Único
Era estranho simplesmente te deixar ali, sozinha. Era estranho saber que essa seria a última vez que acordaria ao teu lado. Era estranho, mas infelizmente era necessário...
Olhei ao redor, tudo me lembrava você, tudo parecia ter sua essência. Cada cor, cada textura, cada cheiro, tudo ali dentro ERA você...
Deixei as lágrimas rolarem pela última vez. Você nunca entenderia os meus motivos, mas confesso que eu também nunca entenderia os seus...
Não era tão fácil partir e desistir de você, não era tão simples dizer adeus...
Eu te amava e isso era fato, mas será que era o suficiente?
Adeus você
Eu hoje vou pro lado de lá
Eu tô levando tudo de mim
Que é pra não ter razão pra chorar
Vê se te alimenta
E não pensa que eu fui por não te amar...
Andei sem rumo por estradas perdidas, por caminhos desconhecidos. Os dias iam passando, descobri que você ainda me procurava e que ainda me amava.
Eu te ignorei.
Foi quando você tentou se matar.
Por que você sempre tinha que transformar tudo em drama, em espetáculo? Não seria mais fácil simplesmente me deixar ir? Me deixar partir sem medo, sem arrependimentos?
Não, você nunca faria isso...
Te procurei novamente. Você me contou que preparou o veneno com as próprias mãos e que tomou quantidade suficiente para matar um gigante. Procurei o curandeiro, e ele disse que por sorte você tinha preparado a poção de maneira errada...
Cheguei a conclusão de que tudo não passava de um teatro, de um drama seu, até porque você NUNCA erraria uma poção daquela maneira...
Eu estava errada.
Eu ainda te amava e isso era inevitável. Mas não, definitivamente eu não poderia voltar atrás da minha decisão, um relacionamento entre nós era impossível e inviável. No fundo você também sabia disso, na realidade, todo mundo sabia disso...
Mas quem disse que você aceitava isso?! Saber que era impossível era uma coisa, desistir de tentar era outra completamente diferente...
Esperei você ter alta no hospital e te levei em casa. Você parecia realmente feliz quando te deitei na cama. Você me pediu pra ficar, e só eu sei como foi difícil dizer não à você.
-Fica comigo...
-Não dá...
-Eu te amo. Por favor, fica...
-Não torne as coisas mais difíceis!
-Difíceis como?! É só você ficar e tudo ficará certo...
-Você sabe que não é tão simples assim...
-Porque?
Cuida do teu
Pra que ninguém te jogue no chão
Procure dividir-se em alguém
Procure-me em qualquer confusão
Levanta e te sustenta e não pense que eu fui por não te amar...
Eu não respondi, eu tinha medo da resposta. Você era uma jovem sonhadora, achava que o mundo poderia se transformar em um lugar melhor, você queria lutar pelo nosso amor, você acreditava no amor, você era tão grifinória que as vezes me irritava...
Nós duas seguíamos por caminhos diferentes. Eu era uma jovem comensal da morte, que tentava desesperadamente ganhar algum respeito dentro do círculo do Lorde das Trevas, o que acredite, não é fácil, ainda mais quando se tem Bellatriz Lestrange como ‘tutora’. Já você virou a queridinha do mundo bruxo, você realmente tentava salvar o mundo e isso na minha opinião era uma total perda de tempo. Nós duas estávamos em lados opostos e eu sabia que chegaria uma hora onde nós teríamos que lutar uma contra a outra.
Sempre que te lembrava disso, você ria e dizia que a gente poderia fugir para longe. Eu nem me dava o trabalho de responder. Uma vez Comensal, sempre Comensal. A marca negra que ardia em minha pele não me deixava esquecer desse detalhe. Eu era fiel a uma causa e você era fiel aos seus amigos.
Nós duas tínhamos mudado desde a formatura. Você já não parecia aquela menina confusa e frágil de Hoggwarts, você agora era uma mulher forte e confiante sem contar que cá entre nós, você estava muito mais gostosa do que quando a gente se conheceu. Eu amadureci bastante desde a formatura, mas também me transformei em uma pessoa mais fria e distante.
Você contou sobre nós para os seus pais e para os seus amigos. O garoto Potter não gostou muito do fato de você estar namorando uma comensal, mas me aceitou apesar de tudo. Já o Weasley enlouqueceu, ele não queria aceitar que tinha perdido a mulher que ele tanto amava para mim, que além de ser mulher, era uma sonserina comensal da morte.
Confesso que me diverti quando ele deu aquele chilique na nossa sala...
É óbvio que eu nunca contei para ninguém sobre nós duas. Se o Lord das Trevas ficasse sabendo disso mandaria nos matar na hora, sem contar que eu seria deserdada da família se meus pais descobrissem que eu estava apaixonada por uma grifinória de sangue ruim.
Era tudo complicado demais, difícil demais...
O Lorde das Trevas me mandou para a Noruega e Bellatriz como sempre foi comigo. Eu já tinha me acostumado em matar, mas ainda assim não conseguia fazê-lo com os olhos abertos. Bella dizia que era sinal de fraqueza, mas eu preferia achar que era algum sinal do resto de humanidade que ainda existia dentro de mim. Eu nunca matei por prazer minha linda, você deveria saber disso...
As únicas notícias que eu tinha de você, viam dos jornais. Cada dia que passava você ganhava mais respeito na comunidade bruxa. Já existiam rumores de que em breve você assumiria o controle do Ministério da Magia. Eu sabia que você não aceitaria, na realidade, eu pedia com todas as minhas forças que você não fosse a próxima Ministra da Magia, e não pense que era egoísmo meu, eu só não queria que você se transformasse em um alvo para o Lorde das Trevas...
Os dias iam e vinham. Cada dia mais mortes, cada dia mais sangue derramado. A guerra era inevitável e era só uma questão de tempo para que o mundo bruxo se visse mais uma vez dividido. Eu já não conseguia dormir, o medo da guerra que se aproximava parecia rasgar o meu peito...
Rumores de que você estava tendo um caso com uma estagiária do Ministério começaram a se espalhar. Rita Sckeeter foi a primeira a escrever sobre o assunto, eu sabia que ela era uma vaca desprezível e mentirosa, mas mesmo assim li o artigo onde ela falava sobre o assunto.
Amiga íntima de Harry Potter, Hermione J. Granger é a mais nova revelação bruxa do momento. Desde que se formou do Colégio, Mione (como é chamada pelos amigos íntimos) não se cansa de tentar subir na vida dentro do Ministério. Começou como uma simples estagiária na seção de Controle de Criaturas Mágicas e hoje já tem grande influência dentro do Ministério, trabalhando diretamente com o Ministro da Magia. Já existem rumores de que Granger será a próxima Ministra da Magia.
O que poucos lembram é claro, é que Hermione já apareceu mais de uma vez no jornal por conta de sua badalada vida amorosa. Vale a pena destacar que a Srta Granger parece ter uma certa ‘queda’ por homens famosos, primeiro o seu caso com o Jogador Búlgaro Vitor Krum durante o Torneio Tribuxo em Hogwarts e logo em seguida teve um romance com o famoso Harry Potter, que hoje em dia é apenas um grande amigo.
Mas parece que Hermione Granger mudou algumas de suas preferências.
Fiquei sabendo por fontes muito seguras de que ela está vivendo um intenso romance com ninguém menos que Katherine Jhones, uma jovem estagiária do Setor de Cooperação Internacional em Magia.
Kate estudou e morou na Austrália durante anos, onde conseguiu fama no mundo trouxa graças aos seus muitos prêmios de ‘Surf’, um esporte trouxa praticado em praias, onde o competidor precisa se equilibrar em um pedaço de madeira enquanto encara ondas gigantes.
Por indicação das autoridades Australianas, ela veio trabalhar no Ministério Inglês onde iniciou uma amizade muito ‘forte’ com Hermione Granger.
‘Hermione e Katherine logo se tornaram amigas, e isso se tornou ainda mais óbvio depois que a Granger ficou doente e a Jhones praticamente se mudou para a casa da outra. Hoje em dia você não vê uma sem que esteja acompanhada da outra. Eu particularmente acho que tudo é uma trama da Jhones, pra tentar conquistar sucesso mais rapidamente, até porque não é segredo pra ninguém o tamanho da influência que a Granger tem dentro do ministério...’(Esse depoimento foi tirado de um bruxo de dentro do próprio ministério que por razões óbvias preferiu não se identificar.)
Quando procurei Granger e questionei-a sobre o seu caso com a Srta. Jhones, ela não se mostrou pronta a conversar sobre o assunto. ‘Desculpe-me Skeeter, mas não tenho que dar satisfações da minha vida pessoal a você...’
Não me dei ao trabalho de ler o resto do artigo. Você não tinha confirmado o seu caso com a tal da Jhones mas também não tinha negado. Mas porque?! Será que você realmente tinha me esquecido? Uma parte de mim estava aliviada por você ter me esquecido, mas a outra gritava dizendo que você era minha e de mais ninguém. Eu ainda estava da Noruega quando li o tal artigo e tive que me segurar para não chorar na frente de Bellatriz.
-O que você está lendo de tão especial Parkison?
-Hããam, nada demais! Apenas umas fofocas da Skeeter…
Eu disse tentando parecer desinteressada.
-Sobre o garoto Potter?
Bella perguntou com certa curiosidade.
-Não, sobre a amiguinha de sangue ruim dele. Segundo a Skeeter ela está tendo um caso com uma estagiária do Ministério…
Para minha surpresa Bellatriz sorriu de maneira maliciosa.
-Aquela pirralha não é de se jogar fora, se não fosse o sangue nojento eu mesma gostaria de ter um caso ou dois com ela…
Escutar aquele comentário me deu náuseas, minha única vontade era de torturar Bellatriz até ela perder a sanidade, porém eu continuei quieta, era melhor não chamar atenção para nada relacionado a você.
Eu só queria te proteger enquanto podia…
Quero ver você maior meu bem
Pra que minha vida siga adiante...
As coisas estavam ficando complicadas. O Lorde das Trevas pretendia invadir o Ministério da Magia, matar o maior número de aurores possível para deixar a defesa baixa e assim poder dar o seu grande golpe de mestre: ‘Matar o Ministro e assumir de maneira indireta o controle sobre o Ministério da Magia.’ Devo admitir que o plano era genial, sem contar que com o tamanho da nossa influência sobre alguns bruxos infiltrados no ministério ficava praticamente impossível dar alguma coisa errada.
Mas e se você estivesse no lugar errado na hora errada?! Eu te conhecia muito bem e tinha certeza de que você não iria deixar seus amigos lutando sozinhos…
Era véspera do dia da invasão e eu não sabia mais o que fazer. O Lorde das Trevas tinha convocado uma última reunião antes do ataque e agora todos os comensais da morte estavam reunidos na Mansão Malfoy.
-Parkinson?
Eu ouvi a voz fria e cortante do Lorde das Trevas me chamando.
-Milorde?
-Eu tenho uma missão especial para você…
Eu senti meu estômago dando um solavanco. Você sempre me acusava de ser covarde e bom, depois de sentir um calafrio na espinha quando ouvi o Lorde das Trevas me chamando sou obrigada a concordar plenamente com você…
-Seria inútil matar os aurores e o ministro se os demais bruxos influentes no ministério permanecessem vivos, concorda?
E naquele momento eu soube que nada iria terminar bem.
-Concordo Milorde…
-Pois bem, quero que a você invada os níveis mais altos do ministério e mate todos os bruxos que encontrar pela frente, entendido?
-Sim senhor.
-Quero que mate inclusive os bruxos do setor de cooperação internacional em magia.
Era exatamente onde você trabalhava. Foi como se eu tivesse levado um tapa, não consegui esboçar reação.
-Mas não se preocupe, você não irá sozinha, vou mandar Rookwood com você.
-Não será preciso Milorde…
-Você está questionando minha ordens?!
-Não senhor! Peço perdão, Milorde…
Eu aparatei em sua porta e não pensei duas vezes, simplesmente arrebentei a porta com um feitiço. Sei que o correto seria apertar a campainha ou quem sabe simplesmente bater na porta, mas eu já tinha mandado a educação pro inferno a muito tempo.
-Pansy?!
-Hermione?!
E mais uma vez senti meu coração sendo arrancado do peito, senti como se duas lâminas estivessem perfurando meu tórax, rasgando o diafragma e expulsando o ar dos meus pulmões.
A cena que se desenrolara em minha frente era surreal. Você estava deitada no sofá só de calcinha enquanto Katherine beijava o seu pescoço. Acho que até hoje, mesmo depois de todas as sessões de tortura, todas as batalhas e todos os ferimentos, nada me machucou tanto quanto te ver ali, deitada com outra mulher.
Eu tentei em vão me recompor, tentei colocar minha cabeça em ordem mas não pude evitar, a raiva se apoderou de meu corpo, transformando cada centímetro em puro fogo.
Naquela noite eu quase matei com prazer pela primeira vez.
Apesar da raiva que tinha se apoderado do meu corpo, consegui me segurar o suficiente para terminar o que eu tinha ido fazer.
-Granger, não chegue nem perto do Ministério amanhã.
-Como assim Pansy?! Eu te-tenho que entregar uns relató...
-VOCÊ NÃO ME ESCUTOU?!
-Escutei mas é que…
-MAS PORRA NENHUMA! VOCÊ VAI FICAR EM CASA AMANHÃ!
Você olhou para mim com uma expressão de medo. A vaca da Jhones me encarava perplexa. Eu sabia que você não iria me escutar, mas eu tinha que tentar não é?
-Hermione, por favor. Você me conhece, você sabe muito bem que eu nunca teria invadido a sua casa se não fosse importante…
-Eu sei mas…
-Mas você vai ficar em casa.
-O que está acontecendo Pan?
-Amor, digo, Hermione, eu não posso te dar detalhes, eu nem deveria estar aqui pra falar a verdade. A única coisa que eu peço, é pra você fazer o que eu estou te pedindo. Se não for por você, faça isso por mim…
Lágrimas escorriam pelo seu rosto e eu não pude deixar de sorrir, naquele momento, mesmo sem saber o porquê e mesmo sem motivos aparentes, eu senti que você ainda me amava…
Ou melhor, de que a gente ainda se amava.
Eu aparatei dali mesmo. Cheguei em casa com o coração dilacerado. A imagem de você deitada com a Jhones não saia da minha cabeça. Eu vi desejo no teu rosto, e não era por mim. Você parecia ter me superado, eu deveria estar feliz com isso.
Eu deveria, mas não estava.
Eu passei a noite acordada, pensando em você, pensando em mim, pensando em nós. O dia amanheceu e eu nem percebi, estava perdida em meus devaneios, só acordei para a realidade quando o rosto de Bellatriz rompeu pelas chamas da minha lareira.
-Já está pronta?
Acho que aquela foi a primeira vez que eu me vi completamente em pânico desde Hoggwarts.
Gritos, feitiços e maldições voando sem direção e batendo nas paredes de pedra, bruxos caindo feridos, outros simplesmente caindo mortos e um cenário de total destruição, foi com isso que me deparei logo que entrei na recepção do Ministério. Passou pela minha cabeça simplesmente sair dali pois naquele caos ninguém iria notar que uma comensal tinha saído no meio da luta, porém eu tinha que ter certeza de que você estava bem meu amor, por isso enchi o peito de coragem e corri para o corredor que dava para o departamento de Cooperação Internacional em Magia.
Mas só haviam corpos no chão.
Ao que tudo indicava, Rookwood tinha chegado primeiro e já estava fazendo o serviço. Acelerei ainda mais o passo e acredite minha linda, só eu sei o pânico que eu sentia cada vez que me deparava com um corpo pelo caminho. Quando finalmente encontrei o novato, ele tinha encurralado a sua namoradinha, que já estava desarmada e com um corte feio no lábio.
-Ava…
-Hey, espera Rookwood! Deixa ela pra mim…
O novato me encarou e então se afastou. Eu não sei o que passou na minha cabeça, ainda não entendo como eu tive coragem de fazer o que fiz, porém não me arrependo nem um pouco…
-Cadê a Hermione?
Eu perguntei apontando a varinha na direção do coração da garota.
-E-eu não deixei-a vir…
-Avada Kedrava.
O corpo de Rookwood caiu inerte no chão, enquanto a vaca da Jhones me encarava surpresa.
-E não agradeça. Não fiz isso por você…
E no final das contas, nós duas tínhamos salvo a sua vida…
Quero ver você maior meu bem
Pra que minha vida siga adiante...
E naquele dia, apesar de todas as minhas promessas, apesar de tudo que eu acreditava, liguei o foda-se e me deixei chorar novamente…
Chorei por todos os dias passados longe de você, chorei por todas as vidas perdidas, chorei por todas as mortes que eu sentenciei, por todas as vidas que destruí, chorei por você não estar lá comigo, chorei por não poder sentir o teu gosto de novo, por não poder sentir o teu toque e por não poder mais ver o teu sorriso, chorei como uma criança mimada, chorei até desmaiar na cama.
Aquela situação estava acabando comigo. Eu não aguentava mais a sua ausência, não aguentava mais lembrar que você já estava com outra mulher, não aguenta conviver com a culpa de ter te deixado pra trás…
Eu sei que a culpa é minha, sei que o erro foi meu…
Apesar do massacre, os bruxos do ministério tinham conseguido se organizar novamente e para surpresa (ou não) de todos, você se tornou a nova Ministra da Magia.
Você e essa mania de tentar salvar o mundo…
Você não pensou nas consequências?! Não pensou que iria se tornar o alvo número um do Lorde das Trevas?! Será que você não percebeu que era suicídio?
Suicídio, ato que exige muita coragem mas é um sinal de extrema fraqueza, não é o que dizem?
Senti a Marca negra arder em meu braço. O Lorde das trevas estava reunindo os comensais que sobraram. Eu não sabia quais comensais estavam vivos, não sabia quais estavam feridos muito menos se todos iam responder ao chamado. A única coisa que eu sabia era que as coisas iam ficar complicadas pra você…
Eu aparatei até a Mansão Malfoy. Tinham mais comensais vivos do que eu imaginei. Pelas minhas contas só três tinham morrido na invasão, sendo que um deles tinha sido pelas minhas mãos…
-Já estão todos ai Bellatriz?
-Sim Milorde…
-Excelente. Bella, vá atrás da Granger e leve a Parkison com você. Eu tenho outros assuntos pra resolver por aqui…
Bella veio praticamente correndo em minha direção. Para minha surpresa ela parecia estar em pânico.
-Ah e não se esqueçam, não admitirei erros novamente…
Ela agarrou minha mãe e desaparatou comigo. Estávamos em uma rua praticamente deserta. Eu sabia que você estava por perto. Bella tremia, eu nunca tinha visto ela perder o controle daquela maneira.
-Bella?! Calma! O que está acontecendo?!
-Parkinson, nós temos que matar a Granger se não quem morre dessa vez somos nós…
E de repente tudo fazia sentido, era matar ou morrer… Minha cabeça estava funcionando a mil e tudo o que eu queria era acordar logo daquele pesadelo. Eu não poderia matar você, não poderia deixar Bella chegar perto de você…
-Lá está ela!
E tudo aconteceu rápido demais. Quando Bella ameaçou investir para cima de você, eu lancei sobre ela a Avada Kedrava. Ela caiu imóvel sobre a calçada, ainda sustentando a expressão de surpresa. Você levou as mãos à boca em um gesto tão seu que eu quase chorei sabendo que era uma das últimas vezes que te veria de novo…
-Pan! O que você fez?
-Ela ia te matar Hermione…
E então você me abraçou. O teu perfume invadiu meu subconsciente, teu toque foi como fogo em minha pele, e o teu coração? Ah, eu senti que ele era meu novamente…
-Cadê a Jhones?
-Ela… ela voltou para a Austrália…
-Ah sim…
-Pan, posso te pedir uma coisa?
Há tempos atrás eu nem teria te escutado, eu não teria baixado tanto a guarda com você. Mas o meu destino já estava traçado, não estava?
-Fica comigo essa noite?
Só que dessa vez eu não tive dúvidas, se aquela realmente fosse a minha última noite viva, eu queria poder passar ela com você…
Nós fomos para sua casa e naquela noite eu pude te ter nos braços novamente. Eu sabia que aquela era a minha última noite, a NOSSA última noite, mas fiz tudo como se fosse a nossa primeira vez. Eu queria te recompensar por tudo, queria te recompensar por toda a minha ausência e covardia…
Te fazer chegar ao ápice do prazer me fez lembrar como tudo era mais simples nos tempos de escola e me fez esquecer toda a merda que estava acontecendo. Naquele momento não mais importava a guerra no mundo bruxo e na realidade a única coisa que me importava era aproveitar meus últimos momentos com você…
Será que um dia você vai me perdoar? Será que você algum dia vai entender meus motivos?
Você adormeceu em meus braços e eu agradeci a Merlin por poder te ver dormir. Eu passei a noite inteira acordada te olhando dormir, eu não queria perder nenhum minuto sem te olhar. E foi nessa noite que eu comecei a questionar pela primeira vez o que seria de mim. Será que existe o céu pra quem se arrepende? Será que os meus erros seriam perdoados?! Blá, nem sei porque pensei nessa possibilidade. Arrependimento? Nenhum, pois eu mataria Bellatriz e Rookwood de novo sem pensar duas vezes; Pois é, eu já tinha um lugar guardado no inferno…
E eu realmente espero que lá seja open bar…
Estava quase na hora de você acordar e eu odiava despedidas, por isso mais uma vez fui embora sem dizer adeus. Te deixei uma carta breve, onde eu pedia desculpas e agradecia por você ser o meu único motivo de felicidade em toda uma vida e não deixei nada contando os meus planos, pois se o meu objetivo era te salvar, era melhor se você não soubesse de nada…
Saí do seu apartamento apressada, o dia estava amanhecendo e eu queria ver o sol nascendo por uma última vez. Aparatei em uma praia deserta onde nós costumávamos passear nas suas férias. Ironia do destino ou não, o céu estava lindo e sem nenhuma nuvem. Tirei meus sapatos e comecei a caminhar pela areia branca e fina da praia, enquanto sentia as ondas baterem de leve nos meus pés. O vento batia em meu rosto, bagunçando meus cabelos e eu não podia deixar de sorrir.
Realmente, o mundo era uma merda. A fome, a criminalidade, a injustiça, tudo isso realmente ferrava com o mundo. Mas apesar de tudo, as pessoas não desistiam. Apesar de tudo dar errado, existiam pessoas como você, que acreditavam em suas missões, acreditavam que realmente podiam transformar o mundo.
Mas olhe pelo lado bom, o meu mundo pelo menos você tinha conseguido transformar…
É uma pena de que eu tenha percebido tudo isso tão tarde, é uma pena que você nunca venha a descobrir de que mudou minha maneira de ver as coisas e realmente é uma pena que eu tenha estragado tudo. Senti a marca negra em meu braço arder como fogo. E então aparatei, meu destino estava selado e não havia o porque de fugir dele…
E lá estavam todos reunidos novamente, todos aqueles bajuladores medrosos e nojentos. E sim, eu sei que não passo de um ser humano desprezível como eles…
-Parkison, o que aconteceu?! Por que Belatriz está morta?!
-Eu a matei…
-Mas o qu…
-Avada Kedrava.
Todos os comensais observaram em choque a queda do Lorde das Trevas. Eu sair podia até não sair dali, porém eu morreria levando o maior número possível de comensais pro inferno comigo.
Eu consegui matar alguns comensais, porém logo fui desarmada.
-O que deu em você sua vadia nojenta?
-Vadia é a sua mulher que dormiu comigo! Posso estar prestes a morrer Lucius, mas não vou permitir que você fale comigo dessa maneira!
-Do qu-que você está falando fedelha?!
-Ué Lucius, o que você esperava?! Se você não comparece na cama, nada mais natural do que ela vir atrás de prazer na rua…
-Narcisa, i-isso é verdade?!
Mas que fique claro amor, eu só a procurei porque estava com raiva depois de ter lido aquele artigo da Skeeter…
-Olha pra cara dela Malfoy! É lógico que é verdade. E quer saber de mais? Ela é muito gostosa, não sei como você não dá conta dela na cama…
-Desgraçada! CRUCIUS!!!
E mais uma vez a dor invadiu meu corpo. Eu sentia como se agulhas estivessem sendo enfiadas em cada centímetro do meu corpo, a dor era tão intensa que qualquer pessoa normal teria implorado pela morte. Correção, qualquer pessoa que não tenha tido Bellatriz como ‘tutora’. Eu já havia me acostumado com a dor. Na realidade, ela era a única coisa que conseguia me fazer lembrar que eu ainda não havia me tornado um monstro como Bellatriz ou como o Lorde das Trevas.
Ela era como uma velha amiga…
-Só isso Lucius?! Não é a toa que você é ruim de cama…
E dessa vez quem se aproximou foi a própria Narcisa.
-Você não deveria ter feito isso. CRUCIUS!!
Mais uma vez não esbocei reação, não gritei, não chorei, apenas continuei rindo descontroladamente. Uma hora ou outra eles acabariam cansando de me torturar e iriam me matar, era só questão de tempo…
Quem diria que tudo iria acabar assim? Quem diria que no final das contas seria eu quem salvaria o mundo? Se bem que eu tô pouco me fudendo pro mundo, a única pessoa que me importa estar salva é você…
E então outros comensais começaram a lançar o Crucius sobre mim, provavelmente na esperança de que eu gritasse e implorasse. Até parece, Pansy Parkison não implora nada há ninguém, ao menos que essa pessoa seja você…
E onde será que você está agora? Será que ainda está dormindo? Será que já leu a minha carta? Será que já percebeu que estou a caminho da morte?
-CRUCIUS!!
-SECTUSEMPRA!!
Eu senti como se uma espada tivesse me golpeado. Vi de relance o sangue manchando minhas vestes e escorrendo pelo chão. O ar já não chegava em quantidade suficiente e eu comecei a ficar tonta…
Ah minha linda, será que você um dia vai conseguir me perdoar? Será que vai entender que fiz tudo por amor?
Narcisa correu em minha direção e diferiu um tapa em minha face. Eu apenas continuei encarando-a, quase pedindo para que ela batesse em mim de novo. Afinal nada mais importava, nada mais fazia diferença…
-CRUCIUS! CRUCIUS!
E então eu comecei a perder noção do espaço, do tempo… Senti meu sangue parando de correr. Meus pulmões estavam sendo comprimidos e o oxigênio era expulso sem piedade…
-Vamos lá, acabem logo com isso…
E então eu senti. Senti meu corpo se desprendendo de mim. Não existia dor, não existia arrependimento. Vi meu corpo tombando em cima do sangue que estava derramado no chão. Será que isso era a morrer? Eu nunca tinha me sentido tão livre em toda a minha vida! Todas as minhas preocupações haviam sumido e nada mais parecia importar. Agora era seguir em frente, e encarar de vez o meu julgamento. Se é que o purgatório realmente existe…
Mas todo condenado tem direito a um último pedido, não é?
E então eu pedi. Pedi com todas as minhas forças poder te ver uma última vez! Eu não conseguiria encarar minha sentença se não tivesse a certeza de que você estaria bem. Eu fechei os olhos e pedi e acreditei, eu realmente acreditei de que seria capaz de te encontrar, de que seria capaz de ver…
Quando abri os olhos lá estava você. Sentada na areia da praia, da nossa praia…
-Mione?
Você me encarou e sorriu. Eu ainda não sei se aquilo aconteceu, ou se foi apenas uma ilusão, um sonho. Mas também não importa, nada importa…
-O que aconteceu, Pan?
-É uma longa história minha linda…
-Mas… essa é você mesma?
-Como assim?
-Esse é o meu sonho Pan. Só que você não faz parte dele, então tudo leva a crer que essa é realmente você e que alguma coisa aconteceu…
Você parecia ter entendido tudo e então começou a chorar.
-Mione, só me abraça…
E por alguns segundos eu senti, eu realmente senti o teu abraço.
-Mione, me desculpa por tudo…
-Shiii… Você não tem que se desculpar por nada…
-Minha linda, você promete uma coisa pra mim?
Você chorava inconsolavelmente em meus braços e não parecia ser capaz de pronunciar uma só palavra. Aquilo estava sendo dramático demais. Não era pra ser assim…
-Promete que não vai esquecer de mim?
-E-eu nu-nunca vou esquece-cer…
-Promete que vai tomar cuidado? Promete que não vai ter deixar tudo isso ter acontecido em vão?
-Pro-prometo…
-Mas amor, promete que vai superar tudo isso? Eu quero, ou melhor, eu preciso que você fique bem e feliz com outra pessoa…
Pra que minha vida siga adiante...
E você não respondeu, apenas me beijou…
Quando abri os olhos novamente você já não estava lá e eu estava sozinha na praia.
-Merda…
Não sei a que momento tudo realmente acabou, não sei quando eu realmente perdi a noção da minha existência…
A única coisa que eu sei, a única coisa que eu lembro, é que meu último pensamento consciente ou não, foi em você…
N/A: essa fic foi 'criada' graças ao meu tédio de férias D: espero que tenham gostado xD
Ah, antes qe eu me esqueça, um agradecimento especiial para a Deh Weasley qe foii a primeiira a ler a fic (isso antes d'eu mudar o final, né?) e outro a Beatriiz, por ter me tirado daquela vida de festas, sexo, drogas e rock 'n roll u.u -qq
enfiim, espero qe gostem ;D
Comentários (1)
oh meus deuses, eu nasci para ler essa fanfic. ela é tão beautiful.
2018-07-28