No expresso de Hogwarts

Alvo não estava mais tão preocupado ao pensar em que Casa iria ficar, embora dentro dele ainda existisse aquele desejo de ficar na Grifinória.
-Ah Alvo, sai dessa – disse Rose, sua prima. – Eu tenho certeza que vamos ficar na Grifinória.
-Ainda pensando nisso, Al? - perguntou James limpando seus óculos em sua roupa – Eu estava brincando antes, é claro que você vai ficar na Grifinória.
Alvo não sabia se acreditava no seu irmão ou não. Estava imaginando se seu pai também tinha ficado nervoso quando foi para Hogwarts pela primeira vez.
Quando Alvo estava prestes a responder o que pensou ser ironia de seu irmão, alguém entrou na cabine. Era um garoto com rosto redondo e um pouco gordo também que usava um colar de rolhas.
-Eeh... Posso ficar aqui? - perguntou o garoto com o olhar cabisbaixo – Acho que não sou bem vindo nas outras cabines.
-É claro, fique a vontade – disse com Rose com gentileza indicando o lugar livre ao seu lado. – Meu nome é Rose Weasley e esses são os meus primos James e Alvo Potter.
O menino sentou-se no lugar que Rose tinha indicado e só depois se deu conta nos nomes que ouviu.
-Uau! Vocês são filhos de Harry Potter!
-Sim, nós sabemos – respondeu James.
Alvo e James estavam acostumados a atrair olhares dos outros bruxos por serem filhos de Harry Potter. James nem ligava mais com esse tipo de coisa já que estava no segundo ano de escola e alunos sempre paravam para olhá-lo direito.
 -E qual é o seu nome? - perguntou Alvo sorrindo da cara de espanto do outro garoto.
-Meu nome é Stuart Longbottom. Nossos pais estudaram juntos em Hogwarts e agora trabalham juntos no Ministério da Magia.
-É claro – exclamou James parecendo demonstrar interesse no garoto tanto quanto este sentia por ele. – Você é filho do Prof. Neville Longbottom.
Era comum Harry, que era chefe da Seção de Aurores, falar no nome de Neville Longbottom que havia trabalhado como auror também.
-Espera ai, trabalham? - perguntou Alvo – Você quer dizer que “trabalhavam” no Ministério da Magia. Ele é professor em Hogwarts.
Pelo que Alvo, James e Rose sabiam, Neville era professor de Herbologia em Hogwarts. O próprio James foi aluno de Neville um ano atrás.
-Ele apenas estava substituindo a Profª. Sprout no ano passado que estava doente, - Stuart explicou - mas ela vai voltar e meu pai vai retornar para seu trabalho no Ministério. 
-Que pena, ele era um dos meus professores favoritos - disse James se levantando. – Bem vou deixar vocês três para procurar os meus amigos e ver o que a Victoire está fazendo. – Até mais tarde.
-Até – disseram os outros três.
Demorou certo tempo para que Stuart se sentisse a vontade com Alvo e Rose, mas quando perdeu a timidez a conversa entre eles não parecia acabar. Quando uma mulher com um carrinho de doces passou pela cabine deles, o assunto passou a ser à luta que houve em Hogwarts dezenove anos antes e em que finalmente o Lord das Trevas foi derrotado.
 -Não sei o motivo, mas papai não gosta de falar desse assunto com a gente – disse Alvo enquanto comia um sapo de chocolate e admirava a figurinha de Merlin. - Ele diz que foi um momento horrível na vida dele e que quer esquecer.
-Verdade, é uma pena que o tio Harry não comente nada – concordou Rose admirando a paisagem que mudava de forma constante fora da janela.
-Seu pai depois dessa luta - disse Stuart se servindo de tortinha de abóbora - ganhou a Ordem de Merlin, Primeira Classe e anos depois a Confederação Internacional dos Bruxos. A sua mãe e seu pai também tiveram a Ordem de Merlin, Primeira Classe, não foi? - perguntou ele para Rose.
-Ai nem me fale. – Rose fechou a cara para depois pegar a figurinha de Merlin da mão de Alvo para examiná-la. - A mamãe não dá muita importância pra isso, mas o meu pai...
-O tio Rony é muito engraçado - riu Alvo.
-Fala isso porque não é o seu pai – retorquiu Rose.
-Ah, acho que sei como é – disse Stuart tirando o colar de rolhas o olhando irritado. -Minha mãe me faz ficar com vergonha às vezes, mas como diz o meu pai: mamãe é uma bruxa muito especial e nem todos sabem ver.
-Papai me disse que sua mãe é Luna Longbottom – Alvo disse entusiasmado. – Mamãe sempre fala bem dela.
-Bem, a revista que ela dirige é bem engraçada, “O Pasquim” – disse Rose se segurando para não rir. – Aquela matéria que ela escreveu semana passada que existem...como é o nome mesmo?
-Os Xulidins – respondeu Stuart com vergonha. – Não sei de onde ela tira essas coisas.
-Pelo menos ela não perturba os elfos domésticos como a tia Hermione – riu Alvo.
-Ah Alvo, dá um tempo – exclamou Rose.
 O céu já tinha escurecido e as estrelas estavam começando a aparecer quando o Expresso de Hogwarts chegava ao seu destino. Rose saiu da cabine para que Alvo e Stuart trocassem de roupa e, quando voltou, os dois a viram conversando com uma garota com longos cabelos loiros e uma beleza que encantava a qualquer um.
-Daí o tio Percy teve que acompanhar a gente até a estação... – falava a garota. Ela deu um sorriso ao ver Alvo. – Então ai está o ansioso!
-Victoire, quem disse que estou ansioso? – Alvo lançou um olhar acusador para Rose – Eu sou estou...
-E você quem é? - perguntou Victoire interrompendo Alvo e indicando Stuart com a cabeça.
-Sou Stuart Longbottom.
-Prazer, sou Victoire Weasley. – ela apertou a mão de Stuart o deixando vermelho e sem fala. – Bem, tenho que monitorar os outros monitores – sorriu Victoire saindo da cabine. – E vocês falem para o James parar de espalhar boatos sobre mim e o Teddy ou o faço beber a poção do Morto-Vivo.
-Monitorar os monitores? - perguntou Stuart logo depois de ouvir Victoire gritar com alguém.
-É que ela é monitora-chefe – explicou Rose.
Depois de algum tempo o trem havia parado de se locomover. Então a ansiedade que Alvo tinha negado para Victoire voltou, mas ficou aliviado ao olhar para os outros dois e notar que não era só ele que estava preocupado. Saindo do trem, eles foram empurrados pelos outros alunos ansiosos. 
-Por aqui primeiro ano!!!
Então Alvo viu o seu amigo, Rúbeo Hagrid, o guarda-caça meio gigante de Hogwarts. Muitos alunos ficaram com receio de chegar perto de Hagrid, mas estavam sendo encorajados pelos monitores.
-Venham comigo – disse Hagrid. – Hei, você ai! Não precisa voltar para o trem!
Depois de um momento de caos, os alunos começaram a seguir o gigante por um caminho escuro. Porém mesmo na escuridão dava para notar as caras pálidas de cada um.
 -Terão a primeira visão de Hogwarts daqui a pouco.
Então eles viram o enorme castelo em um penhasco da margem oposta de um grande lago. Havia barcos na margem do lago, um tanto sem jeito Hagrid se acomodou em um.
-Apenas quatro em cada barco - disse Hagrid para os alunos. - Ah, então nos encontramos. - disse ele ao ver Alvo e Rose.
-Olá Hagrid – responderam os dois primos.
Alvo, Rose e Stuart embarcaram no barco com mais um garoto negro, alto e que parecia nervoso também. Quando embarcaram, a flotilha de barcos começou a navegar em direção ao castelo; era algo maravilhoso navegar por ali sobre a luz das estrelas mesmo com a tensão que existia em todos os alunos novos dali.
-Abaixem as cabeças - alertou Hagrid.
Eles estavam agora em um cais subterrâneo, todos os alunos viravam as cabeças para os lados de forma suspeita e ao mesmo tempo com curiosidade. Depois de desembarcarem, os alunos continuaram a seguir Hagrid com a sua lanterna que ele segurava na sua mão enorme e logo foram levados até uma grande porta de carvalho.
Hagrid bateu na porta e de lá saiu um homem com cabelos ruivos e, alguns alunos ficaram surpresos de ver, sem uma das orelhas.
-Alunos, esse é seu professor Jorge Weasley - apresentou Hagrid.
-Obrigado Hagrid, pode se juntar aos outros.

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