O Templo dos Mortos



Quando o sol raiou no outro dia, Gina acordou cedo, prevendo que o dia seria cheio de aventuras e perigos e além do mais, estava um pouco preocupada com Hermione. Em silêncio, ela caminhou até o quarto de sua amiga e abriu a cortina que fazia as vezes da porta. Ela entrou, sorrindo, mas seu sorriso morreu no mesmo instante.
Hermione estava aninhada nos braços de Harry Potter.
Gina deixou uma lágrima rolar por seu rosto e desanimada, girou nos calcanhares para sair daquele lugar. No mesmo instante, Harry acordou e pulou da cama.
- Gina, espere! – disse Harry, saindo do quarto para segurar a ruiva.
- Vocês... vocês dormiram juntos!
- Não! – disse Harry, sinceramente. – Ela teve um pesadelo e eu fiquei com ela para acalmá-la.
- Mas já dormiram juntos antes? – perguntou Gina.
Harry não respondeu, mas seu silêncio confirmou o pior para Gina.
- Eu devia saber! – disse Gina, sentindo-se mal. – Como fui tola!
- Gina, por favor, não quero fazê-la sofrer. Não quero magoar você, mas de um certo jeito, você sempre soube que eu amava Hermione.
- Não sabia, não! – disse Harry. – Hermione sempre foi sua amiga, você nunca deu indícios de que gostava dela. Eu me lembro quando você namorou com Cho sob os nossos narizes. Eu fiquei arrasada, mas Hermione não parecia ter sido afetada. Então, me diga, como eu poderia adivinhar? E depois... eu achei que você gostava de mim, nunca pensei em Hermione e você desse jeito.
- Para falar a verdade... nem eu. Eu nem sei quando foi que me apaixonei por Mione e acho até que.... sempre fui apaixonado por ela.
Harry abaixou os olhos. Estava emocionado e tinha uma coisa em seu peito que lhe dizia que algo ruim iria acontecer, mas queria abafar aquele sentimento. Talvez se tivesse estudado a fundo adivinhação pudesse prever o que aconteceria.
- Gina, prepare-se! – disse ele, por fim. – Precisamos ir logo, não quero ficar aqui por muito tempo. Voldemort já pode ter descoberto que não deixamos o Egito.
- Certo! – disse Gina, um pouco sem jeito – vou acordar o dorminhoco do Rony.
Quando Gina se virou, Harry voltou ao quarto de Hermione e sentou-se ao lado da cama, tirando alguns fios do rosto de Mione que dormia tranqüilamente.
- Eu amo você, Hermione! – Harry sussurrou, mas Hermione pareceu ouvir pois esboçou um sorriso gracioso.
Ela abriu os olhos e se sentou. Levantou a mão e pousou-a sobre o rosto de Harry.
- Eu gostaria tanto de poder vê-lo! – disse ela, contornando as curvas do rosto de Harry com os dedos, parando sobre seus lábios. – Meu maior desejo é poder vê-lo uma última vez.
- Não diga isso! – disse ele, baixinho, segurando a mão de Hermione para lhe beijar a palma. – Você vai me ver por toda a eternidade!
- Eu amo você, Harry! – disse Hermione por fim e sem segurar-se mais, aproximou-se dele para beijar seus lábios.


Uma hora depois, todos, inclusive Ahmed estavam prontos para partir para o Templo dos Mortos.
- Iremos de Camelo. Naturalmente eu tenho um jipe, mas é melhor irmos de Camelo. Cruzaremos um grande pedaço de Deserto, onde não há estradas demarcadas. – disse Rhashid, um pouco irritado.
Assim, Rhashid montou seu camelo, deixando os outros dois para Harry e Rony que levaram Hermione e Gina, respectivamente.
A viagem levou o dia inteiro, com apenas algumas paradas para comer e para beber água.
Harry estava preocupado com Hermione que parecia bem pálida, mas ela disse que estava bem e assim seguiram viagem.
A noite já estava alta quando chegaram ao templo dos mortos. Havia algumas pirâmides menores ali e certamente muitas tumbas.
- Deixem os camelos e me sigam... é por aqui! – disse Rhashid indo à frente.

Quando enfim, chegaram a uma tumba, particularmente grande, com uma esfinge na frente, Rashid parou. Ele ergueu uma das mãos e falou algo em árabe que ninguém entendeu.
Uma grande pedra se moveu e um buraco se abriu do chão e a luz do luar iluminou alguns degraus que desciam para o fundo escuro.
- É aqui! – disse Rashid, com um estranho tom sombrio na voz. – Se descerem por esta escada vão chegar até um amplo salão. Neste salão, tem um altar. Vocês devem fazer o feitiço sobre o altar. Mas saibam que é muito perigoso. Vocês verão coisas que não desejam ver e o medo por fim será seu maior inimigo. Vão agora, eu não os acompanharei. Já fiz minha jornada neste mundo. Não desejo fazê-la, novamente.
- E eu não sei se quero fazê-la... – disse Rony, temeroso, olhando para o buraco escuro no chão.
- Precisamos fazer, Rony – disse Hermione, levantando a mão à frente para tatear a lápide. Eu vou primeiro... não preciso de luz.
- Hermione, espere! – disse Harry, preocupado. – Eu vou na frente.
- Não, Harry... você não... eu vou na frente! – disse ela, entrando no buraco antes que Harry a pudesse impedir.
Acendendo a varinha, Harry desceu pelo buraco e percebeu que não precisaria ter utilizado nenhum feitiço para iluminar o lugar. Havia archotes nas paredes do corredor que se acendiam automaticamente quando eles passavam. A escada era íngreme e o corredor apertado, mas Hermione, apesar de ser cega, descia rapidamente as escadas. Quando enfiam,alcançaram o chão, Harry parou atrás de Hermione para contemplar o salão que ia se iluminando devagar. A luz era bruxuleante e não iluminava muita coisa, mas há uns cinqüenta metros, Harry podia ver a mesa de pedra que seria utilizada como o altar dos mortos, onde Hermione deveria colocar o sangue de Voldemort.
- Onde é? Você está vendo onde é o altar, Harry? – Hermione perguntou, tateando o ar, tentando caminhar para a frente.
Um vulto passou atrás deles, assustando Gina que se virou de repente.
- O que foi isso? – Gina perguntou, olhando para trás. Harry também se virou pois havia percebido uma sombra escura se aproximando de Gina que vinha atrás de Rony e quando se virou para ver Hermione, viu que ela já ia bem a frente.
- Hermione! – Harry correu para a amiga e tentou guiá-la, já que esta tinha dificuldades para andar por entre os tijolos desalinhados do chão.
- Harry! Tem alguma coisa aqui... eu to sentindo! – gritou Gina, chamando a atenção de Harry que olhou para trás. Rony e Gina tentavam atingir uma sombra negra que se levantava do chão... em vão... pois ela continuava a seguir.
- Meus Deus! – Harry disse, embasbacado, e quando pensou em puxar Hermione, viu que ela já estava bem a frente. – Mione!
- Não podemos perder tempo! – disse Hermione, indo em direção à pedra. Ela a atingiria por certo, mas Harry se apavorou quando viu uma outra sombra indo na direção de Hermione. Ele pensou em correr para acudi-la, mas percebeu que a sombra passou direto por ela, atravessando seu corpo e vindo em direção à Harry.
Foi quando Harry percebeu. Era o medo que dava poder àquelas sombras. Como Hermione não enxergava, ela não havia temido e por isso, a sombra não conseguiu fazer nada com ela.
- NÃO TENHAM MEDO! – Harry gritou para Rony e Gina que tinham dificuldade para se livrar da sombra que os assolava com golpes. – É O MEDO QUE DÁ FORÇA A ELAS!
Quando a sombra que havia passado por Hermione chegou perto dele, Harry concentrou as forças para não temê-la. Deu certo. A sombra passou direto por ele e foi para junto de Gina e Rony que estavam sendo sufocados por mãos inexistentes das sombras. Indeciso entre ficar com Hermione e ajudar Gina e Rony, Harry escolheu retroceder. Hermione não precisava de ajuda tanto quanto eles.
Harry segurou o braço de Rony e Gina e começou a falar.
- Fechem os olhos! – disse ele. – Fechem os olhos que elas vão desaparecer!
Gina fechou os olhos imediatamente, mas Rony ainda resistiu. Ele estava apavorado o que dava cada vez mais força à sombra.
- FECHE OS OLHOS, RONY! – Harry gritou, balançando o braço dele para que ele confiasse em Harry. Por fim, Rony fechou os olhos. As sombras evaporaram-se imediatamente!
Quando Rony abriu os olhos novamente, suspirou aliviado.
Eles caminharam para onde Hermione estava. Ela passava a mão por sobre a mesa de pedra empoeirada como se estivesse com o pensamento longe.
- Mione? – Harry perguntou – Como vamos fazer o feitiço para destruir as horcruxes de Voldemort? Pelo que entendi, nós precisamos do sangue dele, não é?
- Sim... mas temos uma alternativa – ela respondeu, ainda muito pensativa.
- Como assim? – Harry perguntou.
- Você se lembra que no quarto ano, Voldemort utilizou o seu sangue para ressurgir num corpo? Se não estou enganada, Harry, para a magia, vocês possuem o mesmo sangue. O que significa que se depositarmos o seu sangue aqui, nesta mesa, uma só gota fará com que todas as Horcruxes de Voldemort sejam destruídas.
Harry sorriu. Hermione era mesmo muito inteligente. E por isso, ele tinha orgulho dela. Apesar de cega e debilitada ela ainda lutava para o bem da humanidade, empregando todo o seu conhecimento.
Quando Harry abriu a boca para elogiá-la, porém, uma outra voz maléfica e carregada de sinismo fez-se ouvir.
- MUITO ESPERTA, SRTA. GRANGER!
Os garotos ergueram suas cabeças para Lord Voldemort que estava a poucos metros de onde eles estavam.
Apavorada, Hermione arrancou uma adaga de dentro da roupa e agarrando a mão de Harry, tentou cortá-lo, mas antes que Harry pudesse fazer qualquer coisa, um raio a atingiu, fazendo Hermione voar e bater com a cabeça na parede e cair insconsciente.
- Maldito! – Harry pulou por sobre a mesa e avançou sobre Voldemort, mas este se defendeu, azarando Harry com um feitiço de impedimenta.
- Hoje é o dia em que vou destruí-lo, Potter! – gritou Voldemort no meio de uma intensa e doentia gargalhada.
O que aconteceu em seguida foi tão rápido que Harry teve a impressão de se passar num relâmpago. Hermione se levantou, cambaleante. Agarrou a varinha e apontando para onde a voz de Voldemort vinha e gritou “HORACIO MORTENS”.
As sombras que haviam evaporado surgiram do nada e começaram a atacar Voldemort.
- Harry, vem! – Hermione gritou para Harry que correu para junto de Hermione. Ela tateou por sua mão e com um corte fez alguns pingos do sangue de Harry caírem sobre a mesa.
- NÃO! NÃO! – Voldemort gritou. Alguma coisa aconteceu com ele, um estranho brilho azul escuro o envolveu.
Harry sabia que era o momento de atacar, afinal, somente ele poderia destruir Voldemort.
Mas, antes que pudesse fazer qualquer coisa, viu quando Voldemort se virou para Hermione e com os olhos carregados de ódio, apontou a varinha para ela.
“NÃO...”
Era tarde demais, o raio saiu da varinha e vinha para ela como um cão atacando sua presa, mas antes que a atingisse, Harry se colocou a sua frente.
- PROTEGO!
Harry gritou criando um imenso campo de força para os dois. O raio atingiu o campo e parte dele penetrou a proteção atingindo Harry no peito e parte dele retornou à Voldemort derrubando-o no chão.
- Consegui... – disse Harry e antes que Hermione pudesse fazer qualquer coisa ele escorregou em seus braços e caiu no chão.
- Harry! – Hermione gritou, segurando-o em seu colo.
Rony e Gina afastaram-se dele para averiguar Voldemort.
- Voldemort está morto! – Gina gritou.
No mesmo instante, eles escutaram um estrondo e todo o salão começou a tremer. As enormes pedras no teto começaram a despencar caindo no chão. Um dessas pedras esmagou Voldemort de modo que somente seus pés ficaram intactos. Rony e Gina se afastaram assustados.
- Está desmoronando! – Rony gritou. – Vamos sair daqui!
- Não, Harry! – Gina disse, fazendo menção em ir para onde Hermione e Harry estavam, mas Rony a impediu, segurando sua mão. – Me larga, Rony... me larga!
- Não! – gritou Rony, arrastando-a para a escada – Precisamos sair daqui.
Rony olhou para Hermione com pesar. Pensou em voltar, mas, como se lesse sua mente, Hermione o impediu:
- Fuja, Rony e tire Gina daqui! Agora!
Ele entendeu. Não havia chances para Hermione e Harry, mas ele podia se salvar e tirar Gina dali. Lutando com a irmã, Rony deixou o salão e subiu as escadas, arrastando Gina com dificuldade. Ao saírem para fora, Ahmed, que tinha uma cicatriz feia na testa se aproximou deles e ajudou-o a arrastar Gina. Estavam salvos.


Hermione respirou fundo, com uma das mãos sobre o peito de Harry que tinha dificuldades para respirar. Ela não podia vê-lo, mas sabia que ele estava muito ferido.
- M-mione! – disse Harry, enquanto as lágrimas escorriam de seu rosto. – Saia daqui! Você pode se salvar!
- Eu não poderia... Harry... – disse ela, sentindo os olhos marejarem. – Não vou deixar você aqui. Eu não vim de tão longe para abandoná-lo.
- Não quero que morra por mim, meu amor... – disse Harry, e reunindo suas forças sentou-se e empurrou Hermione com força, fazendo-a cair para trás. – SAIA DAQUI! SALVE SUA VIDA! SAI DAQUI!
Harry esperava que ela se levantasse dali. Que fosse embora para que ele, então, pudesse morrer sozinho, mas ela não se levantou.
Hermione ficou ali, escutando a respiração de Harry ao longe e desejando poder alcança-lo e abraça-lo. Por fim, não agüentou mais a tristeza e deixou que as lágrimas escapassem de seus olhos. Então... um milagre aconteceu. Cada lágrima que saía dos olhos, parecia carregar um pouco da escuridão que cegava seus olhos. Pouco a pouco ela foi enxergando uma luz e por fim, o rosto machucado de Harry se focou em seus olhos.
- Harry... – ela sussurrou, enquanto há alguns metros uma enorme pedra caía com estrondo no chão que continuava a tremer. – Eu disse que gostaria de enxergar novamente para poder ver seu rosto novamente.... bem.... eu posso ver, Harry... eu posso ver seu rosto... e posso ver as lágrimas nos seus olhos e posso ver na sua expressão que você me ama mais do que qualquer coisa.... então eu quero que também veja em mim que o meu amor por você é infinito... e nenhuma morte pode levar você de mim sem me levar junto...
Apoiando-se nas mãos, Hermione engatinhou até onde Harry estava. Ela o abraçou e desta vez ele não a rejeitou. Ele resistiu, no início, mas percebendo que ela tinha razão, Harry se entregou àquele abraço como um moribundo se entrega aos braços da morte.
- Você é tudo o que eu quero, meu amor! – disse ela, enquanto acariciava os cabelos revoltos de Harry, beijando seu pescoço.
Harry levantou a cabeça para o teto, onde um ruído lhe chamava a atenção. Sobre eles, uma enorme pedra ameaçava cair.
- Eu amo você... – Hermione continuou a beijá-lo até roçar os lábios dele.
Neste momento, Harry a agarrou e abaixando a cabeça de Hermione, tomou os lábios dela como se quisesse se unir a ela para sempre.
Abrindo os olhos, Hermione percebeu que a pedra no teto estava cada vez mais saliente, mas não teve medo: estava nos braços de Harry...
- Hermione... eu te amo... – ele disse, quando seus olhares se cruzaram. – Eu sempre te amei e sempre a amarei... por toda a eternidade... querida...
- Por toda a eternidade, meu amor...

Um grande ruído irrompeu e a terra sob a lápide onde ficava o mausoléu cedeu, abrindo-se uma grande cratera enquanto Rony, Gina e Ahmed olhavam perplexos a fumaça de areia se elevar e depois se assentar.
- Potter, Granger... e Voldemort? – Ahmed perguntou, quando a poeira enfim se desfez. – O desgraçado do Voldemort me atingiu. Não pude fazer nada...
- Não precisa se preocupar mais. Voldemort está morto. – Rony olhou para a cratera e seus olhos marejaram. – Hermione e Harry também estão mortos...
Gina começou a chorar e se ajoelhou no chão, cobrindo seu rosto com as mãos quando constatou a triste verdade.
- Eles deram a vida para nos salvar! – disse Ahmed, colocando uma das mãos sobre os ombros de Gina. – A memória dele os perpetuará para sempre... todos conhecerão a história de Harry e Hermione... o casal que salvou o mundo das garras de Voldemort.
- Sim... – disse Rony, deixando escapar uma lágrima no canto dos olhos. – Eles se amavam, Gina... e não havia ninguém que poderia ficar entre os dois... nem mesmo Voldemort... nem mesmo a morte...












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