Malditos Desejos de Grávida



James e Lily caminhavam pelas ruas do Beco Diagonal. Procuravam uma loja de produtos infantis, afinal, a ruiva estava grávida de cinco meses do primeiro filho do casal.


- James, querido, vamos àquela loja, ali? - perguntou ela, mas o marido nem prestou atenção, pois no momento ele tinha o olhar concentrado em uma loja de artigos para quadribol e praticamente babava pelas vassouras da vitrine.


- POTTER! - gritou ela.


- Hum? Quê? - ele imediatamente respondeu, ainda olhando para a vitrine.


- Você não está prestando atenção em mim! - gritou novamente, começando a espumar de raiva.


- Claro que eu estou, querida. E não fique nervosa, faz mal ao bebê.


- Ah é? Então, o que eu falei para você?


James agora olhou para ela e começou a pensar em algo, com alguma sorte era capaz dele acertar.


- Ahn... Você gritou 'Potter', e eu sei que você ama esse nome, mas não pode ficar gritando por aí, amor. Podem achar que você tem algum problema. - disse ele tentando desviar do assunto.


- Ah, mas eu tenho algum problema. E esse problema por acaso é o meu marido. Ou seja, você! - urrou ela, com raiva e começando a ficar vermelha.


- Lily, já disse pra você se acalmar...


- Você não ouviu, não é? Ficou olhando para aquelas malditas vassouras!


- Claro que não! - disse fazendo cara de ofendido e recebendo em troca um olhar mortal e cheio de lágrimas e ao vê-las saltando abundantemente dos olhos da esposa ele resolveu falar a verdade. - Ok... Eu não ouvi.


- Eu sabia... - disse com a voz embargada pelo choro, deixando James desesperado. - Você prefere vassouras do que a sua mulher gorda e feia, não é? Agora não me ama mais?


- Ahn... Querida, não chore... Por favor, pára! - tentou ele mais desesperado do que antes e tentando ser o mais carinhoso possível.


- Eu aqui querendo comprar roupas para o nosso filho e você olhando vassouras! - disse entre soluços.


- Ora, vassouras são muito mais interessantes que roupas de bebe! - disse o mais baixo que pôde, alto o suficiente, porém, para que ele ouvisse, bem mal, mas mesmo assim ouvisse.


- O que disse? - ela o olhou tão séria que até parou de chorar.


- Eu... Eu disse que te amo! - disse ele tentando sorrir, mas a única coisa que conseguiu foi uma careta distorcendo o seu rosto. Ele nunca conseguia sorrir depois de mentir para Lily, principalmente se ela lhe lançava aquele olhar. Aquele, que se fosse capaz de matar, certamente o faria do modo mais cruel possível.


- Não disse não! Está mentindo para mim, James? - perguntou ela ameaçando começar a chorar novamente.


- Não, claro que não! - "Droga. Falei merda!", pensou.


Lily apenas deixou as lágrimas escorrerem fortemente dos belos olhos verdes para as bochechas e depois para o queixo, de onde caíam e se perdiam nas suas roupas ou no chão.


- Lily... Amorzinho... Minha ruivinha... Lírio mais belo de todos... Anjo ruivo...


- Não preciso ouvir novamente a sua lista de apelidos para mim, Potter! - gritou.


- Eu te amo, querida! - disse tão desesperado quanto jamais estivera toda a vida.


Ela o ignorou e deu as costas começando a andar.


- Quer sabe? Eu vou fazer as compras do meu bebê sozinha!


- Lily! - gritou ele, mas a esposa o ignorou novamente e continuou a andar, até que ele perdeu a cabeleira ruiva dela no meio da multidão.


Depois de finalmente encontrar Lily, que estava tomando sorvete, e convencê-la de que não tinha falado nada, eles voltaram para casa e o dia e a noite passaram normalmente. Bom, normalmente até mais ou menos duas da manhã, quando ele sentiu os delicados dedos da ruiva cutucando seu ombro de um jeito tão forte que até doía.


- James, amor... Acorda... - sussurrou ela.


- Hum? - murmurou sonolento.


- Eu to com desejo.


" De novo não.", pensou.


- Mas, Lily... Tá tarde... - disse numa inútil tentativa de voltar a dormir.


- James... - suplicou ela com uma carinha de cãozinho abandonado.


- Tudo bem. O que você quer? - perguntou ainda de olhos fechados e torcendo para não ser...


- Miojo quatro queijos.


"Droga.", pensou novamente.


- Mas, querida... Esse miojo tá em falta na cidade inteira. - disse tentando fazer a esposa ver que ele não ia achar o miojo.


- Mas eu quero! - mas ele infelizmente não viu.


- Mas...


- Você não me ama mais? - perguntou com lágrimas prontas para escorrerem dos olhos.


- Claro que eu amo, meu lírio. Mas não pode ser na semana que vem quando o miojo quatro queijos chegar?


- Não. Eu quero agora. Não me interessa como você vai conseguir. Mas eu quero o miojo quatro queijos.


- Mas...


- Se vire, querido. - disse Lily sorrindo docemente, ou maleficamente, James não saberia dizer, já que estava com muito sono e simplesmente se levantou da cama, calçando os chinelos.


Primeiro ele faria um café. Depois pediria ajuda nessa missão impossível.


~*~


Sirius Black estava em sua sala no Quartel General do Aurores e dormia tranquilamente sentado em uma cadeira confortável, com os pés em cima da mesa e o Profeta Diário cobrindo a face. Então, de repente, um aviãozinho de papel entrou pela porta entreaberta e pousou em seu colo, cutucando-o com sua ponta levemente afiada, ocasionando o assustado despertar do homem, que caiu com tudo da cadeira, batendo a bunda com força no chão e a cabeça na beirada da mesa, o que o deixou levemente tonto e com uma grande dor e praguejando e amaldiçoando todas as gerações do indivíduo que ousara acordá-lo.


~*~


- A-A-A-Atchin! - espirrou o tal indivíduo, que no momento ainda se encontrava sonolento, mesmo depois do café, e tentava enfiar a perna na calça.


- James, querido, você está bem? - perguntou Lily com a voz doce e com o leve quê de preocupação.


- Uhum... Deve ter alguém falando mal de mim - disse com a voz toda embolada e pensando em quem falaria mal de tão magnífica pessoa.


~*~


Sirius se levantou com o aviãozinho nas mãos, sentou-se na cadeira e começou a tentar decifrar os garranchos escritos no papel.


- Mas quem foi o energúmeno que, além de me acordar, ainda me manda uma mensagem codificada assim? - perguntou com raiva e enquanto passava os olhos pelo papel, encontrou uma única palavra legível, localizada no canto inferior direito. - James... O que você quer agora, hein? - ele saiu da sala e foi até o local onde se encontravam as lareiras públicas, pegou um punhado de pó de flu e jogou-o com força no chão, gritando:


- Casa dos Potter! - e sumiu em meio as chamas de um bonito tom de verde esmeralda.

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