamo. – ela sussurrou no ouvido do amigo e ele concordou
Hermione se afastou, indo em direção aos fundos, onde Harry provavelmente estaria.
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Pessoal, mil desculpas pela demora, mas avisei a vocês que estava empacada nesse cap, e a faculdade não anda ajudando muito! Mas vou tentar atualizar o outro mais rápido, prometo! Até porque vocês estão merecendo, com esse vários comentários rsrs Obrigada a todos os leitores, muito obrigada de verdade! Estou amando escrever essa fic, e graças a vocês!
P.S: O nome da música dos Beatles é All my loving.
Melissa Hashimoto: É, as coisas só pioram para esses dois, mas quem sabe ele não tem um final feliz hein? rsrs O que você achou do Harry tendo ao menos uma leve reação nesse cap? E parece que Hermione se meteu numa enrascada maior ainda! O que achou do Mark? Obrigada por sempre comentar! Beijos
Renata Agra: Obrigada por comentar querida! É, as vezes esses dois dão nos nervos! rsrs O que achou do cap, gostou? Como já disse, Harry tem que sofrer um pouquinho... Beijos e continue comentando!
Thainá Santos: Obrigada Thainá! E então o que achou do Mark? As vezes dá uma peninha do Harry, mas aguenta firme, ele vai sofrer mais um bocadinho ainda rsrs Beijos e obrigada mais uma vez!
Isis Brito: kkkkkkkkkk Isis, foi a Mione que mentiu para ele, ele não sabe que o garoto é o Harry, tadinho. O que achou desses primeiros momentos deles com o Mark? Continua tenso? Vamos ver se o Harry começa a reagir agora. Obrigada meu bem, por comentar, muito obrigada mesmo! Beijos
EnigmaticPerfection: Já percebi sim, você ama um drama! rsrs Gostou desse cap? E do Mark? É parece que a brincadeira de casinha acabou mesmo, mas o drama só está começando! Beijos querida e muito obrigada! Ah, amando sua fic cada dia mais!
Amanda A.: Eu sei que o sofrimento é demais, mas aguenta aí, talvez eles sejam felizes no final, talvez... rsrs Obrigada por comentar, beijos!
LiarGranger: E então, o que achou do Mark? Ainda surpresa com a aparição dele? rsrs Dizem que as crianças entendem das coisas mais que os adultos, no próximo cap você vai entender porque elas parecem não gostar muito dele... Obrigada por comentar querida! Beijos
Undiscovered: Obrigada, de verdade! Beijos
Bethany Jane Potter: kkkkkkkkkkkkk tadinho do Mark, ele não tem culpa de não saber de nada rsrs O que achou dele? Obrigada mesmo! Beijos
Nina Granger Potter: Parece que ela gostou de brincar de mamãe né? rsrs O que achou do Mark? Calma, eles vão sofrer mais um pouquinho antes de serem felizes, vou logo avisando rsrs Beijos querida, muito obrigada por comentar sempre!
Jane Granger_Potter: kkkkkkkkk gente, rolando um ódio mortal do Mark hein? O que acha dele agora? Muito, mais muito obrigada mesmo! Beijos
Comentários (13)
Ai Meu Deus, proximo capitulo porfavor :(
2012-04-30Como você acaba o capitulo assim?????????????????Amei o capitulo, o Mark me parece um cara muito legal, simpatico. Pode-se dizer que ele á quase perfeito.Pelo jeito ainda vou sofrer um pouco mais com o Harry.Um capitulo melhor que o outro, Por favor não demore a atualizar. Estou muito ansiosa para o próximo capitulo. ^^
2012-04-30Leitora nova!Eu estou simplesmente amando a sua fic!!!!Muito boa!!!Esperando ansiosamente por mais um capítulo.
2012-04-30