Epílogo
Lily Evans nunca se sentiu tão mal. Ao chegar em seu dormitório, bateu a porta com força e se jogou em sua cama, chorando ainda mais. Seu peito doía e a garota arfava, abraçada em seu travesseiro. O que aconteceria agora? E se sua vida nunca mais voltasse a ser a mesma? Já não tinha amigos nessa nova realidade e depois do show que dera no salão comunal, era bem provável que todos se afastassem ainda mais da encrenqueira e agora maluca da Grifinória.
“Por favor Cook, eu não aguento!” pensou. “O que mais eu tenho que fazer pra ter a minha vida de volta?”
–Mais nada, pequena Lily. – disse uma vozinha um tanto familiar.
Lily levantou-se no mesmo instante. E lá estava o pequeno elfo sentado na cama de Alice. Só que ele estava diferente. Pequenas asas brancas e delicadas batiam em uma suave sincronia, cabelos encaracolados repousavam sob sua cabeça e ele segurava um pequeno arco com uma flecha.
–Você! – exclamou a menina aliviada, ainda soluçando. –Cook você é um...
–Cupido. Sim! – concluiu o pequenino, dando saltinhos na cama. – Finalmente, parece que a inteligência que dei ao Sr. Potter serviu para algo em nossa pequena brincadeira.
Ele deu uma piscadela.
–Brincadeira? – questionou Lily, furiosa. –Você realmente acha que isso tudo foi uma brincadeira? FORAM OS PIORES DIAS DA MINHA VIDA, SE QUER SABER!
A ruiva estava furiosa. Cook sentou-se novamente, com um sorriso no rosto.
–Querida, pense pelo lado bom. Você finalmente admitiu que ama James Potter!
Uma queimação no estômago se iniciou ao ouvir a frase do cupido. Lily corou.
–Acho que sim.
–Por que não desce lá e diz você mesma o que sente para o líder dos Marauders. – instigou ele, dando uma risadinha.
Uma onda de euforia percorreu o corpo da menina, que levantou-se rapidamente e saiu correndo do dormitório. Ao chegar no pé da escada, voltou correndo para o andar de cima e abraçou Cook, agradecendo-o.
–Foi um prazer, meu doce. – disse ele, antes de desaparecer.
Lily voltou para o Salão Comunal tentando conter a ansiedade. Seu coração parou ao perceber que a festa continuava. “Será que tudo continua igual? Não é possível!, pensou assustada. Foi andando bem devagar por entre os outros colegas de casa, que dançavam e conversavam como se nada tivesse acontecido. Ela reparou que o chão estava limpo, nada de baba de dragão. Seu peito se encheu de esperança.
De repente, duas mãos cobriram seus olhos.
–Adivinha quem é? –disse a voz.
Lily afastou as duas mãos desesperadamente e virou-se.
–SIRIUS! – exclamou.
O garoto recuou.
–Calma, não me bate. – disse ele. –Achei que seu mau humor já tinha passado.
–Não vou te bater, Black!
Então a garota puxou-o para um abraço apertado. Agora tinha a certeza de que tudo havia voltado ao normal.
–Lily você tá me machucando. – disse o garoto com a voz abafada, já que sua cara estava enterrada nos cachos ruivos da amiga.
–Você é da Grifinória de novo! – disse ela, largando-o.
–Mas ele sempre foi daqui. – disse Lupin calmamente enquanto se aproximava dos dois seguido por Pettigrew. Estava de volta ao normal também, os cabelos loiros bem penteados, a roupa impecável e um sorriso tímido no rosto.
–Remus! – exclamou Lily pulando em seus braços.
–Oi pra você também Lily. – disse o garoto, corando.
Agora só faltava ele. Aquele que fazia seu coração acelerar de um jeito inimaginável só de pensar em vê-lo novamente.
–Onde está o James? – perguntou, nervosa.
–Me chamou?
Lily virou-se. Lá estava ele. Os cabelos crescidos e bagunçados, o olhar brincalhão e o velho sorriso.
–JAMES!
E então Lily o beijou sem pensar duas vezes. A música parou. O Salão Comunal da Grifinória caiu em completo silêncio. Todos os olhares estavam voltados para o casal inesperadamente esperado por toda Hogwarts. Já sem fôlego, eles se afastaram, ainda que o mínimo possível.
–Nossa, quer dizer que você me perdoou pelo que aconteceu com o seboso? – perguntou James, sorrindo de orelha a orelha.
–Claro! E aceito ser sua companhia no próximo fim de semana em Hogsmead. – respondeu Lily, piscando para ele.
–E que tal se você aceitasse ser minha companhia pra sempre? – questionou James.
–Como assim?
James se ajoelhou no chão, assistido por todos os seus colegas.
–Lily – disse, limpando a garganta. –Eu sei que isso tá meio improvisado e que eu não tenho uma aliança nem nada, mas...
–Mas?
–Você quer namorar comigo? – pediu, sério.
Lily ficou vermelha. Xingou-se mentalmente por todas as vezes que reclamara de Cook. Depois de todo o sofrimento, o elfo lhe dera de presente o melhor momento de sua vida.
–Sim! – respondeu ela e Potter a abraçou, rodopiando no ar.
Os Marauders pularam em cima dos dois, comemorando.
–Finalmente! – gritou Sirius. –Prestem atenção: quando tiverem um filho, quero ser o padrinho.
–Um dia Padfoot, um dia. – riu James.
–Sabem, tive um sonho estranho essa noite. – contou Lily, enquanto pegava uma garrafa de cerveja amanteigada.
–E o que aconteceu? – perguntou Sirius enquanto enchia o bolso de salgadinhos.
Todos o encararam.
–O quê? – riu. –São pra mais tarde!
–Bom, sonhei que tudo tinha mudado. Os Marauders não existiam mais.
–Que horror. – Pettigrew deu um gritinho.
–Sirius era da Sonserina, Remus era meu namorado gostosão e James era um nerd sem amigos.- disse a garota rindo ao se lembrar do que havia passado.
–Credo Lily. – reclamou James batendo na madeira da mesa. –Que isso nunca aconteça.
–Olha só que galante, Remus! –brincou Sirius, batendo no peito do amigo, que parecia encabulado.
–Para com isso, Sirius. – resmungou Lupin.
Então, os cinco voltaram a dançar e Lily agradeceu mentalmente por ter desejado aquilo. Sem aquela aventura infeliz, nunca teria admitido a si mesma que a implicância que tinha com James Potter era, na verdade, o começo de um grande amor.
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